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Resenha: "The Big Book of Science Fiction" organizado por Jeff e Ann Vandermeer (Parte 6)

Atualizado: 6 de jul. de 2019

Nesta sexta parte vamos conhecer mais contos da década 1960 escritos por grandes autores (alguns nem tão conhecidos) de ficção científica. Sabem quem é ele? Conheçam aqui!

Arte de Jim Steranko

Nesta sexta parte entramos na década de 1960 com ótimas histórias. Vejam as que se encontram aqui:


1 - "Day of Wrath" (de Sergey Gansovsky) - 1962

2 - "The Hands" (de John Baxter) - 1965

3 - "Repeat, Harlequin! Said the Ticktockman" (de Harlan Ellison) - 1965

4 - "Nine Hundred Grandmothers" (de R.A. Lafferty) - 1966

5 - "Day Million" (de Frederik Pohl) - 1966

6 - "Student Body" (de F.L, Wallace) - 1953


Seguem as resenhas:


1 - "Day of Wrath"


Autor: Sergey Gansovsky Avaliação:

Publicado originalmente em 1962




Uma coisa que a ficção científica russa certamente é, é diferente. Não são sempre as mesmas temáticas ou a mesma forma de contar uma história. Se pararmos para analisar a fundo vamos perceber inúmeras construções modernas ou temáticas que se tornaram comuns hoje. A temática de que podemos não ser o topo da cadeia alimentar é um tema que já passou pela mente de diversos autores. E que esse não ser o topo pode vir a ser algo que nós mesmos possamos provocar também o é. A mistura desses dois temas deu uma história fascinante apresentada aqui de uma maneira até longa.

Donald Betly é um jornalista local que deseja fazer uma reportagem sobre os otarks, criaturas bestiais dotadas de uma habilidade matemática inacreditável. Foram desenvolvidas em laboratório, mas muitas delas fugiram para dentro de uma floresta profunda e passaram a se reproduzir. Seus hábitos alimentares incluem devorar seres humanos. O que assusta as pessoas é a inteligência dos otarks, que agora conseguem até mesmo manejar rifles. Meller é um caçador de otarks que está servindo de guia para Betly, muito a contragosto. Essa jornada para as profundezas da floresta vai reservar inúmeras surpresas para ambos os personagens.

Day of Wrath podia facilmente ser um romance longo. A maneira como Gansovsky constrói a narrativa é muito rica. Ambiente, personagens e narrativa tem muito pouco de conto ou novela. Os três elementos são tão bem alinhavados que eu não estranharia a história ser vendida sozinha em um livro. A narrativa é em terceira pessoa onde acompanhamos Betly e Meller pela floresta. Os diálogos são bons e as palavras são muito bem encadeadas. O leitor consegue entender rapidamente do que se trata a história mesmo com os elementos fantásticos compondo a narrativa final. Não existe nada de muito complexo nem o emprego de jargões. Tudo é muito natural para o leitor e fácil de ser assimilado.

Os personagens são incríveis. E pensar que a narrativa se desenvolve em um espaço de três dias... No final do conto o leitor se sente ligado intrinsecamente a ambos os personagens, tamanha a qualidade dos mesmos. Betly é o nosso personagem orelha, mas ao mesmo tempo o autor o apresenta como um jornalista em busca daquela matéria de primeira página, que vai lhe dar algum prêmio. Ele demonstra sua ambição, mas ao mesmo tempo se sente perdido dentro de um ambiente que não é o seu. Aquele espaço em uma floresta, longe de tudo, lhe dá arrepios porque ele não tem qualquer referência lógica do que acontece ali. Ao final da jornada chegamos até a ver uma certa evolução do personagem. Enquanto isso, Meller tem um trauma relacionado aos otarks. Sua expressão quieta e sisuda vem de sua experiência em viver em um lugar terrível e assustador. Pouco a pouco, Gansovsky vai deslindando as características e motivações do caçador. Vamos entender o porquê de ele ter tal comportamento.

O grande tema da história é justamente esse: o que aconteceria se não fôssemos o topo da cadeia alimentar? Outra pergunta que fica é: o que caracteriza o homem? É a habilidade de raciocínio lógico ou a consciência? Os otarks são criaturas extremamente inteligentes, mas seu raciocínio é totalmente alienígena para o homem. Não somos capazes de compreender os processos de raciocínio de animais como um cachorro, um gato ou uma vaca. Mas, estes são animais que podem ser domesticados e não apresentam nenhum perigo imediato para o homem. Mas, e se tivéssemos um predador com uma enorme adaptabilidade e capacidade de raciocinar e que se alimentasse justamente do ser humano? As cenas finais da história são bastante impactantes. O clima de tensão e perigo imediato estão presentes a cada segundo. O autor não nos deixa relaxar assim como os personagens que passam por aquela floresta. Pensamos aonde um otark pode ter se escondido. Ainda mais em uma floresta muito fechada e na qual os otarks conhecem cada pedaço. Tem um momento especial em que os dois personagens imaginam terem encontrado um refúgio e tal não se dá que foi realmente assustador. Ali, o leitor percebe que tudo vai dar errado.

Que narrativa espetacular! Eu cada vez gosto mais da literatura de ficção científica russa. Recomendo demais aos leitores. Elementos de terror e de ficção científica presentes em uma narrativa muito bem desenvolvida por um autor que eu realmente não conhecia.


2 - "The Hands"


Autor: John Baxter Avaliação:

Publicado originalmente em 1965




Me lembro de quando eu curtia ver filmes de terror na década de 1980. Alguns deles eram realmente bizarros como A Bolha Assassina, Aracnofobia e A Mosca. O elemento insólito perpassava estas narrativas. Alguns deles chegavam a embrulhar o estômago mesmo com seus defeitos especiais. John Baxter cria uma história nessa vertente com dois homens que escaparam de um lugar que realizava os sonhos mais alucinados do homem. Eles conseguem fugir e voltar ao mundo real, mas com marcas terríveis em seus corpos. Mãos saindo do meio do peito, duas cabeças entre outras estranhezas.

Essa é uma daquelas histórias de terror bem calcadas na ficção científica. Não há como separar uma coisa da outra. A história tem elementos para repugnar o leitor. A ideia básica é a de que os homens podem brincar com seus corpos exigindo cirurgias plásticas muito estranhas. O único porém é que eles não podem sair do lugar onde eles se encontram. Lá lhes é dado todo o conforto e inúmeras possibilidades. E os responsáveis pela experiência não se envolvem nas decisões destas pessoas. Mas, a gente fica com a pulga atrás da orelha. Porque parece que existe algum tipo de hipnose ou sugestão mental que literalmente apaga a consciência deles e algumas das experiências mais estranhas eles sabem que pediram, mas não entendem o motivo.

O leitor pode encarar isso de duas maneiras: ou eles sofreram realmente algum tipo de hipnose, ou eles pediram de fato a estranha cirurgia e decidiram fingir não se lembrar. Existem algumas pistas deixadas pelo autor, mas nenhuma delas lhe diz exatamente qual das duas circunstâncias é válida de fato. O final é muito legal e assustador, mas fora o impacto gore da cena (que realmente é de embrulhar o estômago), não entendi adequadamente aquilo. Era para colocar uma outra camada na história? O que eu gostei demais foi a ideia da conspiração governamental e de ficar na dúvida se eles foram ou não hipnotizados. E aquele momento criou mais uma camada que não vai ser explicada depois.

No geral, a história é boa e a narrativa é contada em terceira pessoa de uma maneira quase que como um relatório. Mas, alguns elementos aqui ou ali não me agradaram como esse final que eu citei acima e a maneira como não conseguimos desenvolver qualquer tipo de empatia com os protagonistas. Ah, apareceu uma mão no meio do peito do cara? Legal... Não me importei propriamente com ele. Por essa razão, eu recomendo, mas com ressalvas.

3 - "Repeat, Harlequin! Said the Ticktockman"


Autor: Harlan Ellison Avaliação:

Publicado originalmente em 1965




Quando uma história começa com uma citação de Henry David Thoreau a gente sabe que a coisa é séria. Harlan Ellison é uma das lendas da ficção especulativa do século XX. Infelizmente aqui no Brasil ele é pouco conhecido. Suas histórias tendem a extrapolar algum tema e causar a reflexão. Neste caso aqui temos uma história sobre o conformismo social diante do status quo.

Everett é um homem atrapalhado. Sempre chega atrasado no trabalho em um mundo distópico onde o tempo se tornou tão controlado que as pessoas possuem o seu tempo controlado. O Ticktockman é um indivíduo, aliás, mais do que um indivíduo, uma instituição responsável pelo funcionamento eficiente do mundo. Para que haja produtos disponíveis e para que o esforço de guerra possa ser mantido todos precisam ter suas horas de trabalho controladas. Para que ninguém fuja à regra, é instalado um aparelho que retira o tempo de vida das pessoas caso estes não obedeçam ao status quo. O Ticktockman avalia a responsabilidade ou não das pessoas e pune os infratores. Estes infratores podem ser punidos à distância caso a instituição saiba o seu nome e por esse motivo Everett esconde sua identidade se passando por Harlequin.

Aqui temos um conto que fala a respeito de como o relógio mudou as nossas vidas. O controle do tempo se tornou essencial para vivermos em sociedade. Todas as atividades, sejam trabalho ou lazer, funcionam a partir de um simples aparelho que informa quando é dia ou quando é noite. Se pararmos para analisar, nunca este conto esteve tão atual quanto nos dias de hoje. Tudo é eficiência, tudo é cronometrado. Nos tornamos escravos do tempo. Um historiador chamado Eric Hobsbawm, em seu livro Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo aponta como nossas vidas são regidas por esse instrumento que se tornou o nosso real feitor. E essa crítica chega às instituições que são capazes de fazer com que as pessoas tomem a exploração como algo normal e aceitável. Existe todo um discurso de lógica e racionalidade diante da tomada do tempo em nossas vidas. No mundo contemporâneo, entendemos que o relógio é natural embora esse tenha tomado muito de nosso ócio criativo. O equilíbrio saudável entre trabalho e lazer é o que nos impede de ficarmos loucos.

Outra crítica feita por Ellison nesse conto é o conformismo social. Diante de uma situação em que não somos capazes de causar uma mudança real ou se uma mudança real exige sacrifícios, a população não busca a revolução. Viver um status quo "seguro" e 'razoável" é preferível. Não há uma disposição genuína para buscar aquilo que lhe é direito. A doutrinação das mentes e corpos é feita através de uma intimidação que nem sempre é real. O mais interessante é que na própria história é a própria população que entrega o transgressor, pois este estaria atrapalhando o bom funcionamento das coisas. O final é extremamente curioso e intrigante. Vou parar por aqui para não estragar a surpresa.

Enfim, achei a escrita do Ellison tudo aquilo que é dito e mais um pouco. Estou muito ansioso para ler outros clássicos como I Have no Mouth and I Must Scream e outros sucessos. Recomendo demais que vocês leiam este conto se ele aparecer em alguma coletânea (o Ellison sempre aparece em coletâneas de melhores do século XX).


4 - "Nine Hundred Grandmothers"


Autor: R.A. Lafferty Avaliação:

Publicado originalmente em 1966




A literatura de ficção científica da década de 1960 teve um tom bastante crítico em relação a décadas anteriores. Muito por conta da crise social intensa vivida no período diante das consequências da crise em Cuba, da morte de J.F.K., da ascensão da URSS e da expectativa pela corrida espacial.Muitos autores usaram o espaço da ficção científica para tecer suas ironias, sarcasmos ou especular o que poderia acontecer em um mundo caso uma tragédia acontecesse. Lembrar que Um Cântico para Leibowitz, escrito por Walter Miller Jr., considerado um dos pináculos da ficção científica pós-apocalíptica data de 1960. Mas, esse não é o clima de Nine Hundred Grandmothers. Aqui vemos uma sátira à instituição militar e aos seus mandos e desmandos.

Ceran Swicegood é um oficial em uma expedição espacial que acabara de desembarcar no asteroide Proavitus. Eles estão ali para investigar os misteriosos proavitoi, uma raça de alienígenas que possuem estranhos hábitos e peculiaridades. À medida em que ele segue em suas investigações ele descobre que os proavitoi são eternos. Eles desenvolveram alguma substância ou mecanismo que os permite viver para sempre. O capitão Manbreaker pede a Ceran que investigue como estes seres se tornaram eternos de forma a que eles possam explorar isso em benefício da humanidade. Mas, Ceran fica obcecado em descobrir como surgiram as coisas. Ele quer encontrar o proavitoi mais antigo de forma a lhe perguntar diretamente como tudo surgiu.

Esse conto te mostra a que veio logo na primeira página. Quando o protagonista recebe uma dura de seu capitão porque ele não tem um nome de macho militar, não dá para levar a história a sério. Ele faz várias brincadeiras nesse sentido como o fato de os oficiais serem completamente tapados ou o fato de os proavitoi conversarem sobre a origem de tudo em um ritual onde as pessoas tem que contar como elas acham que tudo surgiu enquanto os mais velhos ficam rindo da cara deles. O bom humor de Lafferty está espalhado por toda a narrativa e esse humor é bem sutil. Não é aquele humor gargalhada, mas aquela coisa inteligente que faz você refletir acerca do que é colocado nas entrelinhas. Não à toa eu li duas vezes para pegar algumas sutilezas de escrita.

Apesar de toda a estranheza do tema, a escrita do autor é bem clara e compreensível. A história toda segue um princípio de matrioshkas, ou seja, que aquilo que o protagonista deseja encontrar vai ficando cada vez menor, menor, menor e menor até não fazer qualquer sentido. E esse tema das pequenas bonecas não se resume apenas a um elemento peculiar alienígena, mas à própria narrativa, já que ao final das contas o que importava não era o objetivo da missão como um todo, mas o que Ceram queria.

Lafferty toca um pouco na temática da eterna busca pelas origens, pela Era de Ouro. Nós, humanos, somos obcecados em descobrir de onde viemos ou como surgimos a ponto de isso nos cegar. Para uma raça alienígena, talvez esta obsessão seja irrelevante. Os proavitoi vivem o agora, se regozijam nas experiências empíricas do dia-a-dia, como aprender a falar como os humanos ou compartilhar uma tradição simples. Esta é uma velha discussão filosófica que Lafferty aborda com maestria e nos deixa ao final com uma dúvida na mente se o protagonista realmente encontrou o que ele gostaria.

Infelizmente, apesar de todo o bom humor do autor, foi um conto que não me agradou tanto como eu gostaria. Achei a escrita eficiente e a temática até interessante, mas faltou aquele ar de essencial, inesquecível, que o conto não me passou. Essa é uma daquelas histórias que eu me diverti hoje, mas daqui a um mês eu não irei me lembrar. Uma pena mesmo. Mas, eu recomendo a vocês já que a minha avaliação final acabou passando mais pela minha expectativa de leitor do que por aspectos técnicos per se.

5 - "Day Million"


Autor: Frederik Pohl Avaliação:

Publicado originalmente em 1966




Era uma vez um homem que conheceu uma mulher. O encontro foi por acaso em uma de suas milhares de viagens pela galáxia. Foi amor à primeira vista. As estrelas se acenderam, os sóis brilharam mais coloridos, tudo parecia lindo demais e eles viveram felizes para sempre. Só que não! O homem não era fisiologicamente lá muito masculino (porque se podia escolher a qualquer momento que gênero ser) e a mulher não era biologicamente lá muito feminina (porque sua raça alienígena entendia a reprodução de uma forma diferente). Ah, então essa é uma história sobre dois seres muito diferentes que se encontraram e descobriram o amor? Não exatamente. Eles só se encontraram por um momento e a lembrança de ambos ficou guardada para sempre em suas mentes. Cada um busca a sua forma diferente de reviver aquele momento.

Apesar de pouco conhecido entre os leitores contemporâneos de ficção científica no Brasil, Frederik Pohl é outro dos grandes escritores da Era de Ouro. Ajudou a revolucionar a maneira de pensar a ficção científica colocando discussões filosóficas em suas histórias. Foi responsável pela revista Galaxy durante mais de uma década, uma das revistas mais importantes de divulgação de novos autores e foi editor da Astonishing Stories também por muito tempo. Percebemos em suas histórias aquele tom de sair um pouco do lugar comum e ele faz isso em Day Million. Não se trata exatamente de uma história de amor; ele apresenta personagens transgênero, em um sentido quase transcendente. Aqui nesta história estamos diante de dois seres que transcenderam essa barreira através de avanços tecnológicos ou de sua constituição física mais alienígena do que o padrão.

A escrita dele é muito interessante. Ele quebra a quarta dimensão ao se comunicar diretamente com o leitor. Ou seja, estamos diante de uma escrita em segunda pessoa onde o narrador está lhe contando uma história. Mas, ele quer que você,leitor, deixe de lado suas concepções normais sobre uma história de amor. Em alguns momentos vemos que ele insere muita ironia nas linhas, o que torna a história bem leve. Os personagens que fazem parte dela estão bem à distância e são mais referidos do que participativos. Os trechos que envolvem ciência são bem desenvolvidos e simples de serem entendidos. O leitor não vai achar muita dificuldade de compreender aonde ele quer chegar.

Poderia falar de muitos temas presentes dentro desta história porque ela é riquíssima nesse sentido. Mesmo sendo curta, Pohl insere discussões sobre gênero, sobre tempo, sobre amor, sobre o que significa ser vivo. Mas, o que eu gostaria de comentar rapidamente é como nossas concepções sobre as coisas dizem respeito ao momento em que vivemos. Por ser um futurista, Pohl consegue ultrapassar isso e nos fazer pensar: "O que nos faz achar que as coisas são assim?". Tendemos a naturalizar demais a realidade em que vivemos e nos esquecemos que a realidade é algo socialmente construído. E nesse momento, você, leitor, dá aquela afastadinha básica da tela e me chama de maluco. Pois é... vou usar um exemplo simples: vivemos em um mundo pós-moderno cujo conhecimento é ensinado a partir de parâmetros que foram criados há quase trezentos anos. Nossas teorias sobre conhecimento são pós-modernas, mas nosso conhecimento em si é iluminista. Para nós, é natural achar que devemos aprender as disciplinas na escola de maneira separada por especialistas em cada área: história por um historiador, matemática por um matemático, biologia por um biólogo. Mas, isso é bobagem. É pensamento iluminista. Na teoria pós-moderna, um pensador precisa transitar em várias áreas de conhecimento para que dessa forma ele seja capaz de compreender o todo. Isso chama-se holismo. E é o holismo que Pohl discute em Day Million... por que não pensar diferente? Se queremos ser futuristas, precisamos deixar o lugar comum e pensar com nossas próprias pernas a partir de ângulos diferentes.

Recomendo bastante a leitura de Day Million para que conheçam o trabalho deste grande mestre. E a seguir conheçam outros de seus trabalhos como Gateway que deve se tornar mais famoso nos próximos anos (parece que vai sair uma série com base neste livro).


6 - "Student Body"


Autor: F.L. Wallace Avaliação:

Publicado originalmente em 1953




Admito ter um fraco por histórias que sabem me apresentar ambientes que interagem diretamente com o rumo da narrativa. Há pouco tempo atrás eu fiz uma pesquisa para uma postagem na coluna Debates sobre ficção científica climática (vou deixar o link a seguir) e eu buscava as origens do gênero. É inegável que ele ganhou muito impulso na década de 1960 por conta das discussões advindas das explosões nucleares que EUA e URSS faziam em seus lugares estratégicos. Tínhamos um mundo em risco e começávamos a pensar em uma escala maior. Mas, antes desse período tivemos alguns visionários que entendiam a necessidade do alerta à humanidade.

Dano Marin é um pesquisador em um planeta que pode vir a se tornar uma colônia terrestre e eles estão analisando a única espécie de animal no planeta. Eles querem entender por que não existem espécies de cada uma das grandes raças de vertebrados presentes no planeta. O que aconteceu? O que deu errado? Em suas pesquisas ele descobre que existe um enorme vácuo em um momento da história do planeta que os indícios geológicos não apontam. Por falha de alguns membros da nave alguns ratos conseguem fugir para o planeta e logo em seguida ratazanas do tamanho de cachorros são encontrados na nave. O problema acaba precisando ser resolvido mesmo a contragosto de Marin que queria pesquisar aquela estranha espécie de animal. Tendo se livrado das ratazanas, aparecem estranhos animais que se parecem com tigres que devoram os cachorros mecânicos que haviam sido criados para eliminar as ratazanas. Marin descobre que ele está diante de um omnianimal, um ser capaz de se transformar em qualquer outro animal dependendo do que está a seu redor e que pode ou não ser hostil ao ser humano.

O que Wallace nos coloca é um dos perigos das viagens interplanetárias. É a de que não fazemos a menor ideia do que iremos encontrar em outros ecossistemas. Cada planeta pode conter uma grande variedade de seres que são muito diferentes do que estamos acostumados a lidar na Terra. O que nos faz pensar que a nossa noção de fauna é a mesma que encontraremos em outros planetas? Nossa própria noção do que é um ser vivo pode ser colocada em xeque. Diante disso podemos encontrar um ambiente muito diferente e que pode vir a ele querer ser adaptar ao nosso. No caso aqui, vemos que o omnianimal acaba invadindo outras das naves colonizadoras e sendo transportados para a Terra. E aí, será que o homem estará preparado para este ser tão diferente?

A narrativa é contada de uma maneira extremamente eficiente. Ele vai progredindo a trama pouco a pouco e nos envolvendo com a história. As informações são soltas à medida em que as descobertas são feitas e tudo é orgânico na narrativa. Sentimos um crescendo na tensão e na importância do que é apresentado até que somos colocados diante daquele desenvolvimento final que é avassalador. As últimas duas linhas são de uma sagacidade incrível. Conto recomendadíssimo.

Ficha Técnica:

Nome: The Big Book of Science Fiction Organizado por Jeff Vandermeer e Ann Vandermeer Editora: Vintage Ano de Publicação: 2016


Outras Partes:

Parte 9


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Conversa aberta. Uma mensagem lida. Pular para o conteúdo Como usar o Gmail com leitores de tela 2 de 18 Fwd: Parceria publicitária no ficcoeshumanas.com.br Caixa de entrada Ficções Humanas Anexossex., 14 de out. 13:41 (há 5 dias) para mim Traduzir mensagem Desativar para: inglês ---------- Forwarded message --------- De: Pedro Serrão Date: sex, 14 de out de 2022 13:03 Subject: Re: Parceria publicitária no ficcoeshumanas.com.br To: Ficções Humanas Olá Paulo Tudo bem? Segue em anexo o código do anúncio para colocar no portal. API Link para seguir a campanha: https://api.clevernt.com/0113f75c-4bd9-11ed-a592-cabfa2a5a2de/ Para implementar a publicidade basta seguir os seguintes passos: 1. copie o código que envio em anexo 2. edite o seu footer 3. procure por 4. cole o código antes do último no final da sua page source. 4. Guarde e verifique a publicidade a funcionar :) Se o website for feito em wordpress, estas são as etapas alternativas: 1. Open dashboard 2. Appearence 3. Editor 4. 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Em qui, 13 de out de 2022 13:18, Pedro Serrão escreveu: Opa Paulo Obrigado pela rápida resposta! Eu tenho um Interstitial que penso que é o que está falando (por favor desligue o adblock para conseguir ver): https://demopublish.com/interstitial/ https://demopublish.com/mobilepreview/m_interstitial.html Também temos outros formatos disponíveis em: https://overads.com/#adformats Com qual dos formatos pensaria ser possível avançar? Posso pagar o mesmo que ofereci anteriormente seja qual for o formato No aguardo, Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:15: Boa tarde, Pedro Gostei bastante da proposta e estava consultando a designer do site para ver a viabilidade do anúncio e como ele se encaixa dentro do público alvo. Para não ficar algo estranho dentro do design, o que você acha de o anúncio ser uma janela pop up logo que o visitante abrir o site? O servidor onde o site fica oferece uma espécie de tela de boas vindas. A gente pode testar para ver se fica bom. 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