Conheçam Jorg Ancrath, que quando menino, vê sua mãe e seu pequeno irmão serem mortos por bandidos. Depois disso ele é jogado em um arbusto de roseiras bravas. Essa é a história de sua vingança. E você está convidado a acompanhá-lo nesta jornada.
Sinopse: Ainda criança, o príncipe Honório Jorg Ancrath testemunhou o brutal assassinato da Rainha mãe e de o seu irmão caçula, William. Jorg não conseguiu defender sua família, nem tampouco fugir do horror. Jogado à sorte num arbusto de roseira-brava, ele permaneceu imobilizado pelos espinhos que rasgavam profundamente sua pele, e sua alma. O príncipe dos espinhos se vê, então, obrigado a amadurecer para saciar o seu desejo de vingança e poder. Vagando pelas estradas do Império Destruído, Jorg Ancrath lidera uma irmandade de assassinos, e sua única intenção é vencer o jogo. O jogo que os espinhos lhe ensinaram.
Quando alguém me falou sobre dark fantasy (ou grim dark), achei um rótulo bobo. Como as várias divisões do rock: rock progressivo, hard rock, white rock. No fundo tudo não passa de uma banda com guitarras, baixos, bateria e um vocalista (às vezes um ou outro instrumento musical diferente). Eu curto rock. E curto fantasia. Logo, dark fantasy seria apenas uma ficção de fantasia com uma ambientação diferente. Tomei um grande susto com a história. Diferente em muitos aspectos, a escrita do autor demonstra os seus erros e acertos, mas certamente mostra ao leitor algo novo.
A premissa é simples: Jorg Ancrath não é só um antiherói. Ele é o vilão da história e o protagonista. Um ser desprezível que não mede esforços para conquistar aquilo que almeja. Mesmo tendo uma infância definida por um acontecimento fatídico, tornou-se um homem cruel. Sua existência é regida por mantras e frases que mostram a sua visão distorcida da realidade. Quando Jorg entra em ação, conseguimos ver as engrenagens de seu cérebro maquinando formas eficientes de alcançar os seus objetivos. Não importam os meios empregados.
Prince of Thorns não é uma história de vingança. É uma longa ode à fúria presente no interior de um homem. Uma fúria cega e lacinante que precisa ser aplacada às custas de tudo e de todos. Quando Jorg está furioso, nem seus companheiros são capazes de escapar do terrível beijo da morte. Digo que não é uma história de vingança porque Jorg se esquece de a quem deveria conduzir sua vingança. Mesmo sob a influência de um feiticeiro, percebemos que o protagonista se pergunta muitas vezes se faz o que faz porque é obrigado ou porque simplesmente tem a necessidade. É como se suas ações correspondessem ao papel que ele desempenha no mundo. A roseira-brava não lhe tirou tudo: apenas lhe concedeu aquilo que estava no interior de seu coração.
Em vários momentos da história ele tem a oportunidade de se redimir. Chega a cogitar isso, mas realiza algum ato de puro ódio e escárnio. Entretanto suas ações parecem até um pouco petulantes em algumas oportunidades. O autor não é capaz de explicar através do enredo porque Jorg realiza algumas de suas "maldades". Se em um primeiro momento, o protagonista parece ser cool, no outro ele parece ser apenas um pequeno tolo armando o seu pacote de maldades do dia. Em uma primeira leitura, parece que Jorg não está disposto a explicar suas atitudes. Mas, se analisarmos mais detidamente, isso é apenas o autor não conseguindo explicar satisfatoriamente as motivações do personagem.
Os demais personagens estão presentes na história como peças de xadrez. O autor deixa isso claro ao matá-los sem qualquer pudor. Algumas vezes o próprio Jorg faz as honras. Algumas mortes são sem sentido aparente e chegam até a não ter a mínima serventia para a história. Existem outras formas de demonstrar a maldade inerente ao protagonista. Um dos pontos negativos de Prince of Thorns é uma tônica na trilogia: os finais insatisfatórios. Na minha opinião, nenhum dos três livros consegue encerrar a sua trajetória de uma maneira a recompensar o leitor. Seja um final triste, violento ou feliz, um final significa a conclusão e o fechamento dos plots iniciados na história (mesmo que alguns sejam apenas ganchos a serem explorados posteriormente). E não é isso que vemos. Quase sempre o final é anticlimático e não leva a ponto algum. O status quo muda de alguma maneira, mas o leitor fica com aquela estranha sensação de que algo está errado.
Enfim, Prince of Thorns é um livro que divide opiniões. Apresentando uma história em um estilo de fantasia diferente, temos um personagem que nos cativa pelos motivos errados. O enredo possui seus problemas, mas diverte o leitor. Os demais personagens são completamente dispensáveis, mostrando que o foco da narrativa é Jorg. O final deixa um pouco a desejar e é um ponto característico dessa trilogia.
Ficha Técnica:
Nome: Prince of Thorns
Autor: Mark Lawrence
Série: Trilogia dos Espinhos vol. 1
Editora: DarkSide Books
Gênero: Fantasia
Tradutor: Dalton Caldas
Número de Páginas: 360
Ano de Publicação: 2013
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