Nix precisa descobrir uma forma de controlar seu próprio destino se não quiser seguir os mesmos passos do pai. Após os acontecimentos no Havaí, sua busca por respostas torna-se ainda mais urgente, levando-a à procura de mitos e utopias.
Sinopse
Volume 2 e conclusão da duologia best-seller de Viagem No Tempo - The Girl From Everywhere.
Nix passou sua vida inteira viajando para lugares reais e imaginários a bordo do Temptation, o navio de seu pai que é capaz de viajar no tempo. Mas é finalmente chegada a hora de assumir o seu leme, e o horizonte infinito se estende à sua frente, claro e promissor. Até que ela descobre estar destinada a perder a pessoa que ama. A terminar como o próprio pai: sozinha e de coração partido. Desesperada para mudar seu destino, Nix leva sua tripulação para uma utopia mítica em busca de um homem que promete ensiná-la a manipular o tempo e alterar a história.
Mas tudo muda constantemente nesta ilha utópica e nada é o que parece. Nem mesmo seu relacionamento com Kash: melhor amigo, ladrão e charmoso profissional.
Se Nix conseguir interpretar as marés em perpétua mudança, talvez finalmente consiga domar suas habilidades. Talvez consiga controlar seu destino também. Ou talvez seu tempo acabe, afinal.
Atenção: contém spoilers do volume anterior, O Mapa do Tempo.
Entre Utopias e Pesadelos
Chegamos ao fim das aventuras de Nix, Kash e da tripulação do Temptation. Mais difícil até do que começar é conseguir encerrar uma história de forma a fazer justiça à proposta, à jornada e, com certeza, aos personagens. O final sempre vem tão carregado de especulações e expectativas que o autor costuma sentir-se responsável por uma missão impossível de agradar a todos. Para jovens autores, como a Heidi Heilig, isso é perceptível na escrita e faz-se evidente no desenrolar - ou não - da trama.
Após a tentativa frustrada de alterar o passado do Havaí, no primeiro volume da duologia, Nix percebe-se presa a um destino inevitável, marcado por idas e vindas significantes e necessárias a diversos acontecimentos. Não só a missão falhou, deixando sua mãe para sempre perdida para o capitão Slate, agora preso num estado permanentemente depressivo, como também mostrou à jovem o que a aguarda: perder o homem que ama para o mar. Repetir o ciclo e cometer os mesmos erros de Slate é impensável - a dor insuperável, a obsessão, as drogas, a depressão... Cair na mesma armadilha na qual ela mesma foi arrastada por toda a vida está fora de questão.
"Você arriscaria o fim do mundo para fazer a coisa certa?"
Fechar-se ao amor ou vivê-lo sabendo do seu destino? Enquanto decide, uma oportunidade irresistível se apresenta à Nix: outro Navegador afirma ser possível mudar o passado e convida Nix a provar essa teoria na lendária Kêr-Ys. Começando, então, pela ambientação, Heidi Heilig explora a cidade de Ys com um detalhamento grandioso, mesclando elementos presentes na lenda celta com o que se poderia esperar de uma ilha utópica no mar gelado de Iroise. Na verdade, aproximadamente setenta por cento da leitura está centralizada na narrativa de Kêr-Ys, e ainda que a autora tenha feito um trabalho primoroso com a pesquisa e a descrição, em certo ponto o cenário torna-se cansativo e menos atraente a cada capítulo.
Diferentemente do livro anterior, na paradisíaca Honolulu, agora nos vemos presos a uma investigação cheia de contratempos e perguntas cada vez mais confusas, guiados por uma narrativa errante dos medos e inseguranças de Nix. Sim, a personagem tem problemas, sabemos disso - sua relação com o pai, o medo de um destino que parece esmagá-la, a ausência da mãe... Tudo se soma e o resultado é uma Nix mais frágil e vacilante na conclusão da duologia. Particularmente, acho lamentável ver a personagem ser conduzida de tal maneira por grande parte da trama.
O foco agora, no entanto, é em Kashmir. O que começou como uma jornada de autoconhecimento e empoderamento, de libertação até, invariavelmente acabou caindo para o envolvimento romântico do casal e a necessidade urgente que Nix sente de salvar seu amado de um trágico destino já pré-definido. A narrativa ganhou alguns capítulos sob o ponto de vista de Kash - recurso que estranhei, inclusive - e o personagem ganha mais profundidade. Sempre gostei do Kashmir, então é fácil criar uma conexão com a história, mas a evolução dele poderia ter sido melhor trabalhada ou, pelo menos, ganhar ares menos artificiais.
"Era assim que os mitos surgiam? Era na Navegação que começavam os rumores de magia?"
Outros personagens surpreenderam com suas histórias paralelas salpicadas aqui e ali pela narrativa; alguns, inclusive, apresentaram-se de forma inesperada e bastante coerente com a proposta da autora. A articulação desses personagens secundários é um ponto muito positivo na escrita da autora, assim como é nítido seu esforço em conectar todos os pontos e sustentar os paradoxos que a Navegação acaba criando, sempre de forma coerente e interessante, ainda que algumas explicações não fiquem tão claras.
Em uma análise geral, The Girl From Everywhere - O Navio Além do Tempo consegue proporcionar uma leitura cativante e retorna a pontos muito relevantes já discutidos no primeiro volume, como a depressão, o apego ao passado e a inércia ante à aparente falta de controle. Repetir padrões e deixar-se levar pelo medo do impossível, afinal, nunca é a opção mais sensata. A conclusão da história é bem feita, instigante e a despedida nos dá a certeza de que valeu a pena conhecer a história de Nix e Kash.
Ficha técnica:
Nome: The Girl From Everywhere - O Navio Além do Tempo
Autora: Heidi Heilig
Série: The Girl From Everywhere vol. 2
Editora: Morro Branco
Gênero: Fantasia Young Adult
Tradução: Sofia Soter
Número de Páginas: 432
Ano de lançamento: 2019
Outros volumes:
Livro cedido em parceria com a editora Morro Branco
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