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Foto do escritorPaulo Vinicius

Resenha: "Triquetra" de Kirstyn McDermott

Todos nós já nos perguntamos o que acontece depois do "felizes para sempre" em Branca de Neve e os Sete Anões. Preparem-se para uma história sombria criada por Kirstyn McDermott que nos coloca diante de pessoas desequilibradas.

Sinopse:


"Triquetra" de Kirstyn McDermott é uma novelleta de fantasia sombria sobre a frágil relação entre Branca de Neve e sua sogra depois que Branca se casou com o príncipe e teve sua própria filha. Ela visita sua madrasta todos os meses prometendo matá-la de formas cada vez mais horríveis, ao mesmo tempo em que se mantém longe do espelho mágico que começou todo este drama.




Reimaginar uma obra tão antiga quanto contos de fadas é sempre uma tarefa difícil. É preciso dar a sua própria versão da história, criar uma nova identidade e mostrar que aquilo é algo seu. Dar uma identidade. Kirstyn McDermott certamente me surpreendeu positivamente com essa recriação da história de Branca de Neve, mas seguindo os fatos após o término do conto original. A autora inseriu o universo literário em uma dark fantasy, e digo bem sombria mesmo porque não temos pessoas lá muito normais nessa história. Tirando talvez a filha de Branca, todos os demais sofrem com alguma condição oriunda de feitiçaria ou simplesmente de obsessão.


Branca de Neve se casou com o príncipe Klaus e teve uma linda menina de cabelos loiros e olhos verdes. A bruxa má, sua madrasta, se encontra presa em seu quarto, repensando suas maldades e o quanto ela quase destruiu toda a sua família. Mas, essa normalidade parece estar chegando ao fim. Klaus não procura mais os encantos de Branca e esta começa a se preocupar com os olhares que o príncipe dá à sua filha que cresce cada vez mais encantadora. De vez em quando uma de suas amigas, Lady Heron, vem buscar os conselhos do espelho mágico. Branca percebe a angústia no coração de Heron toda vez que ela sai do quarto do espelho, que sempre permanece fechado. Em um misto de desespero e angústia, Branca pede os conselhos de sua madrasta sobre usar o espelho. Ela alerta sua filha adotiva de que o espelho é um ser maligno que espalha seus tentáculos pelo lado sombrio de nossos corações. Uma vez que o utilizamos, ele coloca uma semente sombria em nosso íntimo. Algo do qual nunca mais nos livramos. Mesmo com os avisos de sua madrasta, Branca decide fazer o impensável... e é aí que o perigo começa.


A autora conseguiu criar personagens completamente bizarros. Branca é uma ciumenta obsessiva, com um fetiche por números. Sua obsessão por números formando padrões a tornam uma pessoa difícil de ser compreendida. A bruxa má, uma reles idosa com problemas no pé, é alguém buscando redenção, mas vemos o quanto o abuso da magia destruiu com o seu semblante. Ela não é nem de longe a malévola das histórias. Já Heron é quase como se fosse um pequeno animalzinho assustado cuja fixação em solucionar os seus problemas se torna maior do que o seu bom senso.


A obsessão é o tema central dessa narrativa. E temos duas personagens completamente obcecadas com suas vidas amorosas: Branca e Heron. Branca chega a um ponto em que desconfia de tudo e de todos. Até mesmo de sua própria filha. O espelho é sim uma influência maligna (e o grande antagonista do conto), mas a culpa maior está em Branca que se deixa levar por suas inseguranças. Em nenhum momento passou pela mente dela simplesmente conversar com Klaus para saber o que estava acontecendo. Ela apenas deixou que as impressões e as incompreensões a levassem por um rumo estranho. O mesmo acontece com Lady Heron. A gente compreende mais tarde na narrativa (e eu não vou contar) o motivo de sua obsessão. Mas, Heron se deixa levar até as últimas consequências. Tanto uma com a outra personagem querem resolver seus problemas e sanar suas dúvidas da maneira mais simples possível. E isso de forma alguma acontece, porque nada na vida vem com simplicidade. Precisamos ser honestas com nossos corações e buscar solucionar da melhor forma possível nossas angústias.


Triquetra é sombrio, é obscuro, é cativante. A autora conseguiu criar uma atmosfera deturpada dentro daquele castelo. Tudo parece pequeno e apertado. Somente quando todas as personagens se libertam de suas angústias é que parece que as coisas se ampliam. É como se estivéssemos dentro de uma caixa lutando para sair. Quando ela se abre, um novo horizonte se aproxima de nós. Este é um daqueles contos voltados para os fãs de bons contos de fadas. Mas, com uma pitadinha sombria no meio.

Ficha Técnica:


Nome: Triquetra

Autora: Kirstyn McDermott

Editora: Tor.com

Gênero: Fantasia

Número de Páginas: 39

Ano de Publicação: 2018

Avaliação:


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