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Edmund é um rapaz nascido em circunstâncias estranhas e que foi adotado pelo barão Fitz-Owen em sua casa. Uma disputa pela mão de lady Emma fará o ciúme despertar naquela casa e segredos há muito escondidos serão revelados e os fantasmas do armário sairão para assombrar os incautos.


Sinopse:


O romance O velho barão inglês, escrito por Clara Reeve (1729-1807), tem seu reconhecimento pelo fato de ser uma grande influência para a ficção gótica. É inspirado em O castelo de Otranto, de Horace Walpole (obra também publicada pela Escotilha), fato que a própria autora revelou, em seu prefácio audacioso, ao emitir opiniões contundentes sobre a obra. Por outro lado, ela procurou, de maneira magistral, buscar soluções e refinamentos estilísticos para que O velho barão inglês fosse moldado com estimável valor literário. Reeve claramente atingiu o objetivo, presenteando-nos com uma obra que nos conduz a uma atmosfera fantástica e sombria, repleta de revelações surpreendentes e com passagens arrebatadoras.






O que um simples ato de ciúmes é capaz de desencadear? Ao terminar a leitura de O Velho Barão Inglês, romance pré-vitoriano de Clara Reeve, é o que me passou pela cabeça. Toda a confusão que acontece no livro se dá porque um personagem tolo decide ter ciúmes do protagonista, que até então nem era interessado na garota e nem poderia se casar com ela dadas as estipulações sociais da época, e isso faz com que todo um segredo que estava escondido por anos de esquecimento ressurgirem. O ciúme tira a nossa racionalidade, faz com que vejamos monstros onde eles não existem. Nos tornamos irracionais e esquecemos das regras de decoro. Nessa narrativa que bebe muito de O Castelo de Otranto (romance clássico de fantasmas escrito por Horace Walpole), Clara Reeve brinca com as convenções sociais e nos traz uma narrativa sobre indivíduos honrados e tolos desonestos.


A narrativa começa com sir Philip Harclay que acabava de voltar de uma campanha no Oriente Médio onde havia passado por inúmeros desafios e agora deseja uma vida tranquila. Só que a perda de um querido amigo o faz visitar as terras de lorde Fitz-Owen onde acaba por conhecer o jovem Edmund, um rapaz que foi adotado pelo velho barão por conta de sua honradez e inteligência. Depois da visita a narrativa passa a tocha para Edmund e aí vamos conhecer um pouco mais da vida desse jovem rapaz. Apesar de ser muito talentoso, existe um teto social ao qual ele não pode quebrar. Por mais virtuoso que seja, Edmund é um camponês cujos pais são pessoas simples que vivem nas terras do barão. A amizade de Edmund desperta a ira de membros da família de lorde Fitz-Owen que fazem o possível para destruir a reputação dele. Quando algo grave acontece, Edmund é enviado para uma ala abandonada do castelo onde dizem que espíritos malignos assombram o lugar. É lá que o garoto irá descobrir um segredo terrível envolvendo o antigo dono do castelo e poderá mudar sua vida para sempre.


Clara Reeve escreveu O Velho Barão Inglês em 1778. Menciono isso porque ao lermos a obra vamos observar várias características típicas de romances vitorianos ou até góticos (embora ache um exagero afirmar isso como comento a seguir). Uma escrita bastante pesada que se vale de descrições extensas sobre o ambiente e o humor dos personagens. Aqueles adjetivos exagerados para qualificar virtudes ou defeitos daqueles que estão envolvidos na trama. Uma frequente exortação da fé católica para justificar certas ações. Personagens que são exageradamente emotivos. Tudo entra na cartilha de obras posteriores. Porém, Clara Reeve é uma das precursoras desse gênero de histórias. Aconselho os leitores a irem com calma na leitura porque podemos nos perder do rumo tomado pela narrativa com frequência. Detalhes acabam se perdendo em um fluxo de pensamento constante com mudanças de direção que acontecem subitamente na história. A escrita da Clara Reeves é em terceira pessoa onisciente com o leitor observando a tudo do alto. Não há divisão por capítulos, sendo uma escrita corrente até o final.


O livro se pinta como sendo uma história de fantasmas, mas assim como no romance de Walpole, há bem pouco disso. O tema do sobrenatural é abordado como uma forma de os personagens pagarem por seus pecados, sendo perseguidos por aqueles a quem cometeram o mal. Ou seja, o espírito é um elemento de enredo que serve como um deus ex machina e o autor precisa começar a contar a verdade sobre algum mistério ou segredo. Quando não há como conseguir pistas materiais, o fantasma surge e, através de uma linguagem críptica, procura auxiliar o protagonista ou seus aliados na direção certa. Não há o terror propriamente dito, mas a vergonha e o medo de estar próximos a alguém que já passou por esse plano. Também não veremos os fantasmas agindo fisicamente ou diretamente com o mundo material. Me parece que é em O Castelo de Otranto e nesses romances pré-góticos que se estabelece o alcance dos espíritos daqueles que já se foram. Também se torna uma convenção de que ao se resolver a injustiça, estes passam para o outro mundo. Nesse sentido, o romance de Clara Reeve é muito bom para estudarmos o que viria a se tornar convencional em histórias de fantasmas. E considero também O Velho Barão Inglês até mais acessível, no sentido de compreensão, do que O Castelo de Otranto.


Esta história é aquele grande novelão dramático que a gente pode esperar de alguns romances vitorianos. Temos um elenco de personagens que habitam uma grande casa que até então parecia equilibrada e tranquila quando um evento marca a mudança de ares. Edmund é uma espécie de ser estranho dentro da casa já que é um camponês e alguém que deveria fazer parte do corpo de empregados da casa, mas por causa do carinho sentido pelo barão se tornou quase um agregado. Os momentos iniciais da narrativa servem para que o leitor se acostume com aquele ambiente específico. É mostrado os personagens, algo que é feito usando sir Harclay como nossos olhos. A narrativa não é sobre Harclay, com ele servindo de estopim para a história. Depois de temos uma visão geral sobre o ambiente, passamos para Edmund, que é o verdadeiro protagonista. Aos poucos, Reeve vai inserindo sua cota de mistérios acerca das origens do protagonista. O segundo ato vem com as tentativas de descreditar a imagem do protagonista até o momento da tragédia.


O tom do terceiro ato me fez pensar em O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas, com uma busca por "vingança" do protagonista. Claro que a vingança aqui é menos física, e mais no aspecto do status e do reconhecimento. Há uma inversão de ações nesta parte. Se o protagonista era passivo até então, tentando se defender daqueles que queriam lhe fazer mal, a partir daqui ele passa a ser ativo, tendo o conhecimento de parte dos mistérios e almejando justiça enquanto corre atrás dos detalhes da verdadeira história. Assim como em romances de mistério, sempre falta algum elemento do segredo que escapa, algo crucial e que fará a diferença mais adiante. A mudança de status do protagonista provoca uma reviravolta na história que segue até o seu momento climático. Reeve segue bem essa cartilha, mas a narrativa nunca chegou a me empolgar tanto. Há um ritmo bem retilíneo no seu andamento e mesmo quando o mistério começa a ser revelado, algumas incongruências incomodam o leitor. Outro ponto é que nunca senti que o protagonista realmente corria perigo ao longo da história. Havia sempre uma margem de segurança em suas ações.


A única personagem feminina mais ativa da história, lady Emma, é bem irrelevante no todo. Ela é o "objeto cobiçado" pelo protagonista e pelo líder dos seus agressores. Tem a mãe do protagonista, mas ela aparece em pouquíssimos momentos. Apesar do sucesso de Reeve como autora, não posso dizer o mesmo sobre a inclusão de quaisquer personagens femininos na trama. O que é possível afirmar como positivo é que a personagem tem algum grau de liberdade para escolher aquele com quem irá se casar. Isso até certo ponto. Nunca desrespeitando as normais sociais.


O Velho Barão Inglês é um daqueles romances que servem como fonte de estudo sobre a sociedade de sua época. Poder ter acesso a um romance do século XVIII e que teve, tematicamente, bastante influência sobre o que viria depois é um privilégio. Vale aos autores também buscarem as origens de certas convenções sobre histórias de fantasmas. É bom conhecer para saber como é possível subverter. Os personagens são minimamente interessantes e todo o ar de novela dramática faz com que o leitor fique preso na história até o seu desfecho. Os personagens não são necessariamente empáticos, mas mal ou bem queremos saber os seus destinos. Ressalto a importância de uma leitura atenciosa dados os detalhes que são postos em cada parágrafo, mesmo com eles parecendo longos ou empolados demais. É um bom livro, que é fruto de sua época e precursor de muita coisa boa que viria no próximo século.











Ficha Técnica:


Nome: O Velho Barão Inglês

Autor: Clara Reeve

Editora: Escotilha

Tradutora: Luisa Geisler

Número de Páginas: 160

Ano de Publicação: 2021


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A Fabulosa Família Telemachus ficou famosa pelos seus números de psiquismo até terem sido desmascarados e humilhados em rede nacional. Décadas mais tarde, os membros da família tentam juntar os cacos do que os faziam fabulosos um dia.


Sinopse:


Em meados dos anos 1960, em plena Guerra Fria, Teddy Telemachus, um sedutor trapaceiro nas cartas e nos truques de mágica, resolve participar de um estudo secreto do governo federal sobre habilidades paranormais. Lá ele conhece Maureen McKinnon, uma paranormal legítima, dotada de misteriosos poderes psíquicos, por quem se apaixona. Eles se casam, têm três filhos, todos com dotes excepcionais: Irene é um detector de mentiras humano, Frankie possui o dom da telecinese, e Buddy é capaz de prever – ou melhor, recordar – o futuro.


Em pouco tempo, os cinco começam a sair em turnês para exibir seus poderes, ficando conhecidos nacionalmente como A Fabulosa Família Telemachus. Até que um dia sua fama se quebra ao serem desmascarados num influente programa de TV exibido em todo o país. A partir daí, tem início a tragédia na vida de uma família que se esfrangalha em dívidas financeiras e instabilidade emocional.





Poderes psíquicos são um tema que hoje é menos explorado nos livros de ficção científica. Mesmo quando são, os autores preferem adotar uma postura meio vintage, brincando com características de outros períodos para contar sua história. É meio que isso o que Gregory faz nesse ótimo romance que explora uma família desajustada cujos problemas só fazem crescer ao longo da história. Nessa história temos Guerra Fria, problemas com mafiosos, trambiqueiros e até romance de bate-papo da internet. Queria aproveitar esse parágrafo inicial para estimular as pessoas a darem uma oportunidade a essa obra. Mesmo sendo uma ficção científica, ele tem bem pouco disso, podendo ser lido para quem curte ficção em geral. A história é tão bacana que é possível até imaginar uma série feita com ele e daria bons momentos. Não há nada de bizarro acontecendo e nem efeitos especiais impressionantes. Dá para passar por uma narrativa simples e divertida. A Rocco fez uma ótima escolha trazendo esse romance.


A Fabulosa Família Telemachus é formada por várias pessoas que possuem alguns dons especiais. O chefe da família, Teddy, é a exceção à regra: é um belo de um trambiqueiro, usando de suas habilidades com as mãos para enganar as pessoas. Maureen (a vó Mo) é a maior paranormal do mundo, com habilidades que só são superadas por sua imaginação; Frankie pode mover pequenos objetos com sua imaginação; Buddy tem incríveis habilidades divinatórias e Irene é um detector de mentiras humano. Mas, um dia, quando eles se apresentaram em um programa de TV de apelo nacional, eles foram desmascarados por Archibald. Isso levou à família à ruína, que só piorou após a morte de Maureen. Décadas mais tarde, eles estão enfiados em dívidas até o pescoço e o envolvimento de alguns deles com uma famosa família de mafiosos irá colocar a vida de todos em risco. Só que Buddy está se preparando para um grande evento que irá acontecer no futuro ao qual ele só consegue dizer que mudará tudo.


"Um recém-chegado ao negócio da trapaça talvez achasse que os cientistas fossem os mais difíceis de enganar, mas a verdade era o contrário. Cada letra após um nome acrescentava uma dose de confiança mal aplicada. PhDs acreditavam que o conhecimento em um campo - digamos, neurociência - os deixava genericamente mais inteligentes em todos os demais. Acreditar ser difícil de enganar era a qualidade compartilhada por todos os otários."

Gregory consegue nos entregar uma narrativa bem divertida. A história se desenrola entre os meses de junho e outubro quando acontece o evento previsto por Buddy. Ao longo desses meses acompanhamos Teddy, Matty, Irene, Buddy e Frankie enquanto eles vivem suas vidas. Ao mesmo tempo vamos conhecendo aos poucos a história da família Telemachus. Os relatos alternam entre presente e passado, sem uma linearidade certa nos flashbacks, apenas entregando o que o leitor precisa saber naquele momento. Lá no final conseguimos ter uma ideia do todo quando somos capazes de preencher as lacunas deixadas propositalmente pelo autor. A narrativa é contada a partir do Ponto de Vista de cada um dos cinco personagens, em um discurso em terceira pessoa livre. Cada capítulo acompanhamos a cena junto do personagem da vez. O ponto fraco nessa mecânica é que Gregory não dá uma diferenciação entre os POVs, sendo que todos parecem iguais. Somente o de Buddy tem um tom diferente dos outros. Na parte final, os capítulos englobam todos os POVs, fazendo uma alternância rápida entre eles, de forma a dar uma atmosfera de tensão. Para mim, Gregory escreveu esse livro pensando em vendê-lo como um roteiro de série. Ele tem todas as características de escrita de um.



A sensação de que a história se passa em outra época está presente no livro todo. Enquanto os flashbacks se passam na década de 60, o presente do livro é na década de 90. Inicialmente tive a impressão de que seria uma história envolvendo espionagem durante a Guerra Fria, mas essa temática acaba se perdendo bastante frente à trajetória da própria família. O autor passa de forma bem superficial nisso, citando os projetos exóticos surgidos durante a fase mais tensa do conflito entre EUA e URSS. A situação toda e o envolvimento de Teddy e Maureen com o agente Smalls tem uma importância para a família, mas não vejo como ela fatora no cômputo geral. Queria que Gregory tivesse dado mais atenção ao trabalho que os dois desenvolveram, principalmente no período anterior à morte de Maureen com o projeto Star Gate. Nem mesmo a paranoia do período foi explorada. Foi uma boa oportunidade perdida. Tem uns trechos de flashback que são bastante irrelevantes.


"Tudo era uma questão de momento moral. Quando a propriedade de inocentes se transformava nos ativos corruptos de criminosos - assim que entrava no cofre? Talvez fosse o milagre da transubstanciação, só que ao contrário. Uma anticomunhão."

A parte mais interessante mesmo são as histórias dos personagens. Teddy é um belo de um malandro e trambiqueiro. Daquele sujeito às antigas, que gosta de usar um chapéu fedora e sempre se veste bem em todas as oportunidades. É aquele sujeito que sempre está em uma mesa de poker apostando tudo e limpando a mesa. Vemos o mundo pela ótica de alguém que busca a melhor maneira de dar o seu próximo golpe. Ao mesmo tempo, é o chefe da família Telemachus. Tendo se apaixonado perdidamente por Maureen, ao perdê-la, é como se perdesse o contato com o mundo e a confiança em si mesmo. Na época da história, vemos como ele busca se reerguer, se alimentando de suas paixões e de uma bela mulher chamada Graciella. Mesmo diante de situações difíceis, Teddy consegue manter a calma e a tranquilidade. Mas, ele precisa lidar com uma família disfuncional e sua promessa feita a Maureen antes de sua morte de impedir o governo de transformar seus filhos em armas para o Tio Sam. Uma das características mais legais de Teddy é sua enorme confiança e ego o que o faz sair das situações mais complicadas que podemos imaginar.


O mesmo não pode ser dito de Frankie. Ele deseja ser o seu pai: ter a mesma aura de infalibilidade que o torna um ser completamente à parte dos demais. Mas, tudo o que consegue são trapalhadas e fracassos consecutivos. Frankie está sempre em busca de encontrar aquele esquema para ganhar muito dinheiro. A personalidade dele fica transparente quando o autor nos mostra o personagem tentando vender caixas de um produto maluco à base de goji berry em um esquema de pirâmide. E sua credibilidade é tão grande que ninguém aceita suas ofertas, salvo a irmã de um mafioso. Casado com Loretta, e com as filhas Cassie, Polly e Mary Alice, Frankie está quebrado. Mais do que tudo, deve milhares de dólares para a família Pusateri, mafiosos locais que trabalham como agiotas. Ele está afundado em dívidas e não sabe a quem recorrer até que vê nas habilidades recém-descobertas de Matty uma possível saída para todos os seus problemas. Só que a cada nova curva feita, Frankie demonstra cada vez a sua habilidade em colocar sua família em problemas cada vez mais sérios.


O problemático Buddy tem um dom e uma maldição: a habilidade de se mover entre presente e passado e saber exatamente o que acontece ao seu redor. Só que sua habilidade tem uma data-limite em setembro quando algo terrível vai acontecer. Ele tenta seguir à risca as definições de sua visão do passado: falar as mesmas coisas, fazer as mesmas coisas, preparar algumas construções para a época em que a tragédia acontecer. O grau de planejamento de Buddy é insano e no começo achamos que ele é apenas um personagem incapaz de se relacionar com as pessoas, talvez um autista em potencial. Lá pelo final da trama, quando as peças passam a se encaixar, vemos o grau de como Buddy mexeu e planejou as situações. Daquelas coisas de fazer a cabeça explodir. A única ação egoísta do personagem é o encontro com o seu verdadeiro amor, que ele faz todo o possível para fazer acontecer. Aquela que por um momento foi capaz de aquecer seu coração. Quando o encontro fatídico acontece, ficamos surpresos por como ele se desdobra. Gosto dos capítulos dele porque, de um ponto de vista narrativo, são os mais interessantes e são os que mais devem ter dado trabalho ao autor.


"Irene costumava dizer que a única coisa com a qual o pai se preocupava era o número. Mas isso não significava que ele não se importasse com a família. A família era o número e o número era a família."

O mais novo dos Telemachus nessa história é Matty. Ele não conheceu a fama da família, conhecendo-a apenas por relatos esporádicos e tímidos de alguns membros da família. Um adolescente em formação, tem uma paixão platônica por sua prima Mary Alice, a quem ele dirige todos os seus hormônios em desenvolvimento. Durante uma de suas espiadelas à Malice (como Mary Alice gosta de ser chamada), ele descobre ter poderes paranormais também. Ele é capaz de deixar o seu corpo como uma sombra e ir a lugares distantes. Mas, sua habilidade só pode ser acionada a partir de fortes emoções... com Malice. Sonhador, desejando saber mais sobre os Telemachus, ele acaba sendo envolvido nos esquemas de Frankie. Matty é um bom menino e tudo o que ele deseja é poder ajudar sua mãe, que não consegue arrumar um emprego e deixar sua família mais tranquila. As aventuras de Matty vão colocá-lo na mira de Destin Smalls, que quer voltar ao jogo de espionagem. Ameaçado de ter seu programa cortado pelo governo, Smalls descobre que Teddy pode estar acobertando que seus netos possuem também habilidades paranormais. E Matty pode ser a estrela do jogo, comparável à sua avó Maureen.




Deixei Irene por último porque os capítulos dela me fizeram lembrar da antiga série Desperate Housewives. Mulheres que se dedicaram à sua família e deixaram um pouco de lado a si mesmas, mas acabam sendo arrastadas para um mundo estranho que revela estranhos prazeres a elas. Irene sempre foi a mais responsável de sua família, e sua habilidade como detector de mentiras a faz ter enormes problemas de confiança. Todos mentem em algum momento e isso a magoa. Ela não consegue ter algum envolvimento amoroso. Um dia, um pacote com um computador com conexão para a internet chega em sua casa. Ela logo fica viciada em bate-papo online porque essa era a única forma de ela não poder saber se alguém estava ou não mentindo para ela. Seu poder só funciona em quem ela está vendo. Nessas aventuras por um novo caminho, ela conhece Joshua Lee, um sino-americano que mora em Phoenix e com o qual ela desenvolve um tórrido romance. Indo contra seus instintos, ela passa a se encontrar com ele. Mas, será que ela vai conseguir superar seus problemas de confiança?


"Fazer mágica de verdade. Essas coisas deixam as pessoas mais infelizes do que se não tivessem mágica nenhuma, porque isso não faz nenhum bem a elas. Mas se você sabe fazer um truque de mágica, você é pago. Você quer pago?"

O livro é bem divertido e foi uma ótima leitura para a passagem do ano de 2024 para 2025. Me deu aquele entretenimento descompromissado ao mesmo tempo em que passei a curtir essa família tão disfuncional. O que mais vai surpreender a todos são os momentos finais porque vocês não estarão preparados. E mesmo algumas revelações que acontecem depois. Recomendo bastante esse livro que acabou não recebendo o devido carinho e atenção da editora e de muitos leitores. Não foi à toa que ele ganhou tantas premiações no ano em que foi publicado nos EUA. Podem ir sem medo.












Ficha Técnica:


Nome: Spoonbenders - A Fabulosa Família Telemachus

Autor: Daryl Gregory

Editora: Fábrica 231

Tradutor: Edmundo Barreiros

Número de Páginas: 476

Ano de Publicação: 2019


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O monge Herman tenta ser um homem pio em seu claustro. Mas sua paixão por Marcellina quase põe tudo a perder. É então que ele se torna responsável pelo claustro e de uma relíquia mágica que possui um estranho vinho vermelho. O padre avisa que a única recomendação que ele faz é não abrir a rolha do vinho. Só que o conde Rosenberg está obcecado com a tal relíquia que diz ser poderosa.


A Garrafa de Santo Antão é uma narrativa que vai brincar com o sentimento de tentação e de luxúria. É preciso lembrar que nos encontramos em uma sociedade bastante pudica e pouco liberal com seus instintos carnais. Pensar em um homem perseguindo uma mulher atrás de seu corpo para satisfazer seus desejos sexuais é um daqueles pecados quase inexpiáveis dentro desse contexto. E a narrativa do terror serve para externar esses medos e brincar com a imaginação do leitor. E esse texto leva isso a um outro patamar ao usar o sagrado como escada para se chegar ao terror máximo: um homem da batina que não se importa em pecar. A história é bastante ousada para o período em que foi concebida e a justificativa do líquido que libera os instintos primitivos quase me faz pensar na fórmula científica usada pelo dr. Jekyll. Quando ele toma esse líquido, ele perde seus pudores. No caso do Hyde, o que aflora nele é um sentimento violento e bárbaro; no caso do monge Herman o que libera é o despudor e a capacidade de enganar os seus iguais. Ambas são características não permitidas pela sociedade, portanto os personagens são tratados como aberrações ou anormais. O curioso é que em ambos os casos, os personagens ficam apenas temporariamente nesse estado e quando saem dele, se veem arrependidos e apelam para os seus sentimentos religiosos mais profundos.


A narrativa se passa na Saxônia onde nos deparamos com o monge Herman, alguém que dá o melhor de si para atuar em sua diocese. Durante o seu período anterior à assunção do claustro por ele, Herman passou por um momento bem constrangedor. Ele é alguém muito devotado a Santa Marcellina, uma piedosa santa que com suas bençãos ilumina o coração dos homens. Só que a santa se parece muito com uma jovem dama que frequenta o claustro e também tem o nome de Marcellina. Em um momento de fraqueza em seus sentimentos religiosos, Herman dá um beijo nos lábios de Marcellina que fica assustada com o ato do monge. Após esse fato, Herman tenta se redimir pelo que fez e passa a administrar o convento. Uma das recomendações que lhe foram dadas é para que tomasse cuidado com um líquido que é uma espécie de artefato do local. Um vinho que possui a benção de Santo Antão, mas que parece esconder um mistério grande nele. Não se pode abrir esse frasco por nada neste mundo, caso contrário coisas malignas podem acontecer. É então que Herman recebe a visita do conde Rosenberg que exige poder pôr as mãos no tal frasco. À força, Rosenberg toma o líquido das mãos de Herman, abre o frasco e bebe do estranho líquido avermelhado em seu interior. O que acontecerá agora?


Além do tema da redenção e do pecado, temos a presença do duplo aqui. Mas, não um duplo de outra pessoa, mas um homem capaz de se tornar outro por um curto espaço de tempo. É a justificativa que a narrativa usa para dizer que não é Herman quem está cometendo os pecados, mas outro indivíduo que se apossou de seu corpo. É uma forma de manter a sacralidade do manto religioso, embora o leitor saiba claramente que é o próprio Herman quem está no comando das coisas. A narrativa vai e vem nessa situação em que o monge se coloca, que fica cada vez mais problemática. Pouco a pouco, Herman vai cometendo todos os pecados possíveis e caindo cada vez mais na tentação do espírito maligno que está ao seu redor. Quando estamos nos encaminhando para o final, a expiação dos pecados é praticamente impossível porque Herman percebe o que fez e o que resta de piedade em seu coração age para tentar atrapalhar os planos daquele que o tentou. É uma boa história com alguns momentos bem diferentes do que estamos acostumados a ver em narrativas góticas.










Ficha Técnica:


Nome: A Garrafa de Santo Antão ou O Vinho do Diabo

Autor: Anônimo

Compõe a Coleção Raridades do Conto Gótico vol. 5

Editora: Sebo Clepsidra

Tradutor: Carlos Primati

Número de Páginas: 48

Ano de Publicação: 2021


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Conversa aberta. Uma mensagem lida. Pular para o conteúdo Como usar o Gmail com leitores de tela 2 de 18 Fwd: Parceria publicitária no ficcoeshumanas.com.br Caixa de entrada Ficções Humanas Anexossex., 14 de out. 13:41 (há 5 dias) para mim Traduzir mensagem Desativar para: inglês ---------- Forwarded message --------- De: Pedro Serrão Date: sex, 14 de out de 2022 13:03 Subject: Re: Parceria publicitária no ficcoeshumanas.com.br To: Ficções Humanas Olá Paulo Tudo bem? Segue em anexo o código do anúncio para colocar no portal. API Link para seguir a campanha: https://api.clevernt.com/0113f75c-4bd9-11ed-a592-cabfa2a5a2de/ Para implementar a publicidade basta seguir os seguintes passos: 1. copie o código que envio em anexo 2. edite o seu footer 3. procure por 4. cole o código antes do último no final da sua page source. 4. Guarde e verifique a publicidade a funcionar :) Se o website for feito em wordpress, estas são as etapas alternativas: 1. Open dashboard 2. Appearence 3. Editor 4. Theme Footer (footer.php) 5. Search for 6. Paste code before 7. save Pode-me avisar assim que estiver online para eu ver se funciona correctamente? Obrigado! Pedro Serrão escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:42: Combinado! Forte abraço! Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:41: Tranquilo. Fico no aguardo aqui até porque tenho que repassar para a designer do site poder inserir o que você pediu. Mas, a gente bateu ideias aqui e concordamos. Em qui, 13 de out de 2022 13:38, Pedro Serrão escreveu: Tudo bem! Vou agora pedir o código e aprovação nas marcas. Assim que tiver envio para você com os passos a seguir, ok? Obrigado! Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:36: Boa tarde, Pedro Vimos os dois modelos que você mandou e o do cubo parece ser bem legal. Não é tão invasivo e chega até a ter um visual bacana. Acho que a gente pode trabalhar com ele. O que você acha? Em qui, 13 de out de 2022 13:18, Pedro Serrão escreveu: Opa Paulo Obrigado pela rápida resposta! Eu tenho um Interstitial que penso que é o que está falando (por favor desligue o adblock para conseguir ver): https://demopublish.com/interstitial/ https://demopublish.com/mobilepreview/m_interstitial.html Também temos outros formatos disponíveis em: https://overads.com/#adformats Com qual dos formatos pensaria ser possível avançar? Posso pagar o mesmo que ofereci anteriormente seja qual for o formato No aguardo, Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:15: Boa tarde, Pedro Gostei bastante da proposta e estava consultando a designer do site para ver a viabilidade do anúncio e como ele se encaixa dentro do público alvo. Para não ficar algo estranho dentro do design, o que você acha de o anúncio ser uma janela pop up logo que o visitante abrir o site? O servidor onde o site fica oferece uma espécie de tela de boas vindas. A gente pode testar para ver se fica bom. Atenciosamente Paulo Vinicius Em qui, 13 de out de 2022 12:39, Pedro Serrão escreveu: Olá Paulo Tudo bem? Obrigado pela resposta! O meu nome é Pedro Serrão e trabalho na Overads. Trabalhamos com diversas marcas de apostas desportivas por todo o mundo. Neste momento estamos a anunciar no Brasil a Betano e a bet365. O nosso principal formato aparece sempre no topo da página, mas pode ser fechado de imediato pelo usuário. Este é o formato que pretendo colocar nos seus websites (por favor desligue o adblock para conseguir visualizar o anúncio) : https://demopublish.com/pushdown/ Também pode ver aqui uma campanha de um parceiro meu a decorrer. 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Vou conversar com os demais membros do site a respeito e te dou uma resposta com esses detalhes em mãos e conversamos melhor. Atenciosamente Paulo Vinicius (editor do Ficções Humanas) Em qui, 13 de out de 2022 11:50, Pedro Serrão escreveu: Bom dia Tudo bem? O meu nome é Pedro Serrão, trabalho na Overads e estou interessado em anunciar no vosso site. Pago as campanhas em adiantado. Podemos falar um pouco? Aqui ou no zap? 00351 91 684 10 16 Obrigado! -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! 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