Em uma edição bombástica, segredos serão revelados e uma guerra se aproxima cada vez mais no horizonte. Os lados já foram formados e Maika se encontra bem no meio da tempestade.
Sinopse:
Maika e Corvin fazem uma jornada através de uma terra distorcida e letal em busca de Kippa, que encara seus próprios monstros terríveis. Mas, quando Maika enfrente cara a cara um estranho de seu passado, verdades surpreendentes são descoberta, e no centro de tudo espreita uma conspiração perigosa que ameaça o Mundo Conhecido. Maika está finalmente próxima de conseguir todas as respostas que ela queria, mas a que preço?
O peso da verdade
Atenção: Tem spoiler para burro... Quarto volume... Não tem como não comentar sobre volumes anteriores.
Esse é um volume crítico para quem acompanha a série. Ficamos conhecendo muita coisa sobre o passado da Maika, até mesmo de coisas que ela própria apagou da memória. A relação entre ela e Moriko, e principalmente quem é o pai da Maika. Kippa também tem protagonismo nesse volume e acompanhamos a pequena raposa sendo levada pelos nekomancers até o seu destino final. No caminho, Kippa vai fazer de tudo para conseguir escapar da armadilha que lhe fora preparada. E, surpreendentemente, a Baronesa também tem seu papel maior na trama quando começamos a ver uma conspiração nos bastidores de tudo que envolve as Cortes da Aurora, do Alvorecer e a Federação (junto com a Cumaea). Este é aquele volume de preparação para coisas emocionantes que irão acontecer à frente. Pode ser um pouco chato pelo fato de não ter tanta ação (apesar de que tem uma luta suculenta entre a Maika e o Doutor mais à frente).
Talvez o tema-base que cerca este novo volume seja o preço que pagamos pela verdade. Todos os núcleos narrativos acabam descobrindo alguma coisa surpreendente que muda a sua visão sobre os acontecimentos. O único personagem que tem apenas os seus valores reforçados é Kippa depois de encontrar uma poderosa criatura. Vou discutir mais à frente, mas me parece que a verdade funciona como um alimento para o amadurecimento do personagem. É algo que o fortalece diante dos desafios que se aproximam. Tuya é uma mulher que esconde verdades. Se fez de fragilizada para obter o acordo com a Corte da Aurora e se casou com a Espada do Oeste. No começo dessa trama, imaginamos Tuya vulnerável, mas logo suas tramas começam a fazer efeito. Seu papel como a Baronesa envolve usar a verdade e a mentira como armas contra seus adversários. A personagem ganha todo um brilho como uma espiã fatal. Para Maika, a verdade é tudo; é a maneira que ela enxerga para entender o seu papel no mundo. O problema é que conhecer significa se expor a perigos inimagináveis. Por mais que a protagonista deseja ter o controle e a agência sobre a situação, isso lhe é retirado. O universo mostra a ela como o controle é uma noção efêmera.
Antes de voltarmos à questão das temáticas, quero destacar a arte da Sana Takeda que continua muito boa. Porém, como ela jogou a barra lá em cima, a gente acaba sendo mais exigente com ela. Até porque sabemos do que ela é capaz. Eu achei que este volume 4 tem altos e baixos. Os três primeiros capítulos estão bem abaixo do que a Sana consegue entregar. Achei o traço meio apressado e até com algumas escolhas estranhas de cores em alguns momentos. Salvo a interação de Kippa com a criatura, os demais momentos não me agradaram. Mas, a partir da segunda metade, vemos uma retomada do brilho da artista. O design dos capitães que estão junto do Doutor são incríveis. Eu adorei a maneira como a Sana imaginou Arcanics realmente poderosos. E eles parecem assustadores. A mescla de elementos tecnológicos com a magia inerente à série é muito legal. Tem uma cena de um "holograma" usado pelo Doutor mostrando um cenário super tecnológico ao fundo onde a artista foi muito detalhista.
Outro mistério que continua se aprofundando é o quanto os povos antigos eram avançados. Sabíamos de edições anteriores que a Imperatriz-Xamã conhecia muito de tecnologia. Ela praticamente fazia diversos experimentos perigosos e foi uma das primeiras a entender a fisiologia dos Deuses Antigos (e acabou se envolvendo com Zinn). Mas, nesses volumes começamos a descobrir mais detalhes e vemos o quanto os povos antigos detinham tecnologia responsável pelo desenvolvimento de arranha-céus, carros voadores e, possivelmente, viagens espaciais. Inclusive isso pode envolver Vihn que descobrimos ser uma criatura bem diferente de um Arcanic. Daí isso me fez coçar a cabeça e imaginar até onde vão as ideias de Marjorie Liu. Já temos deuses antigos, espadachins poderosos e agora... seres espaciais??? E antes que vocês comentem: ela faz isso de uma forma bem orgânica. Nada é forçado ou parece um caldeirão de insanidades.
A impressão que Maika tinha a respeito de sua mãe era errônea. Ela se dá conta a partir do momento em que ela é confrontada por memórias contraditórias. Não sei dizer o quanto disso foi a própria personagem que acabou fazendo por causa de sua vida conturbada. A verdade é que ela acabou percebendo o quanto estava enganada e precisou rever um pouco suas ideias. A relação com seu pai também é bem complicada como iremos saber um pouco ao longo deste volume. Cabe lembrar que a parte Arcanic da Maika vem da Moriko enquanto que a ligação com a Imperatriz-Xamã vem do seu misterioso pai. O que eu senti depois que passa este arco de revelações do passado da Maika me deixou com mais perguntas do que respostas. Tivemos boas respostas acerca das lendas por trás dos Monstrum e até da situação na Federação. Mas, faltou trabalhar um pouco a relação familiar da Maika.
Kippa vem se tornado um personagem de muito destaque. E pensar que ele era apenas o acompanhante fofinho da Maika no primeiro volume. As experiências que ele viveu na cidade portuária, em Pontus e esse sequestro de edições passadas o transformaram em um ser mais sábio. Ter escolhido ajudar o seu povo ao invés de permanecer ao lado de seus companheiros é a demonstração de que Kippa entendia que era necessário em outra parte. Percebemos desde as últimas edições que ele defende a coexistência pacífica entre humanos e as demais criaturas. Esta crença vai começar a pautar suas escolhas e a interferir na maneira como ele aborda Maika e seus outros companheiros.
Tenho adorado os trechos que se passam com a Tuya. A Baronesa tem se revelado uma personagem complexa e cujas motivações não são tão claras. O que sabemos é que ela pertence aos altos escalões da Corte da Aurora e que seu papel é como uma espiã. E Tuya realiza essa função maravilhosamente bem, apesar dos sacrifícios necessários. Por exemplo, vimos o quanto ela relutou em se envolver com a Espada do Oeste. O jeito agressivo e guerreiro da Dama Guerreira não combina com os métodos sutis da Baronesa. Além disso, existe também a discussão sobre o que fazer com Maika. Ambas possuem ideias diferentes sobre a Meio Lobo; a Espada deseja se livrar de Maika antes que ela cause mais problemas enquanto Tuya não sabe ao certo o que fazer apesar de ela também ter ordens expressas de eliminação. Quero ver ainda como vai ser o encontro entre Maika e Tuya. As duas eram melhores amigas... ou melhor, mais do que simples amigas.
Este volume 4, apesar de um pouco mais lento, tem muito conteúdo e desenvolvimento de personagens. Gostei de como a Marjorie incluiu a Tuya entre os personagens recorrentes. Ao mesmo tempo temos problemas familiares, um personagens se tornando mais sábio e uma conspiração que se aproxima no horizonte. Ah... e o Doutor. A arte da Sana começa meio fraca nos primeiros capítulos, mas volta a brilhar mais para o final.
Ficha Técnica:
Nome: Monstress vol 4 - The Chosen
Autora: Marjorie Liu
Artista: Sana Takeda
Editora: Image Comics
Número de Páginas: 176
Ano de Publicação: 2019
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