Marshall King vai até a casa de seu tio pedir ajuda para resgatar os seus negócios, que estão à beira de um colapso. Mas, seu tio tem hábitos exóticos. Tendo voltado do Brasil ele trouxe animais maravilhosos e perigosos e quer mostrá-los a seu sobrinho.
Sinopse:
Na história, acompanhamos Marshall King, herdeiro de Lord Southerton e convidado na casa de seu primo Everard, que recentemente retornou de uma viagem ao Brasil. Everard trouxe consigo uma coleção de animais, incluindo um tatu, um papa-figo... E um gato brasileiro.
O que exatamente é um gato brasileiro? Por que a esposa de Everard parece tão desesperada por Marshall deixar Greylands Court? E por que Everard está recebendo tantos telegramas misteriosos? Estas e outras questões constroem o suspense criado por Conan Doyle em “O gato brasileiro”.
Para quem está costumado com as histórias de Sherlock Holmes, ver uma narrativa de terror do autor é diferente. Conan Doyle tem uma escrita bastante descritiva o que pode não agradar tanto ao leitor moderno. Ele tende a descrever as cenas detalhadamente, posicionando personagens e objetos e as situações que se sucedem. Isso é um ponto positivo e negativo ao mesmo tempo. Outro autor que se utiliza da mesma estratégia é Stephen King. Ao te dar todas as informações necessárias para a montagem da cena, ele dá pouca espaço à imaginação. Por outro lado ele consegue ser claro e cobrir todas as bases, sem deixar furos na sua narrativa.
A narrativa se foca em Marshall King, um homem cuja segurança financeira caiu por terra. Seus investimentos fracassaram e ele vai em busca de seu tio, o exótico Everard King, para conseguir algum tipo de apoio nesse momento de necessidade. Ele é o herdeiro de uma fortuna em títulos, mas o velho parece duro na queda e não há tempo para simplesmente esperar seu falecimento. Ao chegar na casa de seu tio, ele se depara com uma série de animais exóticos que ele trouxe de suas viagens ao Brasil. Sua esposa é pouco receptiva a ele, por algum motivo que ele não sabe. A estadia na casa de seu tio se revela ser agradável até que ele decide mostrar o animal mais querido de sua coleção: um puma preto, oriundo das selvas brasileiras. Um animal tão selvagem que dá medo ao mais corajoso dos homens. Mas, Marshall não pode sair sem uma resposta positiva de seu tio.
Conan Doyle vai fazendo um crescendo no terror da trama. Ele entrega ao leitor uma série de informações que serão usadas apenas mais à frente na história. Nada do que está sendo descrito está sendo feito à toa. Tudo vai ter alguma utilidade eventualmente. É o que a gente chama de payoff. Nesse ponto a narrativa é recompensadora ao leitor atento. Quando o clímax acontece, o autor não é tímido em descrever cenas tensas e incríveis. Se a narrativa é lenta no começo, depois ela ganha em ritmo e tensão. Eu gostei de como ele foi capaz de me enganar e achar que tudo acabaria bem, quando na verdade não. As coisas acontecem de uma forma tão surpreendente que não dá tempo de respirar. Repito: quem está acostumado com a narrativa detetivesca do autor, ver uma faceta de terror dele pode ser chocante. E revelador quanto à qualidade de sua escrita.
Ficha Técnica:
Nome: O Gato Brasileiro
Autor: Arthur Conan Doyle
Editora: Wish
Tradutora: Carolina Caires Coelho
Número de Páginas: 80
Publicado originalmente em 1898
Avaliação:
Tags: #ogatobrasileiro #arthurconandoyle #editorawish #terror #exotico #Brasil #heranca #negocios #exploracao #ficcoeshumanas
Comentarios