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É mais um verão em família e Rose vai junto de seus pais para sua casa de veraneio em Awago. Lá ela vai se reencontrar com sua amiga Windy onde juntas aprontarão todas. Mas, esse não será um verão qualquer já que muita coisa irá acontecer.



Sinopse:


Todo verão, Rose vai com seus pais para uma casa no lago em Awago Beach. É a sua fuga, o seu refúgio. A amiga de Rosie, Windy, também está sempre lá, como a irmãzinha que nunca teve. Mas este verão é diferente. A mãe e o pai de Rose não param de brigar, e quando Rose e Windy procuram se distrair do drama, se deparam com um novo conjunto de problemas. Os adolescentes da praia local, apenas um par de anos mais velhos que elas, se envolvem em algo ruim… algo que põe em risco suas vidas. É um verão de segredos, dor e crescimento, e é uma coisa boa que Rose e Windy tenham uma a outra. Aquele verão é uma graphic novel de duas quadrinistas com verdadeira influência literária. Artistas premiadas, e primas, Jillian e Mariko tamaki colaboram nesta bela, comovente e esperançosa história sobre uma garota à beira do fim da infância - uma história de revelações e renovação.






Minha relação com esse quadrinho é bem curiosa. Acabei comprando durante uma promoção da editora Mino (que sempre tem materiais ótimos) e ele veio junto com os dois últimos volumes de Gideon Falls, que era o quadrinho que eu estava querendo de verdade. Vários colegas destacaram as qualidades da história e da arte e acabei seduzido por isso. Coloquei o quadrinho na minha eterna pilha de leitura e a vida seguiu. Anos se passaram e nada de ler; ele sempre caía e outros quadrinhos passavam a frente. No ano passado decidi fazer uma limpeza e separar várias pilhas de materiais para vender ou doar e Aquele Verão entrou no bolo porque estava parado há muito tempo. Quando estava para vendê-lo, separei uns dez quadrinhos para ler antes de vender de fato e a maioria destes realmente acabei vendendo com exceção de Aquele Verão. Fiquei encantado com a história e isso me fez pensar: por que diabos não li este quadrinho antes? Não vou vendê-lo mais nem de brincadeira. Voltou com orgulho para a minha estante. E quero nas próximas linhas tentar convencê-lo de o quanto este quadrinho é legal. Não vai ser aquela leitura revolucionária, aquela explosão de fogos de artifícios criativos, mas a história é tão boa e tão comum que você vai se identificar com algum ponto dela.


A narrativa não poderia ser mais simples: Rose é uma adolescente que costuma passar suas férias de verão em uma casa de veraneio dos seus pais, Evan e Alice. Em Awago, Rose costuma ficar junto de sua amiga de infância, Windy, que ela sempre encontra nas férias de verão. E elas aprontam todas. Mas, esse verão será diferente porque Rose e Windy estão passando por aquela fase de suas vidas onde as coisas começam a se transformar e suas percepções de mundo também. Alice, sua mãe, parece estar passando por problemas conjugais com seu pai, o que causa muita tensão durante o verão. Enquanto seu pai deseja apenas se divertir e curtir as férias, Alice está em uma fase de depressão que Rose não consegue entender. As duas meninas frequentam o mercadinho local onde compram doces e alugam DVDs para assistir no notebook. Elas estão naquela fase de alugar filmes de terror proibidos, daqueles violentos demais para menores como A Hora do Pesadelo e Tubarão. Rose parece ter um crush pelo garoto idiota do mercado, alguém que Windy apelida carinhosamente de Traste. Só que Dunc parece ter seus próprios problemas quando algo inesperado acontece com sua paquera Jenny. É... esse verão promete.


Já dá para perceber de cara o quanto a arte da HQ é bem diferente. As irmãs Tamaki usaram o branco e o roxo como as duas cores e isso chama a atenção do leitor. Uma simples escolha fazem quadros que pareceriam normais ganharem outro tom para nós. São ângulos e cenas que me parecem familiares, mas que são mais expressivos. Além disso, a HQ me parece quase um mangá não só pelo seu tamanho, mas pela escolha das autoras de usar poucos balões de diálogo e deixar a arte respirar. Tem sequências de várias páginas sem qualquer diálogo ou splash pages uma após a outra. Transforma a leitura em algo muito dinâmico. Devorei a HQ em pouquíssimo tempo, algo que eu não deveria ter feito. Essa é uma daquelas histórias para a gente apreciar e curtir, então passem algum tempo observando as paisagens e os traços propostos pelas autoras. Outra preocupação que elas possuem é em usar outros dos nossos sentidos para complementar a leitura. Por exemplo, tem várias cenas em que elas procuram traduzir para o leitor os sons e cheiros do local onde elas estão. Sejam as batidas fortes do coração da Rose ou a linda sequência de dança da Windy (a que está em cima não é a única). Isso é algo que não vemos com frequência.



A gente consegue visualizar na arte as várias influências que cercam as irmãs Tamaki. Ao mesmo tempo em que o traço tem muito do europeu, com o uso de poucas linhas para representar os personagens (linha clara), as sequências de cenas me fizeram pensar nos mangás japoneses com uma preocupação em apresentar sequências claramente voltados de aspecto para aspecto se concentrando em momentos importantes ou objetos que tiveram algum impacto naquela cena (as pedras da Rose, os doces, o mar onde elas nadam). Existe toda uma naturalidade na maneira como os quadros são apresentados: eles fazem sentido para aquele momento. Por exemplo, quando temos toda uma sequência de quadros sem balonamento em uma chuva, mostrando só a Rose chorando e seguindo para a praia para ficar sozinha. É importante naquele momento focar no cenário e na silhueta da personagem, porque se tratava de uma situação forte para ela. Alguns momentos elas utilizam um ótimo sombreamento que fornece um ar bastante legal e despojado para as cenas.


A narrativa é um bom slice of life, apresentando um recorte da vida da personagem em um determinado verão. As autoras são muito felizes em conseguir apresentar cenário e personagens em tão pouco tempo e fazer com que o leitor se importe com elas. O legal é que isso é feito sem precisar sobrecarregar nos diálogos, às vezes apresentando uma característica de um personagem apenas se focando em acontecimentos. Por exemplo, sabemos que Evan é um pai brincalhão apenas pelas bobagens que ele apronta com as meninas. Os problemas apresentados são bastante comuns e conseguem ser associados às nossas próprias vivências. Podem não ser todos, mas alguns deles podem ter feito parte da sua adolescência. As Tamaki tratam dos temas com bastante seriedade e apresentando o mundo dessas jovens em fase de amadurecimento a partir dos seus próprios olhares. A gente sente uma progressão acontecendo porque as meninas estão claramente alterando seus olhares para o mundo que as cerca. A gente vê a diferença de perspectiva entre as amigas no final; elas continuam amigas, mas algumas coisas claramente mudaram.


Rose é a típica adolescente de sua idade: sempre imaginando que o mundo gira em torno de si. E isso não é uma crítica já que todos nós em algum momento nos achamos assim. Faz parte de nossos próprios egos nos imaginarmos protagonistas de nossas próprias histórias. Só que a Rose ainda é imatura em muitos sentidos. Ela não é capaz de compreender os problemas vividos por seus pais; sua mãe apenas é muito chata para ela. Ela não consegue perceber que o seu crush é um cafajeste e vagabundo completo; apenas que ele é gatinho e descolado. Então a personagem vai ser confrontada com várias situações que vão colocar suas certezas em dúvida. O seu mundo perfeito vai sendo desconstruído pouco a pouco e o mundo real vai transparecendo para ela. O que começa como as "brigas de sempre" de seus pais vai tomando outra proporção à medida em que eles não conseguem mais esconder suas desavenças. Chega ao ponto de ela sentir que o seu lar pode estar sendo destruído e ela poder perder o contato com seu pai, a quem tem um carinho enorme. Ela não está em sincronia mais com sua mãe que lhe parece mais uma pessoa estranha. É interessante que uma colocação que a Windy faz quase no final da HQ para Rose (que a deixa bastante chateada com a amiga) faz bastante sentido. E isso fica claro em como a garota não dá tempo sequer de entender o lado de sua mãe ou da Jenny, a namorada de Dunc.



Como a narrativa é percebida pelo lado da Rose, a Windy acaba vindo muito a reboque na narrativa. Mas, é impressionante o quanto a presença dela é tão forte que ela assume um coprotagonismo. Windy é hiperativa, se expressa com a dança e suas brincadeiras. Ela é a mais criançona das duas, talvez por ser um ano mais nova. Mas, é a que mais amadurece no final a ponto de confrontar sua melhor amiga. Está bem na cara que a Windy nutre sentimentos mais fortes pela Rose e age de forma protetora quando percebe que Rose está caidinha pelo Dunc. Ela ainda está se descobrindo como pessoa, por isso ela é meio vaga em suas assertivas. Procura esconder suas inseguranças com uma postura que parece boba, mas não é. Ela percebe de cara os problemas que Jenny vive com Dunc e o quanto este está sendo canalha com a jovem. Tanto que ela muda a visão que ela tinha da garota depois de algumas interações. E claramente tem uma péssima imagem de Dunc, não só por ser seu rival no amor, mas pelo que ele representa. Se Rose está enfeitiçada pelo crush, Windy o enxerga como é. Ela também é uma ótima parceira e companheira para a sua amiga, principalmente quando percebe o que está acontecendo no ambiente familiar de Rose. É muito legal ver as duas passando por aquela fase de compartilhar gostos de filmes. Elas assistem filmes de terror e acham o máximo ficarem assustadas. É aquele pequeno segredinho particular entre amigas. Também passei por essa fase onde eu e um grupo de colegas nos reuníamos para assistirmos filmes como A Hora do Pesadelo, Sexta-Feira 13, Palhaços Assassinos do Espaço. É uma fase que várias pessoas já passaram.


Não vou entrar nos problemas da Alice e do Evan porque eles fazem parte meio que da essência do que as autoras querem trazer. Mas, gostaria de falar um pouco sobre Dunc e Jenny, até porque eles trazem muito do que é o nosso próprio cotidiano. Eu mesmo já ouvi e presenciei vários casos como esse. Dunc é o típico adolescente babaca que trabalha no mercado local. Tem aquele jeitão de desajustado, bebe, fuma e curte com os amigos. De vez em quando está enrolado com alguma gatinha da região. É curioso porque costumamos construir um estereótipo dessas garotas adolescentes que estão em fase de descoberta sexual como "vagabundas" ou "mulheres fáceis". Aqui no Rio de Janeiro costumamos chamar de "periguetes". A visão do senso comum é de que são garotas sem eira nem beira e que acabam engravidando rápido e merecem estar na posição em que se encontram. É o tipo de visão machista bastante típica de uma sociedade patriarcal. Costumamos jogar a culpa nas mulheres. Não procuramos entender o seu ponto de vista. E o homem é entendido quase sempre como a vítima do processo. As autoras nos mostram a sutileza desses rótulos e o quanto Dunc é um canalha com a Jenny. É óbvio que depois de algumas saídas e pegações no QG sujo dos adolescentes paqueradores, a Jenny engravidar seria uma consequência meio óbvia. O que vamos presenciar depois é o garoto procurando se esquivar da responsabilidade seja evitando as ligações dela, ignorando os apelos de ajuda, alegando que o filho não é dele e até classificando-a como golpista ou "fácil". Rose, como está encantada pelo garoto, ignora todos os sinais de alerta e considera o garoto como descolado. A culpa da confusão toda, na visão dela, é da Jenny. É sua rival e está pagando por ser uma "vagabunda". Essa discussão proposta pelas irmãs Tamaki é fascinante porque percebemos o quanto a sociedade rapidamente julga essas situações, criando os rótulos e as justificativas.


Aquele Verão é uma leitura gostosa e fascinante de fácil compreensão. A arte é linda e considero todos os instrumentos que as autoras usaram uma pequena mostra da versatilidade delas. A narrativa pode ser associada às nossas vidas com bastante facilidade e são propostas discussões bastante pertinentes. Para aqueles que curtiram quadrinhos como Verões Felizes, do Zidrou, ou Uma Irmã, do Bastien Vives, é certamente um estilo de leitura bastante familiar e com altas doses de nostalgia.




Ficha Técnica:


Nome: Aquele Verão Autoras: Jillian Tamaki e Mariko Tamaki

Editora: Mino

Gênero: Ficção

Tradutora: Dandara Palankof

Número de Páginas: 320

Ano de Publicação: 2019


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Uma infância vivida ao lado de cães e a perda da única pessoa que o amou tornaram Krulgar um homem sedento de vingança. E essa ira cega o colocará no meio da disputa entre dois reinos que estão prestes a entrar em guerra.


Sinopse:


Jhomm Krulgar é um ninguém. Um rato de estrada. Um cachorro vadio. Um mastim demoníaco. Sua espada está a venda para qualquer um com moedas no bolso e objetivos escusos. Quando uma garota surge prometendo a riqueza de um rei e a realização dos seus desejos de vingança, ele nem imagina que está prestes a se envolver em um dos mais perigosos jogos políticos de sua era.


Agora, ele e Khirk, seu companheiro silencioso, membro de uma antiga raça escrava, partem para o Sul, onde tentarão impedir os rebeldes separatistas de tomar a coroa da maior cidade do Império de Karis. Encontrarão em seu caminho um Magistrado em missão de paz e um mago ilusionista prestes a realizar o maior espetáculo da sua vida.


O Teatro da Ira , primeiro romance da série Chamas do Império, de Diego Guerra, é uma viagem fantástica onde criaturas místicas e soldados comuns lutam lado a lado nas paredes de escudo, implorando pela própria vida e alimentando as fogueiras da morte para fazer valer as vontades de reis e nobres.


Enquanto Krulgar busca cegamente a sua vingança, não faz ideia de que se tornou apenas mais um dos personagens sombrios deste Teatro da Ira.





O sentimento de fúria cega ganha vida neste romance de fantasia sombria escrito por Diego Guerra. Onde um homem tem tantos sentimentos de raiva e vingança que ele se transforma em uma criatura saída dos piores pesadelos dos homens. Escrito em um período da literatura fantástica no Brasil em que as obras de fantasia sombria estavam na moda, este livro se coloca como uma boa alternativa para quem curte o gênero. Repleto de intrigas, de traição e de sangue caindo como a baba de um mastim demoníaco, O Teatro da Ira nos apresenta uma miríade de personagens que se relacionam e se intercruzam nessa trama pensada em detalhes pelo autor. Gosto de pensar que a fantasia sombria nos ajuda a refletir sobre nossos sentimentos mais ocultos e negativos para que possamos entendê-los e trabalharmos para melhorarmos como seres humanos. Ao vivenciarmos situações extremas, o elemento do choque e da repugnância funcionam como um sinal de alerta para nós mesmos. E isso vai ser visto em várias situações espalhadas pela extensão do livro. Tenho certeza que algumas delas farão o leitor dar aquela encolhida.


Antes de qualquer coisa, apesar de o livro apresentar várias situações bastante violentas, não vou apontar nenhum alerta de gatilho mais grave. Por incrível que pareça. Tem algumas situações de tortura mais para o final do livro e o Diego não abordou especificamente e em detalhes o estupro vivido por Liliah, alguém que está sempre presente no fundo da trama. A Lenda do Mastim Demônio, livro que complementa a leitura de O Teatro da Ira é bem mais violento nesse sentido.


Sendo filha de um poderoso comerciante, Thalla sempre teve uma vida abastada. Mas, no passado, ela viu algo terrível acontecer com sua mãe, o que moldou sua personalidade para sempre e a fez nunca perdoar seu pai, Cirius. Thalla ficou sabendo de um plano para colocar o reino do sul, governado pelo idoso Thuron, contra o império nortista, sob o comando de Arteen. E ela pretende envolver seu amante, Oren, o filho mais novo de Thuron, em seus planos para evitar o assassinato de Thuron e torná-la a futura rainha de Illioth. Mas, ela sabe que Oren é um homem fraco e manipulável, e para fazer seus planos surtirem efeito, ela precisará empregar um mercenário que possui interesses particulares na morte de algumas pessoas importantes do reino. É aí que entra Krulgar. Tendo sido criado como um cachorro (literalmente falando), ele só conheceu o amor da pequena Liliah, uma menina que mostrou a uma criança que era praticamente um animal selvagem, o dom do amor. Só que essa relação entre Krulgar e Liliah terminou de uma forma trágica: seu pai a vendeu por dez moedas de ouro a um grupo de sete nobres que a estupraram até a morte. Krulgar foi a única testemunha do ocorrido e não se esquece dos rostos malditos até hoje. Ele foi o bode expiatório da morte de Liliah e só foi salvo graças a um dhaenni chamado Khirk. Os dhaenni são uma raça semi-humana que sofre todo o tipo de preconceitos por todo o continente. Graças aos esforços do imperador Arteen, eles se tornaram livres, mas o sul é um lugar onde os dhaenni sofrem ainda com a violência das pessoas. Para tentar manter a estabilidade do continente, Arteen envia seu magistrado Marhos Grahan para negociar um acordo de cooperação entre os dois reinos. Uma viagem que vai se revelar mais perigosa do que parece porque irá esbarrar na ambição de Dhommas, filho mais velho de Thuron, e na vingança cega de Krulgar.


"Grandes reis começam uma guerra com um grande exército. Reis grandiosos são mais sutis. Para que se inicie uma guerra basta uma faca afiada. E a garganta certa."


Essa é uma narrativa que envolve vários personagens com interesses distintos. É como ver peças de xadrez se movendo em um tabuleiro. Por esse motivo, faz total sentido que Diego tenha escrito o livro em uma narrativa em terceira pessoa onisciente. E um onisciente mais amplo com o leitor entendendo todas as nuances do que está se passando na história, e não simplesmente aquela visão de câmera postada nos ombros. Não há uma separação muito clara entre os pontos de vista da história, com o autor alternando entre os personagens à medida em que se faz necessária. Ao mesmo tempo em que isso funciona bem porque não interrompe o fluxo da história, pode tornar um pouco confuso caso o leitor não consiga identificar qual personagem está na ribalta naquele momento. Na maior parte do tempo, Diego coloca vários indicadores sobre quem é o personagem principal naquele momento específico, mas algumas vezes não. Como a maioria das histórias de fantasia sombria, temos personagens que caminham na linha cinzenta: nada de heróis, apenas pessoas com ambições. Mesmo os personagens mais "principais" possuem características reprováveis e tomam atitudes que os leitores não irão gostar. Mas, são totalmente coerentes com suas histórias de vida. Quando Krulgar se vê diante de uma escolha crucial no momento climático da história, sua decisão reflete exatamente o que seu coração desejava.


Nos aspectos mais técnicos da obra, ela é de bom tamanho. O autor conseguiu abordar a contento parte dos assuntos que ele aponta no começo da narrativa. Ao mesmo tempo em que deixa ganchos para uma continuação. Aliás, gostaria muito de ver o Diego continuar a mexer com estes personagens. Depois de O Teatro da Ira, ele só publicou A Lenda do Mastim Demônio, que é um prequel para esse livro tratando apenas da infância de Krulgar. A narrativa é estruturada em três atos, porém senti que o primeiro ato é meio lento em relação aos outros que pegam um ritmo mais frenético. O leitor demora a entender aonde o autor deseja levar a narrativa. O que parecia era um grupo de personagens com objetivos distintos e desencontrados. Mas, a partir do segundo ato, quando a história se desenvolve mais, o autor dá alguns passos atrás e aborda as motivações dos personagens. O terceiro ato é muito veloz com as coisas acontecendo uma após a outra, quase como dominós caindo. Outro ponto que me deixou um pouco preocupado foi o aspecto da revisão. Há vários problemas espalhados pelo livro e ele merecia um cuidado maior.


"Hoje acordei me perguntando como saber se não estou encenando. Talvez eu esteja em uma peça; talvez eu seja apenas uma ilusão. Como ter certeza de se, em vez de mestre de marionetes, não somos títeres?"

A ira cega de Krulgar é o que vai mover a trama. É como uma narrativa de vingança em que existe uma lista de alvos a serem eliminados e o personagem precisa destruir um por um. Só que ao longo do caminho ele começa a se questionar sobre a validade disto. Sua promessa de vingança é colocada em xeque quando ele conhece Thalla. Ao longo de toda a narrativa o personagem que era para ser um animal selvagem demonstra sentimentos nobres. Por exemplo, ele e Khirk, o dhaenni, possuem uma relação quase de pai e filho. Quando as outras pessoas tratam Khirk como um escravo ou menos que um ser humano, Krulgar se sente atacado diretamente. Ou em outro momento em que ele poderia fugir para salvar a própria pele, ele reluta em fazê-lo para poder ajudar camponeses em necessidade. Só que toda a vez em que se vê confrontado com algum dos malfeitores de Liliah, sua mente regride àquela situação de violência extrema. Krulgar só viu o que o homem tem de pior, por esse motivo a sua ferocidade animal é uma reação quase infantil. A pureza da ferocidade absoluta. Desde o começo da narrativa percebemos que por mais que o leitor quisesse um rumo melhor a Krulgar, isso não seria possível. O guerreiro é o aríete que move a narrativa adiante; como uma lança atirada e que não teria como ser interrompida.


A situação dos dhaenni também é muito bem apresentada por Diego. Desde o começo os personagens são apresentados como criaturas dóceis que possuem estranhas habilidades derivadas do poder de suas canções. A maneira desumana como eles são tratados pelos homens é absurda. O que mais espanta é o quanto eles continuam dóceis mesmo diante das agressões mais absurdas que eles sofrem. No passado distante eles eram conhecidos como os altivos eldani, só que há muito eles perderam sua ferocidade. Essa relação de eldani - dhaenni me fez pensar imediatamente na existente entre parshemanos - parshendianos criados por Brandon Sanderson em sua série O Relato da Guerra das Tempestades. Percebi que havia alguma lacuna nessa história e ao longo da narrativa, mas ficaram muitas perguntas não respondidas. Mesmo que o autor tenha revelado alguns flashes disso no momento mais climático da história. No meio disso, temos Khirk, um fahinn, alguém que não possui mais o poder de cantar a Canção do Mundo. Os dhaenni cantam para produzir determinados efeitos curativos; já um fahinn, é um dhaenni amaldiçoado que não pode receber nenhum contato mais com seus iguais. Isso é motivo para Khirk possuir uma existência bastante sofrida e melancólica, tendo apenas o selvagem Krulgar como alguém capaz de mantê-lo vivo e com propósito. Parece haver mais mistérios em um fahinn, mas também não tivemos muitas respostas assim. Por outro lado, Evhin é alguém profundamente ligada a Thalla, mas por outros motivos. A gente não sabe a extensão do voto de Evhin com Thalla e sua mãe, Rhella, mas parece ser algo que ela leva tão a sério que pode pôr em risco sua própria vida.




A narrativa segue personagens traçando planos atrás de planos para conseguir alcançar seus objetivos. Mas, sabemos que planos são inúteis quando confrontados com as inconstâncias da prática. E ninguém sofre mais com isso como Thalla. Tendo a habilidade de navegar pelos sonhos, ela procurou manipular o maior número possível de peças em seu jogo de xadrez. Buscando colocar suas peças nos lugares certos, ela não conseguiu entender que pessoas não são peças e possuem vontade própria. Elas nem sempre obedecem aos nossos planos cuidadosamente postos. Pouco a pouco, Thalla vai vendo seus planos desmoronando, principalmente diante de pessoas instáveis como Krulgar ou Dhommas, que não podem ser facilmente lidos. Sem contar com o elemento adverso que é colocado em seu caminho, na figura do coen Ethron, um homem contratado para realizar um espetáculo teatral para o rei Thuron, mas que parece ter outros objetivos por trás. A personagem vai ficando cada vez mais desesperada à medida em que seus planos vão fracassando um por um.


"Você está vendo o Império aqui? Esse povo se governa há séculos; nenhum deles jamais viu o Imperador. Reis e nobres são tão distantes como deuses aqui. Estão todos no poleiro de cima, cagando nas aves de baixo. Nós somos apenas ratos no chão do pombal, mas um rato tem dentes e, vez ou outra, ainda pode devorar um pombo."

Estamos diante de um bom livro que inicia uma série a ser desenvolvida pelo autor. Começamos com uma ameaça de guerra e o subtítulo do livro aponta para uma possibilidade real desta se concretizar. Mesmo com os personagens lutando para evitar algo em grande escala acontecer, vamos nos deparando com os interesses e ambições particulares de cada um dos envolvidos. Logo no início da trama já desconfiamos que as coisas não vão dar certo. É uma boa leitura para os fãs de fantasia que certamente verão uma aventura sendo desenvolvida e personagens cativantes realizando ações não tão heroicas. Um prato cheio!











Ficha Técnica:


Nome: O Teatro da Ira

Autor: Diego Guerra

Editora: Draco

Número de Páginas: 360

Ano de Publicação: 2016


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Um cobrador de impostos começa a ter um estranho fascínio por um palácio deserto. Todas as noites ele é levado a viver estranhas aventuras em um mundo de sonhos. O que está acontecendo ao cobrador?


Sinopse:


Srijut, um cobrador de impostos, é enviado para uma pequena cidade e é misteriosamente atraído todas as noites para um antigo palácio que dizem estar assombrado.


Autor vencedor de um Nobel de Literatura em 1913.





Essa é uma narrativa que bebe bastante da cultura indiana. O autor acaba por fazer alguns questionamentos sobre a conexão de um indivíduo com a sua vida comum frente a acontecimentos mágicos e misteriosos. Existe ume pagada meio Mil e Uma Noites que é despejada pelo autor em alguns trechos com o objetivo de enredar o leitor. No fim, é uma boa história com alguns elementos poéticos e que faz a gente refletir sobre o nosso cotidiano e o que desejamos para nós. A tradução feita por Nathalia Amaya Borges está muito boa e louvo a opção da Wish por manter ao máximo os elementos da cultura indiana, colocando notas de rodapé onde necessário. É uma história que vai ser um pouco truncada por conta dessas expressões e costumes que não estamos tão familiarizados, mas recomendo ao leitor que persista na leitura. A narrativa não me agradou não por causa disso, mas por opções feitas pelo autor.


Na história temos um cobrador de impostos chamado Srijit que toca a sua vida diariamente fazendo seu serviço. Em um determinado dia ele acaba sendo atraído para um belo palácio onde ele vai e descobre que o mesmo está vazio. Ao explorar o local, ele se depara com a beleza melancólica de um espaço inabitado e acaba por dormir em um dos quartos. Ao adormecer ele se vê levado a um lugar fora de sua imaginação onde ele segue uma estranha voz que parece guiá-lo rumo ao perigo. Quando desperta no dia seguinte, ele se sente estranho e deseja tentar entender o que aconteceu ali naquele palácio. É aí que se inicia a sina do cobrador de impostos que é atraído de volta a esse mundo onírico e perde pouco a pouco o contato com o mundo real. Que mistérios guarda esse palácio? E poderá o cobrador de impostos descobrir o que está acontecendo com ele?


A narrativa vai tratar do tema do chamado para a aventura. Mas, Tagore inverte as expectativas ao usar o tema de uma forma invertida. No começo da história, ele nos apresenta a vida de Srijit de maneira banal e corriqueira. Ele realiza suas atividades até de um jeito meio blasé e suas conquistas não são lá muito interessantes. Mas, é o seu meio de vida e ele respeita isso. Ao se deparar com um mundo onde ele é necessário e vive histórias e momentos fabulosos e além da imaginação do ser humano, o cobrador é atraído pelas possibilidades disso. Tudo é mais interessante ali. Faz sua vida comum parecer tola e fútil. Mas, o homem sabe que aquilo que ele está vivendo não é certo e que ele precisa deixar de lado suas fantasias. Só que a atração disso se torna uma maldição porque o que sua cabeça sabe que é errado, seu coração deseja de todas as formas. Mesmo tendo sido alertado diversas vezes que o que ele estava vivenciando ali não era certo, o personagem insistia naquilo. A questão que fica ao final é: ele deseja se livrar da maldição de verdade?


Me incomodou na história o fato de Tagore ter insinuado uma continuação em que o personagem iria buscar uma cura para sua maldição e não ter prosseguido. Entendo que isso é um estilo de escrita vindo das Mil e Uma Noites, mas em uma história curta isso dá um sentimento de frustração ao leitor. Se a ideia também era fazer o leitor refletir quanto à questão deixada pela história, nem precisava ter deixado um gancho. Bastava finalizar com o personagem refletindo se deveria ou não encontrar a cura para a maldição. Talvez ele não quisesse partir em jornada para encontrar a cura. Ou talvez ele olhasse para o céu pensando na solução para seu dilema. Enfim, para mim só pareceu incompleta. Embora a mim não tenha incomodado, as expressões culturais indianas podem apresentar um desafio a leitores não acostumados. Porém, não se preocupem que o texto está muito bem traduzido. Se vocês conseguirem ultrapassar essa barreira cultural, é uma boa pedida para ter contato com algo diferente do que estamos acostumados.










Ficha Técnica:


Nome: O Demônio de Mármore

Autor: Rabindranath Tagore

Editora: Wish

Tradutora: Nathalia Amaya Ribeiro

Número de Páginas: 28

Ano de Publicação: 2021


Avaliação:


*Faz parte da Sociedade das Relíquias Literárias


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Conversa aberta. Uma mensagem lida. Pular para o conteúdo Como usar o Gmail com leitores de tela 2 de 18 Fwd: Parceria publicitária no ficcoeshumanas.com.br Caixa de entrada Ficções Humanas Anexossex., 14 de out. 13:41 (há 5 dias) para mim Traduzir mensagem Desativar para: inglês ---------- Forwarded message --------- De: Pedro Serrão Date: sex, 14 de out de 2022 13:03 Subject: Re: Parceria publicitária no ficcoeshumanas.com.br To: Ficções Humanas Olá Paulo Tudo bem? Segue em anexo o código do anúncio para colocar no portal. API Link para seguir a campanha: https://api.clevernt.com/0113f75c-4bd9-11ed-a592-cabfa2a5a2de/ Para implementar a publicidade basta seguir os seguintes passos: 1. copie o código que envio em anexo 2. edite o seu footer 3. procure por 4. cole o código antes do último no final da sua page source. 4. Guarde e verifique a publicidade a funcionar :) Se o website for feito em wordpress, estas são as etapas alternativas: 1. Open dashboard 2. Appearence 3. Editor 4. Theme Footer (footer.php) 5. Search for 6. Paste code before 7. save Pode-me avisar assim que estiver online para eu ver se funciona correctamente? Obrigado! Pedro Serrão escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:42: Combinado! Forte abraço! Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:41: Tranquilo. Fico no aguardo aqui até porque tenho que repassar para a designer do site poder inserir o que você pediu. Mas, a gente bateu ideias aqui e concordamos. Em qui, 13 de out de 2022 13:38, Pedro Serrão escreveu: Tudo bem! Vou agora pedir o código e aprovação nas marcas. Assim que tiver envio para você com os passos a seguir, ok? Obrigado! Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:36: Boa tarde, Pedro Vimos os dois modelos que você mandou e o do cubo parece ser bem legal. Não é tão invasivo e chega até a ter um visual bacana. Acho que a gente pode trabalhar com ele. O que você acha? Em qui, 13 de out de 2022 13:18, Pedro Serrão escreveu: Opa Paulo Obrigado pela rápida resposta! Eu tenho um Interstitial que penso que é o que está falando (por favor desligue o adblock para conseguir ver): https://demopublish.com/interstitial/ https://demopublish.com/mobilepreview/m_interstitial.html Também temos outros formatos disponíveis em: https://overads.com/#adformats Com qual dos formatos pensaria ser possível avançar? Posso pagar o mesmo que ofereci anteriormente seja qual for o formato No aguardo, Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:15: Boa tarde, Pedro Gostei bastante da proposta e estava consultando a designer do site para ver a viabilidade do anúncio e como ele se encaixa dentro do público alvo. Para não ficar algo estranho dentro do design, o que você acha de o anúncio ser uma janela pop up logo que o visitante abrir o site? O servidor onde o site fica oferece uma espécie de tela de boas vindas. A gente pode testar para ver se fica bom. Atenciosamente Paulo Vinicius Em qui, 13 de out de 2022 12:39, Pedro Serrão escreveu: Olá Paulo Tudo bem? Obrigado pela resposta! O meu nome é Pedro Serrão e trabalho na Overads. Trabalhamos com diversas marcas de apostas desportivas por todo o mundo. Neste momento estamos a anunciar no Brasil a Betano e a bet365. O nosso principal formato aparece sempre no topo da página, mas pode ser fechado de imediato pelo usuário. Este é o formato que pretendo colocar nos seus websites (por favor desligue o adblock para conseguir visualizar o anúncio) : https://demopublish.com/pushdown/ Também pode ver aqui uma campanha de um parceiro meu a decorrer. É o anúncio que aparece no topo (desligue o adblock por favor): https://d.arede.info/ CAP 2/20 - o anúncio só é visível 2 vezes por dia/por IP Nesta campanha de teste posso pagar 130$ USD por 100 000 impressões. 1 impressão = 1 vez que o anúncio é visível ao usuário (no entanto, se o adblock estiver activo o usuário não conseguirá ver o anúncio e nesse caso não conta como impressão) Também terá acesso a uma API link para poder seguir as impressões em tempo real. Tráfego da Facebook APP não incluído. O pagamento é feito antecipadamente. Apenas necessito de ver o anúncio a funcionar para pedir o pagamento ao departamento financeiro. Vamos tentar? Obrigado! Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 16:28: Boa tarde Tudo bem. Me envie, por favor, qual seria a sua proposta em relação a condições, como o site poderia te ajudar e quais seriam os valores pagos. Vou conversar com os demais membros do site a respeito e te dou uma resposta com esses detalhes em mãos e conversamos melhor. Atenciosamente Paulo Vinicius (editor do Ficções Humanas) Em qui, 13 de out de 2022 11:50, Pedro Serrão escreveu: Bom dia Tudo bem? O meu nome é Pedro Serrão, trabalho na Overads e estou interessado em anunciar no vosso site. Pago as campanhas em adiantado. Podemos falar um pouco? Aqui ou no zap? 00351 91 684 10 16 Obrigado! -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! 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