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Um mês de transição com apenas um lançamento de real destaque. A editora Wish deu aquele seu tratamento luxuoso para mais uma edição de Alice no País das Maravilhas (e Alice Através do Espelho) que deve sair em breve já com o apoio da DarkSide Books.


"Alice - Edição Pesadelo" de Lewis Carroll


Ficha Técnica:


Nome: Alice - Edição Pesadelo

Autor: Lewis Carroll

Editora: Wish

Gênero: Fantasia

Tradutora: Regiane Winarski

Número de Páginas: não informado

Prazo da campanha: 14/05

Data de entrega: julho de 2024







Sinopse: O clássico onírico de uma menina que cai num buraco e se questiona sobre a vida, a loucura e a curiosidade ganha uma nova - e bizarra - edição ilustrada.


Desde que Alice seguiu o coelho apressado e entrou numa toca, muita coisa aconteceu. O País das Maravilhas, um reino de sonhos e nonsense, inaugurou um novo momento para a literatura infanto-juvenil. Desde 1865, o que começou como um mero passatempo para crianças se tornou um clássico imortal, conquistando gerações.


Embarque numa viagem alucinante, cheia de charadas, trocadilhos e poemas que desafiam a lógica (e a gravidade) nas páginas escritas por Lewis Carroll, no século XIX.


As aventuras de Alice oferecem insights sobre a mente humana, a natureza da realidade e o processo de crescimento e descoberta de si mesma, questões fundamentais da experiência humana. Suas características mantém a obra de Carroll relevante para todas as idades, conquistando gerações de leitores a cada nova edição.


Nesta edição única de "Alice no País das Maravilhas" e “Através do Espelho”, mergulhe na versão clássica do clássico de Lewis Carroll com ilustrações sombrias por Caroline Murta, prefácio da tradutora Regiane Winarski (Stephen King, Holly Black, Rick Riordan e outros) e introdução da professora Marcella Abboud (Redação, Literatura e Interpretação). As ilustrações vívidas e perturbadoras transportam os leitores para um reino de fantasia repleto de mistérios, onde o absurdo encontra o macabro.


Recompensas:


Principais Formas de Apoio:


1 - Promocional do Catarse: R$77,00


  • livro impresso em capa dura

  • marcador de páginas com corte especial

  • adesivo holográfico Chapeleiro

  • nome nos agradecimentos

  • frete incluso


2 - Promocional Alice + Ecobag: R$97,00


  • livro impresso em capa dura

  • marcador de páginas com corte especial

  • adesivo holográfico Chapeleiro

  • ecobag Somos todos loucos aqui (exclusivo do Catarse)

  • nome nos agradecimentos

  • frete incluso


3 - Promocional Alice + Máscara de Dormir: R$87,00


  • livro impresso em capa dura

  • marcador de páginas com corte especial

  • adesivo holográfico Chapeleiro

  • máscara de dormir Olhos de Alice (exclusiva do Catarse)

  • nome nos agradecimentos

  • frete incluso


4 - Combo Alice + Ecobag + Máscara de Dormir: R$112,00


  • livro impresso em capa dura

  • marcador de páginas com corte especial

  • adesivo holográfico Chapeleiro

  • ecobag Somos todos loucos aqui (exclusivo do Catarse)

  • máscara de dormir Olhos de Alice (exclusiva do Catarse)

  • nome nos agradecimentos

  • frete incluso






Temos o final do primeiro ato da história e o início de uma nova fase. De um lado, Nora e Makoto são capturados por homens estranhos portando armas. Enquanto isso, Yukiko, ainda preocupada com o sumiço de Makoto, recebe uma chamada desesperada de Yuuki que acaba de matar Nao e toda a sua família.


Sinopse:


Com uma mistura de gore e terror, Happiness é um shounen diferente que trabalha as várias facetas humanas. Na história, Makoto Okazaki é um garoto que está sempre evitando confrontos e escondendo seus verdadeiros interesses, sem saber como se expressar. Num dia fatídico, porém, Makoto é atacado e forçado a fazer uma escolha: morrer como um humano ou viver como um vampiro. Desesperado e com medo da morte, o rapaz escolhe viver, mas sua nova "vida" não é algo que ele possa fingir que não existe e o rapaz se vê forçado a encarar quem é e seus desejos. Finalmente a estreia de Happiness pela NewPOP, do mesmo autor de "Aku no Hana" (The Flower of Evil).





No quinto volume, Oshimi botou o pé no acelerador e fez alguns desenvolvimentos bastante preocupantes. Começamos o volume com Makoto e Nora cercados por alguns estranhos soldados que parecem conhecer um pouco do potencial dos dois. Mesmo Makoto se liberando para poder proteger Nora, não sabemos se ele será capaz de enfrentar tantos adversários ao mesmo tempo. Quem são eles e o que eles querem? Na escola, Yukiko está sentada no lugar especial que ela compartilhava com Makoto, desejando saber o paradeiro da pessoa por quem ela tem sentimentos tão especiais. No dia anterior, ela havia encontrado com Masami, uma pessoa com quem ela foi capaz de conversar e que lhe deu um pouco de segurança. Quando ela estava perdida em pensamentos, Yuuki liga desesperado para ela pedindo que Yukiko o mate porque ele é incapaz de se matar. Sem entender o que está acontecendo e temendo pela sanidade do amigo, ela entra em contato com Masami e os dois seguem para onde Yuuki se encontra. Ao chegar lá, se deparam com uma cena digna de filmes de terror. O que fazer agora?


Esse é um volume altamente veloz de Oshimi. Se os anteriores já exigiam do leitor que ele parasse para entender a arte e o que se passava em cada página, esse é um detalhe importantíssimo nesse volume. Tem pouquíssimos diálogos e o leitor precisa sentir as páginas. Algumas cenas são cheias de emoção onde raiva, desespero, solidão e instinto primitivo transbordam por toda a parte enquanto outras possuem momentos viscerais que o leitor precisa parar alguns minutos para absorver o que realmente aconteceu ali. A arte de Oshimi está lindíssima neste volume com uma predominância de hachuras e sombreamentos por toda a parte. A edição como um todo é bem escura e em alguns momentos o mangaka emprega cenas bem estranhas e abstratas, representando o que Makoto estava observando em um momento bem específico. As cenas são repletas de tensão e a arte ajuda na imersão naquilo que está acontecendo. Detalhe: Oshimi nem precisa inventar demais a roda, bastando ele se focar nos personagens e em como eles estão se sentindo em um determinado momento. A gente vê a cara de pavor da Yukiko quando ela percebe que todo o seu mundo está ficando de cabeça para baixo. Ou Yuuki com olhos perdidos e um rosto distorcido porque ele perdeu parte de sua sanidade diante das mortes que ele mesmo provocou.


Este é um volume que nos deixa com muitas perguntas e nem quero entrar em tantos detalhes. Só queria comentar dois pontos que acho importantes que é o primeiro em que Oshimi nos coloca diante de algum tipo de organização ou força particular que parece conhecer o que é Nora e o que ela é capaz de fazer. Ainda não temos grandes detalhes a esse respeito e parece que o volume 6 dá mais algumas pistas, mas resta a gente saber o que essa organização quer. Makoto parece ter aberto mais a cabeça no sentido de que ele precisa atacar para proteger Nora ao qual ele não entende exatamente como se sente a respeito dela. O vampirismo é tratado de forma mais aberta neste volume e achei interessante como Oshimi associa a ideia de se tornar um ser sobrenatural à incapacidade de determinadas pessoas de se relacionarem socialmente com maior extroversão. Makoto era um garoto fechado enquanto Yuuki era alguém que apesar de estar cercado de outras pessoas, era alguém completamente solitário por dentro. É diferente da abordagem mais sensual e mística do vampirismo no Ocidente.


Masami entra na história como alguém que ajuda Yukiko em um momento em que ela precisava de alguém que compreendesse o que ela estava vivendo até ali. Só que a personagem claramente confiou rápido demais em alguém que ela havia recentemente conhecido. O resultado disso é bem óbvio e a edição anterior deixa isso bem claro. A maneira como Oshimi consegue trabalhar personagens distorcidos é fascinante e a gente fica alucinado querendo sacudir a Yukiko para que ela pudesse enxergar a verdadeira natureza do personagem. Mas, a bondade da menina aliada a uma boa dose de ingenuidade é o que vai levá-la a um caminho sem volta e a deixar marcas indeléveis em seus sentimentos e em seu corpo. Yuuki também é pego no meio desse furacão porque ele não consegue entender como deve reagir diante de algo que ele acabou fazendo instintivamente. Ele é um assassino? Ou vítima de alguma outra coisa? Como ele deve entender a si mesmo? E como um sujeito com a mente completamente distorcida como Masami se encaixa nesta equação?


O final do volume cinco dá um salto de dez anos no tempo e nos apresenta uma Yukiko no futuro onde ela se encontra em um trabalho em um escritório. A partir daí, no sexto volume vamos iniciar um novo ato onde Oshimi vai nos trazer essa Yukiko que foi transformada por aquilo que ela viveu na infância. A personagem se tornou ainda mais introvertida e é uma pessoa eficiente em seu trabalho. O seu supervisor Sudo tenta se aproximar dela, mas a personagem está inserida em sua casca e não deseja esse tipo de interação. Em um choppinho com os colegas ela acaba sendo obrigada a mostrar uma marca de infância de tudo o que ocorreu no passado. Algo que é físico e emocional ao mesmo tempo. Quando o passado volta a bater em sua porta, Yukiko fica desesperada e começa a perder todo o contato com a realidade.


A arte dessa edição é mais sólida e as linhas mais precisas. Gosto de como Oshimi vai se concentrar muito mais nas expressões e sentimentos dos personagens. A gente vai ver as expressões quase nulas da Yukiko se alterando pouco a pouco ao longo da narrativa. No começo vemos o sofrimento vivido pela personagem, que impede que ela tenha uma vida de verdade. Quando Sudo procura abrir o coração de Yukiko, suas expressões vão se suavizando até o momento em que vemos ela expressando um sorriso ou um choro. Reparem em como ao longo de todo o volume, o mangaka representou os personagens, na maior parte do tempo, do torso para cima. Só mais para o final que temos algumas cenas mais em plano aberto que é quando a narrativa toma o seu rumo pretendido. Esse começo de segundo ato me conquistou pela habilidade do autor de mostrar o quanto a personagem estava sofrendo e o quanto ela precisava de alguém que dissesse a ela que ela poderia seguir em frente. Oshimi conta isso através de sua arte.


Enfrentar um trauma é uma tarefa muito difícil. A maioria das pessoas acaba não o fazendo e escolhendo estratégias para não precisar lidar com eles. É lógico que o ideal é enfrentá-los, mas o que não é possível é que um trauma nos impeça de viver. E é isso o que está afetando Yukiko no começo deste sexto volume. Ela não superou o fato de ter vivido uma situação terrível ou de não ter encontrado Makoto, por mais que tivesse passado um longo tempo buscando-o. É como se a personagem estivesse vivendo por dez anos em animação suspensa. Quando Sudo consegue entrar em contato com o coração da personagem é como se uma represa tivesse se aberto e tudo o que ela manteve para si transbordasse. Isso se revela em uma espécie de agorafobia, uma incapacidade de deixar o seu apartamento. O medo de reviver o passado é tão grande que chega a ser irracional. O esforço de Sudo em se relacionar com ela, faz com que Yukiko perceba que precisa, de fato, enfrentar o seu trauma. Por essa razão que ela faz aquela loucura no final do volume.


Estes dois volumes foram um meio do caminho na trama. Oshimi nos deixa com várias perguntas ao final do primeiro ato como, por exemplo, a organização que está atrás de Nora e de Makoto, o despertar de Yuuki e seu alinhamento com o terrível Masami. A arte continua muito boa e a história segue a passos largos em direção a algum acontecimento explosivo. O salto temporal serviu para que o autor pudesse trabalhar os sentimentos de Yukiko e toda a questão do trauma vivido após uma situação de risco.












Ficha Técnica:


Nome: Happiness vols. 5 e 6

Autor: Shuzo Oshimi

Editora; NewPop

Tradutor: Denis Kei Kimura

Número de Páginas: 192 cada

Ano de Publicação: 2019


Outros Volumes:


Link de compra:











As descobertas arqueológicas recentes revelaram detalhes bastante curiosos sobre como funcionavam alguns impérios antigos do período Neolítico até chegando à Antiguidade. Nesta matéria, vamos repassar alguns detalhes superficiais para serem aproveitados em contos ou romances de fantasia.


Os grandes impérios de livros de fantasia sempre nos trouxeram histórias fascinantes de heróis salvando princesas, enfrentando exércitos, de reis loucos, de déspotas, da luta pelos tronos. Mesmo aqueles que se debruçam sobre reinos mais antigos, temos aquele conjunto do castelo, reis, princesas, plebeus, cavaleiros. E imaginamos que isso seja o padrão para imaginarmos impérios ou monarquias. Só que isso nem sempre é verdadeiro. Até porque estamos com o nosso olhar voltado para uma perspectiva eurocêntrica. Em outros continentes, o desenvolvimento de um governo ou até mesmo a própria noção do que é um Estado se deu de uma forma bastante diferente. É complicado, por exemplo, transportarmos a noção de democracia ateniense para as comunidades pré-islâmicas ou pensar que o Império Inca possuía a mesma conformação que Roma em seu apogeu. Nessa matéria queria citar alguns exemplos retirados do livro O Despertar de Tudo, escrito por David Graeber e David Wengrow. O objetivo dessa matéria é apenas apresentar algumas ideias, ou seja, não espere uma matéria de teor acadêmico, aprofundada e com fontes. Caso vocês fiquem interessados no assunto, este livro publicado pela Companhia das Letras possui detalhes bastante interessantes, traçando comparativos entre diferentes abordagens sociológicas e arqueológicas, além de algumas críticas pontuais a algumas posturas da comunidade acadêmica.


A ideia para a matéria já vinha maturando durante a leitura do livro, porque ele apresenta diversos casos bem curiosos e que destoam do que consideramos "normal", mas o pontapé foi dado quando os autores trouxeram uma referência a um dos contos de Úrsula K. Le Guin que mais gosto, Aqueles que Abandonam Omelas. Neste conto somos levados a um lugar utópico onde todos vivem felizes em um reino justo e igualitário. Todas as liberdades são estimuladas, como orgias entre os sacerdotes, drogas para esquecer as tristezas e sempre serem felizes. Tudo o faz pensar em querer viver lá. Mas, existe um porém: toda essa felicidade vem às custas do abuso de uma criança que, desnutrida, abusada e torturada, garante a felicidade a todos. A questão mortal imposta é se vale a pena viver neste lugar magnífico mesmo sabendo que existe alguém que está sofrendo as piores humilhações possíveis para garantir o seu bem-estar. Graeber e Wengrow trazem essa referência para nos mostrar que alguns impérios que tínhamos como padrão ou normais escondem complexidades e dilemas maiores do que imaginávamos há décadas atrás. Enquanto nos mantivemos apenas na superfície, no topo do iceberg, não fomos capazes de encontrar essa criança no calabouço. Não quero dizer que os regimes sejam ruins, mas que ficamos em impressões simplistas demais e quisemos comparar com reinos mais conhecidos.


Talvez um bom caminho para começarmos a abordar esse assunto sejam as comunidades iroquoi da região do Mississipi, as quais os autores voltam em vários momentos. A propósito: Iroquois são uma denominação coletiva a vários grupos menores e com características próprias. Muitos deles constituíram "impérios" de grande extensão, mas estes não viviam de forma sedentária. A maioria optou por manter o estilo de vida forrageador, caçando, coletando e pescando. Para alguns pesquisadores existe uma certa lógica na "evolução da civilização". Primeiro, vieram os homens primitivos que viviam em cavernas, depois eles passaram para um estilo forrageador, depois deixaram de ser nômades e domaram a natureza para se reunirem em cidades muradas. As cidades muradas deram origem aos grandes impérios da Antiguidade. Mas, e se essa lógica não for tão lógica assim? Para esses povos, não havia a necessidade de ter um líder porque eles só permaneciam por alguns meses dentro de um ambiente "urbano", um tipo de assentamento onde parte da coleta de frutos permanecia. Para um povo formado por forrageadores, era mais importante o dinamismo, a capacidade de se dividir e cobrir áreas maiores. Com o estabelecimento de um líder, se torna necessária a criação de uma burocracia ao seu redor, o que nem sempre era prático a eles. Ou sequer havia a necessidade de um chefe global. Apesar de serem um império, era um império sem líderes.


Outro erro bastante comum se refere a uma preponderância da caça ou da pesca diante da coleta. Novamente vou usar um exemplo da América do Norte para buscar suporte. Os povos iroqueses podiam se dedicar a uma das duas atividades, dependendo de sua localização geográfica. Mas, houve o caso dos haudenosaunee, um povo que vivia próximo aos Grandes Lagos que tinha essa opção: ou pescar trutas ou coletar bolotas. E a maior parte dos registros arqueológicos apontam para uma preferência na coleta. Podemos aqui pensar a respeito e aí vai de cada um interpretar como for. Coletar bolotas é um processo até que rápido porque exige apenas conhecer o terreno ao redor e saber quais árvores estão com fartura. Só que existe o processo de preparação. É preciso retirar a parte que é tóxica, quebrar a casca e preparar para a estocagem. Ou seja, parece algo simples, mas não é. Por outro lado, a pesca envolvia um esforço de conhecimento dos rios locais, o ato de pescar per se e a defumação do peixe que foi adquirido. O preparo poderia levar pouco tempo e isso se o pescador não preferisse assar. Vocês podem estar se questionando por que propus isso já que a resposta é tão simples, certo? Porém, existe uma pegadinha nisso. Quando um agregado social cria uma estocagem de peixes defumados, ele propicia o ataque de comunidades rivais, que ao pilhar pode conseguir meses de alimento. Comunidades que se dedicaram mais à caça, precisavam se preparar constantemente para enfrentar outros adversários. Por outro lado, por que uma comunidade rival se interessaria em pilhar bolotas, um alimento que tem um processo mais dificultoso de preparo? Os haudenosaunee preferiram estocar bolotas em estado primal para utilizá-los quando fosse conveniente. Estocavam nessas cidades citadas no parágrafo anterior que só eram ocupadas durante períodos específicos do ano, para rituais, cerimônias ou para passar o inverno.


Outra questão curiosa tem a ver com a soberania do rei. Estamos acostumados a ler sobre reis poderosos que criam leis que abrangem todo o seu território. E todos os súditos seguiam os ditames da lei. Só que isso não era necessariamente verdade. Por exemplo, entre os astecas o rei precisava o tempo todo estar agradando os seus súditos. Sua autoridade se baseava em sua sabedoria, na capacidade de compreender as necessidades de seu povo. Entre eles, um homem comum poderia desafiar a autoridade do rei apenas rindo de sua cara. Sim, em sua presença. Caso isso acontecesse, o rei asteca perdia o respeito de seu povo. Por esse motivo, o governante era temido, havia a necessidade dos sacrifícios rituais, de impor respeito e temor em seus corações. Outro bom exemplo disso, é a dinastia Shang, na China, que esteve no poder entre 1600 e 1046 a.C. A noção de soberania real era restrita à pessoa do rei. Como alguém enviado pelos céus, ele era poderoso e possuía qualidades sobre-humanas. Porém, essa é uma qualidade DELE. Se ele dissesse a alguém que deveria cortar o pescoço em sua frente, o súdito fazia sem pestanejar. Suas ordens eram divinas. Porém, quando um súdito saía do raio de ação do seu governante, suas leis não tinham mais força. O governante Shang poderia redigir uma lei tranquilamente, mas ela podia ou não ser obedecida. O rei era todo-poderoso, mas apenas no alcance de seus sentidos.


Mas, voltemos a falar de comunidades sem rei, saindo do Egito antigo. Quando falamos sobre os egípcios, costumamos nos referir a lideranças carismáticas como as primeiras dinastias de Djoser, Quefren e Queops ou de indivíduos valorosos como Akhenaton, Tutmés ou Ramsés. Mas, o Egito teve alguns períodos conhecidos como Intermediários. Queria me focar no primeiro deles que serviu de ponto de mudança para a futura capital em Tebas. Os últimos faraós do reino antigo haviam perdido muito de sua influência e poder, e os nomarcas, chefes locais em regiões do Egito haviam ganhado notoriedade. E eles fizeram isso usando duas estratégias básicas: seja utilizando a burocracia, tornando o abastecimento das cidades algo mais eficiente ou através da religião, seja mantendo algum segredo "místico" relacionado a algum dos deuses egípcios ou alguma fórmula mágica para o reino dos mortos. Então, o que vimos na passagem para o período Intermediário foram administrações paralelas, que não encaravam mais o governante (mesmo este sendo divino, porque os faraós desse período eram encarnações de deuses) como sendo alguém que deveria ser seguido. Historiadores costumam tratar esse período como um mergulho no caos de revoltas internas, mas este não foi o caso. O que se viu foi o surgimento de uma política personalista e autoridades que ganharam o aspecto de serem hereditárias baseadas na valorização do serviço público.


Como último exemplo, queria trazer uma cultura bem complicada de ser compreendida, os osage. Estes eram mais um dos diversos povos do Mississipi e quis trazê-los por conta de sua conformação política curiosa. Este foi um povo que vivia em uma região bem fértil próxima ao rio Missouri e conseguiram ter até mesmo um apogeu em plena Idade Moderna, entre os séculos XVII e XIX. Estes eram povos que viviam em movimento, estabelecendo-se em algumas cidades esparsas poucas vezes ao ano. Nessas cidades eles se espalhavam em um assentamento dividido em duas metades com 24 clãs ao todo. Essas duas metades eram exogâmicas, sendo o povo do céu e o povo da terra. Não vou entrar em mais detalhes do que isso, mas imaginem um povo de forrageadores que alcançaram uma alta complexidade, proporcionando o surgimento de clãs baseados nas forças da natureza, anciãos que alcançavam outro estágio de respeitabilidade na aldeia, a possibilidade de mulheres serem parte de um conselho de notáveis. Tudo isso sem um líder claro. Toda essa conformação surgiu a partir do conhecimento de uma história mítica no qual a administração vai se basear e será respeitada por aqueles que vivem sob a sua égide. Não há questionamentos feitos. O que podemos tirar disso é que a religião ou a mitologia podem calcar a narrativa de um império sem uma liderança clara ou sequer uma oligarquia.


Quis deixar aqui algumas migalhas para podermos repensar algumas certezas que temos a respeito desses cenários. Talvez sair um pouco da linha europeia de imaginar reinos e impérios. Encontrar em outras civilizações modelos possíveis de serem usados para nossas histórias de fantasia. E entender, acima de tudo, que um reino ou uma monarquia nem sempre pode ter um governante visível. Ela pode usar outra conformação de poderes, seja distribuindo entre um grupo social específico, personalizando em uma figura considerada divina ou até pulverizando entre seus integrantes para facilitar o controle. Até mesmo a soberania em si pode ser questionada dependendo da definição dada por um povo a ela. Já exploramos demais os modelos europeus, e até mesmo temos dúvidas no caso de civilizações com menos registros históricos como os cretenses. Então por que não variarmos um pouco? Caso queiram conhecer mais, deixo aqui a referência do ótimo livro no qual pesquisei, que terá informações mais profundas e referências e comentários a outras pesquisas bastante atuais.



Referência:


Nome: O Despertar de Tudo - Uma nova história da humanidade

Autores; David Graeber e David Wengrow

Editora: Companhia das Letras

Gênero: Não-Ficção

Tradutores: Denise Bottman e Cláudio Marcondes

Número de Páginas: 696

Ano de Publicação: 2022


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*Material recebido em parceria com a Companhia das Letras












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Conversa aberta. Uma mensagem lida. Pular para o conteúdo Como usar o Gmail com leitores de tela 2 de 18 Fwd: Parceria publicitária no ficcoeshumanas.com.br Caixa de entrada Ficções Humanas Anexossex., 14 de out. 13:41 (há 5 dias) para mim Traduzir mensagem Desativar para: inglês ---------- Forwarded message --------- De: Pedro Serrão Date: sex, 14 de out de 2022 13:03 Subject: Re: Parceria publicitária no ficcoeshumanas.com.br To: Ficções Humanas Olá Paulo Tudo bem? Segue em anexo o código do anúncio para colocar no portal. API Link para seguir a campanha: https://api.clevernt.com/0113f75c-4bd9-11ed-a592-cabfa2a5a2de/ Para implementar a publicidade basta seguir os seguintes passos: 1. copie o código que envio em anexo 2. edite o seu footer 3. procure por 4. cole o código antes do último no final da sua page source. 4. Guarde e verifique a publicidade a funcionar :) Se o website for feito em wordpress, estas são as etapas alternativas: 1. Open dashboard 2. Appearence 3. Editor 4. Theme Footer (footer.php) 5. Search for 6. Paste code before 7. save Pode-me avisar assim que estiver online para eu ver se funciona correctamente? Obrigado! Pedro Serrão escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:42: Combinado! Forte abraço! Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:41: Tranquilo. Fico no aguardo aqui até porque tenho que repassar para a designer do site poder inserir o que você pediu. Mas, a gente bateu ideias aqui e concordamos. Em qui, 13 de out de 2022 13:38, Pedro Serrão escreveu: Tudo bem! Vou agora pedir o código e aprovação nas marcas. Assim que tiver envio para você com os passos a seguir, ok? Obrigado! Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:36: Boa tarde, Pedro Vimos os dois modelos que você mandou e o do cubo parece ser bem legal. Não é tão invasivo e chega até a ter um visual bacana. Acho que a gente pode trabalhar com ele. O que você acha? Em qui, 13 de out de 2022 13:18, Pedro Serrão escreveu: Opa Paulo Obrigado pela rápida resposta! Eu tenho um Interstitial que penso que é o que está falando (por favor desligue o adblock para conseguir ver): https://demopublish.com/interstitial/ https://demopublish.com/mobilepreview/m_interstitial.html Também temos outros formatos disponíveis em: https://overads.com/#adformats Com qual dos formatos pensaria ser possível avançar? Posso pagar o mesmo que ofereci anteriormente seja qual for o formato No aguardo, Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:15: Boa tarde, Pedro Gostei bastante da proposta e estava consultando a designer do site para ver a viabilidade do anúncio e como ele se encaixa dentro do público alvo. Para não ficar algo estranho dentro do design, o que você acha de o anúncio ser uma janela pop up logo que o visitante abrir o site? O servidor onde o site fica oferece uma espécie de tela de boas vindas. A gente pode testar para ver se fica bom. Atenciosamente Paulo Vinicius Em qui, 13 de out de 2022 12:39, Pedro Serrão escreveu: Olá Paulo Tudo bem? Obrigado pela resposta! O meu nome é Pedro Serrão e trabalho na Overads. Trabalhamos com diversas marcas de apostas desportivas por todo o mundo. Neste momento estamos a anunciar no Brasil a Betano e a bet365. O nosso principal formato aparece sempre no topo da página, mas pode ser fechado de imediato pelo usuário. Este é o formato que pretendo colocar nos seus websites (por favor desligue o adblock para conseguir visualizar o anúncio) : https://demopublish.com/pushdown/ Também pode ver aqui uma campanha de um parceiro meu a decorrer. É o anúncio que aparece no topo (desligue o adblock por favor): https://d.arede.info/ CAP 2/20 - o anúncio só é visível 2 vezes por dia/por IP Nesta campanha de teste posso pagar 130$ USD por 100 000 impressões. 1 impressão = 1 vez que o anúncio é visível ao usuário (no entanto, se o adblock estiver activo o usuário não conseguirá ver o anúncio e nesse caso não conta como impressão) Também terá acesso a uma API link para poder seguir as impressões em tempo real. Tráfego da Facebook APP não incluído. O pagamento é feito antecipadamente. Apenas necessito de ver o anúncio a funcionar para pedir o pagamento ao departamento financeiro. Vamos tentar? Obrigado! Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 16:28: Boa tarde Tudo bem. Me envie, por favor, qual seria a sua proposta em relação a condições, como o site poderia te ajudar e quais seriam os valores pagos. Vou conversar com os demais membros do site a respeito e te dou uma resposta com esses detalhes em mãos e conversamos melhor. Atenciosamente Paulo Vinicius (editor do Ficções Humanas) Em qui, 13 de out de 2022 11:50, Pedro Serrão escreveu: Bom dia Tudo bem? O meu nome é Pedro Serrão, trabalho na Overads e estou interessado em anunciar no vosso site. Pago as campanhas em adiantado. Podemos falar um pouco? Aqui ou no zap? 00351 91 684 10 16 Obrigado! -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! OverAds Certification -- Pedro Serrão Media Buyer CLEVER ADVERTISING PARTNER contact +351 916 841 016 Let's talk! 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