Uma enorme cratera surge no centro da cidade de Solian, lugar onde Ian mora. Agora o nosso herói, ao lado de Gmor, Sera e um estranho mapeador precisarão explorar os subterrâneos da cidade em busca da causa. Estranhos segredos se escondem embaixo do solo e deixarão ainda mais perguntas no ar.

Sinopse:
A ameaça das profundezas
Solian, a cidade onde Ian, Gmor e Sera moram, está tremendo! Isso não se deve a movimentos sísmicos da terra; algo está cavando túneis e mais túneis, criando depressões no meio das ruas e colocando em risco até as fundações da cidade. Dragonero e seus companheiros, com a ajuda de um personagem estranho – um mapeadorimperial especialista em catalogar as vias subterrâneas dos centros urbanos –, terão que descer às profundezas das cavernas que se ramificam no subsolo de Solian, onde uma equipe de anões está fazendo seu trabalho: cavar. Mas um perigo muito pior do que os belicosos, e pouco razoáveis mineiros, aguarda os nossos heróis escondido em uma profundidade jamais alcançada por homens, orcs, elfos... ou anões!
Luca Enoch tem feito um trabalho ímpar de ampliar a mitologia do personagem. Se Stefano Vietti se preocupava com o desenvolvimento dos personagens e suas relações, Enoch nos traz histórias rápidas e divertidas inserindo novos elementos a cada nova edição. O resultado é que nessas últimas edições o autor nos apresentou novos personagens e desafios, além de inserir sementes para histórias a serem trabalhadas em futuras edições. A HQ é um ponto bem interessante no catálogo da Sergio Bonelli Editore com aquele estilo de RPG que muito me agrada. Fui conquistado pela série, embora esta edição em particular seja mais leve e despropositada do que outras. De uma coisa os leitores podem ter certeza: serão bons momentos de diversão e uma HQ bem desenhada e roteirizada sempre. A gente pode discordar de alguns rumos tomados pelo autor ou até um artista que não agrade por esse ou aquele motivo. Mas, nunca desconsiderar a série.
O volume começa com alguns momentos divertidos na casa de Ian até que um terremoto abala a cidade e faz surgir uma enorme cratera em Solian. O burgomestre pede o apoio de Ian para enviar alguma expedição para descobrir a causa do problema até que eles se deparam com Radah'El, o mapeador imperial. Ele os leva a uma exploração insólita pelos subterrâneos da cidade que revelam a existência de anões que estavam ali em um projeto para a companhia dos anões. Só que o verdadeiro culpado pelo terremoto parece não ser eles, mas alguma outra coisa mais estranha. Os personagens seguem para regiões desconhecidas, levando-os às profundezas desconhecidas dos subterrâneos de Solian. Mas, quem foi o responsável pelo terremoto? E será que os anões realmente não tem nada a ver com o ocorrido?
Essa é uma edição repleta de novidades e Enoch consegue trazer todas estas novidades com bastante leveza. Se pararmos para pensar em todos os elementos trazidos, veremos o quanto ele construiu no enredo. Por exemplo, vemos os anões pela primeira vez nas histórias com mais atenção. O prefácio desta edição escrito por Enoch e Vietti nos conta que eles formaram uma espécie de sindicato que domina a exploração de minas de metais preciosos. Mais do que isso, eles possuem salvo-conduto para trabalharem da forma como eles desejarem, atestado pelo poder financeiro que possuem. Mesmo assim, são seres que vivem de acordo com suas regras e possuem suas peculiaridades como o ritual do bate-roupa que proporciona momentos bastante curiosos. Aliás, aplausos para Enoch que fez algumas mudanças sutis na forma como entendemos os anões, algo que está tão estereotipado graças a Senhor dos Anéis.

Conhecemos também um mapeador imperial, que não é a mesma coisa que um cartógrafo. Um mapeador é alguém responsável por explorar os subterrâneos, cavernas e ruínas e criar descrições detalhadas sobre esses ambientes. É engraçado ver Radah'El se indignando de se ver comparado a um cartógrafo e mostrando cada uma das diferenças. Nessa brincadeira leve, Enoch conseguiu fazer algo expositivo sobre as abordagens de cada uma das profissões sem ser maçante. E essa é uma tônica em seu roteiro. Não há a necessidade de ficar atirando indiscriminadamente informações de roteiro na cara do leitor. É possível diluir algo que é necessário para entender a história de várias maneiras diferentes. Pode ser um artigo como extra do quadrinho, pode ser uma piada, podem ser bêbados em um bar conversando, ou até mesmo uma edição inteira em uma reunião de batedores como foi uma história há volumes atrás. Enoch e Vietti são muito sagazes nesse sentido e em doze edições eles conseguiram criar um mundo riquíssimo em lugares e personagens a serem explorados.
A arte desta edição ficou a cargo de Cristiano Cucina, alguém que possui uma boa noção do uso do lápis. Dá para perceber a precisão e a solidez de sua arte em fundos ricos em detalhes. Seu enquadramento segue o padrão tradicional de quatro a seis quadros, mas ele gosta de entregar quadros grandes com bastante frequência. Isso fornece ao leitor uma noção de áreas amplas, muito espaço para movimentação. Alguns quadros desta HQ são imensos e gostei de como determinados espaços ganharam detalhes ricos em símbolos, runas ou se estavam quebrados ou em ruínas. Confesso que não foi uma arte que me agradou, mais por uma preferência mesmo do que por ser uma arte não muito legal. Mesmo assim, tenho certeza que a arte de Cucina irá agradar a todos.
Esta é uma edição bastante leve e divertida e quase me lembrou um dos filmes do universo Marvel. Vários momentos engraçados, principalmente entre Sera e Gmor que nos proporcionam diversão o tempo todo. Senti falta da Sera nessas edições justamente por causa dessa química dela com Gmor. E é curioso de ver o quanto o nosso orc desenvolveu uma relação bastante afetuosa com a elfa. Ela é a estrela dessa edição e várias das descobertas e revelações desta edição tiveram o dedo dela de alguma forma. Seja com o musgo que funciona como uma tocha até a erva soporífica. A linha desta edição é mais voltada para a exploração de um lugar desconhecido e para marcar a relação entre Ian, Gmor e Sera e deles com a cidade. Tem um momento que diz muito sobre o trabalho que Ian faz para que os humanos aceitem outras raças que é quando Gmor ameaça as pessoas da cidade para que eles parem de agredir o pobre mapeador que havia sido considerado como suspeito pela criação da cratera. As pessoas de Solian veem Gmor fazendo uma cara de mau e ameaçador, param e começam a rir do orc. Porque a cidade desenvolveu uma relação de amizade e confiança com ele.

Esta é uma edição que revela bastante e ao mesmo tempo nos deixa com várias pulgas atrás da orelha. Ficamos descobrindo alguns detalhes sobre uma civilização misteriosa que é responsável por algumas construções aos quais os habitantes de Erondar não sabem para que servem. Algumas pistas sobre o que pode ser nos fazem pensar que se trata de algum povo bastante avançado e que teria existido antes das raças principais. Mais mistérios a serem desvendados em futuras edições. No quesito aventura e diversão, este volume vai agradar aos fãs de uma boa história com momentos de ação e pancadaria, boa arte e tudo o que mais que já esperamos ver um quadrinho Bonelli. Não há muito mais o que contar, caso contrário vou entrar na área dos spoilers. E Enoch continua a nos entregar uma série de novos elementos de enredo. E... queremos mais Sera... foram várias edições sem a nossa querida elfa e suas eternas discussões e pegadinhas com Gmor. Ela fazia falta!


Ficha Técnica:
Nome: Dragonero vol. 12 - Ameaça das Profundezas
Autor: Luca Enoch
Artista: Cristiano Cucina
Editora: Mythos
Tradutor: Julio Schneider
Número de Páginas: 100
Ano de Publicação: 2021
Outros Volumes:
Vol. 0 Vol. 6
Vol. 1 Vol. 7
Vol. 2 Vol. 8
Vol. 3 Vol. 9
Vol. 4 Vol. 10
Vol. 5 Vol. 11
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