Hammer e a Cabra vivem aventuras após os acontecimentos do primeiro. Eles precisam lidar com as consequências de suas escolhas em um mundo que não é mais o mesmo.

Dois dos personagens mais legais do livro The Vagrant recebem uma história solo. Fiquei muito feliz quando o Newman soltou essa novella para ser vendida na Amazon. Já fui sabendo que iria me divertir. E encontrei uma história incrível ainda por cima. Estamos diante de uma narrativa bem sensível e interessante contando um pouco da história da Hammer That Walks, uma personagem que vai se transformando ao longo da narrativa do primeiro volume da série.
A narrativa é construída em terceira pessoa, mas muito próximo da Hammer. Compreendemos o raciocínio da nossa protagonista aqui com detalhes. E somos capazes de perceber traços da ingenuidade e inocência, mesmo em toda a violência da personagem. Não podemos nos esquecer que a poluição feita pelo Usurper tomou conta da personagem. Matar é parte da natureza da mesma. Então a maneira como Newman coloca essa inocência violenta presente diretamente na fala e no pensamento da protagonista é riquíssimo. Uma coisa também que eu gosto demais na escrita do Newman é como ele consegue contar as reações de um personagem apenas através de gestos e expressões. Aqui, ele está diante de uma personagem infantilizada e cuja fala é bem limitada. E ele consegue lidar muito bem com isso.
A construção da Hammer That Walks é incrível. Claro, alguém que só queira ler a série principal não vai perder muita coisa aqui. Acontecem algumas coisas, mas o status quo não é muito alterado no final. Apesar disso, Newman aproveita para contar como aconteceu a depravação, o momento em que o Usurper transformou a Hammer. Até mesmo algumas das motivações que existiam na personagem acabam sendo passados durante a transformação. Porém, os acontecimentos de The Vagrant fizeram com que a personagem precisasse amadurecer e repensar suas ações. E essa mudança está diretamente ligada à presença da Cabra em sua vida. A Cabra representa os novos objetivos dela, sejam lá quais eles forem. O interessante é ver como a personagem começa a compreender o seu lugar no mundo. Que ela pode ter objetivos próprios e não necessariamente relacionados à sua existência como serva do Usurper. Se ela for alguém que vai fazer atrocidades ou defender aqueles que lhe são caros, será uma escolha dela.
Ou seja, um dos temas trabalhados é a liberdade de escolhas. É a possibilidade de bancarmos nossas ações. De sermos responsáveis pelas mesmas. A Hammer fica perdida agora que ela tem inúmeras escolhas por fazer. O que fazer com a recém-adquirida liberdade? Além disso, a liberdade também implica em responsabilidades. Ao precisar escolher, ela agora precisa quais os reflexos de suas ações para aquelas pessoas com quem ela se importa. O curioso é que em uma mente tão infantil como a da Hammer ela começa a perceber essas nuances. E até a influência que o seu passado e a sua personalidade pode ter com outras pessoas.
Gostei demais desse conto (está mais para conto do que para novella) e me deixou preparado para embarcar em The Malice, o segundo volume da série. Consegui me lembrar de algumas coisas da história, da escrita do Newman e do carinho que eu tenho pelos personagens que ele criou. Mesmo sabendo que ele pode matar qualquer um a qualquer momento. Mas, com a convicção de que se ele assim o fizer, é porque se trata de algo completamente necessário para a história como um todo.

Ficha Técnica:
Nome: The Hammer and the Goat
Autor: Peter Newman
Série: The Vagrant vol. 1,5
Editora: Harper Voyager
Número de Páginas: 38
Ano de Publicação: 2016
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