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Um caso estranho de uma senhora cujo marido morto é visto agindo normalmente em casa por Bloch e Jenkins se torna ainda pior quando um taxidermista de corpos humanos surge. Dylan Dog vai rever uma velha inimiga que está disposta a tudo para conseguir sua vingança.


Sinopse:


Dois clientes muito especiais se apresentam à porta do Investigador do Pesadelo: são o inspetor Bloch e o leal Jenkins, que pretendem recorrer a Dylan para esclarecer o misterioso ressurgimento de um homem recém-falecido em Wickedford. Nesse ínterim, em Londres, o inspetor Carpenter está às voltas com o caso dos manequins: mortos que, privados das vísceras, voltam a caminhar entre os vivos. Por trás disso tudo, uma velha conhecida: Nora Cuthbert.





Estou muito surpreso com a versatilidade da Paola Barbato. Por mais que às vezes ela não acerte necessariamente com a narrativa, o leitor sempre é presenteado com uma história acima da média. Seja uma investigação a la Agatha Christie, uma narrativa de ação, um terror psicológico. Essa história é bizarra e se trata nada mais, nada menos do que o terror splatter. Daqueles com corpos e vísceras espalhados por toda parte, mas cujo tom é de um humor negro tenebroso. Me fez pensar em filmes malucos como Todo Mundo em Pânico, mas com um tom mais sério. E a narrativa é de alto nível, me proporcionando uma experiência de leitura deliciosa. Devorava as páginas e mergulhava nos quadros de Brindisi que entregou um trabalho incrível (grande novidade para um artista de mão cheia como Brindisi). Depois de duas edições que não curti tanto, essa aqui é uma agradável surpresa pelo estilo de história que Barbato entrega. Para mim, a autora é uma das grandes bússolas dessa nova fase do Dylan.


A Morta não Esquece traz de volta personagens da primeira história dessa nova fase (em Dylan Dog Nova Série vol. 1). Nora Cuthbert, a mulher que não pode morrer está de volta e quer fazer Dylan sofrer por ter frustrado seus planos. Tudo começa com Bloch e Jenkins contratando Dylan para investigar sua vizinha Edwina. O marido dela morreu há algum tempo e a pobre mulher tentava voltar à sua vida normal. Um dia, quando Jenkins cuidava do jardim ao lado ele enxerga Merle, o marido de Edwina, dentro da casa. Como pode um homem morto aparecer vivo na casa de sua esposa? Enquanto isso, o inspetor Carpenter e Rania estão investigando a morte dos Cuthroats, um grupo criminoso irlandês cujos membros da família tem aparecido como cadáveres que sofreram taxidermia. Alguma família inimiga pode estar atacando os Cuthroats para assumir seus negócios. Mal sabe Carpenter de que uma velha inimiga de Dylan está de volta e disposta a qualquer coisa para destruir Dylan: Nora Cuthroat.


Essa edição repete a mesma equipe do primeiro volume. Isso foi inteligente porque dessa forma, Brindisi repete o mesmo design de personagens daquela edição e mantém uma certa homogeneidade. A arte dele é repleta de detalhes com preocupações com o cenário, com o posicionamento dos personagens. Essa edição exigiu um pouco mais dele porque as cenas que tinham mais gore eram bem bizarras com Nora aprontando todas como uma cirurgiã louca e corpos pregados por toda a parte. Gostei também de como Brindisi acompanha bem o roteiro que começa bem calmo e sossegado com uma nova ida a Wickedford e suas casinhas que parecem saídas de um filme sobre o subúrbio americano e chega a uma comédia splatter com corpos e órgãos pendurados e dois personagens que parecem zumbis. Faço ideia de como foi fazer o design do corpo de Gus, cortado toda hora pela raiva da Nora. Outro ponto que sempre me chama a atenção em sua arte é em como os designs de corpos dele são diferentes entre si. Não existem repetições ou modelos iguais de personagem.

Essa é uma edição que ressalta um dos pontos que mais me agradaram nessa fase nova das histórias do Dylan: um senso de continuidade, de consequência. Sei que a característica principal das histórias da Sergio Bonelli é a possibilidade de pegar qualquer edição e ler numa boa. Sem a necessidade de ler nada anteriormente. Mas, dispensar completamente a continuidade não é algo bom porque isso faz com que diversas possibilidades sejam perdidas. Aqui, embora existam personagens que apareceram anteriormente, é possível curtir numa boa sem a necessidade de pegar a edição anterior. Porém, quem leu e viu quando os personagens surgiram ganha uma camasa extra de compreensão da história. Dessa forma, a narrativa recompensa aquele que já era familiarizado e quem está chegando agora. Atende a ambos os lados. Dá para ver nas edições dessa nova série que há uma progressão, um desenvolvimento de personagem, alguma coisa sendo assada no fundo.


Essa é uma história de vendetta. Nora está obcecada com Dylan por ter transformado-a em algum tipo de zumbi. Ter tentado enganar a morte lhe rendeu a real possibilidade de não morrer, mas isso não atendeu às ambições dela. Ao contrário, isso mexeu com a sanidade dela, tornando-a desapegada de senso moral e de respeito aos padrões de vida em sociedade. Nora caça todos os membros de sua família apenas pelo prazer de matá-los com suas próprias mãos. Mas, não basta só isso: é preciso humilhá-los, transformá-los em paródias de si mesmos. Por isso, a ideia da taxidermia. Infelizmente a perseguição de Nora vai colocar os aliados de Dylan em apuros. Barbato não fica tímida de bagunçar a vida do personagem quando acha que deve. Basta lembrar da nona edição em que ela bagunça completamente a cabeça do protagonista. Agora, ela faz questão de fazer o personagem sentir medo real, ao colocar pessoas como Bloch, Groucho e Connie (a nova namorada de Dylan) na mira de Nora. E vocês imaginem uma personagem imortal com tendências a usar uma motosserra ou um bisturi para brincar com o corpo de pessoas incautas.

Barbato brinca com o tom da narrativa. Existe todo um humor negro permeando cada ponto dessa história. Mas, ela começa como uma investigação maluca proposta por Jenkins e Bloch. Dylan imagina que os dois estão mais para stalkers do que para pessoas com um caso de verdade. O começo da história nos coloca novamente em Wickedford onde Barbato procura construir um cenário pacato para o absurdo insólito proposto pelos dois ex-investigadores. Dylan leva a coisa toda na brincadeira, uma forma de seu velho amigo manter sua sanidade. Mas, o caso vai ganhando contornos cada vez mais estranhos e toma uma curva bizarra quando acontece algo diretamente a Dylan. É então que Nora brota na história como um furacão. A partir daí vemos que o tom da narrativa de Barbato passa do humor para o terror. E mesmo assim ela ainda torna Nora em uma sádica bizarra. Sem mencionar a especialista em taxidermia que surge mais para a frente e que tem uma quedinha por um certo personagem. Barbato mantém um tom tenso na história, mas com um certo grau de estranheza "engraçada" no meio de tudo. E ela faz isso com equilíbrio, sem exagerar demais para um lado ou para o outro.


Uma bela edição de Dylan que me divertiu horrores. Sim, vai parecer estranho eu dizer isso ainda mais em uma história que recorre a maluquices como esquartejamentos, humanos pendurados como em um açougue, cenas de corpos em taxidermia e biscoitinhos com zero açúcar. A ligação entre Dylan e Bloch também é bem explorada e deixa o personagem desesperado em um determinado momento. Mas, como Dylan fará para parar uma mulher que não pode ser morta? Somente lendo essa edição vocês irão descobrir.












Ficha Técnica:


Nome: Dylan Dog Nova Série vol. 12 - A Morta não Esquece

Autora: Paola Barbato

Artista: Bruno Brindisi

Editora: Mythos

Tradutor: Julio Schneider

Número de Páginas: 100

Ano de Publicação: 2020


Outros Volumes:

Vol. 1 Vol. 6 Vol. 11

Vol. 4 Vol. 9

Vol. 5 Vol. 10


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O verão americano trouxe vários bons títulos. O destaque fica para a enorme quantidade de títulos de terror de autores como Paul Tremblay, Josh Malerman e Craig DiLouie. Um verão aterrorizante!! E tem mais um romance de Adrian Tchaikovsky.


1 - "The Last Song of Penelope" (Canção de Penelope vol. 3) de Claire North


Ficha Técnica:


Nome: The Last Song of Penelope

Autora: Claire North

Série: Canção de Penélope vol. 3

Editora: Redhook

Gênero: Fantasia

Número de Páginas: 400

Data de Lançamento: 04/06


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Sinopse: Há muitos anos atrás, Odisseu saiu com seus navios para a guerra e nunca retornou. Por vinte anos, sua esposa Penelope e as mulheres de Ítaca protegeram a ilha contra opositores e reis rivais. Mas, a paz não pode ser mantida para sempre e o equilíbrio de poder está prestes a ser quebrado...


Um mendigo chegou ao Palácio. Repleto de sal e ferido pelo oceano, ele é rejeitado pelos seus opositores - mas Penelope reconhece nele algo terrível: seu marido, Odisseu, voltou enfim. Ainda assim, esse Odisseu não é um herói. Ao retornar à ilha com um disfarce, ele não está meramente planejando sua vingança contra seus opositores - vingança que irá ser a faísca de uma guerra civil - mas ele está testando a lealdade de sua rainha. Ela foi fiel a ele por todos esses anos? E quanto sangue Odisseu está disposto a derramar para estar certo disso?


A canção de Penelope está acabando, e a canção de Odisseu deve soar pelos salões de Ítaca. Mas primeiro, Penelope deve usar toda a sua sagacidade para vencer uma guerra pelo destino da ilha e manter sua família viva, não importando o custo...


2 - "Service Model" de Adrian Tchaikovsky


Ficha Técnica:


Nome: Service Model

Autor: Adrian Tchaikovsky

Editora: Tor Books

Gênero: Ficção Científica

Número de Páginas: 373

Data de Lançamento: 04/06


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Sinopse: Para consertar o mundo é preciso quebrá-lo primeiro.


A humanidade é uma espécie em extinção, totalmente dependente do trabalho e do serviço artificial.


Quando um robô domesticado faz com uma pequena e terrível ideia seja baixada para sua programação principal, eles matam o seu dono. O robô descobre que ele também pode fazer algo que eles nunca fizeram antes: podem fugir.


Ao fugir do local, eles entram em um mundo maior que eles não sabiam que existia, onde uma antiga hierarquia de humanos no topo está se desintegrando em ruinas e todo um ecossistema de robôs devotados ao bem-estar dos seres humanos está tendo que encontrar um novo propósito.


Algumas vezes tudo o que precisa é uma chacoalhada para ultrapassar os limites de sua programação.


3 - "Horror Movie" de Paul Tremblay


Ficha Técnica:


Nome: Horror Movie

Autor: Paul Tremblay

Editora: William Morrow

Gênero: Terror

Número de Páginas: 287

Data de Lançamento: 11/06


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Sinopse: Em junho de 1993, um grupo de jovens cineastas independentes passou quatro semanas fazendo Horror Movie, um pequeno projeto de horror artístico com características notórias e perturbadoras.


A parte mais estranha? Apenas três das cenas do filme foram liberadas para o público, mas Horror Movie conquistou rapidamente uma base leal de fãs. Três décadas mais tarde, Hollywood está fazendo pressão por um reboot do filme com um orçamento maior.


O homem que participou do filme "The Thin Kid" é o único sobrevivente do elenco. Ele se lembra bem de todos os mistérios que cercaram o roteiro original, os eventos bizarros da filmagem e as perigosas linhas que foram cruzadas no set de filmagem que resultaram em uma tragédia. Com as memórias da época sendo recuperadas, os limites entre a realidade e a ficção, passado e presente começam a ficar borradas. Mas ele está disposto a ajudar a refazer o filme, mesmo que isso signifique navegar em um mundo de produtores cínicos, diretores egomaníacos e convenções surreais de fãs - e que se danem os demônios do passado.


Mas a que custo?


4 - "One of our Kind" de Nicola Yoon


Ficha Técnica:


Nome: One of our Kind

Autora: Nicola Yoon

Editora: Knopf

Gênero: Ficção Científica

Número de Páginas: 256

Data de Lançamento: 11/06


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Sinopse: Jasmyn e King Williams mudam sua família para a planejada utopia negra de Liberty, na California esperando encontrar uma comunidade de pessoas com ideias em comum, um lugar onde sua crescente família pode prosperar. King se estabelece rapidamente, abraçando o ethos de Liberty, incluindo o centro de bem-estar de luxo no topo da colina, que prova ser o centro da comunidade. Mas Jasmyn luta para encontra o seu lugar. Ela espera encontrar liberais e ativista da justiça social lutando por igualdade racial, mas os moradores de Liberty parecem mais focados em alugar tratamentos de spa e ignorar os problemas do mundo.


Os únicos amigos de Jasmyn estão igualmente perplexos e frustrados pela alienação de muitos dos residentes. Então Jasmyn descobre um terrível segredo sobre Liberty e seus fundadores. A frustração de torna em pavor quando aquelas que ela ama começam a abraçar o modo de vida de Liberty.


Poderá a verdade destruir seu mundo de maneiras que ela nunca poderia ter imaginado?


5 -  "Stories I told my dead lover" de Jo Paquette


Ficha Técnica:


Nome: Stories I told my Dead Lover

Autora: Jo Paquette

Editora: Blackstone Publishing

Gênero: Terror

Número de Páginas: 148

Data de Lançamento: 11/06


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Sinopse: Oito histórias arrepiantes de horror psicológico que buscam as partes mais sombrias e obscuras da psiquê humana...


Uma criança é forçada a crescer rápido demais.


Uma mulher confia demais em seu médico.


Uma mulher abandonada não está tão sozinha quanto ela pensa.


Um feriado idílico esconde um ato inenarrável de violência.


Obcecados, desesperados e lutando pelo poder de escolherem seus próprios destinos, os personagens de Paquette ousam empurrar de volta as paredes que os mantém presos.


Venham vê-los queimar.


6 - "Craft: Stories I wrote for the Devil" de Ananda Lima


Ficha Técnica:


Nome: Craft - Stories I wrote for the Devil

Autora: Ananda Lima

Editora: Tor Books

Gênero: Terror

Número de Páginas: 192

Data de Lançamento: 18/06


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Sinopse: Em uma festa de Halloween em 1999, uma escritora dormiu com um demônio. Ela o vê de novo e de novo ao longo de sua vida e ela escreve histórias para ele sobre coisas que são tão impossíveis quanto verídicas.


Lima atrai leitores aos cantões surreais dos Estados Unidos e do Brasil onde eles irão encontrar americanos que podem ser mordidos sendo comercializados em máquinas de venda automática e fantasmas de pessoas que não estão mortas. Uma vez lá, ela fala sobre as experiências de ambição, medo, saudade e pertencimento de imigrantes brasileiros e americanos e revela as porosidades da contação de histórias e os lugares que chamamos de lar.


7 - "How to make a horror movie and survive" de Craig DiLouie


Ficha Técnica:


Nome: How to make a horror movie and survive

Autor: Craig DiLouie

Editora: Redhook

Gênero: Terror

Número de Páginas: 396

Data de Lançamento: 18/06


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Sinopse: O horror não é horror se não for real.


Max Maurey deveria estar no topo do mundo. Ele é um famoso diretor de filmes de horror. Os atores o amam. Hollywood precisa dele. Ele faz de dinheiro com suas próprias mãos. Mas, são os anos 80 e ele está dirigindo filmes de slasher baratos para audiências que apenas desejam mais sangue, não arte real. Não horror real. E o produtor sujo de Max se recusa a financiar qualquer uma de suas novas ideias.


Sally Priest sonha em ser a Garota Final. Ela sabe que ela tem o que é necessário para conseguir o papel principal, mesmo que ela só tenha sido escalada para pequenos papéis até agora. Quando Sally encontra Max em sua festa mais recente, ela tenta impressioná-lo e provar toda a sua habilidade como uma scream queen.


Mas quando Max descobre uma velha câmera que filmou um filme de terror de Hollywood bem real, ele sabe que ele tem um uso para esta câmera para seu próximo filme. O único problema é que ela vem com um aviso crítico e algumas vezes geme.


8 - "Filhos de Aflição e Angústia" (A Lenda dos Orishas vol. 3) de Tomi Adeyemi


Ficha Técnica:


Nome: Filhas de Aflição e Angústia

Autora: Tomi Adeyemi

Série: A Lenda dos Orishas vol. 3

Editora: Henry Holt & Co (EUA) E Rocco (Brasil)

Gênero: Fantasia

Número de Páginas: 368

Data de Lançamento: 18/06 (EUA) e 27/09 (Brasil)


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Sinopse: Quando Zélie tomou o palácio real naquela noite fatídica, ela pensou que suas batalhas haviam chegado ao fim. A monarquia finalmente havia caído. Os maji levantaram-se outra vez. Zélie nunca esperou encontrar-se trancada numa jaula e prisioneira em um navio estrangeiro. Agora, guerreiros com máscaras de caveira traficam seu povo, e ela junto, para longe de sua terra natal.


Tudo muda quando Zélie conhece o rei Baldyr, o seu verdadeiro captor e o homem que devastou civilizações inteiras para encontrá-la. O desejo do governante dos Caveiras de tirar proveito do poder de Zélie faz com que ela, Amari e Tzain precisem buscar aliados em terras estrangeiras.


Mas, conforme Baldyr fecha o cerco em torno deles, uma catástrofe atinge o litoral de Orïsha. Zélie precisará usar tudo ao seu dispor para enfrentar seu último inimigo e salvar seu povo antes que os Caveiras o aniquilem para sempre.


9 - "The Daughter's War" (The Blacktongue Thief vol. 2) de Christopher Buehlman


Ficha Técnica:


Nome: The Daughters' War

Autor: Christopher Buehlman

Editora: Tor Books

Gênero: Fantasia

Número de Páginas: 416

Data de Lançamento: 25/06


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Sinopse: Os goblins mataram todos os seus cavalos e a maioria de nossos homens.


Eles escravizaram nossas cidades, queimaram nossos campos e ainda estão fazendo a guerra.


Agora, nossas filhas pegaram em armas.


Galva - Galvicha para seus três irmãos, dois dos quais os goblins irão matar - desafiou os desejos de sua família e se juntou a uma nova unidade não testada do exército, os Cavaleiros Corvos. Eles marcham rumo a uma antes linda cidade que foi tomada pela horda dos goblins, acompanhada por vários corvídeos de guerra gigantes. Feitos com as magias mais sombrias, estes aterrorizantes pássaros pretos podem ser a chave para parar os goblins em sua guerra para fazer a humanidade tornar seu alimento.


O caminho para a vitória é sangrento, e os goblins são sagazes e impiedosos. Os Cavaleiros Corvos não podem tomar nada como garantido - nem os laços de família, nem a sabedoria de seus líderes, nem sua própria segurança contra os perigosos pássaros de guerra ao seu lado. Mas algumas esperanças valem o risco.


10- "Incidents around the house" de Josh Malerman


Ficha Técnica:


Nome: Incidents around the house

Autor: Josh Malerman

Editora: Del Rey

Gênero: Terror

Número de Páginas: 373

Data de Lançamento: 25/06


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Sinopse: Para a jovem Bela, de oito anos, sua família é o seu mundo. Tem a Mamãe, o Papai e a Vovó Ruth. Mas também tem a Outra Mamãe, uma entidade malévola que pergunta a ela todo dia: "Posso entrar em seu coração?"


Quando incidentes horríveis ao redor da casa assinalam que a Outra Mamãe está ficando cansada de perguntar a Bela a pergunta outra e outra vez, Bela entende que a menos que ela diga sim, sua família logo irá pagar.


A Outra Mamãe está ficando inquieta, mais forte e mais ousada. Apenas os laços de família podem manter Bela segura, mas outros incidentes mostram fraturas no casamento de seus pais. A segurança em que Bela confia está prestes a se esfacelar.


Mas a Outra Mamãe precisa de uma resposta.





Uma pioneira no campo da ficção científica em uma época em que o gênero era dominado por homens brancos, Alice nos mostra a sua maestria em escrever histórias curtas. Nesta coletânea temos três histórias com destaque para o conto que dá título para a coletânea onde um grupo de náufragas acaba em uma estranha ilha. Fenton, o protagonista, passa a desconfiar das ações das duas mulheres sobreviventes que não se comportam como mulheres. Onde isso vai dar?


Sinopse:


Em três novelas reverenciadas pelos fãs da Ficção Científica, Alice Bradley Sheldon ― a escritora por trás do renomado e misterioso “James Tiptree Jr.” ― inova com abordagem feminista no gênero, em tramas ousadas e instigantes. Neste livro, uma garota transforma-se num anúncio publicitário vivo; mulheres preferem invasores alienígenas a continuar no mundo dos homens e uma epidemia religiosa provoca feminicídios em massa.






Alice Bradley Sheldon, ou James Tiptree Jr como ficou mais conhecida, é uma das grandes autoras de ficção científica das décadas de 60 e 70. Inovadora, provocativa, ela assumiu um pseudônimo masculino para fugir às convenções e conseguir publicar suas histórias provocativas. Abordando temas bem à frente do seu tempo como representatividade e feminicídio, ela tocava nas feridas de uma sociedade conservadora e claramente machista. Mas, as pressões desse mundo tiveram efeito nela e talvez a tenhamos perdido cedo demais. O legado que ela deixou para nós foi uma enorme quantidade de histórias curtas e algumas poucas narrativas mais longas. Infelizmente, no Brasil, pouquíssima coisa escrita por ela chegou até nossas mãos. Através da editora Ímã temos contato com uma coletânea contendo três de seus contos mais celebrados, inclusive A Garota Plugada que se tornou longa metragem posteriormente. Faço um pedido a editoras como a Morro Branco e a Aleph, que possuem histórico de publicações de romances feministas e/ou publicado por mulheres: tragam mais Alice Bradley Sheldon porque suas reflexões são necessárias demais a esse mundo estranho em que vivemos. Já me comprometo desde já a trazer mais uma das coletâneas dela que saiu pela SF Masterworks para discutirmos aqui. Só fazendo uma última observação: uma das introduções é assinada por minha querida companheira de blog, Lady Sybylla, que escreve um texto muito bacana apresentando a autora e sua importância para o cenário de ficção científica como um todo.


Falando sobre a escrita geral dos três contos, Sheldon tem uma cartografia narrativa bastante inusitada. Ela começa antes pelo problema que ela quer abordar do que apresentando os personagens. Em alguns casos, é bastante curioso que ela nos deixa em suspense para saber qual é o gênero do personagem que está sendo tratado. Costumamos assumir na maior parte dos casos que o protagonista é um homem, o que nem sempre acontece em suas histórias. No caso aqui, isto se dá mais na segunda história do que na primeira e na última, mas é uma espécie de teste para o quanto conseguimos manter uma neutralidade acerca de quem é o centro de uma história. Hoje temos livros que possuem uma maior amplitude de gênero, mas na época em que ela escreveu o normal era o homem branco aventureiro e desbravador. Até é legal destacar esse ponto porque o protagonista da primeira história está sempre desconfiado de todas as personagens femininas ao seu redor. O estilo de escrita muda conforme as histórias, mostrando versatilidade na sua habilidade de escrita. A primeira história é uma narrativa padrão em terceira pessoa onisciente; a segunda história é contada em segunda pessoa, como se o protagonista se referisse a mim, leitor, e contasse para mim o que estivesse acontecendo; a terceira história é contada de forma epistolar, com intervalos de tempo entre as cartas.


A primeira história dá título para a coletânea e se trata de um grupo de personagens em uma embarcação até que eles caem em uma ilha deserta. O protagonista Fenton claramente não se dá bem nessa situação extrema e comete inúmeros erros de decisão em tentativas frustradas de manter o grupo vivo em um lugar estranho. As duas mulheres que estavam na embarcação assumem um protagonismo inusitado, fazendo tarefas nitidamente masculinas e mostrando suas capacidades inventivas e de sobrevivência. Fenton fica claramente incomodado com isso e passa a observar o comportamento das mesmas e a segui-las por toda a parte imaginando que elas certamente seriam comunistas ou guerrilheiras disfarçadas. Isso porque mulheres decentes, na visão dele, não teriam capacidade para realizar tais tarefas.


"Eu me limito a olhar para a cara dela. Que nova forma de loucura atacou a Mamãe Galinha? Será que ela imagina que Estebám está avariado demais para poder ser funcional? Enquanto fico ali atônito, meus olhos constatam o fato de que a sra. Parsons está com os joelhos bem rosados, soltou o cabelo e o nariz já está um pouco avermelhado pelo sol. Uma quarentona em bom estado; na verdade, bastante apetecível."


Não quero entrar em grandes detalhes sobre a trama porque Sheldon faz várias viradas narrativas ao longo das páginas e a graça é ter o queixo caído enquanto ela toma vários caminhos diferentes na histórias. Essa história é uma espécie de grito de guerra feminino diante de tamanha opressão masculina. O senso comum de Fenton é agressivo e ele passa a desconfiar a partir das mais mínimas coisas. Como o protagonista representa o modelo padrão de "macho alfa", ele se sente emasculado ao ver tarefas como fazer rastreamento, buscar um abrigo, preparar a fogueira, caçar animais, sendo feito pelas mulheres. Fenton se sente agredido em sua essência. E isso faz sua desconfiança aumentar. Possivelmente, emasculação seja o tema central desse conto até pela escolha que as duas personagens fazem mais à frente. A narrativa incomoda a quem tem um mínimo de sensibilidade. Porque a forma como o protagonista ataca as duas personagens e as diminui é algo que ainda vemos acontecer nos dias de hoje. São homens inseguros acerca de si mesmos que querem ter o protagonismo a todo custo. Caso fiquem em segundo plano por causa de uma mulher talentosa, isso só pode ser estranho; algo está errado. A dita mulher não está conforme os "padrões sociais", logo é uma desvirtuada. Quando li a palavra "histérica" no conto, isso me fez remeter imediatamente às velhas discussões de Michel Foucault sobre quem deveria ir para o manicômio e como as instituições encarceravam mulheres que sequer tinham algum problema. Apenas não se conformavam com o seu papel em uma sociedade retrógrada. Os momentos finais da narrativa representam, talvez parte do que a autora sentia. Diante de tanto preconceito e diminuição, vale a pena ainda permanecer em um planeta que tolhe e que violenta? E se não houvessem mais mulheres na Terra, o que seria da população masculina? A cena definidora desse conto é a expressão de absoluto terror de Fenton percebendo a decisão de suas companheiras. Último detalhe: Fenton só pergunta o nome de Ruth na metade da história. Antes disso, ele a trata de forma impessoal, demonstrando desinteresse até pela identidade dela.


O segundo conto chama-se Garota Plugada e é uma espécie de conto cyberpunk que mostra a prisão que é a beleza feminina e o quanto ela pode ser opressiva. Na história, P. Burke, uma mulher que passou por todo tipo de situações difíceis em sua vida, recebe uma proposta que pode mudar sua vida. Dona de um corpo abusado pela sociedade, e que não se encaixa em seus padrões de estética (a todo momento o texto busca dizer que ela é feia, gorda e suja, fazendo um descompasso com o seu avatar, que se enquadra nos desejos de uma sociedade que enxerga o superficial), Burke se submete a um procedimento onde sua mente passa a habitar o corpo de uma idol maravilhosa, que representa uma espécie de outdoor ambulante. Não se pode mais fazer propagandas diretas neste mundo, então a criação de uma idol artificial serve para fazer propagandas sutis e provocas uma febre de consumo em homens seduzidos por ela ou mulheres que a enxergam como algo a ser alcançado. O que no começo é maravilhoso, logo toma rumos sombrios para Burke quando ela se apaixona pelo filho de uma grande empresa. Só tem um detalhe: Paul se apaixonou por Delphi, o avatar, e não por Burke, a hospedeira. Como terminará esta história de amor?


"Lá na multidão, a que está de boca aberta olhando para os seus deuses. Uma garota fodidona, numa cidade do futuro. (Sim, foi isso que eu disse.) Preste atenção."

Dá para falar tantas coisas desta história curta. O que mostra a riqueza do que Sheldon nos traz. Temos uma sociedade claramente de aparências, onde as corporações não se importam em tirar vantagem do mundo das aparências. Ao criar um padrão de beleza, o sr. Cantle está dizendo a um mundo como se comportar, como se vestir, o que consumir... como ser. E isso nós vemos em nosso mundo. Todos os anos a indústria da moda define o que entendemos como padrão de beleza. Há décadas atrás era a mulher loira, magra e alta; hoje buscam-se as curvas, que podem ser conquistadas com procedimentos estéticos. Aquelas que não são capazes de se encaixar nestes padrões da moda tem sua auto-estima profundamente afetada. A maneira como o narrador se refere a Burke é um sinal disso. Sempre com adjetivos voltados para o terror: monstro, criatura, resto. Já Delphi representa os sonhos sexuais de toda uma massa masculina: olhos grandes, corpo nem muito jovem, nem muito maduro, fala que parece ser um convite ao sexo. A narrativa vai ficando cada vez mais estranha à medida em que o tempo passa e Burke deixa de se importar consigo mesma e afunda em uma falsa imagem de si que ela passa a acreditar como sendo ela mesma. Uma situação que acontece lá pelo final no laboratório onde ela se encontra durante uma confusão, é de uma tristeza sem tamanho. Sheldon escreve um final irônico que é uma porrada na boca do estômago.



O mais famoso dos três contos é Mulheres que Morrem como Moscas, que se tornou um episódio de uma série chamada Mestres do Terror em 2006. Apesar que a série tomou uma série de liberdades criativas em relação ao texto original. No conto, uma praga que provoca uma ira cega e primitiva nos homens que passam a matar mulheres aos milhares toma conta dos EUA. Alan trabalha em um laboratório e está preso no local em uma pesquisa complexa. Sua esposa Anne se corresponde com ele através de cartas enquanto a praga do ódio se espalha rapidamente por toda a parte. Vemos o desespero de Alan com a segurança de sua esposa e sua filha até o momento em que ele larga tudo o que está fazendo e se dirige para a sua casa a qualquer preço. A narrativa é desesperadora e Sheldon faz isso progressivamente. A cada nova carta escrita por Anne vamos percebendo o crescendo do desespero. Quando aparecem os primeiros sinais de que matar mulheres se tornou uma cruzada religiosa, aí é que tudo fica mais explosivo.


Se você, leitor homem cis e machista, não ficou incomodado com os outros dois contos, é aqui que certamente você vai ficar. Sheldon nos mostra homens se tornando verdadeiros animais sexuais e violentos, violentando mulheres enquanto as matam impiedosamente. Algumas situações são bastante descritivas e é feito para incomodar mesmo. Dos três, esse é o que parece mais uma narrativa de terror mesmo. O homem como um animal sexual é um tema que já foi trazido à tona inúmeras vezes. Seus instintos primitivos de perpetuação da espécie o fazem assim, segundo se diziam em análises científicas do século XIX e início do XX e a mulher era o ser libidinoso, que o atraía quase em uma dança do acasalamento. Esse tema é tratado de uma forma um pouco convoluta por Sheldon, talvez pela escolha de palavras ou de metáforas. A versão audiovisual é mais eficiente para mostrar o que a autora quis dizer ao ilustrar com imagens (como a de um outdoor com uma mulher de bikini em uma pose provocante enquanto homens observavam com desejo). Sheldon também remete à visão católica da mulher como a pecadora, aquela que tirou a maçã e a deu a Adão. Eliminar a mulher do mundo seria fazer justiça aos ditames de Deus. Sheldon é muito feliz ao trazer a sequência de fanáticos religiosos insanos empilhando cadáveres de mulheres em alguma espécie de torre obscena da destruição. Os momentos finais são de partir o coração porque esse é o único conto em que a gente realmente se empatiza com o protagonista masculino que está legitimamente preocupado com a sua esposa e filha.


"Desculpe, amor, acho que estou parecendo uma histérica. George Searles voltou da Georgia falando da Vontade de Deus. Logo o Searles, que foi ateu a vida inteira. Alan, está acontecendo alguma coisa muito louca."

Belíssima coletânea de histórias de uma autora que precisamos conhecer mais. Minhas únicas ressalvas ficaram no primeiro conto onde vi que a história poderia ter sido um pouco menor com algumas cenas que não possuem qualquer relevância para o resultado final. Sheldon já havia alcançado o efeito que ela queria antes e uma narrativa mais estendida só prejudicou o resultado final. No segundo conto, o clímax da história é um pouco confuso e a invasão pareceu mal explicada e estranha. Sheldon visava um momento específico e parece não ter planejado o que acontecia momentos antes. O terceiro conto é impecável. Nada a reclamar. O final tem o impacto desejado. Aliás... a última frase é impactante.










Ficha Técnica:


Nome: Mulheres que os homens não veem

Autora: Alice Bradley Sheldon escrevendo como James Tiptree Jr

Editora: Ímã

Tradutor: Bráulio Tavares

Número de Páginas: 212

Ano de Publicação: 2023


Avaliação:

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