Após os terríveis acontecimentos em Quietus, Alana, Markus e Hazel conseguem ter um pouco de descanso. Mas, eles precisarão enfrentar o seu maior obstáculo: a separação.
Sinopse:
Da premiada dupla de autores Brian K. Vaughan (The Private Eye, Os Leões de Bagdá) e Fiona Staples (Mystery Society, Thor), SAGA é a arrebatadora história de uma jovem família lutando para encontrar o seu lugar no Universo. Fortemente influenciada por Star Wars e baseada em ideias que Vaughan concebeu ainda criança e, depois, como pai, SAGA retrata dois jovens amantes de raças alienígenas há muito tempo em guerra, Alana e Marko, que fogem das autoridades dos dois lados do conflito galáctico enquanto cuidam de sua filha recém-nascida, Hazel, que, ocasionalmente, narra a história.
Quando eles chegam a um novo e estranho planeta e se deparam com outros antagonistas, a pequena Hazel já é uma criança que sabe andar, enquanto os seus desafortunados pais, Marko e Alana, se esforçam para se manter em pé. Enquanto Hazel começa a pronunciar suas primeiras palavras, seus jovens pais passam por algumas crises no casamento. Alana torna-se usuária de uma droga do momento e Marko dá início a um relacionamento extraconjugal. Mas os problemas não param por aí... Inesperadas alianças irão acontecer e mudar totalmente o rumo dos acontecimentos!
Uma unanimidade no mundo todo, SAGA é um sucesso de crítica e de público e, em 2015, recebeu dois prêmios Eisner: Melhor Série Contínua e Melhor Desenhista!
O volume 4 é uma edição um pouco mais parada e voltada para o desenvolvimento de personagens. Por ser uma história que parece de grande escopo e na verdade é bem intimista, ela engana um pouco o leitor desatento. Saga é a história de Alana, Marko e Hazel e as dificuldades que eles passaram para viverem juntos (ou não). Claro que existem algumas situações bem bizarras como um robô com uma televisão no lugar da cabeça trucidando tudo o que ele vê pelo caminho, uma dramatização com personagens bem estranhos e um gato que detecta mentiras.
É preciso sempre ressaltar o quanto o roteiro do Vaughan é inteligente. Mesmo em uma edição menos agitada, ele consegue entregar uma história bem emocional e intrigante. O grosso dessa edição fica na relação entre Marko e Alana e suas diferenças, mas mesmo assim a história é uma baita viradora de páginas. Quando pensamos que vamos colocar a revista de lado, ele joga algo explosivo na sua cara. Não temos grandes revelações aqui, mas a maneira como o autor faz os personagens funcionarem, torna o roteiro muito simples de ser entendido. Como se trata de uma história bem estranha (mesmo para uma ficção científica), a gente imaginaria que tudo seria mais complicado para ser entendido. Mas, não é esse o caso. Vaughan nos apresenta algo tão simples de se entender que chega a ser assombroso. E ele varia bastante entre uma linguagem mais poética e algo mais impactante.
Nessa edição Fiona Staples pôde voar com os seus traços. Junto com a Emma Rios e a Sana Takeda, a artista tem os traços que eu mais gosto na Image hoje. Tudo é muito colorido, expressivo. E ela não fica intimidada em ter que nos apresentar uma imagem mais bizarra ou impactante. Logo no primeiro quadro, nós temos o nascimento do filho do Príncipe Robô IV. A primeira imagem é um parto visto em close. Eu levei uns trinta segundos para entender, sem acreditar. Tipo "ela desenhou isso mesmo que eu entendi???". Tem também outras imagens nessa pegada sexual, algumas belíssimas, como Alana e Marko tendo como fundo a nave no formato de árvore. Outros momentos são muito singelos, como Hazel aprendendo a dançar com borboletas incandescentes ajudando a guiar os seus passos. Os planetas que a artista cria são bem específicos como o lar dos robôs, Quietus ou Gardênia.
Essa edição é focada nas dificuldades do casamento. Como eles precisam se esconder de seus inimigos, Marko e Alana acabam precisando viver uma vida mais humilde e sem ostentações. Nada de chamar a atenção para si. Alana se envolve com o Circuito Fechado, uma espécie de trupe que filma novelas pastelão que os espectadores curtem. Estes podem influenciar nos rumos da história. Mas, tudo é muito caricato e Alana precisa passar por umas situações bem degradantes. Sustentar a casa se tornou parte de suas atribuições, já que Marko acaba ficando responsável por cuidar de Hazel e não consegue um emprego. Logo vemos o quanto essa nova dinâmica acaba afetando o casal. Vamos ver por um lado, Alana tentando esquecer um pouco de sua vida difícil e embarcando em um universo sem volta e do outro Marko tentando não sucumbir às tentações. A falta de diálogo entre ambos vai produzir uma dinâmica que leva ao final deste volume. Com todo o disfarce da ficção científica, Vaughan consegue nos apresentar uma história muito humana que acontece na maior parte das famílias hoje em dia. A pressão de sustentar a casa, a falta de perspectiva, a ausência de um diálogo entre as partes e a criança no meio de tudo.
Por outro lado, temos Dengo, um rebelde robô nilista que aparece subitamente na história. As motivações dele ainda são meio estranhas e acredito que Vaughan deve desenvolvê-lo melhor nas próximas edições. Enquanto Príncipe Robô IV permaneceu na Sextillion, sua esposa acabou tendo o seu filho. Vemos o quanto o universo do sexo e da satisfação fáceis atraíram Robô IV deixando sua esposa desguarnecida contra os ataques de opositores ou rebeldes. E é isso o que acontece. Quando o personagem acaba sabendo, Dengo já havia agido e feito miséria em sua casa. Fica aqui a minha observação de o quanto a visão do Rei Robô foi engraçada... Vejam só como ele é. Percebemos também o quanto o príncipe é instável: pode ser algo oriundo de um evento pós-traumático ocorrido durante as guerras que ele participou ou pode ser algo dele mesmo. Como o vemos pouco nessa edição, não dá para tirar grandes conclusões. Só que ele vai causar muita destruição nas próximas edições.
Essa edição foi menor em quantidade de histórias, mas as poucas na que se focou teve desenvolvimentos interessantes. Foi genial a ideia de Vaughan de alternar entre os núcleos de Alana e Marko e do Príncipe Robô e Dengo. De certa forma mantinha o interesse do leitor na história, já que Dengo aparecia para fornecer as cenas mais bizarras e sinistras. Toda vez que ele aparecia era para desequilibrar a narrativa de algum jeito. Com um foco maior na psiquê dos personagens, Vaughan continuam entregando histórias muito competentes aliado ao lindo traço de Fiona Staples que só melhora a cada nova edição.
Ficha Técnica:
Nome: Saga vol. 4 Autor: Brian K. Vaughan Artista: Fiona Staples Editora: Devir Gênero: Ficção Científica
Tradutor: --- Número de Páginas: 144 Ano de Lançamento: 2017
Outros Volumes:
Volume 5
Volume 6
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