Chegamos ao fim de uma longa jornada. Veja o que acontece ao longo da vida de Hari Seldon e que o levaram a criar o conceito de psico-história.
Sinopse:
Origens da Fundação, de Isaac Asimov, é o último livro da série Fundação referente à aventura de Hari Seldon, o psico-historiador que alterou o destino de toda a galáxia. A obra traz tudo que se espera de Asimov: cenários grandiosos, tramas complexas, personagens incríveis, reviravoltas e muito mais do universo da Fundação.
Neste romance, o planeta natal da raça humana foi destruído. Mesmo com esse revés, os seres humanos foram capazes de expandir o seu domínio sobre outros 25 milhões de mundos. Como primeiro-ministro do Império, Hari Seldon, possui grande poder e deve contribuir para que a expansão universal nunca pare. Porém, ao perceber que esse impressionante número de mundos habitados podem mascarar o possível fim da realidade como a conhecemos, Seldon passa a questionar o que fazer para manter a humanidade viva.
7 livros. Uma trilogia e duas duologias. Para mim, ler Origens da Fundação foi um marco. Quando eu terminei de ler o livro fiquei emocionado: triste por ter que deixar um universo e personagens dos quais tanto me apeguei; e feliz com o fim de uma longa jornada. Certamente não é o melhor livro da série, mas a obra possui um profundo teor saudosista. Acredito que este tenha sido um dos últimos originais escritos pelo Bom Doutor. Isso porque ele está impregnado com alguns temas bem interessantes e que não são típicos de autores mais jovens.
Origens da Fundação é uma coletânea de contos que se passam ao longo da trajetória de Hari Seldon. Não existe uma história coesa, mas o tema do declínio da Fundação está presente. Começamos com um jovem e ativo Seldon e um imponente Cleon II como imperador e no final ficamos com um solitário Seldon e o fraco Agis (e depois um último imperador). Demonstra também o amadurecimento e o declínio dos personagens principais de Prelúdio à Fundação. Talvez este seja a obra até o momento em que Asimov mais desenvolve seus personagens. O amadurecimento da escrita do autor é evidente.
Sinto que o tema que permeia o livro é o declínio não só do Império, mas do próprio ser humano com idade avançada. É clara a associação que podemos fazer entre Seldon e o Império Galático. Talvez esta tristeza iminente fosse algo que assolasse o próprio Asimov. Ele vai perdendo suas pontes com o mundo pouco a pouco; à medida em que aqueles que ele amava morriam, eram assassinados ou simplesmente se dedicavam a outras coisas (como sua neta).
Assim como Prelúdio à Fundação, este livro é riquíssimo em detalhes sobre Trantor. Só que ao invés de ser uma jornada pelos vários setores, este se debruça mais sobre as políticas internas. Asimov trabalha com vários conceitos interessantes como a opinião pública, a desigualdade social, a apatia e a ditadura. Ele estuda com clareza como a população ajudou Trantor a entrar em decadência graças a apatia da população e a falta de vontade em buscar mudanças mais urgentes. E isso se reflete na nossa realidade com uma população desinteressada pela política e mais voltada para o "sabor do momento". Asimov escreveu Origens da Fundação na segunda metade da década de 1980. É um período de crise econômica e até ideológica já que a terceira via apontada pelo socialismo soviético chegava a seus anos derradeiros. Muitos intelectuais e idealistas se ressentiram deste contexto entrando em um estado de pessimismo absoluto. Expressões como o "fim da História" são atribuídas a esse período. Essa visão pessimista em contraste com a utopia de volumes anteriores da Fundação permeia muito os anos derradeiros de Seldon.
Os personagens são muito bem construídos e delineados. É o auge da habilidade de Asimov que também pode ser visto em outros livros como Os Próprios Deuses e O Fim da Infância. Desde as principais características dos personagens são apresentadas até as qualidades e defeitos e seus relacionamentos com outros personagens. A história em si é lenta. Asimov sempre teve como característica apresentar os obstáculos para os personagens de forma crescente. É como se eles tivessem que resolver problemas lógicos. Até hoje, apesar de ser um autor clássico, Asimov é um autor que não agrada a todos. Ele é um escritor do método científico. Por esse motivo os textos dele parecem científicos demais.
Acho válido a leitura de qualquer coisa escrita por Asimov. Mas, existem livros dele que são voltados para determinados tipos de público. Origens da Fundação é um fan service e o fim de uma jornada. Como eu disse no começo da resenha, é o encerramento da trajetória de personagens cujas histórias foram contadas desde os áureos tempos da ficção científica e terminada em uma era de pessimismo e reavaliação de valores. Um brinde ao Bom Doutor!
Ficha Técnica:
Nome: Origens da Fundação
Autor: Isaac Asimov
Série: Fundação vol. 7
Editora: Aleph
Gênero: Ficção Científica
Tradutor: Henrique B. Szolnoky
Número de Páginas: 408
Data de Publicação: 2014
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