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Um mês bem interessante com alguns títulos que merecem sua atenção como The Spellshop, de Sarah Beth Durst e Navola, de Paolo Bacigalupi. All This & More, de Peng Shepherd, é um livro experimental que brinca com a participação do leitor no texto. E percebam a trend: tem mais um romance de Adrian Tchaikovsky.


1 - "Concerning the future of souls" de Joy Williams


Ficha Técnica:


Nome: Concerning the future of souls Autora: Joy Williams

Editora: Tin House Books

Gênero: Fantasia

Número de Páginas: 176

Data de Lançamento: 02/07


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Sinopse: Ao longo de nove e nove iluminações, uma coletânea de seres conectados e díspares - indo de pessoas comuns a figuras grandiosas e conhecidas como Jung, Nietzche, Pitágoras, Bach e Rilke; de montanhas, oceanos, cachorror, pássaros, baleias, cavalos, borboletas, uma tartaruga de sessenta anos e um macaco chamado Washoe - experimenta os destinos variados da alma quando cada um deles se encontra com as trevas da transcendência nesta era de extinção. Um brilhante curso rápido em filosofia, religião, literatura e cultura, Concerning the Future of Souls é uma absolvição e um indiciamento, melancólico e emocionante. Williams irá deixá-los encantados, ponderando a moralidade de ser mortal.


2 - "All this & More" de Peng Shepherd


Ficha Técnica:


Nome: All this & More

Autor: Peng Shepherd

Editora: William Morrow

Gênero: Ficção científica

Número de Páginas: 474

Data de Lançamento: 09/07


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Sinopse: Uma mulher. Opções infinitas. Cada escolha tem consequências.


A tímida e não ambiciosa Marsh fez quarenta anos e sua vida está em frangalhos. Sua carreira está estagnada, seu casamento implodiu e sua filha adolescente está crescendo cada vez mais distante a cada dia que passa. Marsh está convencida de que ela perdeu sua chance em tudo - romance, sucesso profissional e aventura - e está desesperada por uma segunda chance.


Ela não pode acredutar em sua sorte quando ela é selecionada para ser a estrela da nova sensação global, o programa All This and More, um show que usa tecnologia quântica para permitir que os participantes tenham a chance de revisitar os seus passados e mudar suas vidas atuais. Fica nas mãos de Marsh sua única chance de conquistar seus sonhos, e ela está determinada a fazer direito dessa vez.


Mas, mesmo com ela se tornando uma advogada famosa, conseguindo reatar com seu crush do ensino médio e viajando pelo mundo, ela começa a se preocupar que as promessas de All this and More pode ser boas demais para ser verdade. Porque enquanto sua tecnologia é incrível, algo parece errado.


Pode Marsh fazer de sua vida tudo o que ela quer que seja? E isso vale a pena?


3 - "Navola" de Paolo Bacigalupi


Ficha Técnica:


Nome: Navola

Autor: Paolo Bacigalupi

Editora: Head of Zeus

Gênero: Fantasia

Número de Páginas: 577

Data de Lançamento: 04/07


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Sinopse: Mavola é uma cidade construída no comércio.


Suas torres e palácios são conjuradas da fortuna de seus mercadores: cevada e arroz, linho e algodão, ferro e prata, armas, exércitos, vidas e reinos, tudo é negociado aqui.


E administrando tudo isso, está o banco Regulai. Por sagacidade, força das armas ou o puro poder do dinheiro e das promessas, em apenas três gerações a família Regulai ascendeu mais alto do que suas origens humildes: mercadores imploram por seu patrocínio, artistas pelo seu patrocínio, príncipes por um convite a jantarem em suas mesas. Os Regulai dizem que não são políticos, mas sua fortuna compra cidades e derruba impérios.


Em pouco tempo Davico di Regulai irá tomar as rédeas do poder. Mas o garoto não é adequado para este papel. Seu coração é fraco demais onde ele deveria ser duro. Ele é crédulo quando deveria ser desconfiado. Ele está cansado de ser testado e treinado para herdade um legado que ele não está certo de desejar.


Mas Davico é inextricavelmente envolvido na teia de seu destino e suas dúvidas podem apenas invocar a ruína.


Nas sombras dos pórticos coloniais de Navola, os inimigos de sua família se unem e traçam planos.


Nas sombras das catacumbas sombrias, assassinos afiam suas facas.


Nos reinos da Península Cerúlea, príncipes e déspotas reúnem seus exércitos.


A única esperança de Davico está no coração de uma garota cuja própria família foi destruída pelos Regulai, e no orbe cristalino do tamanho de uma cabeça humana, diz-se estar os olhos de um dragão há muito morto.


4 - "The Spellshop" de Sarah Beth Durst


Ficha Técnica:


Nome: The Spellshop

Autora: Sarah Beth Durst

Editora: Tor Books

Gênero: Fantasia

Número de Páginas: 385

Data de Lançamento: 11/07


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Sinopse: Cada casa precisa de uma pequena magia...


Kiela sempre teve problemas em lidar com pessoas, e como bibliotecária da Grande Biblioteca de Alyssium, ela nunca precisou.


Ela e sua assistente, Caz, uma planta-aranha senciente, tem passado boa parte dos últimos onze anos enfurnadas no meio dos livros de magia mais preciosos do império, protegendo a magia para a elite da cidade. Mas uma revolução está acontecendo e quando a biblioteca é mergulhada em chamas, Kiela e Caz roubam quaisquer livros que elas podem e fogem para uma ilha distante onde ela cresceu. Mas para seu desespero, junto com um vizinho curioso - e muito lindo, ela encontra a cidade em um verdadeiro caos.


O império tem lentamente drenado poder da ilha, e agora Kiela está determinada em consertar as coisas. Mas ao abrir sua própria loja de magias vem seus próprios riscos - a consequência de compartilhar magias com camponesas é a morte. E com Kiela começando a construir um lar para si mesma entre os moradores da cidade, ela percebe que deve destruir as muralhas que ela manteve tão altas...


5 - "Unraveling" de Karen Lord


Ficha Técnica:


Nome: Unraveling

Autora: Karen Lord

Editora: Del Rey

Gênero: Fantasia

Número de Páginas: 260

Data de Lançamento: 09/07


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Sinopse: A Dra. Miranda Ecuovo trabalha como uma terapeuta forense, ajudando testemunhas traumatizadas a recuperar suas memórias para que elas possam testemunhar sobre os crimes que eles viram. Seu caso mais famoso resultou na prisão do serial killer Walther Gray, um assistente de patologista conhecido como o Açougueiro da Cidade.


Um dia, Miranda é capturada por Chance, um dos espíritos conhecidos como os Imortais, e transportada para um mundo onírico de fantasia. Lá ela é cumprimentada por Angel e apresentada com uma missão não usual: ajudar a capturar o Imortal fugitivo que foram os verdadeiros culpados por trás dos crimes do Açougueiro.


Agora Miranda e Chance devem impedir o assassino antes que ele comece a matar de novo. Juntos eles irão correr por um outro mundo surreal de labirintos mágicos e espíritos fantásticos - mas também no labirinto das memórias da própria Miranda quando eles retraçam sua investigação original.


Com Miranda chegando cada vez mais próxima da verdade, ela se vê confrontada por dúvidas ainda maiores do que a identidade do assassino. Como podem as mortes das vítimas serem esquecidas tão facilmente? E o que ela pode fazer para criar um mundo onde os mais vulneráveis podem ficar seguros e ter suas vidas tratadas como preciosas?


6 - "The Bright Sword" de Lev Grossman


Ficha Técnica:


Nome: The Bright Sword

Autor: Lev Grossman

Editora: Viking

Gênero: Fantasia

Número de Páginas: 683

Data de Lançamento: 16/07


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Sinopse: Um jovem cavaleiro chamado Collum chega em Camelot para competir por um lugar na Távola Redonda, apenas para descobrir que ele chegou tarde demais. O Rei Arthur morreu há duas semanas atrás na Batalha de Camlann e apenas um punhado dos cavaleiros da Távola Redonda restaram.


Os sobreviventes não são os heróis das lenas como Lancelot ou Gawain. Eles são os estranhos da Távola Redonda, como Sir Palomides, o Cavaleiro Sarraceno e Sir Dagonet, o bobo da corte de Arthur, que foi nomeado como cavaleiro como uma piada. A eles se uniu Nimue, que foi aprendiz de Merlin até que ela se virou contra ele e o enterrou embaixo de uma colina.


Mas está a cargo deles reconstruir Camelot em um mundo que perdeu seu equilíbrio, mesmo com Deus abandonando a Bretanha e as fadas e velhos deuses retornando, liderados por Morgana Le Fay. Eles devem reaver Excalibur e recuperar este mundo arruinado - mas primeiro eles tem que resolver o mistério de por que o brilhante e solitário Reu Arthur foi morto.


7 - "I was a teenager slasher" de Stephen Graham Jones


Ficha Técnica:


Nome: I was a teenager slasher

Autor: Stephen Graham Jones

Editora: Titan Books

Gênero: Terror

Número de Páginas: 384

Data de Lançamento: 30/07


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Sinopse: 1989, Lamesa, Texas. Uma comunidade marcada pelo óleo e pelo algodão - uma cidade onde todos sabem sobre os negócios dos outros.


Tolly Driver, um bom garoto de dezessete anos com mais potencial do que vontade, mora nos limites da cidade junto com sua melhor amiga, Amber. Eles conseguem lidar bem com um lugar infernal que é a cena social adolescente, ficando juntos em um lugar que não sabe como ser diferente.


Mas quando eles chegam na fatídica festa na casa de Deek Masterton - uma festa que acaba em uma série de assassinados horríveis, brutais e extravagantes - o mundo de Tolly é virado de cabeça para baixo. Porque alguns matadores nascem da violência e da retribuição, alguns nasceram desse jeito - e alguns estavam apenas no lugar errado e na hora errada...


8 - "The Book of Elsewhere" de Keany Reeves e China Mieville


Ficha Técnica:


Nome: The Books of Elsewhere

Autores: Keanu Reeves e China Mieville

Editora: Del Rey

Gênero: Ficção Científica

Número de Páginas: 341

Data de Lançamento: 23/07


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Sinopse: Ela disse, Nós precisamos de uma ferramenta. Então eu perguntei aos deuses.


Sempre houveram sussurros. Lendas. O guerreiro que não pode ser morto. Que viu milhares de civilizações surgirem e ruírem. Ele já teve vários nomes: Unute, Criança do Trovão, a própria Morte. Atualmente, ele é conhecido apenas como "B".


E ele quer ser capaz de morrer.


Nos dias de hoje, um grupo americano de operações secretas prometeu a ele que o ajudariam com isso. E tudo o que ele precisa fazer é ajudá-los a voltar para casa. mas quando um soldado muito mortal volta à vida, o evento impossível aponta, no fim, para uma força ainda mais misteriosa que o próprio B. Um deles pelo menos é forte. E outro tem um plano.


9 - "Hera" de Jennifer Saint


Ficha Técnica:


Nome: Hera

Autora: Jennifer Saint

Editora: Flatiron Books

Gênero: Fantasia

Número de Páginas: 391

Data de Lançamento: 30/07 (acabou atrasando para 12/08)


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Sinopse: Mesmo os deuses devem ter sua rainha.


Quando a deusa imortal Hera e seu irmão Zeus dão um golpe em seu pai tirânico, ela sonha em governar ao seu lado. Mas quando eles estabelecem o seu reino no Monte Olimpo, Hera começa a ver que Zeus é tão brutal e cruel quanto o pai que eles traíram. Enquanto Zeus ascende ao poder, Hera é relegada ao papel de esposa e mãe, um papel que ela nunca quis. Ela sempre foi destinada a governar, mas deve ela perder a si mesma em perpetuar este ciclo de violência e crueldade? Ou pode ela encontrar uma maneira de forjar um mundo melhor?


10- "Saturation Point" de Adrian Tchaikovsky


Ficha Técnica:


Nome: Saturation Point

Autor: Adrian Tchaikovsky

Editora: Rebellion Publishing

Gênero: Ficção Científica

Número de Páginas: 137

Data de Lançamento: 30/07


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Sinopse: A Região de Debilitação Higrométrica, ou a "Zona", é um amontoado de floresta tropical que está se expandindo na região equatorial, onde o calor e a umidade tornando-a impossível para animais de sangue quente sobreviver. Um ser humano sem proteção na Zona morre em minutos.


Há doze anos atrás, Marks entrou na floresta tropical com um grupo de pesquisadores liderados pela Doutora Elaine Fell, para estudar o clima extraordinário e ver se ela poderia ser usada na agricultura. A única coisa que eles descobriram foi que a Zona não é um lugar para pessoas. Tiveram mortes e o programa foi cancelado.


Agora, eles estão retornando. Um acidente de avião, uma missão de resgate, uma corrida contra o tempo e contra o ambiente para trazer de volta os sobreviventes. Mas tem coisas que os mestres corporativos não estão dizendo a ela. A Zona mantém os seus segredos, assim como a Doutora Fell...





Jade se encontra em um grupo cujo objetivo é deter os desequilíbrios energéticos do planeta. Sua missão é vital para os destinos das pessoas. Mas, ela precisa superar suas inseguranças e dúvidas e se tornar a líder necessária para que seu grupo prospere.


Sinopse:


Tudo que vai, volta. No fluxo de energia que regula a vida, o karma deixa ondas de causas e consequências. Cabe aos catalistas, jovens treinados na Dharma, garantir que essa energia continue fluindo. Tendo herdado um desafio monumental das consequências do Grande Desequilíbrio, Jade vai precisar aprender a liderar sua própria célula, tal como Bit, em uma missão que irá mudar a vida de todos.






A ideia de um equilíbrio no mundo e de que somos afetados por energias negativas que podem causar desastres é um tema abordado por diversas religiões e formas de pensamento. No Oriente, visualizar o mundo como um caldeirão destas energias é o que torna suas filosofias tão instigantes para nós. Diante de um mundo que caminha para o caos como será possível retornar a um suposto equilíbrio? Em sua narrativa, Carolina Alves Magaldi traz uma protagonista lutando contra instintos negativos e de dúvida enquanto busca forças para entender questões tão simples quanto a insegurança e a dúvida. Junto de seus companheiros, ela buscará a união para deter aquilo que só pode ser sentido.


A Dharma é uma organização antiga que luta contra o desequilíbrio do mundo. Seus membros, os catalistas, são sensitivos capazes de perceber as mudanças de ondas e ritmos no universo. Cabe aos catalistas unir forças para deter as ameaças que se espalham pelo mundo, contendo miasmas entre outras expansões nocivas de energia. Jade é uma catalista talentosa que rapidamente subiu nos rankings de sua organização e agora lidera uma equipe de mais duas pessoas que servem como discípulos e apoio para ela. Uma incumbência que a deixa preocupada já que ela não imagina a si mesma como uma líder. Seu passado então é eivado de mistérios e sua mestra Penélope é alguém que fala com ela a base de enigmas, algo que a deixa frustrada em algumas ocasiões. Bit é a única pessoa com a qual ela realmente consegue conversar e a entende no sentido em que ela precisa. À medida em que os eventos estranhos começam a se multiplicar, Jade vai precisar encontrar forças em seu interior para superar suas dúvidas e encarar de frente o que se aproxima.


O tema trazido por Carolina é bastante instigante. A filosofia hindu traz uma série de questões que se associam ao que está em nossos interiores. A busca pela paz interna e pela capacidade de seguir em frente é fonte de inúmeros trabalhos de motivação e de valorização da autoestima. Gostei que a autora trouxe um tema bastante diferente enquanto inseriu algumas camadas de fantasia no meio para dar um recheio inusitado. Se eu pudesse colocar o romance em alguma prateleira (e não gosto muito de rotular livros), poria Dharma em uma ficção especulativa. Apesar dos seus elementos do fantástico, não é bem isso que vai fazer a trama girar. A autora usa a filosofia e a fantasia para contar a história de uma jovem que precisa lidar com seus problemas internos e buscar a força dentro de si para alcançar o equilíbrio. Ou seja, o aspecto maravilhoso/fantástico não é o objetivo em si, mas um meio para falar do objetivo.


A narrativa tem o tamanho de uma novella, mas consegue ser um material razoável e que dará boas horas de leitura. A edição está agradável aos olhos, e a capa é bastante condizente com a proposta do livro. O que ele pretende trazer. Os capítulos são de tamanho médio e se o leitor quiser ler em sequência é possível fazer uma leitura bem rápido. Embora eu não recomende isso por motivos que destaco a seguir. A edição está bacana e detectei bem poucos problemas de revisão. Eles estão lá, mas não chegaram a me incomodar muito. Dentro da média de todo e qualquer livro. No que diz respeito ao tamanho do livro em proporção à narrativa, achei de bom tamanho e a autora conseguiu entregar o que ela gostaria na obra. Aliás, é bem fechadinha, deixando bem pouca margem para uma continuação. Acho até melhor assim porque dá uma sensação de um ciclo encerrado. É possível escrever outros romances nesse universo que a autora criou, mas a história deste grupo específico de personagens ficou bem fechada.


Somos colocados no meio de um momento importante para a protagonista, onde ela é apresentada ao seu novo grupo onde ela atuará como uma líder/supervisora. Normalmente eu diria que acho positivo quando o autor deixa que o leitor faça as deduções e junte as informações por si só. Como se o leitor fizesse parte da construção da narrativa ao lado do autor. Só que em algum momento da história, o autor precisa fornecer os elementos para que o leitor ligue os pontos. Caso contrário isso se torna algo frustrante. Esse aspecto da narrativa me incomodou um pouco porque em vários momentos me encontrava perdido na história. Não entendia aonde a autora queria me levar, ou qual era o objetivo do que estava acontecendo a aqueles personagens. Em um determinado momento, decidi apenas deixar ser guiado. Quando passei da metade da narrativa é que as coisas ficaram mais claras para mim e mesmo assim ainda tive dúvidas aqui ou ali. Vale pontuar que professores como o Luiz Antônio de Assis Brasil apontam que um autor precisa destacar mais ou menos a rota que pretende seguir até uns 30 a 40% do tamanho de sua história. Caso contrário isso provoca um grau de frustração no leitor porque ele se sente em uma estranha viagem onde ele não sabe para onde está indo. É bom dar um grau de suspense e de incerteza, mas é preciso equilibrar mesmo que seja com uma falsa sensação de segurança (digo falsa porque um autor pode empregar uma virada narrativa para mudar o destino final de sua história).


Nossa protagonista é o foco central da história. Vamos acompanhar ao lado dela o seu crescimento como pessoa e de que maneira ela vai chegar à sua forma final. A autora consegue fazer bem a passagem do ponto A para o ponto B, onde A é o começo da jornada e B é a transformação em uma nova pessoa após passar por vários desafios. Todos eles estão relacionados às suas incertezas e inseguranças aos quais ela vai precisar buscar as respostas sozinha. Penélope, mesmo com todos os seus defeitos que veremos na segunda metade da história, é o protótipo do sensei oriental, que apenas mostra o caminho para seu pupilo através de frases incompletas, enigmas profundos ou mistérios que só serão compreendidos no momento certo. Pelo fato da narrativa ser pequena, a autora dedicou mais tempo à sua protagonista embora temos alguns pequenos arcos de evolução de personagens secundários como Bit, Takeshi ou a própria Penélope. Contudo, preciso apontar que o foco mesmo vai ficar em Jade e, para mim, isso deu uma profundidade menor ao que a autora quis trazer. Teria sido possível abordar outros assuntos para estes personagens e dar uma riqueza maior ao resultado final. Quando começamos a analisar as possibilidades e o quanto algumas informações parecem lacunares, isso se torna mais e mais evidente.



A narrativa segue um ritmo bastante uniforme o que me preocupou um pouco. Em escrita criativa, costumamos dizer que o caminhar de uma história é como as batidas do coração. Sempre com altos e baixos, intercalando tranquilidade, equilibrio, tensão e desequilíbrio. Quando esse ritmo é como uma linha horizontal ela até pode servir a uma narrativa mais tranquila, mas retira o aspecto climático do todo. E a gente até tem alguns momentos mais tensos, um lá pela metade e outro mais ao final. Mas, não há, para o leitor, uma sensação de perigo no que está acontecendo. O clímax é um momento calmo e quase contemplativo dentro da proposta. Sei que a linha pensada pela autora é mais a de uma discussão sobre o nosso papel no mundo, mas é preciso tomar cuidado para que o que ela deseja apresentar na narrativa não se torne algo dissertativo ao invés de narrativo. Afinal, a obra é uma ficção e não uma apresentação.


Dharma é uma boa obra especulativa e apresenta alguns conceitos que me agradaram bastante. E é aquele tipo de obra que usa uma série de recursos que não são habituais em uma obra literária de gênero para discutir temas simples como insegurança, dúvida e autoestima. Sinto que a autora poderia ter explorado melhor os personagens, o que teria feito a obra crescer bastante em qualidade final e diversificar os temas abordados e dado uma sensação maior de perigo para deixar o leitor tenso e preocupado com os personagens aos quais ele desenvolveu algum vinculo.












Ficha Técnica:


Nome: Dharma

Autora: Carolina Alves Magaldi

Editora: Paratexto

Número de Páginas: 190

Ano de Publicação: 2023


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*Material recebido em parceria com o autor

















A busca pelas Joias do Infinito está de volta. Mas, dessa vez o que está em jogo é diferente. Com várias facções lutando, entre os Chitauri, os Rapinantes, o Titã Louco entre outros, salvar o Universo parece que será mais difícil do que parece.


Sinopse:


As joias do infinito. Individualmente, elas oferecem ao seu usuário um poder imenso. Reunidas, podem garantir o poder de um deus. Anteriormente destruídas, as joias do infinito se reconstituíram e se encontram espalhadas pelo universo. à medida que sua localização é descoberta, diferentes forças convergem para uma batalha que conduzirá o cosmo numa direção sombria o fim. a corrida derradeira pelo poder começa com alguns dos maiores heróis e vilões da existência competindo para possuir a gigantesca joia do poder. os chitauris se lançaram à busca, assim como a fraternidade dos rapinantes, os novas e os guardiões da galáxia. mas com quem estão as outras joias? e quando adam warlock, o antigo proprietário da joia da alma, entra em cena, o palco para as guerras infinitas está montado.






A Marvel já usou amplamente esse enredo da busca pelas Joias do Infinito. Jim Starlin é o criador desse conceito e já esgotou várias vezes as possibilidades do que fazer com esses artefatos. O desafio proposto ao grupo de roteiristas que toca essa maxissérie é: como apresentar algo novo? A resposta não é dada neste volume inicial que nada mais é do que um preâmbulo para o que virá a seguir, mas fornece algumas pistas. E elas não são lá muito animadoras. Como uma primeira edição muito do que vamos comentar nesta resenha são introduções e apresentações. Os personagens nesse tabuleiro galáctico são apresentados ao leitor e onde eles se encontram no início da jornada. Os roteiristas também nos apresentam algumas de suas ideias e o que pode ser diferente do que já foi feito antes. São basicamente quatro histórias distintas, sendo uma focada no Adam Warlock, a segunda nos Guardiões da Galáxia e a terceira no Falcão de Aço, que parecem ser aqueles personagens que receberão mais destaque. Vamos comentar uma por uma até porque não há uma homogeneidade nas coisas.


Só um detalhe básico nesta edição que vale mencionar e deve ser a tônica das próximas edições. Isso aqui é quase um mix mensal de histórias. A história principal mais um monte de coisas aleatórias para encher encadernado e que tem algum tipo de conexão mínima com o evento. Não esperem notas boas nas resenhas desse evento por causa dessa confusão de coisas. Outro ponto que me incomodou é que parece que as histórias sequer tem um título. Não indicam quem foi que fez o roteiro, ou a arte ou as cores. Precisei caçar no Guia dos Quadrinhos (um ótimo site de pesquisa) quem fez o quê. Entendo que a edição original não deve ter tido isso, mas a edição brasileira poderia ter tido esse cuidado. Já seria um diferencial interessante e destacaria em relação à edição americana. É importante sim saber quem se envolveu no que, por mais que a edição seja uma mistura de várias coisas.


A primeira história (sem título) envolve o Adam Warlock. Não vou comentar o recordatório que vem antes porque... é um recordatório. Ali é mais para situar o leitor. De certa forma essa primeira história também é isso. Warlock é convocado para um lugar estranho no qual se depara com Kang, o Conquistador. Apesar da hostilidade inicial, Warlock se coloca para escutar o velho inimigo que o coloca a par de uma possível nova ameaça. Daí ele mostra ao personagem como, mesmo com seus poderes temporais, ele não consegue impedir uma tragédia de acontecer e envia Warlock a uma pessoa capaz de ajudá-lo. O roteiro de Gerry Duggan é bem simples. Serve para apresentar quem é Adam Warlock e o que ele já viveu no universo Marvel. A história é melhor do que meros recordatórios e Duggan parece conhecer bem a mitologia do personagem. Muitos pontos do diálogo são apenas info dumping para o leitor e no final algumas pistas do que pode estar vindo a seguir para ele. Nesse ponto aqui, não vi nada muito novo ou que me despertasse o interesse. O que gostei foi mais o fato de que o roteirista parece entender o Warlock, diferentemente do que vi nos últimos anos sendo feito com ele.


A arte dessa primeira história pertence ao casal Allred, com Michael Allred na arte e Laura nas cores. Foi a minha primeira vez pegando algum material com a arte deles e achei que talvez isso pudesse me incomodar pela arte ser bem diferente daquele padrão mainstream. E... não... curti bastante. Os designs e conceitos tem muita personalidade e as cores saltam das páginas. Michael insere vários detalhes na fortaleza de Kang, mostrando o quanto ele é um conquistador e gosta de exibir troféus de suas vitórias. Duggan oferece a Michael Allred a possibilidade de reimaginar vários momentos icônicos do personagem como o flerte com a lady Sif e o combate com o Thor, a captura pelo Alto Evolucionário, a jornada pela Contraterra com o eventual confronto com Magus e as intensas lutas contra Thanos. São momentos em que o artista conseguiu emular a arte dos grandes artistas que já passaram pelo personagem como Ron Lim entre tantos outros. Michael Allred apresenta quadros que remetem a uma arte mais scifi e não se preocupa em deixar cenas de cabeça para baixo. Gosto da quadrinização mais assimétrica que ele propõe (até contraste com a arte mais vetorizada do Deodato na história seguinte) e é o puro suco da space opera. As cores da Laura ajudam a dar aquela explosão necessária para que a arte prenda a atenção do leitor. As cores são mais puxadas para o brilhoso do que o fosco com uma prevalência do azul e do roxo. Gostei e isso me fez pensar em dar uma chance para o Surfista Prateado que foi desenhado pela dupla.


A segunda história faz parte da Contagem Regressiva propriamente dita e se foca nos Guardiões da Galáxia e um pouco no Logan, que é uma espécie de coringa nessa série. O final da série dos Guardiões nos entrega um grupo que não está em sintonia. Parte da alma da Gamora está presa na joia da alma e ela está obcecada em recuperá-la. Temos uma personagem fria e que não se importa muito com seus companheiros. É uma boa representação de uma pessoa que tem uma parte de si faltando e precisa recuperá-la a todo custo. Groot foi infectado pelo Jardineiro e existe cópias malignas dele espalhadas pelo universo. Seu amigo Rocket Raccoon está disposto a fazer o que for necessário para encontrar uma cura. Porém, o próprio Rocket tem alguns segredos da equipe que podem estourar a qualquer momento. Drax deixa a equipe depois de uma situação terrível vivida na última aventura e o Destruidor se torna um pacifista. Parte dos Guardiões encontram a joia do poder, agora uma imensa rocha montanhosa e deixam Drax junto com alguns membros da Tropa Nova tomando conta. Quem consegue manter a equipe mais ou menos unida é Peter Quill, mas os desafios para fazer com que todos estejam alinhados em um objetivo comum tem sido cada vez mais complexos.


Duggan vai explorar bem essa falta de afinidade entre os membros da equipe e os problemas acontecem mais por causa dos objetivos distintos de todos. Nesse momento aqui a história permanece no planeta controlado pelo Jardineiro e o confronto com as cópias de Groot serve para Duggan construir essa constante problemática entre os membros. Não há coesão. A própria ação é confusa e reflete o quanto a equipe precisa conversar, o que eles não fazem. É um roteiro prático e direto também, sem grandes firulas narrativas. Ajuda que a arte do Deodato está muito boa aqui e ele emprega os seus grids para construir sequências dinâmicas de ação. Confesso que passei a acompanhar o Deodato com mais frequência na fase dos Vingadores Sombrios capitaneados pelo Norman Osborn. Me chama a atenção o quanto a arte dele pega pelas sombras, pela melancolia, mas também com grandes tomadas de ação. É um estilo cinemático onde parece que escutamos explosões o tempo inteiro. Mesmo nos momentos mais calmos é como se as coisas pudessem explodir a qualquer momento. Há sempre uma tensão palpável nos rostos dos personagens envolvidos. Gosto mais da arte do Deodato pés no chão, com personagens urbanos ou coisas acontecendo na Terra. Mas, essa mudança na forma do Deodato me deixou curioso. Gostei mais da arte dele nas duas edições que ele cuida nesse encadernado do que imaginava.


A presença do Wolverine nessa saga me soa mais fora de compasso do que interessante. Colocar o cara com uma joia do infinito só me fez torcer a cara. E por mais que o Duggan coloque algumas cenas divertida com o personagem como ele enfiando as garras na cara do Loki ou usando frases de efeito malucas, só me parece fora de lugar. Ainda quero entender aonde o Duggan quer chegar com isso. Okay, vamos ver. Ele ainda me inclui outro personagem completamente improvável dos Vingadores nessa saga galáctica. Está certo que Jim Starlin gostava de acrescentar heróis meio esquisitos no meio como o Homem-Aranha enfrentando o Thanos pelo cubo cósmico, mas... o Wolverine?


A terceira história também faz parte da Contagem Regressiva e nos coloca no planeta Xitaung onde se encontra Drax e a Tropa Nova. Essa história nos coloca frente a frente com a Fraternidade dos Rapinantes, outra facção que está atrás das joias para fortalecer seus números. Ainda não estão claros os seus reais objetivos e nem na história do Falcão de Aço sabemos tanto assim. Duggan só os coloca em tela e mostra como eles podem ser perigosos, mas não tão perigosos assim. Me parece que o roteiro quis colocar a Tropa Nova e os Rapinantes como lados opostos de uma mesma moeda. Eles desejam a manutenção da ordem no Universo, mas partindo de pontos de vista diferentes. Drax é apresentado como um guardião da "pedra" do infinito e, para alguém que se tornou pacifista, ele ainda é bem violento. Não sei se isso é proposital, mostrando um cara que resolvia as coisas no soco tendo dificuldades para se conter, ou se é só inconsistência narrativa mesmo. Não vou dizer que é o roteiro mais fraco do encadernado (porque tem a próxima história), mas não me ajudou a ficar animado com a perspectiva desse núcleo de personagens. Não tem nada de muito diferente acontecendo e o cerco ao planeta nem é tão tenso assim.


A arte dessa história não ajuda muito também. Deodato faz as primeiras páginas (e que páginas, meus caros) e depois deixa nas mãos do Frazer Irving que faz uma arte meio qualquer coisa. É uma arte mais comics, mainstream, e até apresenta alguns bons momentos, mas fica só nisso mesmo. Colocar a arte do Irving junto com o Deodato é covardia. É como um farol mostrando duas coisas completamente diferente. Primeiro a gente oferece o prato principal, bonito, bem feito, de chef internacional; depois você dá o biscoitinho e a salada. A quadrinização dele até é boa e ele consegue entregar bons momentos na história como o ataque dos Chitauri lá pelo final ou até os momentos de combate do Drax contra o Rapinante que são criativos. Irving tem uma boa noção de cenas de ação, mas algumas delas me soam estranhas como o combate dos Nova lá pela metade da história. Estava com dificuldades para entender a sequência das cenas. A palheta de cores para mim me soou estranha porque os coloristas mudam o estilo o tempo todo. A gente tem dois: Frank Martin Jr e Jordie Bellaire e não podia ter dois estilos mais diferentes do que esses dois. Um opta por uma colorização mais escura e carregada nas sombras e outro por cores mais brilhantes. Chega a incomodar às vezes como as cenas mudam de uma hora para outra.


A última história é a do Falcão de Aço e serve para reapresentar o personagem para os leitores. Chris Powell nunca foi um daqueles heróis que a gente acompanhava, sempre dependendo de qual roteirista o pegava. Lembro de algumas boas fases dele como quando ele era parceiro do Homem-Aranha, teve uma fase curta junto com os Novos Guerreiros, mas acho que o grande momento dele esteve com o Dan Abnett que introduziu vários novos elementos à mitologia do amuleto. Chris Simms e Chad Bowers nos mostram como o personagem adquiriu seus poderes e sua relação com seu pai, um policial que era seu ídolo até que o jovem garoto descobre que ele era corrupto. Powell é um guarda hoje e abandonou os poderes do Falcão até que se vê envolvido novamente com os Rapinantes quando dois deles tentam roubar o seu amuleto. Sinceramente é uma história bem genérica com acontecimentos muito convenientes se sucedendo. Ele calha de estar no mesmo lugar onde encontrou o amuleto pela primeira vez, tem dois Rapinantes estúpidos atrás dele que um deles é um Shi'ar que é justamente a raça que serve para reativar o amuleto. Alguém como o Talonar, um lorde guerreiro que é o líder de uma Fraternidade não iria permitir que tantas conveniências tolas despertassem um artefato poderoso que poderia ser usado contra ele. Parece coisa de vilão de terceira. O roteiro é mediano, mas apenas me diz que o Chris é um herói mediano. Não me deixa com vontade de acompanhá-lo.


A arte do Kevin Walker não ajuda, definitivamente. Primeiro que o roteiro é muito eloquente e ocupa vários quadros à exaustão. Não dá para a arte respirar. Não que a arte seja maravilhosa, mas ter vários balões e recordatórios e caixas de pensamento definitivamente não contribuem. A ação é um pouco confusa no momento climático da história. Quando era o momento para o artista brilhar, os personagens envolvidos na cena parecem meio fora de sincronia, as cores estão muito saturadas e isso acaba tirando a atenção do leitor para a cena. A quadrinização é razoável, apesar de que em algumas páginas, Walker faz uns experimentos meio malucos como a página do Chris conversando com os policiais corruptos e o artista estiliza os quadros da página para se parecerem com o visor do Falcão de Aço. A ideia foi boa, mas a execução me pareceu tão estranha. A escolha de uma palheta de cores mais escura combina com o estilo do Falcão de Aço, só que as cenas entregues pelo roteiro transformam o uso de cores tão escuras em momentos que mais prejudicam do que ajudam.


Enfim, esta é uma primeira edição, de fato. Não gostei dela porque não acho ser tarefa de uma primeira edição de uma maxissérie ficar apresentando trocentos personagens diferentes. Uma série precisa já te deixar no clima para momentos incríveis e explosivos. E não é isso o que temos aqui. A tarefa introdutória tem que estar em edições anteriores a ela. Uma história introdutória com recordatórios ou apresentando conceitos, tudo bem. Mas, todo um encadernado voltado só para isso é um desperdício de tempo. As histórias são bem divididas entre o bom e o ruim. Nada se destaca muito e me falta aquela tensão de esperar algo realmente diferente acontecendo. Meu destaque vai para a arte do grande Mike Deodato que está preciso como um bisturi no que ele entrega. Só me faz gostar mais do que ele faz. Contudo, tem um saco de outras coisas no meio que acabam por me tirar a atenção. Mas, vamos acompanhar a coisa até o final.











Ficha Técnica:


Nome: Guerras Infinitas vol. 1

Autores: Gerry Duggan, Brian Michael Bendis, Chris Simms e Chad Bowens

Artistas: Michael Allred, Mike Deodato, Kevin Walker, Frazer Irving

Coloristas: Laura Allred, Frank Martin Jr, Jordie Bellaire e Java Tartaglia

Editora: Panini Comics

Tradutor: Rodrigo Barros

Número de Páginas: 128

Ano de Publicação: 2019


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