Corpos sintéticos se tornam acessíveis a quem tem dinheiro. Mas, Sonata James decide fazer de si mesma uma edição limitada a duas interações. Um acidente de carro faz com que ela acione uma delas e ver o mundo através de um novo olhar.
Sinopse:
Em uma Chicago futurista e ciberdesenvolvida, Sonata sabe que a quase imortalidade é alcançável através do download de sua mente em um corpo cibernético após a morte. Mas esta jovem artista quer provar que viver para sempre não é o mesmo que viver uma bela vida.
A concepção de histórias sobre corpos imortais não é estranha ao universo da ficção científica. Mas, Lettie Prell consegue nos entregar uma narrativa bem intrigante sobre como são diferentes formas de vida. Ao dispor de um corpo cibernético passamos a ver a nossa existência de outra forma? Ou nossa capacidade de viver em sociedade permanece a mesma, só que com um prazo de validade maior? Ao tentar responder a essas perguntas, Prell nos coloca junto de uma personagem que enxerga a si mesmo como única e que mesmo podendo replicar sua mente em vários corpos, deseja manter a integridade e a mortalidade de sua existência. Contudo, por que o título da narrativa diz três vidas? Bom, vocês terão que ler para descobrir.
Sonata James acaba de sair de um centro médico onde estabelece que sua memória poderá ter duas novas interações. Neste mundo futurista, copiar memórias para novos corpos é algo possível para quem tem recursos. Só que Sonata é uma artista e pensa em si mesma como uma existência única. Ao conversar com seu namorado ela revela o que planejou. Um acidente logo ao sair do centro faz com que sua mente seja enviada a um dos corpos que ela imaginou para si. A partir daí a protagonista precisará aprender como lidar com seu novo corpo. E pouco a pouco ela vai se descolando de sua casca humana e experimentando outras sensações. Um corpo que não precisa dormir, comer, que não adoece e não possui sentimentos, pelo menos não da maneira como era anteriormente. Na cidade também se espalha um movimento contra os corpos cibernéticos conhecidos como aqueles que não respiram.
Este é mais um trabalho que lida com a questão do eterno retorno. Ou seja, a compreensão de que a vida é cíclica em um contexto mais transcendental do termo. Falar de uma outra existência, diferente da humana, pode ser mais desafiador do que parece. Imaginar um ser cuja principal característica é não possuir medo, não ser capaz de sentir ou não morrer é pensar na própria ideia do significado da vida. O que chama a atenção é em o quanto Sonata queria ser um modelo único, limitar a sua vida, mesmo ela sendo mais extensa. Ter um corpo diferenciado, customizado é a maneira que ela tem de dizer a si mesma e ao mundo que ela é um indivíduo. Mas, ao mesmo tempo vemos como o ser humano resiste às mudanças. Não respirar é uma situação anômala e incompreensível para aqueles que ficaram para trás na evolução. De certa forma diante do quadro dos seres customizados, os humanos comuns se tornam um beco sem saída. Por isso as revoltas e violência contra a nova versão dos seres humanos.
Curioso também ver que Lettie Prell alega que a redução na quantidade absoluta de novos nascimentos se reduziu por causa de doenças respiratórias. Mais um romance que sem querer se volta para uma pandemia para demonstrar como a humanidade se encontra em uma encruzilhada. E o conto foi escrito há alguns anos atrás. Previsão? Lógica? Consequência natural de um mundo sem espaço para todos?
Ficha Técnica:
Nome: The Three Lives of Sonata James
Autora: Lettie Prell
Editora: Tor.com
Número de Páginas: 33
Ano de Publicação: 2016
Avaliação:
Link de compra:
Tags: #thethreelivesofsonatajames #lettieprell #humanidade #tordotcom #transumanismo #ciborgue #imortalidade #sonatajames #ficçõeshumanas
Comments