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Um bom mês para quem curte coletâneas de histórias curtas. Temos de quatro ótimos contadores de histórias: Seanan McGuire, Cixin Liu, Sofia Samatar e Ann Leckie. Também temos uma história de vampiros da autora C.J. Tudor. Confiram!


1 - "The proper thing and other stories" de Seanan McGuire


Ficha Técnica:


Nome: The Proper thing and other stories

Autora: Seanan McGuire

Editora: Subterranean Press

Gênero: Fantasia

Número de Páginas: 512

Data de Lançamento: 01/04


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Sinopse: Do fim do mundo ao começo, com um prato de charcutaria adequado para nos sustentar no caminho, é hora de outra jornada pela excêntrica e eclética ficção curta de Sanan McGuire. Dos feriados perigosos à beleza da biblioteca, do poder do queijo ao poder do amor, este volume irá levá-lo do passado ao futuro, algumas vezes na mesma página. Aprenda sobre as inseguranças do mundo dos super-heróis e quanto esforço algumas pessoas terão que fazer para sobreviver ao fim de absolutamente tudo. Descubra o que todos sabem, e observe o que acontece quando as fundações culturais são puxadas debaixo de sua culinária favorita. Veja o que pessoas farão quando tudo mais é perdido, e observe o que acontece no dia em que a música morre. E quando tudo isso passar, visite nossa loja de queijos mágicos para algo realmente delicioso. Temos algo para todos em nossa caixa de guloseimas. Não tenha medo - apenas venha e escolha um para melhorar e aperfeiçoar o seu dia. Estamos esperando por outra viagem rumo à loja na esquina, onde eles venderão Wensleydale e desejam lado a lado. Venham juntos, vamos lá!


2 - "Lake of Souls: The Collected Short Fiction" de Ann Leckie


Ficha Técnica:


Nome: Lake of Souls - The Collected Short Fiction

Autora: Ann Leckie

Editora: Orbit

Gênero: Ficção Científica

Número de Páginas: 416

Data de Lançamento: 02/04


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Sinopse: Façam uma jornada além das estrelas no universo do Radch imperial.


Escutem as palavras dos Velhos Deuses que governaram a Torre dos Corvos.


Aprendam os segredos da misteriosa Lagoa das Almas.


E muito mais, nesta coletânea de ficções curtas escritas com maestria pela premiada autora Ann Leckie.


3 - "Play of Shadows" (Court of Shadows vol. 1) de Sebastien de Castell


Ficha Técnica:


Nome: Play of Shadows

Autor: Sebatien de Castell

Série: Court of Shadows

Editora: Arcadia

Gênero: Fantasia

Número de Páginas: 568

Data de Lançamento: 01/04


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Sinopse: Damelas Chademantaigne pegou uma noite ruim para fugir de um duelo.


Ele tem poucas esperanças de escapar da ira do Vixen, o mais temido duelista em toda a cidade, até que ele passa pelas portas do palco do magnífico Operato Belleza e consegue dar um jeito de se esconder em uma companhia de atores. Uma lei arcaica fornece a ele um alívio temporário dos seus problemas - até que uma noite uma voz fantasmagórica em sua cabeça faz com que Damelas se enrole em suas falas, inadvertidamente deixando escapar uma verdade terrível: o herói lendário da cidade pode ser realmente um traidor e um assassino brutal.


Com apenas a ajuda de seu barulhento e sedutor amigo Bereto, um belo assassino cujo alvo pode ser o próprio Damelas, e uma companhia de atores renegados que também querem vê-lo morto, este neto decadente de dois Grandes Encapuzados devem, de alguma forma, encontrar dentro de si mesmo a coragem para buscar verdades há muito escondidas antes que um bando cruel de bravos conhecidos como os Orquídeas de Ferro venham atrás de sua cabeça.


Oh, e tem também o assunto do Vixen querendo duelar com ele...


4 - "A View from the stars" de Cixin Liu


Ficha Técnica:


Nome: A View from the Stars

Autor: Cixin Liu

Editora: Tor Books

Gênero: Ficção Científica

Número de Páginas: 182

Data de Lançamento: 02/04


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Sinopse: A View from the Stars possui uma variedade de trabalhos curtos das últimas três décadas da prolífica carreira do premiado autor e bestseller do New York Times Cixin Liu, colocando seus ensaios de não-ficção e suas histórias curtas lado a lado pela primeira vez. Esta coletânea inclui ensaios e entrevistas que trazem luz nas experiências de Liu como um leitor, escritor e amante de ficção científica ao longo de sua vida, assim como a ficção curta fornece vislumbres na evolução de sua voz imaginativa ao longo dos anos.


5 - The Familiar, de Leigh Bardugo


Ficha Técnica:


Nome: The Familiar

Autora: Leigh Bardugo

Editora: Flatiron Books

Gênero: Fantasia

Número de Páginas: 387

Data de Lançamento: 09/04


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Sinopse: Em uma pobre casa de uma rua pobre, na nova capital de Madrid, Luzia Cotado usa vestígios de magia para passar seus dias de labuta sem fim como uma ajudante de cozinha. Mas quando a sua patroa que gosta de uma intriga descobre uma de suas servas escondida na cozinha e tendo um talento para pequenos milagres, ela exige que Luzia use seus talentos para melhorar a posição social de sua família.


O que começa como uma diversão simples para a nobre toma um caminho perigoso quando Luzia desperta a atenção de Antonio Peréz, o secretário que perdeu os favores do rei de Espanha. Ainda se recuperando da derrota de sua armada, o rei está desesperado por qualquer vantagem na guerra contra a rainha herege da Inglaterra - e Pérez não irá parar por nada para recuperar o favor do rei.


Determinado a conseguir esta única chance para ampliar sua fortuna, Luzia se mete em um mundo de sábios e alquimistas, homens sagrados e mercenários, onde as linhas entre a magia, a ciência e a fraude nunca são muito certas. Mas com sua notoriedade crescendo, também cresce o perigo que seu sangue judeu irá condená-la a estar no caminho da ira da Inquisição. Ela irá usar qualquer pedaço de sua malandragem e vontade de sobreviver - mesmo que isso signifique se aliar a Guillén Santángel, um familiar imortal com muito rancor cujos próprios segredos podem se provar mortais para ambos.


6 - "The Gathering" de C.J. Tudor


Ficha Técnica:


Nome: The Gathering

Autora: C.J. Tudor

Editora: Ballantine Books

Gênero: Fantasia

Número de Páginas: 338

Data de Lançamento: 09/04


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Sinopse: Em uma pequena cidade do Alaska, um garoto é encontrado com sua garganta cortada e todo o sangue drenado de seu corpo. Os habitantes de Deadhart nunca viram um assassinato como esse em vinte e cinco anos. Mas eles sabem quem é responsável: um membro da Colônia, uma comunidade ostracizada de vampiros habitando em uma velha mina nas profundezas do mato.


A detetive Barbara Atkins, uma especialista em matar vampiros, é chamado para determinar oficialmente se este é um assassinato da Colônia - e autorizar o abate de todos. Velhas suspeitas demoram a desaparecer em uma cidade como Deadhart, mas Barbara não está tão certa disso. Determinada a encontrar a verdade, ela pede a ajuda de um ex-detetive de Deadhart, Jenson Tucker, cuja investigação do assassinato anterior quase custou a ele sua vida. Desde então, Tucker se tornou um recluso. Mas ele conhece a Colônia melhor do que qualquer um.


Com o par se debruçando na história da cidade, eles descobrem segredos mais sombrios do que eles poderia ter imaginado. E então outro corpo é encontrado. Enquanto a neve se torna mais pesada e as noites se tornam mais longas, um assassino espreita em Deadhart, e duas comunidades disparatadas circundam uma a outra por sangue. O tempo está acabando para Atkins e Tucker encontrarem a verdade: Eles estão caçando um monstro sedento de sangue... ou um psicopata distorcido? E qual deles é mais perigoso?


7 - "Mal goes to war" de Edward Ashton


Ficha Técnica:


Nome: Mal goes to war Autor: Edward Ashton

Editora: St. Martin's Press

Gênero: Ficção Científica

Número de Lançamento: 287

Data de Lançamento: 09/04


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Sinopse: Os humanos estão lutando de novo. Grande novidade...


Como uma IA livre, Mal se envolve em uma guerra envolvendo os Federais modificados e aumentados e os puritanos Humanistas que é tão interessante como uma batalha entre colônias rivais de formigas de jardim. Ele não se importa em observar os campos de batalha em busca de sucata, embora, e quando os Humanistas cortam subitamente o acesso ao infospace ele se vê preso no corpo de um mercenário ciborgue, e responsável pela segurança de uma garota modificada que ele morreu protegendo.


8 - "The Practice, the horizon and the chain" de Sofia Samatar


Ficha Técnica:


Nome: The Practice, the Horizon and the Chain

Autora: Sofia Samatar

Editora: Tor.com

Gênero: Ficção Científica

Número de Páginas: 93

Data de Lançamento: 16/04


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Sinopse: O garoto foi criado como um dos Acorrentados, condenados a trabalhar nos porões de um nave mineradora entre as estrelas. Todo o seu mundo muda - literalmente - quando ele é puxado "para cima" e informado que lhe foi dada uma oportunidade para ser educado na universidade da nave junto com a elite.


Sobrecarregado com a nova vida e sozinho, o garoto forma um laço com a mulher que ele vem a conhecer como "a professora", uma idealista cansada e descendente dos Acorrentados que passou sua carreira lutando por reconhecimento dos seus colegas mais antigos, apenas para falhar toda vez.


Juntos, o garoto e a mulher irão embarcar em uma jornada transformadora para conseguir o design das correntes que prendem ambos - e são a chave para os libertarem.


9 - "Oracle" de Thomas Olde Heuvelt


Ficha Técnica:


Nome: Oracle

Autor: Thomas Olde Heuvelt

Editora: Tor Nightfire

Gênero: Terror

Número de Páginas: 366

Data de Lançamento: 30/04


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Sinopse: Em uma manhã nebulosa de inverno, Luca e Emma, dois alunos ginasiais, descobrem o impossível: os restos de um navio do século XVIII em um campo de flores.


Emma entra pela escotilha no deck e nunca mais é vista de novo. E ela não é a última a desaparecer...


Logo uma agência governamental começa a investigar, determinada a descobrir os segredos do navio antes que uma crise midiática aconteça. Eles alistam Robert Grim, um especialista aposentado do oculto, para revelar o mistério, e ele logo percebe que o navio pode ser o arauto de um mal antigo despertado no fundo do mar.


Em uma tempestade de intriga internacional e puro terror, Grim e Luca devem correr contra o tempo enquanto eles encaram um antigo portal para o apocalipse.





Marco está dando um tempo em sua profissão como fotógrafo de guerra. A paixão pelo que ele faz desapareceu. Nesse turbilhão de emoções, ele conhece um senhor próximo de sua casa no campo que parece ter conhecido seu pai. Muitas mudanças aguardam a vida dele, mas tudo o que Marco deseja é que as coisas permaneçam iguais.


Sinopse:


Vencedora do prêmio de Melhor Álbum no Festival de Angoulême de 2004 e adaptada para o cinema em 2015, O Combate Cotidiano é a obra mais pessoal de Manu Larcenet (O Relatório de Brodeck), um dos maiores nomes dos quadrinhos franceses da atualidade.


Esta é a história de Marco, um jovem fotógrafo de guerra que, cansado de registrar horrores, decide dar um tempo no trabalho e troca a cidade grande pelo campo, com o intuito de fazer as pazes consigo mesmo e com o mundo. Após dispensar seu terapeuta, com quem se consultou durante anos para tratar de ansiedade e ataques de pânico, sua principal companhia nessa nova fase é um gato temperamental chamado Adolf.


Entre visitas esporádicas ao irmão caçula, aos pais idosos, à veterinária e aos amigos de um velho estaleiro, Marco vive uma história comovente e profundamente humana, que propõe uma reflexão tocante sobre amadurecimento, autoaceitação e as pequenas coisas da vida, com muitas doses de humor, introspecção e sensibilidade.


Publicada originalmente na França pela editora Dargaud em quatro volumes, entre 2003 e 2008, a editora Pipoca & Nanquim agora traz esta obra-prima dos quadrinhos contemporâneos em uma bela edição integral, com 252 páginas coloridas e impressas em papel offset 90g, formato grande (19,5x28 cm) e capa dura.






Viver é estar em movimento. Mas, para Marco, estar em movimento é ruim. Ele gosta das permanências, de ter o controle sobre as coisas. Mudar pode significar precisar se adaptar e isso é um saco para ele. Vamos acompanhar, guiados por Manu Larcenet, a vida de um fotógrafo de guerra que não deseja mais tirar fotos desse tipo. Ao mesmo tempo, Marco sofre de uma terrível crise de ansiedade causada por toda uma série de traumas que ele tem. Morando afastado dos centros urbanos, ele busca resolver seu problema, mas parece que a vida não quer dar descanso a ele. Uma revelação pessoal de seu pai vai fazer com que ele encare anos de ausência paterna. Um novo amor em sua vida irá obrigá-lo a tomar decisões que nem sempre lhes serão confortáveis. E uma pessoa que passa a fazer parte de sua vida tem uma estranha conexão com ele que irá deixá-lo desconfortável. Marco irá travar o combate cotidiano e nesse meio tempo quem sabe se tornar uma pessoa melhor.


Esse é um baita quadrinho. Irretocável em enredo e arte. Mas, falemos primeiro do enredo que é bem legal. É uma narrativa de vida de uma pessoa que tem uma série de problemas a serem resolvidos. Marco é um homem falho e precisa lidar com os esqueletos de seu armário. Larcenet nos traz uma história de um homem comum, mas que é tão interessante que não nos cansamos de acompanhá-la. Os altos e baixos, as vitórias, as derrotas, os medos. É uma narrativa contada com muita sensibilidade ao longo de quatro capítulos que compõem essa edição integral. Entre os capítulos existem alguns saltos temporais, apresentando novos problemas ou apenas os velhos que ainda não foram resolvidos. A narrativa do autor é fácil de compreender e os personagens de apoio são fascinantes. Entre os principais estão Emilie, o amor de sua vida, seus pais e seu irmão. As partes são bastante fluidas e o leitor vai se pegar devorando as páginas, desejando saber o que vai acontecer a seguir. Em vários momentos, o autor vai te pegar pelo contrapé e fazer você se emocionar. Sabe aquele momento inesperado em que o personagem tem um insight ou toma uma decisão importante e lágrimas caem sem você querer? É por aí.


A arte de Larcenet é bem diferente dos lápis em PB ou aquela coisa mais claustrofóbica de O Relatório de Brodeck. Até porque as propostas dos quadrinhos são diferentes e o autor ajustou sua arte à necessidade e à temática da HQ. Nada do realismo, mas sim algo mais caricato e colorido. Pode surpreender quem se apaixonou pelo lápis escuro de seu outro trabalho, mas confesso que não vi problema algum. Esse colorido extremo contrasta com as temáticas pesadas da HQ. Parece que o autor quis amenizar um pouco o peso presente nas palavras. Ele alterna entre estilos de arte de acordo com as situações. Vez ou outra ele emprega o seu traço mais realista ao nos mostrar cenas que parecem retratos ou cenários de guerra. Em outros, o personagem está sofrendo com uma crise de ansiedade e ele altera a palheta de cores para algo totalmente vermelho e o personagem enxergando apenas sombras. É a perspectiva de alguém passando por esse momento ruim. O design de personagens é fruto do estilo francês de BD em linha clara, com bastante simplicidade nos traços, mas muita personalidade. Larcenet faz seus personagens serem únicos e bastante expressivos. Os cenários de fundo são lindos. Dá até um contraste na simplicidade dos personagens com um grau de detalhamento grande. A preocupação em passar ao leitor as sensações que cada ambiente transmite. Não esperem quadros grandes porque essa não é a proposta. Se posso comparar com algum outro trabalho, imaginem Verões Felizes e a arte expressiva de Jordi Lafevre. Apesar de que os dois artistas possuem inúmeras diferenças.



Por onde começar? São tantas coisas acontecendo. Vamos começar pela trava artística de Marco. E ele está assim por um motivo bem fácil de ser explicado. O trabalho que ele estava fazendo era doloroso demais para ele. Representar crianças sendo mortas, inocentes assassinados por armas de fogo, a miséria de locais como Uganda onde ele esteve. Isso deixou marcas em seu coração. Ao voltar para casa havia inúmeros trabalhos o aguardando e ele simplesmente procrastinava dizendo em voz alta algo que nem ele acreditava: que ele voltaria em breve com o seu trabalho. À medida em que os meses passam isso vai ficando cada vez mais remoto de acontecer. As fotos que ele passa a tirar são cotidianas demais para que algum jornal ou revista aceitasse. Marco é um fotógrafo cuja arte se materializa a partir de como ele se enxerga no lugar da pessoa a quem ele está fotografando. Quando ele vai fazer um trabalho sobre o Cais 22, um estaleiro onde seu pai trabalhou por boa parte de sua vida, aquilo ali era sua segunda casa. As pessoas que estavam ali o viram crescer, brincar nos arredores. As fotos que ele tira dali captam a naturalidade e a essência dessas pessoas. Mas, como ganhar dinheiro com fotos sobre pessoas que ninguém quer saber nada a respeito? Ele se encontra em um dilema moral de usar a sua arte para ganhar dinheiro e deixar de lado seus sentimentos ou viver uma situação difícil e manter seu orgulho? Passamos por esses questionamentos em alguns momentos de nossas vidas. Eu mesmo já passei várias vezes. Cada um de nós vai encontrar uma resposta diferente para isso.


Mas, existe algo mais complicado para Marco que é o medo que ele tem de mudanças. Marco definitivamente prefere a estabilidade e quando Emilie chega em sua vida, ela transforma tudo por onde passa. Isso porque, em uma relação entre duas pessoas, os dois lados precisam ceder para que a relação avance. Por exemplo, um dos grandes dilemas da primeira parte é que Emilie quer que Marco se mude para mais perto do local onde ela trabalha. Como Marco mora longe de um centro urbano, se torna difícil para ela ir até lá o tempo todo. Fora que passa a impressão de que ela é apenas uma visita passageira e nada mais. Marco reluta com essas mudanças mínimas, e é então que ele se dá conta de que pode perder Emilie caso não repense seus valores. A vida é transformação. Por mais que a gente não queira, somos colocados para irmos contra o que desejamos. Podemos simplesmente ficar no mesmo lugar e perder nossa felicidade ou aceitar as coisas como são. É um tipo de reflexão que só entendemos por completo quando temos mais idade e passamos a olhar de maneiro retrospectiva. Hoje sei que sou uma pessoa diferente de antes do meu casamento, fruto de uma esposa que me fez tomar decisões que nem sempre gostei. Mas que fazem parte da vida.


A relação de Marco com seu pai também é fruto de uma série de traumas que ele tem. Seu pai serviu na Argélia durante vários anos e voltou marcado pela violência que viu lá. Esteve sob o comando de um homem que acabou obrigando-o a ver e sentir coisas que ele não deseja. Quando seu pai retornou, era um homem diferente e acabou por se fechar em uma vida simples e contemplativa. Sua relação com seus dois filhos ficou abalada. A sujeira da guerra ficou em suas mãos e ele já não via mais o ser humano com os mesmos olhos. O diário que ele acaba deixando como seu legado é uma prova disso. Anotações de coisas completamente banais ou uma estranha coleção de rolhas. O que isso significa? Qual é o sentido disso? Fato é que enquanto Georges decidiu se afastar totalmente de seu pai, Marco decidiu permanecer ainda no seio familiar e tentar se comunicar com seu pai e sua mãe. Não só isso. Com a idade se passando, aquela figura que tínhamos como uma fortaleza, começa a mostrar suas fragilidades. E Marco já não sabe mais o que sentir por seu pai. Diga-se de passagem, essa conexão mal sucedida com seu pai, aliado aos problemas oriundos de seu emprego e a pressão por mudanças fazem a crise de ansiedade dele se agravar. Mesmo atendido por um psicólogo, ele não consegue lidar com suas questões. E isso vai ser um empecilho para uma vida normal.


Outras questões de natureza política também aparecem na HQ. Por exemplo, Marco é um cara cujo espectro político se situa mais à esquerda no país. E ele precisa ver o crescimento da extrema-direita em seu país com as eleições acontecendo e uma figura bizarra como o velho Le Pen (pai de Marine Le Pen que se tornou uma figura importante da extrema direita francesa) ganhar cada vez mais espaço. E a eleição de um conservador como Jacques Chirac entendida como um alívio. Ele não consegue entender como um pessoal corrupto e maluco consegue se eleger a cargos importantes. É quando ele tem contato com o pessoal do Cais 22 e percebe a necessidade que eles tem de alguma coisa nova que chacoalhe a vida deles. O trabalho no estaleiro vem se tornando cada vez menos essencial e o medo de perder seus empregos e seu baixo ganho pão se torna ainda mais evidente. Bastounet é uma dessas pessoas; alguém que Marco conheceu a vida toda e se surpreendeu quando ele revelou que votou em Le Pen nas eleições. Processo semelhante nós vivemos quando Bolsonaro foi eleito e descobrimos que pessoas próximas a nós passaram a apoiar alguém cujos interesses eram escusos. A questão toda está em uma transformação tão necessária na vida dessas pessoas. Uma necessidade de olhar para uma luz de esperança no horizonte.


Há tanta coisa a se dizer sobre O Combate Cotidiano. Por exemplo, o esquerdomacho estúpido que Marco idolatrava e se revelou um perfeito babaca ou o senhor que ele passou a encarar como alguém que poderia ouvir seus problemas, mas escondia um segredo terrível ou a vida cotidiana de seu irmão que se transformou com o passar dos anos. Todas são histórias emocionantes e surpreendentes que Larcenet traz para nós nesse quadrinho. Fica o meu convite para que todos o leiam e o apreciem. Certamente vocês serão tocados pela sensibilidade do autor. Mais um para entrar na minha lista de melhores do ano.




Ficha Técnica:


Nome: O Combate Cotidiano

Autor: Manu Larcenet

Editora: Pipoca e Nanquim

Gênero: Ficção

Tradutor: Fernando Paz

Número de Páginas: 252

Ano de Publicação: 2023


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Parando um pouco as prensas da matéria desta semana, é mais do que justo homenagearmos a essa grande figura da cultura brasileira. Ziraldo certamente está deixando o andar lá de cima mais feliz com o seu bom humor. Queria falar um pouco da importância do Ziraldo em minha vida.



Existem algumas constâncias nessa vida. Em sua infância, você certamente já passou por um cartum ou uma tirinha do Ziraldo. Ou já viu uma imagem do Menino Maluquinho estampada em qualquer lugar. Quando era pequeno, gostava de brincar com os meus amigos, soltar pipa, matar aula para ficar curtindo e até aprontava algumas. Quando peguei uma tirinha do Menino Maluquinho pela primeira vez, aquele garoto conversava comigo. Não precisava ter uma eloquência literária ou truques de arte, nem nada do tipo. Suas aventuras eram as aventuras de qualquer criança. A jovialidade e a inocência do personagem encantavam qualquer pessoa, não importasse a idade. As histórias poderiam ser curtinhas, ou um pouco mais longas. Não importava. Sempre dava umas boas risadas ao final. Ziraldo conseguiu criar um personagem que já faz parte do patrimônio cultural brasileiro. E isso é inegável. Mesmo hoje, nos meus mais de quarenta anos de idade, sempre acabo me deparando com alguma imagem ou tira do Menino Maluquinho enquanto preparo minhas aulas. Não importa o tema, não importa o contexto. Ele sempre está ali, como uma espécie de ser onisciente que nos faz lembrar de nossas infâncias.


Mas, toda infância chega ao fim e passamos pela fase rebelde de nossas vidas. A adolescência. Aquele momento em que queremos quebrar regras e desafiar as autoridades. Em que o mundo passa a ser careta e nós somos seus transformadores e catalisadores. É então que me deparo com uma revista no canto da biblioteca da minha escola. Eu, em minha adolescência fugidia, pensando apenas bobagens junto com colegas cujos neurônios estavam alimentados pelos hormônios da puberdade, vimos a Bundas. Em nossas imaginações juvenis, parecia ser aquele éden proibido que queríamos ir até repararmos que se tratava de uma série de charges e matérias criticando a famosa Caras, a revista dos famosos. A maioria de meus colegas desistiu da revista, mas algo me chamou a atenção ali. Aquele humor ácido frente a uma idealização da vida dos famosos me agradava de um jeito quase sádico. Era um outro lado do meu amigo (chamava ele de amigo agora porque já me sentia na intimidade com o bom senhor) que eu não conhecia e me agradava. Estava no auge dos programas de ricos como o do Amaury Junior ou o de tantos outros que mostravam festas e iates. Ziraldo brincava com isso, fazendo charges cada vez mais ousadas mostrando como tudo isso era supérfluo. Durante algum tempo, a Bundas foi o contra-ataque dos progressistas às bobagens neoliberais e consumistas.


Depois da minha fase "bundal" fiquei alguns anos sem me conectar mais com o Ziraldo, que já agora parecia aquele doce vovô dos cabelos de nuvem. Os compromissos da academia, as monografias universitárias e as teses de mestrado me tornaram um insano ser que se preocupava com leituras e prazos. Até que quase no final da minha graduação, passei a atuar como restaurador no Arquivo Nacional por alguns semestres. E tínhamos acesso a materiais do período da ditadura, coisas que haviam sido censuradas ou que davam dados picantes sobre o governo. Eu e meus colegas estávamos naquele momento ilusório da graduação quando achávamos que podíamos mudar o mundo e queríamos nos espelhar em ícones do passado. É aí que nos deparamos com O Pasquim. Que jornal da hora que era O Pasquim. As matérias eram uma aula de ironia em tempos difíceis do Brasil. Ziraldo fazia os militares parecerem uns patetas a la Recruta Zero. Como era bom ver o meu amigo de infância se revelando ter sido um radical no passado, um ativista político que não se acovardou diante de um governo tolo. Da primeira à última edição O Pasquim foi um veículo de resistência contra a opressão e essa faceta do Ziraldo parece que escapa àqueles que o admiram hoje. Por isso até que quando ele se colocou contra o governo do ex-presidente Bolsonaro, muitos se espantaram porque imaginavam o autor como sendo só o cara do Menino Maluquinho.



Não podemos nos esquecer da Turma do Pererê que, confesso, só fui conhecer com mais idade. Não sabia que o Ziraldo trabalhava com um personagem cuja intenção era fazer um resgate do folclore nacional. A cada instante que passava o autor me mostrava mais e mais facetas de sua obra. O que me deixava ainda mais encantado com sua obra. Recomendo até procurar os quadrinhos da turminha porque ele trata o tema com tanto respeito e carinho que, mesmo quando ele dá uns deslizes, a gente deixa para lá porque é tudo feito com amor. E explica porque ele não deve jamais sair das bibliotecas de nossas escolas. Seja com suas obras mais infantis, ou aquelas que servem para divulgar algum assunto. A título de curiosidade, Ziraldo foi o criador do mascote do Bahia, o time de futebol. Era uma sátira ao Superman, representando os jogadores do time como homens de aço.


Ziraldo é um patrimônio brasileiro. Não há discussão sobre se ele deve fazer parte dos maiores autores do Brasil. Ele é e ponto final. Não há uma disputa de primeiro e segundo lugar porque isso depende muito do contexto em que se encontra o país. Somos frutos do nosso tempo. Mas, vale destacar que o cartunista fez parte de inúmeras campanhas governamentais sobre os mais diversos assuntos, desde vacinação até campanhas de combate à evasão escolar. Teve uma época em que a Globo colocava cartuns animados do Ziraldo nos intervalos de seus filmes. Uma das coisas mais criativas já feitas por lá. Em uma época em que precisamos de mais referências culturais, Ziraldo deixa um lacuna que espero termos outro expoente aparecendo em breve. No momento de sua morte, o CCBB RJ inaugurou uma exposição interativa da obra. Que coisa do destino... Que ironia que parece saída de uma edição do Bundas. Mas, acho que de onde quer que ele esteja, o autor está vendo inúmeras crianças brincando e se divertindo com os seus personagens.


Ziraldo é a cara do humor brasileiro. Tem o DNA lá. Seja em uma narrativa inocente de um doce garoto aprontando todas enquanto sorri em um dia ensolarado; uma crítica feroz à sociedade capitalista; um resgate das tradições brasileiras; ou uma narrativa de resistência em tempos difíceis. Todos esses são Ziraldo e ele se tornou tão presente em nossas vidas que passamos a carregar um pouquinho dele conosco. Quando li a notícia da morte do autor, me lembro de que deu aquela pancada forte no coração, saíram aquelas lágrimas das recordações dos bons momentos, mas acima de tudo o quanto ele deixou mais alegria em minha vida. Se vocês chegaram até aqui e tiverem algo para compartilhar sobre o impacto de Ziraldo em suas vidas, deixem aí nos comentários.






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Conversa aberta. Uma mensagem lida. Pular para o conteúdo Como usar o Gmail com leitores de tela 2 de 18 Fwd: Parceria publicitária no ficcoeshumanas.com.br Caixa de entrada Ficções Humanas Anexossex., 14 de out. 13:41 (há 5 dias) para mim Traduzir mensagem Desativar para: inglês ---------- Forwarded message --------- De: Pedro Serrão Date: sex, 14 de out de 2022 13:03 Subject: Re: Parceria publicitária no ficcoeshumanas.com.br To: Ficções Humanas Olá Paulo Tudo bem? Segue em anexo o código do anúncio para colocar no portal. API Link para seguir a campanha: https://api.clevernt.com/0113f75c-4bd9-11ed-a592-cabfa2a5a2de/ Para implementar a publicidade basta seguir os seguintes passos: 1. copie o código que envio em anexo 2. edite o seu footer 3. procure por 4. cole o código antes do último no final da sua page source. 4. Guarde e verifique a publicidade a funcionar :) Se o website for feito em wordpress, estas são as etapas alternativas: 1. Open dashboard 2. Appearence 3. Editor 4. Theme Footer (footer.php) 5. Search for 6. Paste code before 7. save Pode-me avisar assim que estiver online para eu ver se funciona correctamente? Obrigado! Pedro Serrão escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:42: Combinado! Forte abraço! Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:41: Tranquilo. Fico no aguardo aqui até porque tenho que repassar para a designer do site poder inserir o que você pediu. Mas, a gente bateu ideias aqui e concordamos. Em qui, 13 de out de 2022 13:38, Pedro Serrão escreveu: Tudo bem! Vou agora pedir o código e aprovação nas marcas. Assim que tiver envio para você com os passos a seguir, ok? Obrigado! Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:36: Boa tarde, Pedro Vimos os dois modelos que você mandou e o do cubo parece ser bem legal. Não é tão invasivo e chega até a ter um visual bacana. Acho que a gente pode trabalhar com ele. O que você acha? Em qui, 13 de out de 2022 13:18, Pedro Serrão escreveu: Opa Paulo Obrigado pela rápida resposta! Eu tenho um Interstitial que penso que é o que está falando (por favor desligue o adblock para conseguir ver): https://demopublish.com/interstitial/ https://demopublish.com/mobilepreview/m_interstitial.html Também temos outros formatos disponíveis em: https://overads.com/#adformats Com qual dos formatos pensaria ser possível avançar? Posso pagar o mesmo que ofereci anteriormente seja qual for o formato No aguardo, Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:15: Boa tarde, Pedro Gostei bastante da proposta e estava consultando a designer do site para ver a viabilidade do anúncio e como ele se encaixa dentro do público alvo. Para não ficar algo estranho dentro do design, o que você acha de o anúncio ser uma janela pop up logo que o visitante abrir o site? O servidor onde o site fica oferece uma espécie de tela de boas vindas. A gente pode testar para ver se fica bom. Atenciosamente Paulo Vinicius Em qui, 13 de out de 2022 12:39, Pedro Serrão escreveu: Olá Paulo Tudo bem? Obrigado pela resposta! O meu nome é Pedro Serrão e trabalho na Overads. Trabalhamos com diversas marcas de apostas desportivas por todo o mundo. Neste momento estamos a anunciar no Brasil a Betano e a bet365. O nosso principal formato aparece sempre no topo da página, mas pode ser fechado de imediato pelo usuário. Este é o formato que pretendo colocar nos seus websites (por favor desligue o adblock para conseguir visualizar o anúncio) : https://demopublish.com/pushdown/ Também pode ver aqui uma campanha de um parceiro meu a decorrer. É o anúncio que aparece no topo (desligue o adblock por favor): https://d.arede.info/ CAP 2/20 - o anúncio só é visível 2 vezes por dia/por IP Nesta campanha de teste posso pagar 130$ USD por 100 000 impressões. 1 impressão = 1 vez que o anúncio é visível ao usuário (no entanto, se o adblock estiver activo o usuário não conseguirá ver o anúncio e nesse caso não conta como impressão) Também terá acesso a uma API link para poder seguir as impressões em tempo real. Tráfego da Facebook APP não incluído. O pagamento é feito antecipadamente. Apenas necessito de ver o anúncio a funcionar para pedir o pagamento ao departamento financeiro. Vamos tentar? Obrigado! Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 16:28: Boa tarde Tudo bem. Me envie, por favor, qual seria a sua proposta em relação a condições, como o site poderia te ajudar e quais seriam os valores pagos. Vou conversar com os demais membros do site a respeito e te dou uma resposta com esses detalhes em mãos e conversamos melhor. Atenciosamente Paulo Vinicius (editor do Ficções Humanas) Em qui, 13 de out de 2022 11:50, Pedro Serrão escreveu: Bom dia Tudo bem? O meu nome é Pedro Serrão, trabalho na Overads e estou interessado em anunciar no vosso site. Pago as campanhas em adiantado. Podemos falar um pouco? Aqui ou no zap? 00351 91 684 10 16 Obrigado! -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification Área de anexos ficcoescodigo.txt Exibindo ficcoescodigo.txt.