Uma estudante de moda vai assistir a uma série de palestras e tem sua estadia paga por sua escola. Mas, ela se hospeda em um estranho hotel onde um pianista parece exercer um horripilante fascínio sobre Laura.
Sinopse:
Laura ganhou um concurso na faculdade e o direito a uma viagem com as despesas pagas para um seminário de moda, mas descobre que o hotel onde irá se hospedar é no mínimo curioso: os hóspedes se vestem como se o tempo tivesse parado há séculos, os funcionários têm medo de falar com ela, os elevadores possuem grades de ferro e os quadros parecem assustadoramente reais. Mas ela ignora todas as estranhezas do lugar ao conhecer um estranho sedutor, um homem que toca o piano como o corpo de sua amante. Sua música encanta e entorpece à mesma medida, e Laura se sente irresistivelmente atraída. Porém, o que poderia ser uma noite agradável e divertida se transforma em um jogo perigoso.
Já disse uma série de vezes que apesar de a Karen Alvares ter feito sucesso com histórias mais leves como Inverso e Reverso, a veia de terror dela é a que mais me agrada. E aqui nós vemos a Karen roots, onde ela nos apresenta uma história tensa sobre um homem de fascínio mórbido que atrai uma estudante de moda a permanecer em um hotel que tem todas as características exceto a normalidade. Um terror com uma escrita me lembrando os melhores títulos do gênero, sem a necessidade de apelar para o gore, para os desmembramentos ou os horrores gratuitos.
A escrita da Karen continua a ser aquilo que esperamos dela: precisa ao mesmo tempo em que consegue trabalhar as emoções do leitor. Desde os primeiros livros dela que a autora conseguiu passar essa escrita mais emotiva. Por essa razão, quando ela transporta a sua escrita para o gênero do terror, a conexão é inegável. A narrativa é escrita em terceira pessoa do ponto de vista da Laura. Desde o primeiro minuto a sensação que temos é de incômodo. A autora não deixa o leitor ficar confortável em nenhum momento. A atmosfera do lugar é opressiva. Isso é perceptível na forma como os personagens se dirigem à protagonista. Seja através do olhar ou da fala, o leitor fica com aquela impressão do "algo está errado".
É bacana a forma como a autora trabalha a mudança no comportamento da protagonista. Ela perder o seu "protagonismo" pouco a pouco e vai se tornando uma personagem reativa. Como se a própria autora fosse a titereira e apertasse cada vez mais as cordas em torno da personagem. A personagem vai perdendo a sua independência, sua vontade própria e se tornando um manequim. Tem um trecho da narrativa que quando lemos, sabemos que nada vai dar certo.
O que eu disse no começo sobre a escrita da Karen se revela no crescendo da tensão. Não há necessidade de mostrar uma cena horrorosa para causar terror. Alfred Hitchcock conseguia causar o terror e a apreensão apenas através da insinuação. Psicose é um claro exemplo do emprego da psiquê para fazer o leitor deduzir o que está acontecendo. É essa sugestão que Karen faz aqui. Tudo é sugerido, nada é claro. Talvez por ela insinuar é que cause todo esse desconforto. O Titereiro é um excelente conto de terror, onde a autora mostra algumas das características que eu mais gosto na escrita dela.
Ficha Técnica:
Nome: O Titereiro Autora: Karen Alvares Editora: Auto-publicado Gênero: Terror Número de Páginas: 48 Ano de Publicação: 2018
Avaliação:
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