Anna sofre de crises de asma. Por conta de sua fragilidade, ela não consegue retribuir o amor de sua mãe. Para tentar melhorar sua saúde, ela é levada até o interior onde conhece uma estranha menina chamada Marnie. Esse contato fará com que ela conheça novamente o significado do amor e da amizade.
Sinopse:
Anna não tem nenhum amigo - até que ela encontra Marnie entre as dunas de areia. Mas, Marnie não é o que parece...
Enviada para longe de sua casa adotiva por um longo verão até uma vila pacata em Norfolk, Anna sonha com seus dias fora de casa entre as dunas de areia a os pântanos.
Ela nunca esperava encontrar uma amiga como Marnie, alguém que não julga Anna por ser comum e por nunca tentar nada. Mas, logo que Anna descobre a beleza da amizade, Marnie desaparece...
Algumas obras tendem a falar com o mais profundo de nossos corações. Elas de alguma maneira fazem com que a gente pense quem somos, como somos e como nos relacionamos com o próximo. A protagonista da história se parece um pouco como nós: fragilizada, encerrada em si mesma e incapaz de sentir. Até que ela encontra alguém que a escute. No fundo, tudo o que precisamos na vida é de alguém que nos escute, nos dê um pouco de carinho, nos faça companhia. When Marnie Was There é uma linda história de uma menina que tudo do que ela precisava era de companhia.
Anna é uma menina que sofre de asma. Não bastasse seu problema respiratório, Anna foi adotada por uma mulher que ela chama de Tia que a ama. Mas, Anna não consegue retribuir o amor da Sra. Preston. Ela se sente incapaz de retribuir por achar que a Sra. Preston a cria por obrigação e até recebe dinheiro por isso. Os estudos de Anna não seguem e a Sra. Preston decide enviar Anna para o interior onde ela será acolhida pela família Pegg. Em um espaço mais aberto, talvez a asma de Anna melhore e ela seja capaz de se abrir mais. Nesta bela cidade do interior, Anna segue até uma praia onde é capaz de sentir a brisa do mar. Mas, seguindo a linha da praia existe uma casa em uma espécie de pântano. Durante boa parte do dia é possível chegar até a casa a pé, mas à noite a maré cobre toda a casa. Anna vê o reflexo de uma menina no ponto mais alto da casa. Durante suas explorações e suas visitas até a Casa do Pântano, Anna conhece Marnie. Marnie será a primeira grande amiga de Anna. Mas a estranha menina de vestido branco e cabelos loiros esconde segredos que irão se chocar com a vida de Anna.
When Marnie Was There segue o ritmo de um conto de fadas. Levando em consideração que a autora escreveu sua história na década de 1960 e seu público girava no infanto-juvenil, a história é coerente com a sua proposta. O enredo coloca aquela pitadinha de magia necessária para tirar a história do lugar-comum. Impossível não comparar o enredo do livro com a animação japonesa que se baseou no livro. Aqui vemos que a autora preferiu manter mais o pé no chão. Enquanto que na animação do studio Ghibli, Hiromasa Yonebayashi preferiu abrir asas à imaginação, Joan G. Robinson procurou estabelecer desde o primeiro momento que a história é sobre Anna. Marnie é apenas um instrumento literário para fazer o enredo andar. Existe sim os elementos estranhos e mágicos, mas eles quase não estão presentes na história.
Ficamos então com a protagonista. Achei a protagonista mais verossímil aqui no livro. O comportamento da protagonista me incomodava um pouco na animação. Ela era sofrida demais; aqui vemos apenas uma menina que tem dificuldade de se relacionar com as pessoas. Ao conhecer Marnie ela encontra alguém com quem pode conversar e expor seus sentimentos e angústias mais profundas. Marnie funciona como um remédio para a timidez de Anna e expõe suas fraquezas através de seu jeito puro e simples de pensar. Anna se sente acossada pelas perguntas de Marnie, perguntas essas que ninguém era capaz de fazer à menina.
Se eu não tivesse visto o filme antes, não teria imaginado aquele final. A animação fornece elementos que fazem com que a gente desconfie de que Anna e Marnie possuem algum tipo de relação. Aliás, Joan G. Robinson usa um argumento bem plausível para a história que ela apresenta: Marnie poderia ser apenas Anna em algum tipo de delírio. Os Lindsays desconfiam disso, mas, claro, trata-se apenas de uma possibilidade. A personagem da pintora que age como alguém que conta a história foi modificada na animação. Achei a opção de Yonebayashi acertada. Gillian funciona como o detetive Poirot de Agatha Christie: ela serve para ligar os elementos dispersos na história e contar alguma coisa plausível. Esse recurso literário me incomoda um pouco. Acho ele desnecessário... isso porque é interessante quando o próprio leitor é capaz de ligar os pontos.
Os demais personagens funcionam mais como satélites orbitando ao redor da protagonista. A família Pegg age mais como personagens reais. Enquanto na animação, a família é banalizada servindo apenas como um lugar onde Anna dormia, no livro vemos uma participação maior da família. Eles possuem sentimentos e chegam a se incomodar um pouco com as reações de Anna. O mesmo eu posso dizer dos Lindsays. Adorei a maneira como eles aparecem no momento em que Anna está com seu coração mais aberto. Depois do contato com Marnie, Anna agora estava capacitada a voltar a se relacionar com as pessoas. Foi essa a mensagem deixada por Joan G. Robinson.
A história tem muito impacto emocional. Não possui um enredo estupidamente complexo e consegue entregar ao leitor tudo o que ele precisa. Os capítulos são curtos, ou seja, a história acaba passando bem rápido. A autora não perde muito tempo com os pensamentos da personagem, passando diretamente às suas reações emocionais ao que lhe acontece ao seu redor. When Marnie Was There não tem restrições de público e na minha edição digital foram incluídas várias ilustrações bonitas representando algumas cenas.
Ficha Técnica:
Nome: When Marnie Was There
Autora: Joan G. Robinson
Editora: Harper Collins
Gênero: Fantasia
Número de Páginas: 290
Ano de Publicação: 2014
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