Em está indo visitar sua filha Ange. Seus dons de vocalista de uma banda de rock parece que foram herdados por ela. Mas, Em está doente e enxerga a vida com um olhar saudosista. Sua próxima escolha irá definir o seu futuro para sempre.
Sinopse:
Na arte assim como na vida, é preciso mudar para poder viver. Mesmo quando seus fãs - e talvez seus amigos - pensam que ela poderia ser grande se você permanecer o mesmo para sempre. Em alguns casos, literalmente para sempre.
Esse é um livro bem complicado de se resenhar. Porque ele tem várias surpresas guardadas para o leitor. Mas, vamos tentar falar um pouquinho dele. Elizabeth Bear é habilidosa na arte de criar o contexto para uma história. Já tive a oportunidade de ler um romance longo dela chamado Range of Ghosts, e uma das coisas que salta aos olhos é o quanto ela consegue criar personagens interessantes. Essa é uma narrativa sobre a Em, uma cantora de rock cujos tempos de estrela já se passaram há muito tempo. Ela vai a um show de sua filha Ange e os bastidores começam a fazê-la se lembrar dos velhos tempos, de sucessos passados, de amores perdidos. Ela estar com um câncer terminal também faz com que ela repense uma série de situações e a coloca frente a frente com uma escolha que mudar sua própria essência.
A escrita da Elizabeth Bear possui bastante emoção e melancolia. Ser narrado em primeira pessoa pela protagonista auxilia nesse impacto diante do leitor. É curioso o quanto a autora esconde o jogo ao longo de toda a narrativa. Nos perguntamos por que um romance como esse foi parar em uma editora que publica fantasia e ficção científica. Isso porque não vemos nenhum dos elementos típicos do gênero. Eventualmente ele aparece, mas parece aquela longa espera para ser surpreendido. Não curti totalmente, mas a reflexão que ele suscita é bem diferente dos clichês de scifi. Achei o tamanho da história adequado para a narrativa sem tirar nem pôr. A autora faz um bom trabalho de nos fazer sentir empatia por Em até o último instante. E o leitor acaba deduzindo qual seria a escolha dela simplesmente por sabermos qual é o caráter e as peculiaridades da personagem.
Arte nasce da nossa alma, da nossa energia vital dinâmica ou apenas pelo fato de estarmos vivos? Essa é uma velha discussão que Bear traz à tona nessa narrativa. Sermos mortais provavelmente nos coloca diante de uma encruzilhada e nos tornamos pessoas que vivem intensamente. É isso o que faz de expressões como música, escultura ou pintura tão criativas? Ou uma pessoa sem alma ou sem previsão de morte pode produzir algo interessante? Pelo que pude inferir da narrativa, Bear acredita que a mortalidade faz o ser humano produzir com mais urgência. O nosso "prazo de validade" faz com que não sejamos assolados pela inércia, e talvez esse seja um dos lados mais produtivos da humanidade.
A relação entre mãe e filha também é explorada pela autora. Ange possui muitos dos talentos de sua mãe, mas não é Em. Possui suas próprias preocupações e dúvidas. Mesmo vendo a história sob a perspectiva de Em, conseguimos perceber sua filha a partir do não dito. Ange não aparece tanto na história, mas fica transparente a preocupação dela quando descobre o que aflige Em. Nossa protagonista fica buscando paralelos em sua trajetória, mas ao não encontrá-los fica um pouco mais tranquila em relação ao futuro da filha. Ela sabe que fez escolhas erradas e não gostaria de ver sua filha fazendo as mesmas. Porém, Em não tem arrependimentos. Afinal sua vida nem sempre pode ser resumida em escolhas precisas, mas também das falhas. Vemos uma personagem que coloca sua vida em perspectiva embora esteja em paz consigo mesma.
Ficha Técnica:
Nome: The Girl Who Sang Rose Madder
Autora: Elizabeth Bear
Editora: Tor.com
Número de Páginas: 22
Ano de Publicação: 2010
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