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Resenha: "Happiness vols. 1 e 2" de Shuzo Oshimi

Makoto era um garoto comum da escola. Tímido, sofre bullying de seus colegas de classe e tem em seu amigo Nunota o seu único companheiro. Quando ele é atacado por uma estranha mulher à noite que morde o seu pescoço, sua vida muda para sempre. Estranhas sensações perpassam o seu corpo e provocam alterações físicas e emocionais.


Sinopse:


Com uma mistura de gore e terror, Happiness é um shounen diferente que trabalha as várias facetas humanas. Na história, Makoto Okazaki é um garoto que está sempre evitando confrontos e escondendo seus verdadeiros interesses, sem saber como se expressar. Num dia fatídico, porém, Makoto é atacado e forçado a fazer uma escolha: morrer como um humano ou viver como um vampiro. Desesperado e com medo da morte, o rapaz escolhe viver, mas sua nova "vida" não é algo que ele possa fingir que não existe e o rapaz se vê forçado a encarar quem é e seus desejos.






Shuzo Oshimi é um mangaká que vai buscar na essência do terror aquilo que ele deseja trabalhar em sua trama. É como um scifi que se passa no espaço e busca trabalhar a nossa sociedade de consumo. O gênero é apenas uma justificativa para discutir um assunto. E é isso o que Oshimi faz quando usa Happiness para discutir amadurecimento, despertar da sexualidade, bullying e outras violências. É compreensível porque os leitores curtem tanto os roteiros do autor quando ele consegue nos fornecer histórias tão empáticas e interessantes. Um mangá como esse nos faz pensar novamente qual é o objetivo da literatura, seja ela livros ou quadrinhos. Como o leitor se relaciona com o que ele está lendo, se ele se identifica, se ele é capaz de se importar com os personagens da história. Tudo isso contribui para que o livro ou o quadrinho seja mais do que letras escritas em um papel ou desenhos em um quadro.


Happiness começa com o ataque de uma estranha jovem a um homem que andava na rua à noite. Ela se comporta como um tipo de animal selvagem, e ataca o homem, sugando o seu sangue como um vampiro. A partir daí acompanhamos a vida de Makoto, um garoto que acaba de entrar para o ensino médio. Um garoto tímido e retraído, se torna vítima do abuso de Yuuki e seu grupo de amigos. Eles o fazem comprar seu lanche, o assediam moralmente, cometem violências. Em casa, seus pais cobram que Makoto seja mais parecido com o irmão mais velho, o garoto ideal e repleto de qualidades. A vida dele muda subitamente quando ele é atacado pela mesma estranha jovem que antes de matá-lo, pergunta se ele gostaria de viver ou de morrer. Makoto desperta no hospital cercado de sua família. Um ataque que vai marcar sua vida para sempre já que as consequências desse ataque se revelam em estranhos espasmos de seu corpo e um aparente faro para sangue. Algo que será desesperador para Makoto que não conseguirá se controlar. E agora? Como Makoto irá lidar com essa nova realidade? E quem é essa estranha jovem?


Concentrando-se na resposta comportamental dos personagens, Shuzo Oshimi tem uma arte voltada para gestos e expressões. Isso se revela nos aspectos narrativo e visual. Começando pelo visual, as cenas são repletas de rostos e corpos com um fundo branco. Oshimi é um mestre em desenhar rostos em todas as suas nuances como o olhar, o balançar de uma cabeça e até os cabelos. Seus modelos de personagem são diferentes, não tendo muitos personagens iguais. E ao lidar com essas expressões vemos como os outros personagens reagem a um esgar do rosto, a um sorriso, a um olhar apaixonado. Outro ponto importante é o quanto Oshimi é objetivo com sua história. Ele não emprega muitos balões de diálogo, então poderemos ver várias páginas apenas com os personagens realizando ações comuns. De um ponto de vista narrativo, Oshimi consegue fazer com que seus quadros falem mais do que outros mangakás que acabam poluindo demais as páginas com diálogos sem fim.

Oshimi pegou o tema do vampirismo e conseguiu traduzir sua essência a um novo cenário. A lenda do vampiro que se difundiu a partir do século XIX nos apresentava um monstro que era capaz de seduzir suas vítimas e transformá-las em seus servos ou concubinas. O vampiro fazia com que seus servos realizassem ações maléficas, levando outras pessoas à perdição. Para uma sociedade que ainda possuía inúmeros valores cristãos e pudicos, o vampiro era um transgressor. Alguém que fugia às regras de convivência, exalando sexo e sedução por toda a parte. Por isso, as noivas de Drácula são apresentadas como súcubus sensuais que encantam os homens. Oshimi emprega o mito do vampiro como um sedutor, alguém que faz despertar em Makoto seus instintos sexuais. Percebam que mesmo Makoto tendo a habilidade de farejar sangue, o que ele fareja primeiro são os hormônios femininos. Somente mais tarde é que irá se deparar com gotas de sangue que o farão reagir com mais violência. Em Happiness temos a história de um garoto e seu amadurecimento como adolescente e posteriormente como homem. É o impacto do vampirismo que o fará lidar com os seus problemas.


Depois de terminada a apresentação dos personagens é no segundo volume que a narrativa sobre o vampirismo avança. É óbvio que isso não ficaria de lado e se no começo o vampirismo serve para que o personagem desperte de seu estupor social, agora ele começa a perder o controle sobre si. Principalmente pelo fato de que ele só foi atacado e não sabe nada a respeito de sua condição. Ele apenas está tateando naquilo que significa ser essa criatura da noite. Sem contar que ele tem apenas um olfato apurado e uma necessidade de fome que ele não sabe explicar o que é. Quem está acostumado com histórias de vampiros sabe que falta um gatilho para tudo começar. Outro fato importante do segundo volume é se existem ou não outras pessoas como ele ou como a garota. Existe uma sociedade secreta a la Anne Rice ou é algo mais solitário? Como funcionam os poderes? E por que Makoto não controla completamente suas habilidades? Ou melhor: ele tem habilidades?


Outro ponto legal a se ressaltar sobre a arte de Oshimi é o quanto ele investe em uma arte ora sombreada, ora rabiscada. Um trabalho lindo de sombreamento que contribui para criar uma atmosfera mais assustadora para o leitor. É curioso por que o primeiro volume é mais claro, se passando no ambiente da escola e dos amigos. Aqui temos um mergulho na noite onde as trevas arrastam o protagonista a tomar decisões que ele não gostaria de fazer. Algumas cenas são incríveis com uma mudança súbita na quadrinização. Em alguns momentos o autor opta por uma página com dois quadros dispostos verticalmente, semelhante ao efeito que Shotaro Ishinomori tornou famoso em seus mangás de ação. Esses quadros verticais compridos servem como efeitos de câmera captando um close dos personagens em algum momento dramático. Tal efeito acontece mais para a metade e o final do segundo volume e demarca uma mudança súbita no clima do mangá. Vamos ver o que isso significará daqui em diante.

Esse segundo volume vai aprofundar um pouco mais a relação entre Makoto e Yuuki, o bully do protagonista. É interessante pensar que um bully pode estar cometendo bullying por também estar sofrendo bullying. Ou apenas vir de uma atmosfera familiar hostil. Ainda estamos na fase de deduções acerca de Yuuki e Nao, a menina que é a namorada do Yuuki e também participa do grupo de bullies da escola. Quando Makoto toma uma posição, a dinâmica do grupo muda. Isso porque um bully só é considerado intimidador quando ele é capaz de fazer com que suas vítimas permaneçam em um estado de inércia. Uma vítima continua a sofrer abusos por que ela não é capaz de revidar, seja por falta ou incapacidade de iniciativa ou por desvantagem numérica. Quando a inércia acaba, é como se um botão tivesse sido apertado e a pessoa que intimida percebe que não é mais capaz de provocar este sentimento. Na maior parte dos casos, um bully é apenas uma pessoa insegura acerca de si mesma. A violência e o abuso são válvulas de escape que a permitem apagar essa sensação de desconforto. O despertar de uma vítima faz com que esses sentimentos despertem em quem está provocando a violência. Makoto intimidou o seu agressor simplesmente ao mudar a dinâmica; algo que não pode ser dito de seu colega Nunota.


Temos também o aparecimento da Yukiko, uma personagem que possui uma alma semelhante ao de Makoto. Claro que o bullying feminino age de formas mais subterrâneas do que a que acontece com homens (isso não significa que sejam menos cruéis). Yukiko é aquela garota que fica em seu canto na sala de aula e não consegue fazer amizades. Ainda não sabemos exatamente o motivo, mas quando ela se depara com Makoto e sua recém-aprendida capacidade de se insurgir contras as coisas, ela vê nele alguém que conseguiu sair de sua concha. Claro que sabemos que esse novo Makoto se deve a um sentimento de desespero frente a uma necessidade selvagem de se alimentar. Mesmo assim, isso serve de gatilho para a formação de uma conexão entre os dois. Nesse momento inicial ainda não conseguimos definir bem como se dará a relação entre Makoto e Yukiko, mas deu para perceber uma certa química entre eles (apesar do Makoto ter uma atração com a Nao, a garota famosa da escola).


O mangá começou muito bem, explorando as relações entre adolescentes em todas as suas nuances. Dá para perceber o quanto Oshimi gosta de tornar tais relações mais complexas do que simples bonzinho e mauzinhos. Aos poucos os personagens se tornam mais sofisticados. A partir desse movimento é que ele insere o elemento sobrenatural que funciona como um gatilho para que as mudanças aconteçam mais rapidamente. A arte está muito boa e serve adequadamente à narrativa. Achei até bastante superior ao que eu imaginava para a história. A arte consegue passar conexão, emoção, tensão. E isso não é nem um pouco fácil em um mangá que flerta com o terror.











Ficha Técnica:


Nome: Happiness vols. 1 e 2

Autor: Shuzo Oshimi

Editora: NewPop

Tradutor: Denis Kei Kimura

Número de Páginas: 192 cada volume

Ano de Publicação: 2018


Outros Volumes:

Vols. 3 e 4


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