A morte do pai de Teriva vai iniciar uma onda de mudanças terríveis no mundo de Quatuorian. Enquanto forças ocultas se reúnem para atingir seus objetivos, Teriva, Vinich e Julenis irão iniciar uma longa trajetória para se tornarem guardiões do mundo.
Sinopse:
Mais de mil anos os separam. Uma profecia os une.
Uma revelação ocorrida há mil cento e onze anos pode ser a chave para impedir a deflagração do destino de Quatuorian. O segredo está guardado num templo deste mundo fantástico até um momento futuro em que a profecia anuncia o retorno do Imperador milenar.
O que está escrito no Códice dos Mestres é de importância vital para que Teriva, Vinich e Julenis salvem as quatro terras do mal que se instalou em Quatuorian. O pior, no entanto, ainda estaria por vir.
Essa é uma leitura, mas ao mesmo tempo é uma releitura. Conheci o trabalho da Cristina no ano passado durante um evento de divulgação de autores de fantasia nacional no Rio de Janeiro. Entrei em contato com a autora e depois ela gentilmente me ofereceu sua edição para resenha. Ainda era uma edição feita de forma independente, mas demonstrava o esmero da autora em criar um mundo fantástico e até em se preocupar com ilustrações e mapas. Já na época eu tinha achado o livro surpreendente. Mas, mais coisas viriam. Cristina teve seu livro republicado e repaginado pela editora Mundo Uno onde recebeu uma nova revisão e um tratamento diferenciado. O livro (grande na época em que eu li) foi dividido em dois volumes e algumas de suas partes foram aprimoradas de forma a destacar elementos da escrita e da narrativa de Cristina.
Algo que eu posso falar da escrita da Cristina é o quanto ela é gostosa. Tem essa pegada mais infanto-juvenil com jovem adulto, onde as informações são passadas de uma maneira bem gentil com o leitor. Apesar de a autora inserir uma série de informações diferentes como um mundo com vários sóis, um calendário diferenciado, sistema de magia diferente, rituais e festividades próprios, tudo é feito de forma a não causar o afastamento do leitor. A narrativa é posta em terceira pessoa, onisciente, com o leitor passando por cada um dos personagens importantes para a narrativa com Vorten, Teriva, Vinich e Julenis e alguns dados a personagens coadjuvantes como Versakes (que vai ser importante no segundo volume). A autora soube dosar bem as partes com diálogos com as descrições sem cansar muito o leitor. A revisão feita pela Mundo Uno caiu muito bem e tornou o que já era bom em algo ainda melhor. Minha única reclamação ficou no excesso de capítulos pequenos ou com uma ou duas páginas. Não precisava ser dessa forma, podendo ter sido incorporados em capítulos maiores. Não tiraria a velocidade frenética da narrativa. A presença de muitos capítulos causa uma quebra no raciocínio e muitas vezes o leitor faz uma parada nesse momento.
"- Tudo está registrado em uma série de profecias e explicado com pormenores em outro códice, do qual não devo falar no momento. Porém, as predições... É necessário que entendam: passamos por um momento de revelações proféticas importantes. Devemos nos preparar para os próximos sóis-azuis e para o destino de Quatuorian. Vocês fazem parte do que está sendo mostrado agora e precisarão fazer parte disso no futuro."
O ponto alto da história de Cristina está no desenvolvimento e na relação dos personagens. Os acréscimos feitos pela autora foram importantes para aprofundar ainda mais a amizade de Vinich e Teriva e o triângulo amoroso que se forma no início. Teriva é o personagem protótipo do herói: justo, corajoso e esforçado. Existe uma trama de vingança no arco do personagem que é trabalhado de forma sutil pela autora, mas vemos que o personagem está ali para inspirar os seus colegas. Vinich é o companheiro de Teriva e demonstra ser o amigo de todas as horas. Existe uma disputa entre os dois mais para a frente, mas a Cristina não usa isso para criar uma rivalidade ou uma inimizade entre os personagens. O personagem também esconde coisas que só serão reveladas mais para o final deste volume. Julenis começa a aparecer aqui, mas ainda vemos pouco sobre ela (no segundo volume a personagem ganha mais espaço). É uma mulher decidida e que corre atrás de seus objetivos. Não é a princesinha encantada que espera o seu amor que vem no cavalo branco. Nada disso. É uma personagem que aos poucos vai revelando diversas camadas.
O antagonista, Vorten, foi criado como um vilão clássico. Ele é maligno e ambicioso e ponto final. Muitas vezes queremos um vilão que seja encantador e até brilhe mais do que o personagem, mas eu gosto deste estilo clássico de construção de antagonista. Me faz lembrar histórias como as de Tolkien e as do Terry Brooks onde o vilão é mau e ponto. Vai mover céus e terra para levar adiante aquilo que deseja. Neste caso, o vilão é um degrau para a apoteose do herói. Ele está ali para constituir uma força a ser combatida e que irá provocar mudanças no status quo. Cristina trabalha bem esses aspectos e pouco a pouco o vilão vai encorpando e ganhando mais solidez. Quando a tragédia acontece no primeiro volume, a gente já estava esperando algo nesse gênero.
O sistema de magia criado pela autora é simples, porém muito eficiente. A gente tem algumas habilidades mágicas usadas por aqueles que são capazes de despertar o vitae. Podemos entender o vitae como o mana, e até fica a ressalva aqui porque a autora pegou emprestado alguns elementos culturais do Havaí. E a ideia do mana é havaiano (das ilhas do Pacífico, para ser mais preciso). Todas as habilidades compõem uma ideia de equilíbrio e não temos personagens super poderosos. Algumas situações precisam ser enfrentadas com inteligência. O próprio Vorten alcança seus objetivos a partir de muito planejamento e sutileza. Vou deixar para comentar sobre o pacifismo colocado pela autora no próximo volume do livro, mas vale a pena prestar atenção nisso.
Tudo que é dito sobre o mundo faz total sentido. Quatuorian é bem redondinho com suas regiões sendo apresentadas de forma harmônica para o leitor. Mesmo as diferenças culturais são colocadas naturalmente e vamos nos familiarizando aos poucos com o que significa tudo para os personagens e para o mundo em que vivem. Acho que o único ponto que ficou um pouco solto foi a religião que é mencionada pelos personagens vez ou outra, mas a gente não acaba entendendo bem como se relaciona aos mitos e lendas. Temos elementos lendários que são apresentados mais para a segunda parte desse primeiro volume, mas mais perguntas do que respostas são deixadas para nós. Eu sei onde isso vai dar, porém acredito que a autora tenha mexido um pouco nesse sentido.
“Não é qualquer pessoa, Teriva, que tem espírito e dedicação para permanecer nove sóis azuis em Crystallos na missão da guarda de Quatuorian.”
O Mundo de Quatuorian recebeu uma nova roupagem que deu muita vivacidade a uma obra que já tinha muita qualidade. O trabalho gráfico feito pela Mundo Uno ficou excelente com uma capa lindíssima, papel estiloso e uma fonte agradável aos olhos. A autora também aparou diversas arestas com a ajuda da revisão feita pela editora. Subiu demais no meu conceito até porque eu já acreditava demais no potencial da autora. Fora isso quero deixar o meu muito obrigado a Cristina por ter citado o nosso blog na última página do livro nos agradecimentos. Eu é que agradeço pela confiança e pela oportunidade de ter tido o contato com um trabalho tão competente.
Ficha Técnica:
Nome: O Mundo de Quatuorian - Cheiro de Tempestade Autora: Cristina Pezel Série: O Mundo de Quatuorian vol. 1 Editora: Mundo Uno Gênero: Fantasia Número de Páginas: 317 Ano de Publicação: 2017
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*Material enviado em parceria com a autora
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