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Essa é a origem de um dos maiores Lanternas Verdes do universo DC: Hal Jordan. De um homem repleto de problemas pessoais, ele é escolhido por Abin Sur, que estava morrendo, para se tornar um homem capaz de vencer seus próprios medos. O início de uma grande jornada.


Sinopse:


Amanhecer Esmeralda é uma série limitada de 1989-1990. A série recontou as origens de Hal Jordan e como ele se tornou um Lanterna Verde na continuidade pós-Crise. Foi criado por Keith Giffen e Gerard Jones, com a primeira edição escrita por Christopher Priest.





Sou muito suspeito para fazer uma resenha desta série limitada e de Amanhecer Esmeralda II. Foi uma das séries da DC que me apresentaram ao mundo dos quadrinhos quando era criança. Além dela, Crise nas Infinitas Terras e a fase do Exílio do Superman são as que mais guardo com nostalgia. Depois de décadas finalmente pus as mãos em um compilado importado com as duas séries (ai ai, Panini... ai ai, que a senhora não reedita esse clássico). E é engraçado como algumas coisas só funcionam com a gente em uma certa época. Sempre achei Amanhecer Esmeralda e Crepúsculo Esmeralda duas das coisas mais incríveis dos quadrinhos DC. E, fui ler novamente... e não. Não é tão incrível assim. Ou devo ser um velho chato ou a história realmente é bem mediana. Mas, enfim, é legal revisitarmos esses mitos que criamos quando tinhamos outra idade para ver se a história envelhece bem. Ou se é apenas aquele encantamento do passado. Mesmo assim, a minissérie é bastante eficiente e consegue entregar o que ela se propõe a fazer: uma história de origem.


Antes de mais nada, só para não confundir os leitores do blog, decidi separar em duas resenhas, uma pegando a primeira mini e a próxima comentando sobre Amanhecer Esmeralda II. Mais por causa do tom de ambas as histórias e até pela equipe criativa que é ligeiramente diferente. Então, aqui só vou comentar sobre Amanhecer Esmeralda, a primeira mini.


Após o evento Crise nas Infinitas Terras, ocorrido na metade final da década de 1980, a DC conseguiu arrumar sua casa e levar todos os seus heróis para um único lugar, a Terra-1. Não mais trocentas versões dos heróis habitando realidades paralelas (ah, se o editor da época soubesse que tudo o que ele fez foi em vão... tsc tsc tsc). Após o evento, a DC procurou reformular as histórias de origens de seus heróis. Como uma tábula rasa onde eles poderiam modernizar os mitos e trazer tudo para um novo público. Os primeiros a passarem pelo makeover foram o Batman (com o incrível Mike W Barr), o Superman (com John Byrne e sua clássica fase) e a Mulher-Maravilha (com o incomparável George Perez). Mas, é claro que esses não eram os únicos heróis da DC que precisavam passar por isso. O Lanterana Verde tinha um histórico nos gibis da DC bastante confuso, principalmente porque ele era confundido com o Lanterna original, o Alan Scott. A fase dele com o Arqueiro Verde ficou muito famosa, mas Hal Jordan não era o cara que é hoje. Ou melhor, o personagem Lanterna Verde não era nada parecido com os dias atuais. É aí que entra a necessidade de reformular o personagem.


O Lanterna Verde cai nas mãos de Keith Giffen e Gerard Jones. E aqui é preciso pontuar uma particularidade dessa mini. Isso porque não temos um roteirista tocando tudo sozinho. Giffen vai tocar a mini a partir de um planejamento geral da mesma, destacando como o personagem vai sair do ponto A para o ponto B. Já Gerard Jones vai pegar mais as partes específicas da história, apontando os diálogos dos personagens e traduzindo o planejamento de Giffen para as páginas. É bastante curioso pensar que mesmo uma narrativa como Amanhecer Esmeralda, que possui um roteiro bem simples e direto, conseguiu transformar o personagem no que ele vai ser na década de 1990. A história possui vários problemas e buracos, mas mesmo assim ela entrega tudo o que o leitor precisava saber sobre o personagem: quem ele era, suas motivações, seus receios e seus mistérios. Claro que tem umas bizarrices, como jogar o Legião na lama só para que a cor dele deixasse de ser amarela. Mas... são os anos 90, gente. Se pararmos para pensar, o roteiro é bem aquém da fase do Byrne no Superman ou do Perez na Mulher-Maravilha. Mas, ele consegue mudar o status do personagem dentro do universo DC. Outros heróis do pré-crise nunca mais conseguiram uma fase tão longeva quanto a do Lanterna.

Ajuda também o fato de que a arte do M.D. Bright é bem eficiente em delimitar qual vai ser o tom da história. As três primeiras partes da mini são bem pé no chão. Bright vai desenhar a base aérea, uma cidadezinha (que depois viemos a saber que se trata de Coast City) e o elenco de apoio. Uma arte bacana, nada demais e que mostra o cotidiano do personagem. Nada de quadros amplos, todos pequenos e intimistas. Personagens conversando, situações acontecendo no fundo. Não gosto de como os personagens do Bright tem pouca expressividade, mas okay, dá para o gasto. A coisa só vai melhorar lá pela segunda metade porque a história vai pedir que Tanghal dê uma enlouquecida e comece a criar uns cenários alienígenas bem doidos. É aí que ele vai brilhar. A arte do Bright é mais orientada para a ação e a exploração. A narrativa brilha quando somos levados a Oa, o QG dos Lanternas Verdes, e lá Hal Jordan se depara com um mundo louco e completamente diferente de tudo o que ele viu em sua vida. As batalhas são bem coreografadas por Tanghal e a gente não se perde naquilo que está acontecendo (só algumas vezes...). Para o que a história quer, funciona. Tem algumas páginas inteiras ou splash pages que até são legais, mas nada que vá te chamar a atenção.


Dando uma passada rápida pelo o que é a história, já que essa origem já foi contada mais de uma dúzia de vezes, somos apresentados a Hal Jordan. Ele perdeu o pai quando era criança, vítima de um acidente de aviação ao qual ele presenciou de perto. Isso o transformou em um cara impulsivo, mulherengo e que não dava bola para as regras que lhe eram impostas. Ele trabalha para a base aérea Ferris, mas por causa de seu temperamento ruim, é apenas um piloto reserva, ficando mais em simuladores. Isso o revolta e faz com que ele tome atitudes bastante reprováveis, como dirigir bêbado e ser responsável direto pela morte de seu melhor amigo. Isso vai mudar quando ele acaba sendo arrastado para uma nave que tinha acabado de cair na Terra. Um estranho alienígena chamado Abin Sur diz que Hal foi escolhido para se tornar o próximo Lanterna Verde do Setor 2814. Ainda perdido nas maluquices que ele imagina ter ouvido desse alienígena, ele acaba se vendo precisando enfrentar uma terrível ameaça dourada chamada de Legião. O que fará Hal Jordan?


A narrativa de Giffen funciona porque Hal Jordan não se encaixa bem no molde do super-herói. Ele até vai se encaixar, mas muito lá para o futuro e do jeito dele. Hal é um personagem que poderia ser qualquer um de nós, com suas qualidades e defeitos. Ele recebe um poder especial que vai servir mais como mote para ele conseguir uma segunda chance na vida do que para ampliar algo que ele já tivesse. O personagem é uma perfeita bola de demolição no início da mini. Toma atitudes bastante reprováveis, é egocêntrico. Ele só é mantido na base aérea porque a filha do chefe, Carol, ainda tem sentimentos por ele. O momento inicial é mostrar o quanto esse personagem precisa trilhar um longo caminho até se tornar um indivíduo melhor. Mesmo quando ele coloca o anel inicialmente, suas motivações não são exatamente heróicas. Ele está cuidando dos seus, diante de uma tropa de "guardas espaciais" cujo principal objetivo é ser desapegado, é pensar grande. O leitor fica preso na história porque percebemos que esse é o começo de uma estrada que iremos percorrer juntos ao lado dele. Ver como no começo Hal faz tudo para fugir das acusações de direção perigosa e no final ele toma uma atitude altruísta é o que me faz voltar.

Ao mesmo tempo, Giffen não afunda o leitor em toda a mitologia por trás do Lanterna Verde. Vemos a calma e a paciência de entregar pouco para o leitor e aos poucos inserir novos elementos para a trama. Por exemplo, Geoff Johns é muito mais apressado para entregar elementos de mitologia em sua fase nos anos 2000, o que afasta alguns leitores de sua série. Permanece quem persiste e acaba conseguindo entender as coisas depois. Por exemplo, nessa mini só sabemos que o anel é um instrumento de poder (nem se fala ainda em força de vontade), que existem muitos lanternas e que eles ficam em Oa onde os guardiões são seus superiores. Ah, e tem a bateria central. Pouca coisa é realmente explicada aqui, algo que Sinestro vai fazer com o Hal na segunda série. Giffen prefere manter a narrativa centrada na figura do Hal Jordan, para que o leitor saiba quem é o indivíduo e a partir daí a história é tecida nessa direção. Como essa pessoa vai reagir às mudanças ou como Hal vai aproveitar essa nova chance que lhe foi dada. Alguns pequenos detalhes são entregues aqui e ali como o que os guardiões realmente representam, a ideia extrema de ordem que os lanternas carregam (e algo que Hal não necessariamente concorda) e como os lanternas funcionam a um escopo universal.


Existe uma bela progressão na história do Hal. Giffen soube bem usar a jornada do herói para construir o personagem. Temos o momento inicial, a relutância, os primeiros confrontos, as dificuldades encontradas, a busca por um mestre (que é uma primeira parte já que Killowog vai ser substituído por Sinestro na segunda série), o confronto com um adversário poderoso, a busca pela ambrosia e o final glorioso. Todo o percurso é percorrido pelos roteiristas. Por isso que disse que a narrativa é eficiente. E é interessante perceber como ela segue o esquema de três atos também (introdução nas duas partes iniciais, desenvolvimento nos dois do meio e clímax nos dois finais). O roteiro segue bem a cartilha. Por isso que disse que ao reler para montar a resenha, a narrativa não funcionou tão bem assim comigo. Porque ela é muito padrão, não tem nenhuma novidade ou alguma inovação de roteiro. As coisas funcionam e fazem o leitor voltar para mais depois. E é isso.


Gosto demais dessa série, mesmo tendo lido novamente e minha nostalgia tenha reduzido um pouco. Ainda é uma das minhas histórias favoritas e o Hal Jordan ainda é um dos meus personagens favoritos. Acho que é o tipo de história que serve como ponto de entrada para conhecermos o personagem. Estou em dúvida se ela funciona melhor do que Hal Jordan - Renascimento, mas prometo dar uma opinião mais concreta quando reler essa mini também. A arte não é fenomenal, mas funciona bem para o que o roteiro lhe pede. Os quadros de Bright tem uma boa sinergia com os roteiros de Giffen e Jones. No mais, volto depois com a resenha de Amanhecer Esmeralda II.












Ficha Técnica:


Nome: Lanterna Verde - Amanhecer Esmeralda

Faz parte do compilado Green Lantern - Hal Jordan vol. 1

Autores: Keith Giffen e Gerard Jones

Artistas: Romeo Tanghal e M.D. Bright

Colorista: Anthony Tollin

Editora: DC Comics

Número de Páginas: 304 (152 para Amanhecer Esmeralda)

Ano de Publicação: 2017 (desse compilado)


Link de compra:











Um velho conta a seus companheiros mais jovens a história de um mundo que se foi. De um mundo onde havia progresso, civilização e desigualdade. Quando uma praga terrível surgiu e fez a humanidade regredir drasticamente. Esta é a história do ocaso da humanidade.


Sinopse:


Uma doença misteriosa varreu a humanidade no início do século XXI, deixando poucos sobreviventes e uma sociedade reduzida à brutalidade. Nesse mundo devastado, um velho professor universitário conta para seus três netos as desventuras que viveu para escapar da peste, em meio a desertos e cidades mortas.

 

Escrito em 1912 e ilustrado por Gordon Grant, A Praga Escarlate é um livro pioneiro do gênero pós-apocalíptico, por um dos mais célebres escritores do século XX, autor de clássicos como O Chamado Selvagem e Caninos Brancos. Como um profeta, Jack London viaja mais de cem anos na história e traz à tona algumas das questões mais profundas da contemporaneidade: somos mesmo uma sociedade civilizada? Ou um bando de bárbaros camuflados por tecnologias e convenções sociais?







Esse é um livro bastante importante para o que vamos ver no século XX sobre narrativas pós-apocalípticas. Antes dele pouca coisa havia sido escrito no gênero e sempre com um viés mais otimista. Mesmo Mary Shelley com o seu O Último Homem (resenhado no link ao lado) ainda tem algum nível de esperança. E há até a manutenção da ideia de progresso tecnológico. Em A Praga Escarlate, Jack London não deixa margens para isso. É uma bela crítica ao modelo econômico então vigente, que era um capitalismo ainda em fase de aprendizado, com vários vícios que vão culminar na crise de 29, quase vinte anos depois. Para quem não conhece a fundo a biografia do autor, London vai ter contato com ideais marxistas no final de sua vida e se torna um crítico ferrenho dos rumos tomados pela sociedade da época. Com sua argúcia e sua experiência como alguém que esteve em contato com várias realidades durante suas viagens, London produz uma narrativa cruel e pungente, que continua extremamente atual nos dias de hoje. O resultado é desconcertante para quem faz parte do sistema que ele critica com tamanha ferocidade e faz a humanidade retornar a tempos mais simples.


Essa é a narrativa do fim dos tempos. Um velho caça junto de seus companheiros, mas sua idade já não ajuda mais a acompanhar o ritmo necessário em um mundo tão diferente do que ele conheceu. Um mundo de feras e de homens-feras que se tornaram selvagens para poderem sobreviver a uma nova realidade. Os agrupamentos humanos são poucos e esparsos e os animais voltaram à sua selvageria anterior à presença humana. Os garotos com quem ele vive o consideram um tolo desnecessário, mas um deles gostaria de ouvir suas histórias para entender o que ele poderia aproveitar do passado. É então que o velho descreve o que foram os últimos anos da humanidade em seu ápice. Um mundo onde poucos dominavam pelo poder do dinheiro e muitos apenas sobreviviam sob seu jugo. Um mundo onde uma praga desconhecida varreu a humanidade do mapa e levou grandes cidades à ruína. Isso porque a praga escarlate foi o sopro que acabou com tudo e fez com que o planeta voltasse ao seu formato original.


Esse é um belo exemplo de um romance pós-apocalíptico. London está com uma escrita bem pontuada e as críticas sociais trasbordam das páginas. Só dar um destaque rápido para a minha edição, que não considero ser a melhor deste livro (acho a da Veneta com mais qualidade editorial), mas certamente a edição da Escotilha é bonita. Ela vem em uma edição vira-vira, dividindo espaço com outra história curta do autor, A Ravina toda de Ouro. A edição vem com páginas em papel especial, mais puxado para o brilhoso, com letras vermelhas na parte de A Praga Escarlate e douradas no outro romance. Tem uma Introdução falando sobre essa fase mais madura do autor, mas os textos de apoio estão no caderninho que acompanhava a caixa-surpresa onde vinha o livro. Não sei se a edição da Escotilha que foi vendida comercialmente tem isso. A tradução de Alice Klesck está competente, com o texto meio truncado em alguns momentos, mas no geral dá para entender numa boa. O material é em capa dura e o miolo interno possui algumas ilustrações de época. Há toda uma brincadeira com o tamanho das fontes o que dá um charme para a edição. Para uma edição que se propõe ser exclusiva aos assinantes, está muito boa.

Esse certamente não é o Jack London de Caninos Brancos ou de O Lobo e o Mar. Apesar de que suas características como escritor estão largamente presentes na obra. É um estilo de escrita mais reflexivo, com muitos momentos de fluxo de consciência, apesar de se tratar de um personagem contando uma história. Como o velho se esforça para se lembrar dos velhos tempos, ele tergiversa em várias oportunidades, deixando a gente maluco em alguns momentos. Mas, faz parte da maneira como o personagem busca reativar suas lembranças. O primeiro momento da trama se preocupa em apresentar essa nova realidade para o leitor, então ele usa e abusa das descrições, mais gerais do que específicas, dando a impressão de que a narrativa poderia acontecer em qualquer lugar do planeta (apesar de eventualmente ele localizar a trama no interior dos EUA). Em alguns momentos, a trama me fez pensar em A Estrada, do Cormac McCarthy. A amplitude do cenário, a desesperança de que o mundo poderia voltar ao normal, os personagens que se bestializam.


London faz uma crítica ferrenha ao modelo capitalista. Nesse mundo novo, um homem que era um burguês endinheirado não tem vez. Ele é apenas um estorvo, um objeto decorativo de um outro tempo que serve para ser achincalhado pelos seus pares. Muitas das coisas que ele valoriza como importantes a um indivíduo não servem a essa nova configuração social. London nos mostra um outro tipo de revolução. Baseado nos ideais revolucionários franceses, quando a história foi vista de baixo e os camponeses tomaram o lugar das elites, aqui a necessidade de sobreviver fez com que a população que era oprimida tomasse por meio da força o seu lugar. Não havia como as elites se esconderem de algo que não tinha rosto. Quando o mundo implodiu, aqueles que viviam na bonança não sabiam o que fazer diante de um mundo tão diferente. Talvez o melhor exemplo dessa revolução pós-apocalíptica esteja presente na mulher de um dos homens mais ricos do mundo sendo subjugada por um homem que foi oprimido por toda a sua vida e que agora se tornou o líder violento que essa sociedade precisa. Ele provoca o velho a lhe tomar a mulher, a quem ele idolatra como o símbolo da princesa de uma sociedade que já se foi. Como a burguesia covarde de outrora, o velho apenas recua e aceita as humilhações. Pior... foge quando pode.


Valores como educação e respeito não são compreendidas aqui. Isso porque essa sociedade possui outras características que a balizam. O velho não é respeitado pelos seus pares. Isso acontece porque ele é inferior e não foi capaz de criar uma casca dura que essa nova realidade exigia. Representa apenas os ícones de uma civilização passada. Ele era um intelectual, com conhecimento amplo sobre sua área de estudo. Só que sua área de nada serve aqui. O que realmente importaria para resgatar a humanidade, como conhecimentos técnicos, ele não sabe. Era apenas um literato, alguém que refletia sobre sua realidade. Mas, essa sociedade precisava reaprender a construir arranha-céus, a desenvolver tecnologias de defesa... e ele nada sabe disso. Seu conhecimento é engessado, pertence a uma outra torre de marfim que não teve contato com o mundo real. Aqui, ele só serve para ser feito de bobo por aqueles que são capazes de realizar as coisas. É uma crítica aos intelectuais que não contribuem com o progresso da humanidade; presos em suas Academias e vendo a desigualdade social aumentar cada vez mais.


Mas, preciso pontuar uma crítica a London. Ao mesmo tempo em que é bastante progressista, algumas coisas sugerem um contato com teorias eugenistas que incomodam o leitor lá para o final da narrativa. Ele sugere a superioridade de uma raça, promove a violência social como solução para tudo. É um ideal anárquico gritante em suas páginas. Nada de governo; nada de instituições. São líderes tribais que supervisionam uma sociedade primitiva e que se preocupa com a sobrevivência de si e de seus (poucos) pares. Não se trata de uma narrativa de teor irônico ou satírico; London fala sério e repete em vários momentos suas posições. Isso é externado pelo líder dos garotos que, apesar de desejar aprender um pouco com o velho, é um indivíduo deste novo mundo. Se London tivesse vivido um pouco mais, como ele teria desenvolvido suas ideias? É perceptível como o autor estava enfadado com os rumos tomados pela sociedade. Para alguém que escrevia sobre o mundo natural e como precisamos alcançar nossas essências em contato com o selvagem, ver para onde estávamos indo deve tê-lo chocado. Lembrando que A Praga Escarlate foi publicada em 1912, dois anos antes da Primeira Guerra Mundial. Os anos que antecederam o conflito foram tensos e havia uma noção de que seria preciso uma guerra para acabar com todas as guerras para resolver os conflitos então existentes. Era um sentimento de desespero que se acumulava dia após dia.


Uma boa leitura, vale pelo impacto histórico que London teve no gênero. Sei que é daqueles materiais que não vão agradar a todos pelo teor do que está escrito. Para mim, é um material mais de ideias do que de uma narrativa propriamente dita. Me ajudou a compreender melhor o período em que London viveu e como autores que se arvoraram da temática aproveitaram as ideias deste clássico e a tornaram suas. Não se trata de um material cinco estrelas porque a leitura me incomodou um pouco com a quantidade de vezes em que o narrador se perde em sua narrativa. Isso sempre me tirava do prumo e eu precisava voltar um pouco para não perder o fio da meada. Mas, recomendo bastante até porque é uma leitura rápida e importante em nossa formação como leitor.











Ficha Técnica:


Nome: A Praga Escarlate

Autor: Jack London

Editora: Escotilha NS

Tradutora: Alice Klesck

Número de Páginas: 144

Ano de Publicação: 2019


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Nesta edição vemos a conclusão da jornada de Ian pelo Grande Valo, que vai levar nosso personagem a rever uma pessoa que ele julgava morta há muito tempo. Mas, esta pessoa não parece feliz em revê-lo. E na segunda história, o retorno melancólico de uma Mãe Guardiã ao monastério. Onde pecados de seu passado voltam para assombrá-la.


Sinopse:


A RAINHA DOS ALGENTES


Com as montarias perdidas e bloqueados nas Fossas dos Farghs, onde localizaram o mago desaparecido, Ian e Gmor precisam encontrar uma maneira de retornar ao Valo, escapando dos algentes que cortam todas as rotas de fuga. Mas uma nova ameaça paira sobre eles: uma figura misteriosa que comanda e organiza militarmente os algentes e que parece muito determinada a exterminar todos os membros da expedição.






Essa é mais uma edição focada em construção de mundo. Enoch aproveita essas edições para expandir ainda mais a mitologia do personagem e das criaturas que habitam o universo de Dragonero. Nesta edição conhecemos mais sobre os algentes e as mães guardiãs. E, para nenhuma surpresa dos leitores já acostumados com a proposta do autor, descobrimos que sabemos bem pouco a respeito. Ele nos entrega algumas respostas enquanto oferece novas perguntas. Estou gostando de ver como não há a menor pressa em revelar mais do mundo ao mesmo tempo em que as histórias que chegam para o leitor são sempre muito divertidas e cheias de ação.




ATENÇÃO: Spoilers da edição anterior!



Temos duas histórias nessa edição. Na primeira, chamada A Rainha dos Algentes, descobrimos que ninguém menos que Ecuba, que foi a mãe guardiã de Alben e achávamos estar morta quando Ian e seu grupo tentavam deter as ambições do mago Jeranas (no volume 0). Ecuba agora é a líder de um enorme grupo de algentes e ela deseja se vingar de todos os magos que ousarem pisar no Grande Valo. Ian e Gmor precisam tirar Sheda e Arentel das fossas dos farghs imediatamente e chegarem a um local seguro. Inicia-se uma corrida desesperada contra o tempo e a perseguição de Ecuba é mortal. Na segunda história temos o retorno de uma mãe guardiã ao monastério após um fracasso. E conhecemos mais sobre os mistérios que circundam essa ordem de guerreiras. Onde um pecado mortal levado pelo amor de uma jovem garota leva à sua perdição, a guardiã, agora em desfavor, precisa sobreviver à perseguição de suas iguais. Só que um segredo ainda mais profundo se esconde em suas origens.


Começando pela arte da primeira história, ainda é o Gregorini e só tenho a elogiar sua arte. A segunda parte da história tem uma orientação maior na ação e ele não desaponta. É curioso que mesmo quando temos as formas distorcidas dos algentes, o visual badass da Ecuba ou os farghs, que parecem mamutes bizarros, Gregorini consegue nos entregar imagens que conseguimos entender. Em algumas cenas mais violentas, fiquei pensando como ele foi capaz de dar sentido ao estranhamento causado por tudo o que acontece em cena, e o artista tira isso de letra. É preciso salientar, contudo, que os quadros estão mais carregados no preto, porque a ação acontece nas planícies escuros da superfície dessa terra maligna. Como a história é mais curtinha, não tenho mais a acrescentar do que já disse na resenha passada, somente confirmar que Gregorini é o melhor artista até o momento que passou pela série.

Sobre a história em si, ela serviu para levantar vários questionamentos sobre os algentes. Desde a edição passada vimos como mesmo Ian não sabia tudo sobre estes seres. Ele os imaginava como desprovidos de inteligência complexa e focados apenas na destruição de seus oponentes. Mas, o problema não é bem assim. Imaginava-se que sua comunicação era instintiva e que eles não eram capazes de organizar suas ações. Sabia-se apenas que eram destemidos e somente sua destruição absoluta era capaz de pará-los. E como explicar as ações coordenadas por Ecuba? Ou sequer que eles aceitam o comando da ex-mãe guardiã? E como ela faz para se comunicar com eles? Durante a edição, Ecuba fala como sobreviveu a toda a confusão que aconteceu na época do confronto com Jeranas, mas várias perguntas permanecem em aberto. Por exemplo, por que os algentes aceitaram justo ela? Não se preocupem por que Enoch não vai revelar toda a verdade por trás da nova vida de Ecuba, nos deixando com ainda mais perguntas.


Resta a Ian e Gmor sobreviver ao ataque impiedoso dela e de seus comandados. Em uma aventura que vai colocar nossos personagens no limite e aonde não há como simplesmente enfrentar toda uma horda de seres que não conhecem o significado do cansaço. Ecuba está atrás de sangue e nada irá impedi-la. Devemos nos lembrar o quanto a guerreira marcial era poderosa na época da ida ao Grande Valo. Imagine agora que ela não precisa se preocupar em proteger ninguém. Também somos confrontados com o dever absoluto de uma mãe guardiã a seu mago, onde o juramento de proteção é levado ao extremo e vemos até onde uma delas vai para defender aquele a quem fez esse juramento. Ecuba e Sheda estão dos dois lados da moeda.


A segunda história se chama A História da Monja e somos levados de volta a Fhaucasepta, o lar das mães guardiãs. Esta é uma narrativa que se foca em seus juramentos, deveres e punições. Uma das mães retorna após fracassar em seu dever e precisa passar pelo escrutínio da madre superiora. No passado, ela já havia cometido um erro ao se deitar com um homem fora do período estabelecido para que elas gerassem filhos. Sua punição se tornou uma mácula a qual ela passou a ser julgada por suas iguais. Se ela já era julgada antes, imagine agora que fracassou em seu dever primordial. Mesmo com toda a tristeza e arrependimento que se assolaram em seu coração ao não ser capaz de realizar o dever da vida de uma mãe guardiã, ela precisa ainda lidar com a punição que a espera por sua falha. E ela já havia aceitado que seria punida, até que uma revelação surpreendente a fará buscar todas as formas de permanecer viva. Mas, para isso ela precisará sobreviver às suas irmãs.

A arte desta segunda história ficou a cargo de Luca Malisan que é claramente um artista que se foca no pano de fundo dos cenários. É um artista bastante detalhista em suas composições e sabe criar o ambiente necessário para gerar uma reação ao leitor. Tem alguns momentos de cair o queixo como a própria represa que forma Fhaucasepta que já tínhamos visto lá no volume 0, mas ele consegue jogar uma visão do alto que é estonteante. Ou quando a mãe guardiã olha para um céu estrelado pensando em seu destino. Claro que é complicado colocar uma edição que possui duas histórias desenhadas por artistas diferentes e não fazer uma comparação. E a arte de Gregorini me encantou demais, fazendo com que o que Malisan faz em seu trecho seja meramente comum. Não é demérito algum e faz dessa décima primeira edição bem acima da qualidade geral da série. Minha reclamação tem a ver com as cenas de ação que são um pouco truncadas e o leitor demora a entender o que está acontecendo. Quando as cenas são mais paradas e voltadas para mostrar cenários amplos é que a arte dele consegue ser melhor apreciada.


Um volume muito bom mesmo, continuando já o belo ritmo iniciado na edição passada. A história constrói ainda mais a fundação de histórias que virão no futuro, apresentando novos detalhes e perguntas a serem respondidas depois. Não apenas isso como o nascimento de mais um vilão para Ian, alguém que tem bons motivos para desejar se vingar a todo o custo. A arte de Gregorini continua lá no topo, mas a segunda história que conta com a contribuição de Luca Malisan não deixa o nível cair e consegue entregar algo digno.











Ficha Técnica:


Nome: Dragonero vol. 11 - A Rainha dos Algentes

Autor: Luca Enoch

Artistas: Gianluigi Gregorini e Luca Malisan

Editora: Mythos

Tradutor: Julio Schneider

Número de Páginas: 100

Ano de Publicação: 2021


Outros Volumes:

Vol. 0 Vol. 5 Vol. 10

Vol. 1 Vol. 6

Vol. 2 Vol. 7

Vol. 3 Vol. 8

Vol. 4 Vol. 9


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Conversa aberta. Uma mensagem lida. Pular para o conteúdo Como usar o Gmail com leitores de tela 2 de 18 Fwd: Parceria publicitária no ficcoeshumanas.com.br Caixa de entrada Ficções Humanas Anexossex., 14 de out. 13:41 (há 5 dias) para mim Traduzir mensagem Desativar para: inglês ---------- Forwarded message --------- De: Pedro Serrão Date: sex, 14 de out de 2022 13:03 Subject: Re: Parceria publicitária no ficcoeshumanas.com.br To: Ficções Humanas Olá Paulo Tudo bem? Segue em anexo o código do anúncio para colocar no portal. API Link para seguir a campanha: https://api.clevernt.com/0113f75c-4bd9-11ed-a592-cabfa2a5a2de/ Para implementar a publicidade basta seguir os seguintes passos: 1. copie o código que envio em anexo 2. edite o seu footer 3. procure por 4. cole o código antes do último no final da sua page source. 4. Guarde e verifique a publicidade a funcionar :) Se o website for feito em wordpress, estas são as etapas alternativas: 1. Open dashboard 2. Appearence 3. Editor 4. Theme Footer (footer.php) 5. Search for 6. Paste code before 7. save Pode-me avisar assim que estiver online para eu ver se funciona correctamente? Obrigado! Pedro Serrão escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:42: Combinado! Forte abraço! Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:41: Tranquilo. Fico no aguardo aqui até porque tenho que repassar para a designer do site poder inserir o que você pediu. Mas, a gente bateu ideias aqui e concordamos. Em qui, 13 de out de 2022 13:38, Pedro Serrão escreveu: Tudo bem! Vou agora pedir o código e aprovação nas marcas. Assim que tiver envio para você com os passos a seguir, ok? Obrigado! Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:36: Boa tarde, Pedro Vimos os dois modelos que você mandou e o do cubo parece ser bem legal. Não é tão invasivo e chega até a ter um visual bacana. Acho que a gente pode trabalhar com ele. O que você acha? Em qui, 13 de out de 2022 13:18, Pedro Serrão escreveu: Opa Paulo Obrigado pela rápida resposta! Eu tenho um Interstitial que penso que é o que está falando (por favor desligue o adblock para conseguir ver): https://demopublish.com/interstitial/ https://demopublish.com/mobilepreview/m_interstitial.html Também temos outros formatos disponíveis em: https://overads.com/#adformats Com qual dos formatos pensaria ser possível avançar? Posso pagar o mesmo que ofereci anteriormente seja qual for o formato No aguardo, Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:15: Boa tarde, Pedro Gostei bastante da proposta e estava consultando a designer do site para ver a viabilidade do anúncio e como ele se encaixa dentro do público alvo. Para não ficar algo estranho dentro do design, o que você acha de o anúncio ser uma janela pop up logo que o visitante abrir o site? O servidor onde o site fica oferece uma espécie de tela de boas vindas. A gente pode testar para ver se fica bom. Atenciosamente Paulo Vinicius Em qui, 13 de out de 2022 12:39, Pedro Serrão escreveu: Olá Paulo Tudo bem? Obrigado pela resposta! O meu nome é Pedro Serrão e trabalho na Overads. Trabalhamos com diversas marcas de apostas desportivas por todo o mundo. Neste momento estamos a anunciar no Brasil a Betano e a bet365. O nosso principal formato aparece sempre no topo da página, mas pode ser fechado de imediato pelo usuário. Este é o formato que pretendo colocar nos seus websites (por favor desligue o adblock para conseguir visualizar o anúncio) : https://demopublish.com/pushdown/ Também pode ver aqui uma campanha de um parceiro meu a decorrer. É o anúncio que aparece no topo (desligue o adblock por favor): https://d.arede.info/ CAP 2/20 - o anúncio só é visível 2 vezes por dia/por IP Nesta campanha de teste posso pagar 130$ USD por 100 000 impressões. 1 impressão = 1 vez que o anúncio é visível ao usuário (no entanto, se o adblock estiver activo o usuário não conseguirá ver o anúncio e nesse caso não conta como impressão) Também terá acesso a uma API link para poder seguir as impressões em tempo real. Tráfego da Facebook APP não incluído. O pagamento é feito antecipadamente. Apenas necessito de ver o anúncio a funcionar para pedir o pagamento ao departamento financeiro. Vamos tentar? Obrigado! Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 16:28: Boa tarde Tudo bem. Me envie, por favor, qual seria a sua proposta em relação a condições, como o site poderia te ajudar e quais seriam os valores pagos. Vou conversar com os demais membros do site a respeito e te dou uma resposta com esses detalhes em mãos e conversamos melhor. Atenciosamente Paulo Vinicius (editor do Ficções Humanas) Em qui, 13 de out de 2022 11:50, Pedro Serrão escreveu: Bom dia Tudo bem? O meu nome é Pedro Serrão, trabalho na Overads e estou interessado em anunciar no vosso site. Pago as campanhas em adiantado. Podemos falar um pouco? Aqui ou no zap? 00351 91 684 10 16 Obrigado! -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification Área de anexos ficcoescodigo.txt Exibindo ficcoescodigo.txt.