Emily trabalha em um hotel onde duas celebridades se preparam para dar uma coletiva de imprensa. A ida para a Marte está próxima mesmo que a tragédia da New Horizon ainda seja recente. Mas, tudo isso não passa de mais um dia na vida de Emily.
Sinopse:
Em 2047, a primeira missão operada por seres humanos a Marte terminou em tragédia. Trinta anos mais tarde, uma segunda expedição está se preparando para o lançamento. Como faxineira do hotel onde dois dos astronautas darão sua coletiva de imprensa, Emily vê a missão invadindo mais e mais os seus pensamentos. A mãe de Emily, Moolie, tem uma mensagem para dar a ela, mas as memórias de Moolie estão se esvaindo. Com a visita dos astronautas se aproximando, o surgimento de uma história mais pessoal está prestes a alterar para sempre a vida de Emily.
Criar personagens fascinantes não é uma tarefa fácil. Ainda mais quando temos centenas de histórias disponíveis para o público todos os dias. Nina Allan faz um belíssimo trabalho nesta história curta desvelando a história de uma jovem faxineira. Com um toque cuidadoso, Nina vai tornando o corriqueiro em uma fascinante busca pelas origens que no final me prendeu na frente do meu e-reader por uma sentada. Essa é a arte de contar uma boa história. Basta um bom mote e a forma adequada de apresentar sua trama que qualquer narrativa se torna especial.
A narrativa se apresenta em primeira pessoa e nos é contada pela própria Emily que vai nos contando o seu cotidiano dentro do hotel. Ela mostra o quanto sua vida é complicada dividindo seu tempo em um hotel grande, precisando realizar várias tarefas como arrumar os quartos, limpar os banheiros, cuidar das refeições dos hóspedes até precisar ter uma atenção toda especial com sua mãe Moolie. Esta sofre com um problema degenerativo cerebral devido ao contato com substâncias radioativas provenientes da tragédia com o primeiro voo para Marte. Embora Emily pareça ser uma mulher independente e segura de si, ela ainda guarda em si uma ferida: a dor de nunca ter podido conhecer seu pai. Ela já tentou arrancar a informação de Moolie diversas vezes, mas sua mãe sempre fugiu do assunto e com a doença dela avançando, isto vai se tornando cada vez mais complicado.
A autora dá uma aula de narrativa neste conto. Ela vai utilizando o cotidiano da personagem para, pouco a pouco, fornecer informações sobre o mundo em que ela se encontra. Esses pedaços vão se juntando para formar um todo cognoscível ao final. O info dumping é nulo praticamente. Tudo se torna necessário para a narrativa porque vai se encaixando com o mistério da própria protagonista. Mesmo os que levam a becos sem saída. Só que a autora usa bem o artifício da arma de Tchéckov. Nada do que está sendo apresentado da trama é inútil. E você só vai ter a noção de como essas peças se juntam para formar o todo praticamente nas duas últimas páginas. A escrita também é muito bem construída e o desenvolvimento de personagens é tão bom a ponto de querermos uma história maior com eles depois. Sinal de um trabalho bem feito. Incentivo vocês a darem uma chance a esta história curta. Não vão se arrepender.
Ficha Técnica:
Nome: The Art of Space Travel
Autora: Nina Allan
Editora: Tor.com
Número de Páginas: 44
Ano de Publicação: 2016
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