Duas edições eletrizantes!! Um meteoro inicia uma rota de colisão com a nave Sidonia. Um gauna modificado está guiando diretamente o meteoro e vai exigir um plano de ataque arriscado dos guardiões. Por outro lado, Kunato (ou melhor, Ochiai) dá continuidade ao seu projeto das quimeras gaunas.
ATENÇÃO: CONTÉM SPOILERS DE EDIÇÕES ANTERIORES
Sinopse:
Em três horas, Sidonia será destruída?! Com a mais nova invenção da kabi artificial, a guerra contra os Gaunas parecia finalmente acabar com a vitória da humanidade. Mas foi justo nesse momento que surge a maior ameaça de todas, literalmente: um asteroide muito maior que a nave Mass Union dos Gaunas está em rota de colisão com Sidonia! Os responsáveis pelo cálculo da rota do asteroide afirmam que a colisão é inevitável, será que a tropa de guardiões conseguirá dar um jeito nessa ameaça gigantesca?
ATENÇÃO: Tem spoilers das edições anteriores!!
Este quinto volume é bem tenso. As coisas começam a acelerar rapidamente e o roteiro do Tsutomu Nihei está afiadíssimo e nos deixa presos por quase toda a edição. Tanto no plano de ataque dos gaunas que ficam cada vez mais perigosos e parecidos com os humanos quanto nos planos de Oshiai que agora se revela uma ameaça verdadeira a todos. Os problemas que vi na edição passada não estão presentes nesta e mesmo a arte também está muito boa. Algumas discussões começam a ficar mais e mais claras com a evolução da humanidade. Lembrando que em Sidonia temos o Conselho Imortal formado por pessoas que obtiveram um tratamento para perpetuarem indefinidamente a sua vida. A pergunta que fica é o que sobrou para a humanidade fazer após isso. O Conselho não tem um direcionamento claro a respeito do que fazer além de colonizar outros lugares.
Temos alguns grandes desdobramentos nessa edição. A começar pelo surgimento de Ochiai que dominou a mente do Kunato no volume passado. Através de uma manobra inteligente, Ochiai havia deixado sua consciência no interior da mansão da família Kunato e foi através de uma tecnologia das indústrias Toua que ele transferiu sua consciência. Agora, Ochiai começa a colocar seus planos em andamento e ele parte para o laboratório de estudo de gaunas onde fica a Hoshijiro-gauna. Pelo que podemos ver, Nihei pretende colocar Kunato como um grande vilão agindo nos bastidores. Nessa edição, Ochiai está se inteirando dos personagens envolvidos na trama e já percebeu que o Nagate é o clone do seu velho companheiro. Só que ele ainda não entende Nagate como uma ameaça e prefere focar a atenção na capitã Kobayashi.
E temos a Hoshijiro-gauna que começa a ganhar uma consciência cada vez mais humana. A gente tem acompanhado os gaunas se mostrando cada vez mais desafiadores para a tripulação da Sidonia. Sem falar na existência do gauna Benisuzume que também tem a aparência da Hoshijiro. Uma questão levantada até no volume seguinte, mas que não é tão spoiler assim, por que os gaunas resolveram adotar o aspecto humano? Sua forma flexível e adaptável não seria mais eficiente do que usar o nosso aspecto? O que acontece com os gaunas? Outro fator importante é a relação que a Hoshijiro-gauna tem com o Nagate. O leitor fica se questionando se restou alguma consciência da Hoshijiro original nessa forma placentária. A doutora fica preocupada com as reações do Nagate justamente por que a presença da forma placentária está deixando o protagonista confuso acerca de o que é essa presença que se encontra na nave. De que maneira reagir a ela? A partir do momento em que a Hoshijiro-gauna ganha consciência, ela deve ser tratada como uma criatura que deve ser exterminada ou deve haver um movimento para compreender os gaunas? Essa dúvida perdura tanto no volume 5 como no 6.
O evento principal desse quinto volume é o meteoro em rota de colisão. Essa estratégia dos gaunas ao empregar uma rocha sólida espacial para destruir Sidonia colocou nossos personagens em grande tensão. Este plot correu por mais da metade deste volume onde vimos momentos desesperadores quando os gaunas transformaram o meteoro em uma espécie de fortaleza móvel. Gostei dessa mudança de ritmo e fez com que o volume ganhasse extrema velocidade. A gente passava as páginas nervoso. A propósito: não se apeguem muito a personagens porque o Nihei vai passando o rodo. As cenas de ação estão fantásticas com tiros para todo o lado. A ação é frenética e não para do começo ao fim. Temos uma parte da batalha no espaço e outra ao chegar próximo ao meteoro. Não vou nem dar mais detalhes porque acho este volume sensacional nesse quesito.
Já chegando no sexto volume queria tocar primeiro na evolução da arte do Nihei nestas duas edições. O que eu reclamei lá no terceiro volume sobre a dificuldade de entender as batalhas espaciais, isso mudou completamente de contexto aqui. Tem alguns momentos estranhos sim, é claro, principalmente em dois volumes onde a ação se tornou o foco central da história, mas no geral o autor se sai muito bem. Duas características do Nihei me agradam demais: a capacidade criativa dele de criar criaturas e construções completamente bizarras (alienígena mesmo) e a noção de espacialidade que ele tem. Em dois momentos essa espacialidade é mais clara para o leitor: toda vez que ele cria alguma paisagem dentro de Sidonia que parece maior do que aparenta e no meteoro que proporciona um excelente campo de batalha. Aliás, nada me tira da cabeça que o Nihei se baseou na Estrela da Morte do Star Wars para criar o cenário do meteoro. Os canyons dentro do meteoro proporcionam ótimas rotas para que os gaunas e os guardiões se enfrentem e torna a batalha mais emocionante. Isso sem falar nas splash pages que são de fritar o cérebro. Como foi bem feito aquilo. Temos splash pages com momentos dramáticos ou mostrando o perfil de personagens importantes na história. Tem uma splash page no final do volume anterior e no início desse mostrando o Benisuzume enfrentando o Tsugumori do Nagate que é de arrepiar.
Essa é uma edição mais tranquila do que a anterior evidenciando as consequências da investida do meteoro contra Sidonia. Um dos pontos principais é que os sucessos de Nagate deram esperança aos demais pilotos de guardiões. Dizia-se que Nagate que se tornou um ás estaria tirando um pouco da pressão nos pilotos e reduzindo um potencial de mortes. A criação das kabizashis artificiais também tirou muito dessa pressão. Dois fatores que trouxeram vida à nave quando antes se imaginava ser uma caminhada rumo à morte. Mas, as mudanças de tática dos gaunas estão assustando até mesmo o alto escalão da nave. Nessa edição vimos como os gaunas se adaptam a cada nova estratégia adotada pelos pilotos. Se na edição anterior a esperança aumentou com os sucessos de Nagate e seu esquadrão, nessa tudo vai por água abaixo com um acontecimento trágico. A ilustração desse novo contexto é o desespero da tenente Samari que vê vários de sua equipe serem mortos. E ela não consegue mais pilotar o seu guardião devido ao medo de levar seus amigos à morte. E isso porque estamos falando de uma das melhores pilotos de guardião. Imagine alguém como a Shinatose que deseja o fim de todo esse conflito.
Por falar na Shinatose vamos comentar brevemente (e sem spoilers dessas duas edições) sobre o triângulo amoroso (ou seria um quadrado?) entre ela, Nagate e a Hoshijiro-gauna. Isso se não incluirmos a vice-comandante Midorikawa no meio. Shinatose percebeu que o Nagate tem uma estranha fixação com a forma placentária Hoshijiro e, além de ficar com ciúmes, se preocupa com aquele que ama. Talvez a maior pergunta que se faz é se Nagate está tão fixado na Hoshijiro por que ele se culpa por ele não ter conseguido salvá-la quando ela foi morta ou se ele realmente nutria sentimentos por ela antes. Shinatose está entre a culpa e o amor. A gente até se ressente um pouco de o quanto a personagem é dedicada ao protagonista e o quanto ele não percebe o quanto Shinatose gosta dele.
Essa é uma edição onde vemos as maquinações de Kunato andarem mais. Sem dar muitos spoilers, basta pensarmos que o foco dos estudos dele é baseado na manipulação genética de híbridos (que ele chama de quimeras) entre gaunas e humanos. Na visão de Kunato/Ochiai o momento da humanidade passou. O próximo passo evolutivo está na forma dos gaunas aos quais ele teve maior contato no passado. Essa visão dele é bem exposta quando ele conversa com a médica que cuidava da Hoshijiro-gauna e depois em seu diálogo com a doutora Ren Shinatose (a avó da Shinatose). Ochiai entende a humanidade como menos do que lixo. Resta saber se o contato que ele teve com gaunas no passado mudou a mentalidade dele ou se ela sempre esteve lá. Tem uma situação que se dá neste volume 6 que me deixou absolutamente enojado (que tem a ver com fecundação). Demonstra o quanto Ochiai não se importa mais em ultrapassar determinadas barreiras para alcançar seus objetivos. No fim das contas, o que ele criou pode ainda ser considerado humano? O que provavelmente veremos no próximo volume é um confronto de ideias entre a solução quimérica de Kunato e a visão da Kobayashi com o modelo 19.
Ficha Técnica:
Nome: Knights of Sidonia vols. 5 e 6
Autor: Tsutomu Nihei
Editora: JBC
Tradutor: Denis Kei Kimura
Número de Páginas: 190 cada volume
Ano de Publicação: 2016
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