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Resenha: "Revista Trasgo nº 1" organizada por Rodrigo van Kampen

Atualizado: 28 de mai. de 2019

A nossa resenha de hoje vai comentar sobre a histórica edição número 1 da revista Trasgo. O protótipo daquela que se tornou uma das maiores plataformas de divulgação para novos autores.

Contos presentes nesta edição:


1 - "Ventania" (Hális Alves)

2 - "Azul" (Karen Álvares)

3 - "Náufrago" (Marcelo Porto)

4 - ""Gente é Tão Bom" (Cláudia Dugim)

5 - "A Torre e o Dragão" (Melissa de Sá)


Vamos às resenhas:


1 - "Ventania"


Autor: Hális Alves Avaliação:

Gênero: Ficção Científica



Esse é um conto que se passa em um Brasil pós-apocalíptico no qual nossos personagens estão em um prédio muito grande próximo a um farol. Eles tentam a todo custo sobreviver às intempéries de um mundo cruel e à violência que assola os grandes campos. A proposta pós-apocalíptica quando bem trabalhada sempre gera boas histórias e é isso o que vemos aqui.

Não sabemos ao certo o que aconteceu ao mundo e isso talvez nem seja o mais importante na história. Mas, de toda forma o autor apresenta pequenas pistas do que pode ter ocorrido. Sabemos que os campos foram tomados por algum tipo de radiação que afetou alguns grupos humanos de maneira irreversível. E acho que essa maneira de escrever é muito interessante porque ao mesmo tempo em que ele não diz muito, ele fala bastante ao leitor. Somos capazes de construir a imagem acerca do que aconteceu em nossas mentes. Seja a devastação ou o que sobrou dos lugares.

O conto trabalha muito com a psiquê dos personagens. Mostram como é o sentimento de cada um deles diante de um mundo devastado pelo próprio homem. Alguns que perderam entes queridos, outros que estão solitários, outros que não veem a possibilidade de um mundo melhor e alguns poucos que já perderam a esperança. Nesse sentido me lembrou muito o espírito por trás da escrita de A Estrada de Cormac McCarthy (claro, dadas as devidas diferenças estéticas e de escrita). Os personagens são bem redondinhos e muito bem trabalhados pelo autor. Chega um momento em que somos capazes de diferenciar as diversas vozes presentes na narrativa.

A narrativa é escrita em terceira pessoa, acompanhando esse grupo de sobreviventes. O cenário é esse imenso edifício. Acho que até daria uma história legal saber como esse grupo vivia nesse prédio, se haviam divisões sociais. Sei que isso já foi abordado por Hugh Howey em Silo, mas eu acho um tema tão legal e diferente. E saber que temos um autor com uma escrita muito boa e com uma pegada nesse gênero é legal. Mas, infelizmente a história acabou não me comprando completamente. Senti um pouco de peso na narrativa da metade para o final. Como se o autor quisesse explorar mais, mas precisasse encontrar alguma forma de encerrar o conto ou passaria demais dos limites impostos pelo gênero proposto. Achei até que o clímax foi um pouco corrido demais e subitamente a história se encerra. Para o Hális, fica a dica de ampliar o escopo do conto. Daria um ótimo romance.


2 - "Azul"


Autora: Karen Álvares Avaliação:

Gênero: Terror



Azul é uma releitura para mim. Este é um conto presente na coletânea Horror em Gotas da autora. Por isso, adorei rever este conto até porque eu sou um aficcionado pelas histórias de terror da Karen. Já brinquei com ela dizendo que ela deveria publicar só terror. Isso porque ela tem uma sensibilidade única para este tipo de narrativa, sabe fazer o crescendo e manter a tensão do leitor.

É inacreditável o talento da Karen para compor histórias. Aqui nós temos uma narrativa com apenas uma personagem, Nora. Ela está voltando de uma noitada e se depara com um estranho homem todo azul dentro do ônibus. Nora faz o possível para se desvencilhar do ônibus, mas ele de alguma forma a alcança. Quando ela acorda no dia seguinte ela descobre que ela mesma está toda azul, só consegue enxergar ou tocar coisas azuis. Entre outras coisinhas mais.

O legal na história é como a Karen consegue compor as cenas. Você compra a tensão subjacente na história. Tudo acontece de maneira orgânica e as reações da protagonista são inteiramente verossímeis. Mesmo com o elemento fantástico presente na história, somos colocados de uma tal maneira que passamos a acreditar que aquele terror é real. Os grandes autores de terror são aqueles que conseguem assustar o leitor com coisas simples. Não há invencionices ou firulas presentes aqui. Apenas boa escrita. Então, meus caros, minha recomendação é: leiam Karen Alvares. Não vão se arrepender.


3 - "Náufrago"


Autor: Marcelo Porto Avaliação:

Gênero: Ficção Científica



Um conto tem o poder de criar uma tirada curta capaz de te surpreender, te fazer refletir ou apenas brincar com um conceito. É isso o que Marcelo Porto faz ao nos colocar no papel de um professor de História que estava em um catamarã (?) chegando em Porto Seguro. Para alegrar o passeio de uma menininha ele comenta alguns aspectos históricos de paisagens urbanas que há muito tempo atrás representavam coisas completamente diferentes. Mal sabe ele que sua vida irá mudar quando o navio é arrastado através de um vórtice para o que parece ser o passado.

Eu entendi aonde o autor quis chegar e isso fica claro no final da história, mas mesmo assim a história não me convenceu. Achei legal a proposta, mas por que ali naquele lugar ou naquele momento? Existia alguma lenda nas redondezas sobre fenômenos parecidos? Me pareceu muito mais um efeito narrativo para que esta seguisse adiante. Em alguns momentos a história me pareceu bastante divertida e interessante, mas no cômputo geral eu acabei não curtindo. Achei a situação toda muito forçada somente para brincar com o leitor no final. Por exemplo, no conto que eu vou comentar a seguir da Cláudia Dugim, a ideia dela era fazer uma sátira ou até uma crítica à toda a questão da TPM. O leitor percebe que a autora está brincando em toda a narrativa. Aqui a construção toda era para ser uma história com seriedade.

Gostei da maneira como o autor buscou tornar a disciplina História interessante na narrativa. Esse foi um dos efeitos mais positivos do que eu li. A abordagem tranquilo, o uso de imagens reais (o leitor consegue se localizar espacialmente), todos são elementos que contribuem para uma fácil compreensão da história. A escrita do autor também é muito boa, não apresentando palavras difíceis ou diálogos chatos. O que realmente me incomodou foram as condições para que a história acontecesse. Não tenho muito mais o que comentar a respeito porque a proposta era um plot twist no final que se eu mencionar pode estragar toda a graça. Mas, assim, por ser um conto rápido e divertido, recomendo pelo menos que vocês passem os olhos e conheçam um pouco mais sobre o autor.

4 - "Gente é Tão Bom"


Autor: Cláudia Dugim Avaliação:

Gênero: Sátira



A Cláudia conseguiu criar cenas dignas de Um Dia de Fúria nesse conto. Como eu curti a acidez da protagonista. A narrativa é contada em primeira pessoa por uma mulher claramente com TPM que acorda extremamente mal humorada. Nesse dia parece que tudo dá errado para ela: mulheres que a irritam, motoristas idiotas que a cortam, e um homem que acaba botando um ovo. Hein? Como assim? É isso aí: um cara botando um ovo dentro do carro.

Essa é uma daquelas histórias que quanto mais você reflete a respeito, mais camadas você enxerga na mesma. Aparentemente a autora faz uma sátira a esse momento de fragilidade ou destemperança feminina. Mas, tem muito mais escondido no meio do texto: uma crítica às experiências de indústrias alimentícias, a maneira como as grandes empresas colocam as burradas que fazem para debaixo do tapete. Esse conto é como uma cebola que você vai tirando camada por camada e vai encontrando uma riqueza cada vez maior em sua essência.

A personagem é qualquer coisa menos uma heroína: desbocada, maluca e que pensa apenas nela mesma. Quando lhe oferecem uma mamata no final da história, ela pega numa boa. Eu dava risadas altas com as frases dela. Não sei como foi o processo de criação desse conto, mas eu tenho certeza que a autora ou se divertiu muito nesse dia ou ela estava realmente irritada. Em todo caso, Cláudia, por favor, traga mais dessa acidez. O mundo precisa um pouquinho desse Um dia de fúria.

Não preciso dizer que esse conto é recomendadíssimo. E cuidado para não lê-lo em um ambiente com muitas pessoas. É arriscado de você dar altas gargalhadas.


5 - "A Torre e o Dragão"


Autora: Melissa de Sá Avaliação:

Gênero: Fantasia



Contos de fadas são sempre histórias imortais. Muitas delas já sofreram inúmeras releituras. E aqui Melissa de Sá pega uma delas, que é a história da princesa refém de um dragão no alto de uma torre, e dá uma releitura mudando detalhes aqui ou ali. Particularmente eu gostei muito da escrita e da maneira como a autora deu o seu toque na história.

Aqui temos a história da Princesa que está no alto da torre e um Dragão a guarda contra invasores. Até que um dia um intrépido cavaleiro chamado Tristam escala a torre para poder salvá-la. Só que ele acaba permanecendo na torre porque a Princesa tem medo de o Dragão fazer algum mal a Tristam. Os dias se passam e eles acabam precisando conviver juntos até encontrar uma forma de ela sair da torre.

A escrita da Melissa tem muito do estilo de contos de fadas. O estilo majestático na fala, a maneira como as situações se sucedem e até a sua metade correm como seria de esperar em uma narrativa do gênero. Só que ela dá alguns twists. Por exemplo, Tristam cria uma história para tentar entender a história da princesa antes de chegar na torre. O mesmo faz a princesa a respeito de Tristam. Ou seja, vemos um pouco mais de profundidade nos personagens o que não é muito normal em histórias desse estilo. Outra coisa muito legal foi essa quebra narrativa no meio da história para contar algo sobre os personagens. Melissa deu um efeito metanarrativo na maneira como esta foi apresentada. Outro detalhe pequeno e que poucos leitores se deram conta é de que só existe um personagem com nome na história: Tristam. A princesa é sempre referida como a Princesa e o dragão como o Dragão. Outro efeito típico de contos de fada.

Posso estar enganado, mas a narrativa seria em segunda pessoa? Me pareceu que a Princesa está contando a história para o príncipe, como se ela estivesse contando coisas que já se sucederam (ah.... não quero dar spoiler... tenho que me segurar aqui). Ou a narradora é alguém que conhecia a Princesa e Tristam e se referia a ele após saber dos acontecimentos. Essa parte não ficou inteiramente clara para mim. Mas, o efeito narrativo que isso dá a como entramos na história é bem diferente. Fora que existe uma boa divisão entre início, desenvolvimento e conclusão. Isso é perceptível a partir de leves divisões dos fatos: a chegada do príncipe na Torre, a convivência entre Tristam e a Princesa e o fechamento. A mudança no gênero narrativo para o plot twist que a autora quis fazer acontece no clímax da história, entre o desenvolvimento e a conclusão. Ali, a autora muda bastante o approach da história.

Uma coisa muito bacana destacado na entrevista da autora ao final da revista é a convivência entre os personagens que é algo não visto em contos de fada. Geralmente o príncipe aparece e faz o seu papel dentro da história. Não há tempo para que os personagens possam interagir. A autora também tenta tornar os personagens mais complexos ao apresentar um pano de fundo para eles. No geral, a história já é muito boa ao fazer uma releitura sobre histórias clássicas. Mas, na minha opinião, e é o que vale as três corujinhas, são os pequenos detalhes aqui e ali que fizeram da história única. É o estilo Melissa de contar histórias. Ou seja, recomendo fortemente a leitura.

Ficha Técnica:


Nome: Revista Trasgo nº 1

Organizado por Rodrigo van Kampen

Editora: AutoPublicado

Número de Páginas; N/I

Ano de Publicação: 2013


Outros Números:


Link para download:

www.revistatrasgo.com.br


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