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Resenha: "Cabo do Medo" de John D. MacDonald

  • Foto do escritor: Paulo Vinicius
    Paulo Vinicius
  • há 3 horas
  • 8 min de leitura

Sam Bowden é um homem honesto que vive junto de sua família em um lugar incrível ao qual ele acaba de adquirir. Mas, Max Cady, um homem de seu passado o qual foi acusado de abusar de uma menina durante os tempos de Bowden no exército, volta para assombrar sua vida. E ele deseja nada além de se vingar de Bowden; e fará isso ameaçando sua família.


Sinopse:


Violento e visceral, Cabo do Medo foi publicado pela primeira vez nos anos 1950 e deixou leitores atormentados com sua narrativa brutal. Agora, é com muito orgulho que a DarkSide® Books recebe John D. MacDonald e sua obra-prima em nossa casa dos horrores. Até onde você iria para salvar aqueles que mais ama? Por catorze anos, o condenado Max Cady nutriu um ódio por Sam Bowden, um advogado de sucesso que ostenta uma família margarina e que, ao atuar como seu defensor público, pouco fez para evitar que ele fosse parar atrás das grades. Agora um homem livre, Max retorna à sociedade com sangue nos olhos e enlouquecido por uma sede de vingança pelo tempo e família que perdeu. E decide fazer com que toda a família de Sam pague por seu erro. Ícone do suspense, Cabo do Medo foi inspiração para não apenas uma, mas duas adaptações hollywoodianas de peso. A primeira estreou em 1962, com Gregory Peck e Robert Mitchum no elenco. Já a segunda é o remake de 1991, indicado em duas categorias no Oscar e dirigido pelo mestre Martin Scorsese, com Robert DeNiro no papel do ex-presidiário e Nick Nolte como o advogado. Talvez você se lembre da trilha sonora de perfurar os tímpanos ou dos closes de gelar o sangue. Mas o que fascina tanto em Cabo do Medo para justificar suas adaptações? Só lendo o livro e mergulhando na frieza de suas palavras para descobrir. Mas a Caveira dá uma dica: a trama é um thriller do começo ao fim, feita para ser lida em uma noite chuvosa, difícil de largar e mais ainda de esquecer. John D. MacDonald apresenta um angustiante jogo de gato e rato em que as camadas psicológicas da história se entrelaçam com a trama de vingança. Impulsionando seus personagens até o limite, o autor guia o leitor por uma jornada cheia de sentimentos conturbados de hipocrisia, insanidade e fúria. Princípios são traídos e somos confrontados com o questionamento sobre o limite entre o que a lei é capaz de fazer e aquilo que é correto. Martin Scorsese e Robert De Niro são 100% DarkSide, e essa parceria ainda vai trazer muita histórias para os leitores da Caveira. Cabo do Medo chega em uma edição casca grossa, tatuada e em capa dura, no padrão de qualidade quase psicopata da DarkSide® Books. Um livro que aguenta o tranco de uma viagem até os portões do Inferno... ou um passeio de barco.






No ano de 1991 estreava nos cinemas o filme Cabo do Medo, com um Robert de Niro em plena fama encarnando um canalha violento que colocava toda uma família à mercê do instinto mais primitivo de sobrevivência. Max Cady foi um personagem marcante na carreira de um monstro sagrado do cinema. Mas, poucos sabem que o filme teve origem em um curioso livro da década de 1950 chamado The Executioners escrito por John D. MacDonald, um autor de histórias policiais. A estrela de De Niro acabou por sublimar o livro como aconteceu em tantos outros casos. Mas, para os fãs de suspense ou para os aspirantes a escritores a obra de MacDonald traz boas lições narrativas sobre como escrever narrativas baseadas no puro medo.


O protagonista é aquele protótipo de americano padrão bem sucedido. Sam Bowden tem um bom trabalho como advogado, uma linda e fogosa mulher e dois filhos, sendo um menino e uma menina em sua adolescência. Ele acabou de comprar uma casa bacana em um lugar afastado onde pode curtir uma boa propriedade próxima ao mar. Seus hobbies envolvem sair com sua família para a praia levando seu iate na boa vida. Mas, seus dias de tranquilidade podem estar chegando ao fim. Quando estava no exército, Bowden teve como companheiro Max Cady, um homem selvagem e incontrolável. Durante o serviço militar, Cady acaba por violentar sexualmente uma jovem de quatorze, fato esse que foi denunciado por Bowden. Esta atitude causou vários anos de prisão para Cady e um sentimento voraz de vingança. No começo desta história, Cady acaba de deixar a penitenciária e descobre onde Bowden está morando. Logo em seu primeiro encontro, Cady jura a Bowden devolver em dobro aquilo que Bowden lhe causou. Mas, Cady fará seu algoz sofrer, destruindo sua família. Inicia-se um jogo de gato e rato entre os dois e Cady provará ser um inimigo feroz.


Essa é uma boa história de suspense tendo uma narrativa em terceira pessoa centrada na figura de Bowden. MacDonald tem uma escrita bastante compacta, indo direto ao ponto e sem rodeios. Dá para entender o motivo pelo qual o livro conseguiu ser facilmente adaptado para as telas de cinema, embora o filme consiga entregar melhor as características de Bowden e Cady. O estilo de texto é claramente narrativo, com uma boa quantidade de diálogos. O leitor consegue entender o texto numa boa sem necessidade de muitos flashbacks ou algo do gênero. Fica claro desde o começo da narrativa que a história é sobre Cady executando sua vingança contra Bowden que precisa defender sua família contra ele custe o que custar. Gosto de uma narrativa simplista e direta como essa; sinto falta disso hoje em que os autores parecem imaginar que é preciso inserir a todo custo alguma virada narrativa mirabolante saído de alguma novela mexicana rocambolesca. MacDonald é eficiente naquilo que entrega ao leitor.


Fiquei surpreso de ver a tridimensionalidade dos personagens na pena de MacDonald. Estamos falando de um livro de 1950 em que era mais comum uma visão maniqueísta das coisas. Você tinha o mocinho e o bandido. Ponto. Mas, tal não é o caso aqui. Mesmo Bowden sendo um homem justo e virtuoso, as circunstâncias o levam ao limite e ele se vê obrigado a tomar medidas pouco honestas para se livrar de seu rival. Desde subornar policiais, até contratar uns leões de chácara para dar uma sova no camarada. O filho mais novo de Bowden acaba desenvolvendo uns instintos de violência bem preocupantes, desejando matar de maneiras pouco legais o indivíduo. Ou até o detetive que tem uns conhecimentos pouco discretos sobre como lidar com a situação. Os personagens da narrativa são bastante humanos e falhos. Claro que Cady é a representação mais pura da vilania, mas os demais personagens não são perfeitos. Isso produz uma empatia maior da parte do leitor. Por exemplo, em vários momentos Bowden faz atitudes reprováveis e ele se arrepende disso mais tarde. Esse sentimento é compartilhado por nós que ficamos chateados no começo quando ele decide tomar uma rota não muito agradável, mas sentimos que isso foi o papel de um marido que desejava proteger aqueles que ama.


Este é um excelente exemplo de narrativa de suspense que te deixa tenso o tempo todo. Isso se dá por dois motivos: o sentimento de medo e a ausência do antagonista. Hoje temos o hábito de pensar que o medo precisa ser gerado a partir do susto. Do momento flash. Do ato de virar uma esquina e uma criatura assustadora ir atrás do personagem em um milésimo de segundo. Somos pegos no contrapé e sentimos medo. Só que essa é a forma mais fácil de causar esse sentimento. O medo pode ser gerado a partir de toda uma construção narrativa. A história vai colocando Bowden pouco a pouco contra a parede. Ter um inimigo próximo causa uma tensão em que o oponente pode estar espreitando e atacar a qualquer momento. Em Sobre a Escrita, Stephen King fala das histórias que ativam o nosso instinto mais primitivo de sobrevivência. Aquela em que o corpo passa a agir de forma independente para proteger sua prole contra o inimigo mais poderoso. E o ser humano passa a agir sem se importar com os métodos empregados. Isso porque o sentimento de medo já tomou conta de nosso cérebro e paramos de pensar nas normas sociais.


E aí vem o segundo elemento que são as longas ausências de Cady. Durante boa parte da trama, o antagonista é apenas aquele sujeito que está à espreita, o caçador armando sua emboscada. Nós não precisamos visualizar Cady para sabermos que ele pode causar algo muito ruim aos personagens. Basta ele estar sentado em cima de um capô de carro fumando um cigarro ou no bar acenando com um copo de whisky enquanto o protagonista consegue quase ler sua mente em que ele traça maneiras deturpadas de matar e torturar os seus familiares. Saber trabalhar as ausências também confere um aspecto aterrorizante à trama. Em O Iluminado, King transforma o Hotel Overlook em uma massa de miasma maligno e sem ficar enfiando momentos assustadores toda hora. Basta fornecer um relato sobre as coisas que aconteceram, insinuar situações, usar de simbolismos para mostrar o quanto os personagens estão com medo. Mesmo no final, no momento climático da trama, Cady está cercado por uma aura de ausência. Sabemos que ele fará algo, mas não de onde a tentativa sairá ou como ele irá atacar. E isso provoca uma sensação de impotência que aumenta o medo exponencialmente.


Outro tema muito bom que aparece na trama é o da justiça. Bowden é um homem correto, que age dentro das restrições impostas pela lei. Em sua visão, é a lei que separa os homens dos animais ou dos seres mais primitivos. Uma visão bastante hobbesiana da coisa; se o protagonista me tivesse sacado um "estado de natureza" eu não teria estranhado. Mas, as linhas de justiça começam a se tornar turvas com a existência de Cady. Em um primeiro momento Bowden insiste em usar as ferramentas da polícia e da justiça para buscar assustar seu inimigo. Denunciando-o, fazendo a polícia ser mais rigorosa. Só que isso vai se tornando mais e mais excessivo à medida em que o personagem se dá conta de que não consegue fazer nada contra ele. Aos poucos ele vai caindo em uma espiral de dúvida onde a selvageria vai se tornando a resposta ideal para lidar com um homem violento como Cady. MacDonald busca explorar essa dicotomia entre o selvagem e o civilizado ao buscar tentar o protagonista a se tornar alguém como Cady, que não vê escrúpulos em empregar a violência para alcançar seus objetivos. É como se estivéssemos vendo uma linda escultura de vidro começando a rachar com uma pressão vinda de fora para dentro. Resta saber se a escultura consegue se manter inteira, mesmo que com alguns rachados.


História muito boa embora ache que em alguns momentos temos algumas situações desnecessárias. A própria discussão sobre justiça força a barra para que Bowden perceba o quanto a justiça é inútil contra Cady. Faltou naturalidade a alguns momentos. Mesmo assim, a narrativa supera bastante as expectativas que tinha sobre a história com MacDonald entregando uma boa história de suspense à moda antiga. Infelizmente preciso dizer que o filme é bem melhor do que o livro. E o aspecto comparativo é impossível de não ser feito até porque sou fã do De Niro. Não consigo não imaginar Cady com as feições do ator, embora não seja essa a descrição que MacDonald empregue. Nesse sentido a obra perde alguns níveis e fiz de tudo para dissociar livro de filme, mas fui mal sucedido no processo. Gente... é Robert De Niro brilhando. Não tem como.











Ficha Técnica:


Nome: Cabo do Medo

Autor: John D. MacDonald

Editora: DarkSide Books

Tradutor: Leandro Durazzo

Número de Páginas: 224

Ano de Publicação: 2019


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