Essa é a história de um causo que aconteceu em Terezinha de Moxotó quando a cidadela estava sendo atacada implacavelmente por lobisomens. O coronel Jesuíno, já sem alternativas, vê nos cangaceiros liderados por Jeremias Fortunato sua última esperança. Isso não vai acabar bem...
Sinopse:
Sertão. Anos 30. É o auge do cangaço…
Um lobisomem ataca, todo mês, a cidadela de Terezinha de Moxotó, no interior de Pernambuco. Sem ter a quem recorrer, o prefeito e Coronel Jesuíno de Cândida contrata o bando do cangaceiro Jeremias Fortunato Silveira, conhecido como Capeta-Caolho, figura aterrorizante, tão maléfica quanto o monstro que os ataca, na esperança de que o bandido terrível dê cabo da besta-fera. Mas quando os cangaceiros chegam na cidade, o povo entende que combater o mal com o mal nunca é a melhor escolha.
Recordo-me de uma novela que passou há muitos anos na televisão chamada Mandacaru em que os habitantes de uma pequena cidade se tornaram reféns de um cangaceiro chamado Zebedeu. E a novela conseguiu transportar o clima de cangaço para os espectadores de uma forma que lembrava demais os filmes de Velho Oeste. Everaldo Rodrigues emprega esta fórmula do western spaghetti em seu romance com muito sucesso apresentando uma história muito sólida que se calca bem nas lendas do interior do Brasil.
Com uma escrita bem redonda e indo direto ao ponto, Everaldo consegue criar muito bem a atmosfera do sertão. Seja com as frases empregadas pelos personagens, seja pelo clima árido ilustrado pelas páginas. Não é fácil ser capaz de ilustrar uma ambientação para o leitor; muitos autores falham nesse intuito. Aqui, a gente sente a aridez da vida do sertanejo, a mão de ferro dos coronéis e o medo com o cangaceiro que pode se aproximar e destruir a vida daqueles que cruzam o seu caminho. A história segue uma boa noção de início, desenvolvimento e conclusão chegando até a ter um plot twist lá pelo final da narrativa. Para mim, mesmo sendo uma novella, a narrativa ficou no tamanho certo. Se ficasse maior poderia ser tediosa e se ficasse menor, poderia ficar corrida demais. Nesse sentido, o autor acertou bem a mão. A narrativa é em terceira pessoa sem se prender muito a um personagem sendo bem mais onisciente. Isso permitiu ao autor explorar todos os núcleos narrativos que ele desejasse.
Os personagens são bem construídos com o destaque dado a Jesuíno e ao próprio cangaceiro Jeremias. Quem está imaginando um cangaceiro herói está bem enganado. Everaldo não romantiza e nos coloca um capeta-caolho extremamente cruel e que em nenhum momento revela lado algum de bondade. Esse jeito cinza de enxergar as coisas faz com que os personagens não sejam bons ou maus exatamente (apesar de os cangaceiros serem ruins mesmo). Mas, a gente percebe que todos possuem suas próprias motivações. Ou o Moraes que possui estranhos conhecimentos sobre lobisomens e um passado misterioso. Mesmo Jesuíno é um coronel muito inexperiente e tenta resolver as coisas de um jeito diferente. Apesar disso ele acaba precisando exercer o seu mando quando necessário.
No fundo, a narrativa é uma longa história de vingança. A vingança de um homem contra aquilo que foi feito a ele há muito tempo. Os elementos sobrenaturais representam um algo mais na narrativa. Servem para dar aspectos gore ao que está sendo apresentado. Lembrando que o mito do lobisomem tem a ver com os instintos mais primitivos sendo liberados. Quando a fúria alcança um estágio irracional, o lobisomem se liberta de todos os seus pudores e sua bestialidade precisa ser saciada com o sangue de culpados e inocentes. Se pensarmos na história do médico e do monstro, o monstro representaria os sentimentos reprimidos do médico diante do mundo que o cerca.
O último capítulo nos reserva uma batalha incrível entre cangaceiros e lobisomem (e outras coisinhas mais). Bela cena de ação que compõe o maior capítulo da narrativa. Consegui imaginar completamente aquela cena, o que significa que daria para filmá-la na telinha sem perder nada. Méritos para o autor que foi capaz de criar tamanho dinamismo em um confronto entre um monstro e homens munidos de armas de fogo. Curti a história e já separei outras coisas do Everaldo para ler mais tarde. Se vocês não conhecem, deem uma oportunidade que não irão se arrepender.
Ficha Técnica:
Nome: O Capeta-Caolho contra a Besta-Fera
Autor: Everaldo Rodrigues
Editora: Auto-publicado
Gênero: Terror
Número de Páginas: 95
Ano de Publicação: 2018
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