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Um cobrador de impostos começa a ter um estranho fascínio por um palácio deserto. Todas as noites ele é levado a viver estranhas aventuras em um mundo de sonhos. O que está acontecendo ao cobrador?


Sinopse:


Srijut, um cobrador de impostos, é enviado para uma pequena cidade e é misteriosamente atraído todas as noites para um antigo palácio que dizem estar assombrado.


Autor vencedor de um Nobel de Literatura em 1913.





Essa é uma narrativa que bebe bastante da cultura indiana. O autor acaba por fazer alguns questionamentos sobre a conexão de um indivíduo com a sua vida comum frente a acontecimentos mágicos e misteriosos. Existe ume pagada meio Mil e Uma Noites que é despejada pelo autor em alguns trechos com o objetivo de enredar o leitor. No fim, é uma boa história com alguns elementos poéticos e que faz a gente refletir sobre o nosso cotidiano e o que desejamos para nós. A tradução feita por Nathalia Amaya Borges está muito boa e louvo a opção da Wish por manter ao máximo os elementos da cultura indiana, colocando notas de rodapé onde necessário. É uma história que vai ser um pouco truncada por conta dessas expressões e costumes que não estamos tão familiarizados, mas recomendo ao leitor que persista na leitura. A narrativa não me agradou não por causa disso, mas por opções feitas pelo autor.


Na história temos um cobrador de impostos chamado Srijit que toca a sua vida diariamente fazendo seu serviço. Em um determinado dia ele acaba sendo atraído para um belo palácio onde ele vai e descobre que o mesmo está vazio. Ao explorar o local, ele se depara com a beleza melancólica de um espaço inabitado e acaba por dormir em um dos quartos. Ao adormecer ele se vê levado a um lugar fora de sua imaginação onde ele segue uma estranha voz que parece guiá-lo rumo ao perigo. Quando desperta no dia seguinte, ele se sente estranho e deseja tentar entender o que aconteceu ali naquele palácio. É aí que se inicia a sina do cobrador de impostos que é atraído de volta a esse mundo onírico e perde pouco a pouco o contato com o mundo real. Que mistérios guarda esse palácio? E poderá o cobrador de impostos descobrir o que está acontecendo com ele?


A narrativa vai tratar do tema do chamado para a aventura. Mas, Tagore inverte as expectativas ao usar o tema de uma forma invertida. No começo da história, ele nos apresenta a vida de Srijit de maneira banal e corriqueira. Ele realiza suas atividades até de um jeito meio blasé e suas conquistas não são lá muito interessantes. Mas, é o seu meio de vida e ele respeita isso. Ao se deparar com um mundo onde ele é necessário e vive histórias e momentos fabulosos e além da imaginação do ser humano, o cobrador é atraído pelas possibilidades disso. Tudo é mais interessante ali. Faz sua vida comum parecer tola e fútil. Mas, o homem sabe que aquilo que ele está vivendo não é certo e que ele precisa deixar de lado suas fantasias. Só que a atração disso se torna uma maldição porque o que sua cabeça sabe que é errado, seu coração deseja de todas as formas. Mesmo tendo sido alertado diversas vezes que o que ele estava vivenciando ali não era certo, o personagem insistia naquilo. A questão que fica ao final é: ele deseja se livrar da maldição de verdade?


Me incomodou na história o fato de Tagore ter insinuado uma continuação em que o personagem iria buscar uma cura para sua maldição e não ter prosseguido. Entendo que isso é um estilo de escrita vindo das Mil e Uma Noites, mas em uma história curta isso dá um sentimento de frustração ao leitor. Se a ideia também era fazer o leitor refletir quanto à questão deixada pela história, nem precisava ter deixado um gancho. Bastava finalizar com o personagem refletindo se deveria ou não encontrar a cura para a maldição. Talvez ele não quisesse partir em jornada para encontrar a cura. Ou talvez ele olhasse para o céu pensando na solução para seu dilema. Enfim, para mim só pareceu incompleta. Embora a mim não tenha incomodado, as expressões culturais indianas podem apresentar um desafio a leitores não acostumados. Porém, não se preocupem que o texto está muito bem traduzido. Se vocês conseguirem ultrapassar essa barreira cultural, é uma boa pedida para ter contato com algo diferente do que estamos acostumados.










Ficha Técnica:


Nome: O Demônio de Mármore

Autor: Rabindranath Tagore

Editora: Wish

Tradutora: Nathalia Amaya Ribeiro

Número de Páginas: 28

Ano de Publicação: 2021


Avaliação:


*Faz parte da Sociedade das Relíquias Literárias


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Uma enorme cratera surge no centro da cidade de Solian, lugar onde Ian mora. Agora o nosso herói, ao lado de Gmor, Sera e um estranho mapeador precisarão explorar os subterrâneos da cidade em busca da causa. Estranhos segredos se escondem embaixo do solo e deixarão ainda mais perguntas no ar.


Sinopse:


A ameaça das profundezas


Solian, a cidade onde Ian, Gmor e Sera moram, está tremendo! Isso não se deve a movimentos sísmicos da terra; algo está cavando túneis e mais túneis, criando depressões no meio das ruas e colocando em risco até as fundações da cidade. Dragonero e seus companheiros, com a ajuda de um personagem estranho – um mapeadorimperial especialista em catalogar as vias subterrâneas dos centros urbanos –, terão que descer às profundezas das cavernas que se ramificam no subsolo de Solian, onde uma equipe de anões está fazendo seu trabalho: cavar. Mas um perigo muito pior do que os belicosos, e pouco razoáveis mineiros, aguarda os nossos heróis escondido em uma profundidade jamais alcançada por homens, orcs, elfos... ou anões!






Luca Enoch tem feito um trabalho ímpar de ampliar a mitologia do personagem. Se Stefano Vietti se preocupava com o desenvolvimento dos personagens e suas relações, Enoch nos traz histórias rápidas e divertidas inserindo novos elementos a cada nova edição. O resultado é que nessas últimas edições o autor nos apresentou novos personagens e desafios, além de inserir sementes para histórias a serem trabalhadas em futuras edições. A HQ é um ponto bem interessante no catálogo da Sergio Bonelli Editore com aquele estilo de RPG que muito me agrada. Fui conquistado pela série, embora esta edição em particular seja mais leve e despropositada do que outras. De uma coisa os leitores podem ter certeza: serão bons momentos de diversão e uma HQ bem desenhada e roteirizada sempre. A gente pode discordar de alguns rumos tomados pelo autor ou até um artista que não agrade por esse ou aquele motivo. Mas, nunca desconsiderar a série.


O volume começa com alguns momentos divertidos na casa de Ian até que um terremoto abala a cidade e faz surgir uma enorme cratera em Solian. O burgomestre pede o apoio de Ian para enviar alguma expedição para descobrir a causa do problema até que eles se deparam com Radah'El, o mapeador imperial. Ele os leva a uma exploração insólita pelos subterrâneos da cidade que revelam a existência de anões que estavam ali em um projeto para a companhia dos anões. Só que o verdadeiro culpado pelo terremoto parece não ser eles, mas alguma outra coisa mais estranha. Os personagens seguem para regiões desconhecidas, levando-os às profundezas desconhecidas dos subterrâneos de Solian. Mas, quem foi o responsável pelo terremoto? E será que os anões realmente não tem nada a ver com o ocorrido?


Essa é uma edição repleta de novidades e Enoch consegue trazer todas estas novidades com bastante leveza. Se pararmos para pensar em todos os elementos trazidos, veremos o quanto ele construiu no enredo. Por exemplo, vemos os anões pela primeira vez nas histórias com mais atenção. O prefácio desta edição escrito por Enoch e Vietti nos conta que eles formaram uma espécie de sindicato que domina a exploração de minas de metais preciosos. Mais do que isso, eles possuem salvo-conduto para trabalharem da forma como eles desejarem, atestado pelo poder financeiro que possuem. Mesmo assim, são seres que vivem de acordo com suas regras e possuem suas peculiaridades como o ritual do bate-roupa que proporciona momentos bastante curiosos. Aliás, aplausos para Enoch que fez algumas mudanças sutis na forma como entendemos os anões, algo que está tão estereotipado graças a Senhor dos Anéis.

Conhecemos também um mapeador imperial, que não é a mesma coisa que um cartógrafo. Um mapeador é alguém responsável por explorar os subterrâneos, cavernas e ruínas e criar descrições detalhadas sobre esses ambientes. É engraçado ver Radah'El se indignando de se ver comparado a um cartógrafo e mostrando cada uma das diferenças. Nessa brincadeira leve, Enoch conseguiu fazer algo expositivo sobre as abordagens de cada uma das profissões sem ser maçante. E essa é uma tônica em seu roteiro. Não há a necessidade de ficar atirando indiscriminadamente informações de roteiro na cara do leitor. É possível diluir algo que é necessário para entender a história de várias maneiras diferentes. Pode ser um artigo como extra do quadrinho, pode ser uma piada, podem ser bêbados em um bar conversando, ou até mesmo uma edição inteira em uma reunião de batedores como foi uma história há volumes atrás. Enoch e Vietti são muito sagazes nesse sentido e em doze edições eles conseguiram criar um mundo riquíssimo em lugares e personagens a serem explorados.


A arte desta edição ficou a cargo de Cristiano Cucina, alguém que possui uma boa noção do uso do lápis. Dá para perceber a precisão e a solidez de sua arte em fundos ricos em detalhes. Seu enquadramento segue o padrão tradicional de quatro a seis quadros, mas ele gosta de entregar quadros grandes com bastante frequência. Isso fornece ao leitor uma noção de áreas amplas, muito espaço para movimentação. Alguns quadros desta HQ são imensos e gostei de como determinados espaços ganharam detalhes ricos em símbolos, runas ou se estavam quebrados ou em ruínas. Confesso que não foi uma arte que me agradou, mais por uma preferência mesmo do que por ser uma arte não muito legal. Mesmo assim, tenho certeza que a arte de Cucina irá agradar a todos.


Esta é uma edição bastante leve e divertida e quase me lembrou um dos filmes do universo Marvel. Vários momentos engraçados, principalmente entre Sera e Gmor que nos proporcionam diversão o tempo todo. Senti falta da Sera nessas edições justamente por causa dessa química dela com Gmor. E é curioso de ver o quanto o nosso orc desenvolveu uma relação bastante afetuosa com a elfa. Ela é a estrela dessa edição e várias das descobertas e revelações desta edição tiveram o dedo dela de alguma forma. Seja com o musgo que funciona como uma tocha até a erva soporífica. A linha desta edição é mais voltada para a exploração de um lugar desconhecido e para marcar a relação entre Ian, Gmor e Sera e deles com a cidade. Tem um momento que diz muito sobre o trabalho que Ian faz para que os humanos aceitem outras raças que é quando Gmor ameaça as pessoas da cidade para que eles parem de agredir o pobre mapeador que havia sido considerado como suspeito pela criação da cratera. As pessoas de Solian veem Gmor fazendo uma cara de mau e ameaçador, param e começam a rir do orc. Porque a cidade desenvolveu uma relação de amizade e confiança com ele.

Esta é uma edição que revela bastante e ao mesmo tempo nos deixa com várias pulgas atrás da orelha. Ficamos descobrindo alguns detalhes sobre uma civilização misteriosa que é responsável por algumas construções aos quais os habitantes de Erondar não sabem para que servem. Algumas pistas sobre o que pode ser nos fazem pensar que se trata de algum povo bastante avançado e que teria existido antes das raças principais. Mais mistérios a serem desvendados em futuras edições. No quesito aventura e diversão, este volume vai agradar aos fãs de uma boa história com momentos de ação e pancadaria, boa arte e tudo o que mais que já esperamos ver um quadrinho Bonelli. Não há muito mais o que contar, caso contrário vou entrar na área dos spoilers. E Enoch continua a nos entregar uma série de novos elementos de enredo. E... queremos mais Sera... foram várias edições sem a nossa querida elfa e suas eternas discussões e pegadinhas com Gmor. Ela fazia falta!











Ficha Técnica:


Nome: Dragonero vol. 12 - Ameaça das Profundezas

Autor: Luca Enoch

Artista: Cristiano Cucina

Editora: Mythos

Tradutor: Julio Schneider

Número de Páginas: 100

Ano de Publicação: 2021


Outros Volumes:

Vol. 0 Vol. 6

Vol. 1 Vol. 7

Vol. 2 Vol. 8

Vol. 3 Vol. 9

Vol. 4 Vol. 10

Vol. 5 Vol. 11


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Primavera Silenciosa foi escrito há mais de meio século e o impacto deste livro para as discussões sobre o impacto da ciência para o combate à desinformação continuam atuais.


Primavera Silenciosa é um livro que foi publicado em 1962 por Rachel Carson. Foi concebido como uma denúncia ao uso de DDT e outros agrotóxicos e como estes prejudicavam o meio ambiente. A atuação de Carson como ativista vai desde a década de 1930 e 1940, mas ela nunca teve a atenção total da academia e de outros órgãos estatais. Chegou a escrever outros livros como Sob o Mar-Vento no qual procura usar seu conhecimento como bióloga marinha para conscientizar as pessoas sobre a importância da vida dos animais que vivem nas áreas costeiras. Carson possui um dom para escrita que se ela escrevesse nos dias de hoje teria um espaço muito maior. Mas, coube a ela uma missão mais importante: ser uma das primeiras ativistas ecológicas a atacar de frente as grandes empresas poluidoras. Primavera Silenciosa teve um impacto gigante na maneira como os norte-americanos passaram a enxergar o emprego de agrotóxicos. Obviamente que não foi uma ação que deu um resultado imediato, pois o lobby do agro nos EUA é tão grande quando aqui no Brasil. Mesmo hoje ainda existe uma enorme existência principalmente nos estados americanos mais tradicionais. Só que foi graças a ela que o DDT foi praticamente reduzido a uns poucos transgressores. Nessa matéria queria comentar um pouco sobre Primavera Silenciosa e fazer alguns paralelos aos dias de hoje.


Talvez o paralelo mais óbvio seja o do emprego da ciência como alerta para ações prejudiciais ao meio ambiente ou à saúde do homem. Desde a Revolução Industrial, o processo produtivo foi sendo ampliado exponencialmente. Saímos de um sistema artesanal onde um sapateiro produzia um ou dois sapatos por semana para uma linha de montagem onde centenas são produzidos por hora. Enquanto o processo sofria transformações, nunca paramos para pensar nas consequências disso. Seja para a mão-de-obra humana empregada ou no que era despejado como lixo no meio ambiente. A imagem de uma Londres ou de uma Paris no século XIX tomada pela fumaça das indústrias, o lixo nas ruas e a miséria por toda a parte ainda causa calafrios. Mark Twain conseguiu retratar com uma fidelidade assustadora esse clima de desalento em romances como David Copperfield ou Grandes Esperanças. Não era o objetivo dele ter uma abordagem ecológica, até porque não era uma forma de pensar em sua época, mas claramente o autor apresenta uma Londres na qual ninguém desejaria morar. Curiosamente seus personagens alcançam a felicidade quando saem do grande centro urbano e obtém uma vida mais pacata. Chegamos ao século XX e os rejeitos industriais se multiplicavam. Não é coincidência a epidemia de gripe espanhola após o final da Primeira Guerra Mundial sendo que ela provocou alterações ambientais terríveis seja para a escavação de trincheiras ou a derrubada de árvores para construções de abrigos ou outras necessidades dos soldados.


É preciso destacar também que data da Primeira Guerra o emprego mais comum de substâncias tóxicas em diversas áreas de atuação: gases, compostos químicos, diluentes. A ideia de empregar o DDT veio de uma necessidade do agro de ampliar sua produção anual. Os fazendeiros não queriam mais ser vítimas de pragas, desejando maximizar sua produção com o mínimo de esforço. É a mentalidade industrial sendo redirecionada para a agricultura e a pecuária. Só que, como Carson aponta, os efeitos colaterais de substâncias como a clordecona e tantos outros é a destruição da fauna e representava também até mesmo um perigo para o homem que consumia alimentos que haviam recebido tratamento com agrotóxicos. Os casos de moradores de determinadas comunidades espalhadas por todo o país que processavam fazendeiros ou empresas se tornavam cada vez mais numerosos, mas isso era abafado pelos grandes interesses empresariais. As pesquisas científicas sobre os efeitos nocivos destas substâncias representavam um golpe para tais interesses, desagradando aqueles que queriam maior produtividade. Os resultados de tais pesquisas eram inegáveis. Só que o capitalismo não deseja a conscientização, e sim o lucro selvagem. Quando Carson começou a discursar no Congresso e a publicar seus dados em grandes veículos de informação, estes indivíduos se incomodaram. E isto se deu porque essa era uma verdade que estava sendo atirada na cara dos contribuintes, despertando a atenção para um assunto que o agro se esforçou para colocar para debaixo do tapete. Carson teve uma atuação tão importante que data da década de 1980 as leis de controle de agrotóxicos. Essas leis demoraram para serem colocadas em prática, mas se deve a ela esta mudança de mentalidade.


Carson também apontou os efeitos nocivos de tais substâncias na fauna e na flora. Confesso que achei esse ponto mais importante do que o homem provocando câncer em seus semelhantes. Afinal, estamos falando de milhões de animais e plantas que foram afetadas porque fomos inconsequentes. Carson apontou a importância de observar como a introdução de elementos alienígenas a um ambiente pode causar o desequilíbrio ambiental. Costumamos traçar o quanto sua pesquisa destacou os efeitos dos agrotóxicos, mas suas falas vão além disso e nos fez observar com mais atenção o que nos cerca. Ela não foi a única a falar desse assunto já que o tema ecológico começava a ganhar mais forma na década de 1960, mas chama a atenção como a autora era observadora e conseguia pensar fora da caixa. Hoje discutimos a importância dos animais polinizadores como algumas moscas e abelhas, mas na época de Carson esse era um assunto bizarro, para dizer o mínimo. Só que biólogos como ela começavam a perceber as alterações que a nossa exploração selvagem fazia na fauna e na flora. Não paramos para pensar, na época, o quanto a difusão de substâncias nocivas poderia alterar a composição química do solo e produzir árvores mais frágeis ou incapazes de se reproduzirem. Como o desaparecimento de espécies de beija-flores ou de pequenas aves ou insetos poderiam mudar a estrutura de um ecossistema. Seja revelando pragas ou modificando a dinâmica que fazia de um determinado local um ambiente equilibrado.


Nos dias de hoje, temos pesquisas geniais como os de Anna Tsing que mostram o impacto de uma espécie estrangeira em um habitat ao qual ela não fazia parte. Ao pesquisar sobre os matsutakes, cogumelos que nascem a partir da própria alteração que o homem realiza no meio ambiente, Tsing nos aponta o quanto precisamos pensar de maneira mais ampla. Uma simples espécie de besouro pode ser fundamental para manter a estrutura da cadeia alimentar de um ecossistema. Quando retiramos uma variável importante da equação, não temos como saber como a natureza irá responder. Carson nos apresenta diversos casos ao longo do livro. Por exemplo, ela apresenta em um capítulo o que aconteceu a uma comunidade do sul dos EUA que decidiu eliminar uma espécie de formiga apenas porque elas eram incômodas. As formigas lava pés eram o alimento de outro inseto que também foi afetado indiretamente pelas alterações feitas. O resultado final foi a propagação de uma espécie de insetos que era nociva ao homem e as macieiras que não tinham mais os animais que faziam parte do seu processo de maturação.


Se trazemos isso para os dias de hoje, podemos refletir sobre como doenças mortais como o Covid ou o Ebola surgiram a partir do desmatamento desenfreado provocado pelo homem. Carson comenta sobre as moscas tsé tsé, que provocam a doença do sono, que antes eram limitadas ao interior das florestas tropicais da África central e que passaram a entrar no raio de cidades no Congo, na RCA ou em outros países da região. São animais que acabam precisando buscar alimento fora de sua origem e invadem outros ecossistemas. Eliminá-los pode ser importante para prevenir a doença, mas qual será a consequência disso? Algo pior? Quando mencionamos estas situações que são tão atuais, percebemos a importância da atuação de Carson. Temos dificuldade ainda de compreender o lugar que vivemos de uma maneira mais ampla. O quanto mudar qualquer coisa pode provocar um efeito dominó imprevisível. Mais do que isso: que a natureza funciona de acordo com suas próprias regras. Por muito tempo nos achamos os criadores e controladores da natureza. Hoje começamos a ver que as coisas não funcionam nessa direção. A natureza segue suas próprias regras; seja conosco ou sem nós.


Um último ponto que vale mencionarmos é o quanto ainda precisamos enfrentar o interesse do grande capital. E como a própria Carson pontua em Primavera Silenciosa, havia uma enorme indústria produtora de agrotóxicos que tinha interesse na produção em massa de DDT, clordecona e seus derivados. Ao bater de frente com essas empresas, Carson colocava a própria existência delas em xeque. Na visão dela, a indústria precisava ser extinta já que o uso dessas substâncias era prejudicial em vários níveis ao meio ambiente. Ela demonstra, através de seus estudos, como soluções naturais e não invasivas tiveram um índice de aproveitamento muito maior e com menos oneração. E ela demonstra isso por A+B o quanto o interesse no uso de substâncias tóxicas não faz sentido do ponto de vista econômico. Ainda hoje temos os mesmos problemas com os lobbys do agro no poder Legislativo. Durante o governo Bolsonaro houve a aprovação do uso de inúmeras substâncias agrotóxicas que tem alto grau de periculosidade. Mesmo o controle dos que já existem e são perigosos como o malatião não é bem regulamentado. Um cidadão comum pode adquirir uma grande quantidade do produto apenas para cuidar de seu jardim. Outros lobbys envolvem a grilagem de terras, o corte indiscriminado de árvores, provocando a erosão de uma região ou até a exploração mineradora usando métodos ilegais. Por sorte temos muitas Rachel Carsons espalhadas pelo mundo, pensando e refletindo sobre o mau uso de agrotóxicos e outros rejeitos deixados no ambiente. A luta vai continuar e precisamos nos conscientizar sobre os riscos que a natureza tem sofrido hoje; precisamos priorizar produtos agrícolas cujo plantio e cuidado tenha passado por processos orgânicos, não invasivos; denunciar quando uma empresa emprega métodos questionáveis. Ou seja, exercermos nosso papel como cidadãos questionadores que cobram do poder público medidas contra os interesses selvagens e inescrupulosos do grande capital. É uma luta difícil, mas necessária para a nossa própria sobrevivência nesse planeta.



Bibliografia Mencionada:


Ficha Técnica:


Nome: Primavera Silenciosa

Autora: Rachel Carson

Editora: Global

Gênero: Não-Ficção

Tradutora: Cláudia Sant'Anna

Número de Páginas: 328

Ano de Publicação: 2010


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Sinopse: Produto da inquietude de Rachel Carson, "Primavera silenciosa" desafiou a sabedoria de um governo que permitia que substâncias tóxicas fossem lançadas no meio ambiente antes de saber as consequências de seu uso a longo prazo. Por meio de uma linguagem simples e usando informações a respeito das radiações atômicas, Carson descreveu como os inseticidas alteravam os processos celulares das plantas, animais e seres humanos. Um livro para saborear: não pelo lado sombrio da natureza humana, mas pela promessa de possibilidade de vida.







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Conversa aberta. Uma mensagem lida. Pular para o conteúdo Como usar o Gmail com leitores de tela 2 de 18 Fwd: Parceria publicitária no ficcoeshumanas.com.br Caixa de entrada Ficções Humanas Anexossex., 14 de out. 13:41 (há 5 dias) para mim Traduzir mensagem Desativar para: inglês ---------- Forwarded message --------- De: Pedro Serrão Date: sex, 14 de out de 2022 13:03 Subject: Re: Parceria publicitária no ficcoeshumanas.com.br To: Ficções Humanas Olá Paulo Tudo bem? Segue em anexo o código do anúncio para colocar no portal. API Link para seguir a campanha: https://api.clevernt.com/0113f75c-4bd9-11ed-a592-cabfa2a5a2de/ Para implementar a publicidade basta seguir os seguintes passos: 1. copie o código que envio em anexo 2. edite o seu footer 3. procure por 4. cole o código antes do último no final da sua page source. 4. Guarde e verifique a publicidade a funcionar :) Se o website for feito em wordpress, estas são as etapas alternativas: 1. Open dashboard 2. Appearence 3. Editor 4. Theme Footer (footer.php) 5. Search for 6. Paste code before 7. save Pode-me avisar assim que estiver online para eu ver se funciona correctamente? Obrigado! Pedro Serrão escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:42: Combinado! Forte abraço! Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:41: Tranquilo. Fico no aguardo aqui até porque tenho que repassar para a designer do site poder inserir o que você pediu. Mas, a gente bateu ideias aqui e concordamos. Em qui, 13 de out de 2022 13:38, Pedro Serrão escreveu: Tudo bem! Vou agora pedir o código e aprovação nas marcas. Assim que tiver envio para você com os passos a seguir, ok? Obrigado! Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:36: Boa tarde, Pedro Vimos os dois modelos que você mandou e o do cubo parece ser bem legal. Não é tão invasivo e chega até a ter um visual bacana. Acho que a gente pode trabalhar com ele. O que você acha? Em qui, 13 de out de 2022 13:18, Pedro Serrão escreveu: Opa Paulo Obrigado pela rápida resposta! Eu tenho um Interstitial que penso que é o que está falando (por favor desligue o adblock para conseguir ver): https://demopublish.com/interstitial/ https://demopublish.com/mobilepreview/m_interstitial.html Também temos outros formatos disponíveis em: https://overads.com/#adformats Com qual dos formatos pensaria ser possível avançar? Posso pagar o mesmo que ofereci anteriormente seja qual for o formato No aguardo, Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:15: Boa tarde, Pedro Gostei bastante da proposta e estava consultando a designer do site para ver a viabilidade do anúncio e como ele se encaixa dentro do público alvo. Para não ficar algo estranho dentro do design, o que você acha de o anúncio ser uma janela pop up logo que o visitante abrir o site? O servidor onde o site fica oferece uma espécie de tela de boas vindas. A gente pode testar para ver se fica bom. Atenciosamente Paulo Vinicius Em qui, 13 de out de 2022 12:39, Pedro Serrão escreveu: Olá Paulo Tudo bem? Obrigado pela resposta! O meu nome é Pedro Serrão e trabalho na Overads. Trabalhamos com diversas marcas de apostas desportivas por todo o mundo. Neste momento estamos a anunciar no Brasil a Betano e a bet365. O nosso principal formato aparece sempre no topo da página, mas pode ser fechado de imediato pelo usuário. Este é o formato que pretendo colocar nos seus websites (por favor desligue o adblock para conseguir visualizar o anúncio) : https://demopublish.com/pushdown/ Também pode ver aqui uma campanha de um parceiro meu a decorrer. 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Vou conversar com os demais membros do site a respeito e te dou uma resposta com esses detalhes em mãos e conversamos melhor. Atenciosamente Paulo Vinicius (editor do Ficções Humanas) Em qui, 13 de out de 2022 11:50, Pedro Serrão escreveu: Bom dia Tudo bem? O meu nome é Pedro Serrão, trabalho na Overads e estou interessado em anunciar no vosso site. Pago as campanhas em adiantado. Podemos falar um pouco? Aqui ou no zap? 00351 91 684 10 16 Obrigado! -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! 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