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Resenha: "Change" de Ales Kot, Morgan Jeske, Sloane Leong e Ed Brisson

Uma estranha trama envolvendo um rapper com ares de grandeza, uma roteirista em busca do estrelato, um menino com medo de perder sua mãe que passa por uma depressão e deuses antigos lovecraftianos. Se preparem para entrar em um mundo que vai explodir a sua mente.


Sinopse:


Los Angeles foi Atlântida um dia, e está prestes a se tornar uma cidade inundada novamente. As pessoas que podem ser capaz de impedir isso de acontecer são um bando bem instável - um rapper ridiculamente rico chamado W-2, uma roteirista enfurecida que se tornou uma ladra de carros chamada Sonia, um misterioso astronauta que está voltando para a Terra vindo de Marte e um estranho completamente maluco com uma história bem diferente a ser contada. Contra eles: cultistas insanos, operadores da NSA agindo na ilegalidade e algo maior e mais terrível surgindo no Oceano, além do próprio tempo. Sem pressão!






Sabe quando você tem um bando de ideias completamente desconexas, porém divertidas e depois de uma noitada com os amigos decide colocar tudo dentro de um caldeirão e mexer até virar alguma coisa? É mais ou menos isso que é Change. Me lembro de que quando estava lendo o primeiro capítulo as minhas primeiras impressões foram estranheza e vontade de abandonar a HQ. Mas, decidi ficar para ver no que ia dar já que era uma história pequena e fechada. A maluquice só vai aumentando mais e mais até que no final você fica se questionando se bebeu demais ou se não entendeu nada do que leu antes e não tem a menor vontade de reler. E o pior de tudo: a arte é até legal e entrega alguns conceitos bons, mas caramba... Vou tentar fazer uma resenha e explicar mais ou menos do que se trata a história e tenho certeza que não vou conseguir nem a 10% de fazer sentido. Spoiler: não foi uma boa experiência.


Tudo começa quando W-2, um rapper que teve uma ideia genial para um roteiro de cinema, envia suas ideias para Sonia, uma roteirista que está tentando ganhar seu espaço no difícil mundo de Hollywood. W-2 imaginou uma história envolvendo uma mulher grávida que nunca teve relações sexuais e um monstro nascido dos piores horrores da humanidade. Só que Sonia acaba criando um roteiro "criativo" demais para os padrões de W-2. Isso faz com que ele tenha um xilique em pleno escritório e demita Sonia que, para se vingar, rouba o carrão favorito dele. Isso provoca toda uma sequência de eventos incontroláveis envolvendo um culto ligado aos Velhos Deuses, um astronauta retornando do espaço e que possui muitas questões a serem resolvidas, e um garoto que teme perder sua mãe que se encontra em uma profunda depressão. Alianças improváveis nascerão e o próprio destino da humanidade vai estar nas mãos de Sonia e de W-2. Ou seja: estamos ferrados.


Para combinar com essa atmosfera de terror bizarro, Morgan Jeske empregou uma arte bastante irregular e incomum ao longo da HQ. O resultado final me fez pensar em HQs underground onde os artistas realizam diversas experimentações com quadros, requadros e design. Aqueles que gostam de entender como o autor usa os quadros ou se existe um padrão nisso, podem esquecer. Jeske nem sempre vai pelo mesmo caminho. Nas primeiras edições ele chega até a usar miniquadros focados em expressões faciais dos personagem seja um close nos olhos, na boca, no perfil do rosto. O que percebo é que o artista entende os quadros realmente como janelas para a observação dos personagens. O leitor é convidado para dar uma olhadinha no que está acontecendo. Mais para o final, quando a história toma proporções mais "cósmicas", ele passa a empregar quadros maiores ou até sequências de quadros lado a lado em que uma cena ou um conceito é construído. Um bom exemplo disso é no capítulo 5 quando Jeske dispõe 4 quadros lado a lado com o formato de números simbolizando uma contagem regressiva. O design de personagens puxa mais para o sujo e o cinza e, para quem gostou de Projeto Manhattan (do Jonathan Hickman e do Nick Pitarra) a arte é bem parecida com a do Pitarra, mas menos vinculada às cores como o autor faz ali. A colorização de Sloane Leong vai se concentrar mais no emprego de verde e cinza, o que geralmente é uma escolha estranha, mas em se considerando o que acontece na HQ é até lógico. Falo dessas duas cores, mas tem uns momentos nojentos que se passam dentro da massa encefálica rósea de um personagem. O visual é chocante e as cores ajudam a dar mais vivacidade à cena.


O que posso falar do roteiro? Bom, o que dá para perceber é que toda a história dos cultistas e da conspiração envolvendo a NSA é mais um simbolismo para uma narrativa sobre três pessoas com seus problemas e suas vidas abaladas por uma situação-limite. Vou comentar mais abaixo sobre esses personagens, mas sob um aspecto geral o roteiro é bastante confuso. Se o leitor não tiver um mínimo de atenção, os detalhes vão lhe escapar e perder o fio da meada é bem simples. Me incomoda que o roteiro é bastante desatento e meio cortado em partes. Na hora de fazer o processo de edição alguns trechos sensíveis devem ter sido cortados do produto final, mas como se trata de um texto denso e que apela para o aspecto figurativo, qualquer corte acaba produzindo uma quebra na compreensão do todo. O resultado é algo que parece incoerente (e provavelmente é mesmo), mas que transborda ambição e ousadia. Sabe quando você tem uma história completamente insana e inacabada, mas dá aquele ar de que tudo é friamente calculado? É isso. Até tem algumas boas reflexões, mas as coisas se perdem em algo que inventa demais e entrega de menos. Na minha visão, se o roteiro fosse mais contido e intimista e contasse histórias reais, de pessoas reais com problemas reais, sem apelar para o terror lovecraftiano nonsense, Change seria mil vezes melhor.


W-2 é um rapper que ambiciona construir o seu legado. E para isso ele não quer apenas continuar na música e ganhar rios de dinheiro. Ele quer produzir mais. Quer mostrar que sua mente é criativa o suficiente para explorar outros veículos de comunicação. Para isso ele cria a sua história de terror insana com aquilo que ele visualiza colocar através de filme e música. Mas, não dá certo. O rapper se depara com a realidade de que não tem metade da criatividade que imaginava ter. Rhuibarb, sua companheira, vive brigando com ele e ele está ficando triste e cansado com isso. Depois que ela disse a ele que está esperando um filho, sua relação com ela mudou do vinho para o vinagre. W-2 não sabe se fica feliz pela chegada de um filho ou com ciúmes de ter perdido a mulher que ele conheceu, que curtia sua música e sua vida. Depois de despedir Sonia, Rhuibarb e W-2 começam a ser perseguidos por um estranho culto que alega estarem a mando dos Deuses Antigos. Para o nosso personagem, tudo não passa de uma pegadinha de algum dos seus amigos idiotas. Só que as coisas começam a ficar cada vez mais sérias. E a questão que fica é: o que W-2 realmente deseja? Essa postura de estar acima dos outros vai precisar ser deixada de lado para que ele assuma suas responsabilidades. Principalmente se ele deseja manter Rhuibarb ao seu lado por muito tempo. Quanto aos cultistas? Bem... ele precisa descobrir quem diabos são esses caras.


Já Sonia tem um colapso nervoso total depois de ser demitida por um rapper idiota metido a roteirista de cinema. Ela não consegue acreditar na audácia do sujeitinho. Misógino e babaca, W-2 coloca todo o trabalho e esforço de Sonia no ralo por um xilique. Ela explode no telefone com a pessoa que a indicou a ele e decide fazer uma maluquice: roubar o carro favorito do rapper e sair dando a louca na cidade. Sonia parece finalmente ficar em paz consigo mesma, embora saiba que sua carreira de roteirista foi para o ralo e vai se abrigar na casa de alguns conhecidos que ela julga serem seus amigos. Lá no fundo ela sabe que está sozinha em LA e nada poderá ajudá-la quando a desgraça vier. É então que ela vem, mas não na forma como ela esperava. Um grupo de agentes da NSA em uma missão que tem toda a cara de ser ilegal começa a matar todas as pessoas que estavam na casa. E parecem realmente estarem atrás dela, especificamente. Sem entender o motivo, ela se esconde na banheira e aguarda pelo pior. Para poder fugir dessa, ela vai precisar buscar abrigo no lugar mais improvável possível: junto de W-2.


Também temos a história de um jovem garoto e sua mãe que precisam lidar com a difícil realidade de suas vidas. Um cotidiano sem graça cujos obstáculos parecem ser intransponíveis. A mãe está lutando para continuar sã, mas a vida é mais do que a luta e a resiliência. E esta parece estar chegando ao fim. A mãe está decidida a tirar sua própria vida e seu filho tenta a todo custo demovê-la dessa ideia. O que veremos a seguir é o menino fazendo todo o possível, mas falhando miseravelmente no processo. O que isso o tornará no futuro? Aliás, parece que há algum problema ou doença com ele, algo que faz sua mãe chorar e se desesperar e levar a tomar tamanha atitude. Anos depois veremos o mesmo rapaz refletindo sobre o que aconteceu no passado e pensando se a culpa daquilo tudo não seria do próprio mundo ou do universo que permitiu que algo assim se sucedesse. Sua mente se divide entre um coração puro e uma pessoa revoltada com o rumo de sua vida. E isso, no momento adequado, pode ser a diferença entre a condenação ou a salvação do mundo.


O que eu fiz nessa resenha foi espremer ao máximo o limão que é essa HQ. Tirar leite de pedra. Sinceramente não recomendo essa história, a menos que você seja um fã do autor ou do artista. É algo que nem vou encostar mais e vai para algum outro leitor que talvez tenha mais afinidade do que eu. Coerência é um assunto sério e por mais ambicioso que um roteiro almeje ser, ele precisa ser compreensível. Caso contrário estarei escrevendo para o meu grupo seleto de amigos e não para leitores em geral. O roteiro é fraco, a escrita é incoerente embora a arte seja até muito boa. O desequilíbrio no cômputo geral é evidente.










Ficha Técnica:


Nome: Change

Autor: Ales Kot

Artista: Morgan Jeske

Colorista: Sloane Leong

Letrista: Ed Brisson

Editora: Image Comics

Número de Páginas: 128

Ano de Publicação: 2013


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