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Resenha: "Naondel" (As Crônicas da Abadia Vermelha vol. 2) de Maria Turtschaninoff

Para os fãs de Maresi, vamos conhecer a história de como as irmãs fundadoras da Abadia Vermelha deixaram toda uma vida de abusos para trás a fim de formar um local de conhecimento e compreensão.



Sinopse:


Para imaginar uma utopia é preciso conhecer o horror.


No opulento palácio de Ohaddin, um lugar envolto em uma falsa atmosfera de perfeição, mulheres tem uma única função: obedecer.


Elas são trazidas de terras muito distantes e aprisionadas em um harém por um homem perigoso, cuja misteriosa magia lhe dá controle sobre a vida e a morte.


Uma sacerdotisa. Uma manipuladora de sonhos. Uma guerreira. Uma vidente. Uma marinheira. Uma serva. Uma sobrevivente. Um sacrifício.


As mulheres precisam superar suas desconfianças para entender seu verdadeiro poder e conseguir escapar. Mas a jornada para a liberdade tem um alto custo, tanto para aquelas que partem como para as que são deixadas para trás.


Um hipnotizante e vívido olhar sobre um mundo de violência sexual, opressão e exploração, e as mulheres que se recusaram à aceita-lo. Esta é a sua história. Ouça suas vozes. Nunca se esqueça.




Desespero e Violência


Antes de mais nada, fica o meu aviso: tem detalhes extremamente violentos e cenas que insinuam ou apresentam estupro. Se você for uma pessoa sensível ou não gostar de obras que explorem essas temáticas, por favor, este não é um livro para você. É uma leitura inquietante e perturbadora em muitos momentos.




Se Maresi parece um conto de fadas com um pouco de violência no final, Naondel é a realidade nua e crua sendo atirada na sua cara. A gente percebe a capacidade da autora de criar cenas que perturbam de alguma forma os leitores, mas no livro anterior isso é bem reduzido. Por essa razão até que Maresi é um bom livro de entrada, além de debater ótimos temas feministas. Já Naondel é muito diferente. Eu levei uma semana para criar coragem e compor uma resenha do livro, tamanho foi o impacto que eu senti após a leitura. Não é um livro fácil de ser lido.


Temos sete mulheres que passaram por situações de violência (física, sexual ou psicológica... ou todas) em toda a sua vida. Até que em algum momento a situação é tão desesperador que a liberdade se torna a única saída possível para elas. Maria Turtschaninoff foi muito bem sucedida em criar uma atmosfera claustrofóbica e opressora na forma do palácio de Ohaddin. Naondel transborda violência pelas suas páginas. O antagonista usa e abusa de suas mulheres em benefício próprio. A sede de poder guia a sua mão opressora. Não há alento, não há esperança. Há trechos onde a violência é tão comum que as mulheres de seu harém apenas se rendem a ela e desejam que ela apenas acabe por algumas horas. Você vai se pegar derramando lágrimas por essas mulheres. Aliás, se isso não acontecer, eu sugiro você rever sua sensibilidade. Mesmo eu sendo homem, representante da opressão na narrativa, me senti incomodado com tamanha violência e desrespeito. Incomoda... Dói...

"A antiga Garai aguarda. Eu não a esqueceria, de novo não... Eu quero me dar novas cicatrizes, cortar, ver o sangue escorrer. Mas sei que seria errado. As feridas têm que significar algo. As cicatrizes têm que representar oferendas genuínas. Não posso me cortar apenas por alívio."

Não vou conseguir comentar sobre todas as personagens, portanto vou me ater apenas a algumas delas. Impossível não falar sobre Kabira, uma das protagonistas que possuem mais tempo de cena. Ela é uma guardiã da fonte Anji, que possui poderes místicos sobre a vida e a morte. Sendo a mais velha de suas irmãs, ela aprendeu os segredos da fonte. Quando ela conhece Iskan, sua inteligência a fascina. Ela o deseja e seu amor por ele a faz revelar os segredos da fonte. Como se ele fosse seu companheiro, seu parceiro. Mas, isso vai se provar apenas uma suposição tola, já que os desejos de Iskan desde o começo são por poder puro e simples. Talvez se formos pensar em tempo, Kabira é aquela que tem a sua vida mais destroçada em toda a narrativa. Seu amor é pisado por alguém que só desejava poder. Sua família é devastada para que seu marido pudesse ter o controle total e irrestrito sobre a fonte de poder. Seu poder de ser uma progenitora é controlado, pois seu marido deseja apenas homens e não mulheres entre seus herdeiros. Seus filhos lhes são tomados, pois representam o futuro da coroa. Sua única chance de felicidade lhe é tomado quando aquilo que ela mais ama no final de sua vida tem sua existência deturpada. Quando chegamos na segunda metade da narrativa, Kabira é um fiapo de gente, aguardando apenas a entropia, o nada, o vazio.



O sexo como controle


Em seguida temos Garai, a sumo sacerdotisa. Tendo sido vendida como escrava, ela é adquirida por Iskan. A personagem tem um contato profundo com a natureza e quando este lhe é retirado, sobra apenas a não escolha de ser objeto de alguém. Ela acaba precisando criar uma máscara na qual se transforma em alguém subserviente. O medo de morrer a disciplina. A gente acompanha a angústia que divide a nova Garai da velha Garai. O quanto ela sacrifica de si mesma a ponto de se tornar uma casca vazia. O pior vem quando ela se transforma em uma concubina de Iskan. O sexo se torna a sua razão de viver. Os abusos são diários e quando seu abusador deixa de frequentar seu quarto, ela teme por sua vida. Ser estuprada lhe garantiria mais um dia de vida. A violência se torna tão normal que ela deixa de ser violência para ela, e Garai passa até a ansiar por esses momentos. Um anseio atroz e torpe que ela vai perceber muito mais tarde e lhe rasgar a alma.

"O capitão [Iskan] não gostava que eu estivesse limpa e cheirando bem. Seu interesse desapareceu depois que eu tomei banho. Ele mandava me buscar, mas não todas as noites, e suas perversões diminuíram. Minhas feridas sararam."

Sulani é uma das que possuem momentos perturbadores. Sendo uma Guerreira do Rio, seus poderes místicos vinham desse contato com outra fonte de poder. Ela era uma espécie de guardiã do lugar. Durante as campanhas militares de Iskan, ele se deparou com uma forte resistência de Sulani e seus companheiros. Isso lhe infligiu inúmeras derrotas, o que o deixou muito irritado. Pior ainda era saber que uma mulher era responsável por tamanhas perdas. Quando ele capturou a personagem, ele buscou compreender de onde vinha o seu poder e sua habilidade. A partir daí ele tratou de dominar a personagem. Primeiro, lhe retirando sua habilidade, depois quebrando seu espírito. Alguns momentos da captura da guerreira são difíceis porque envolvem dor física. Momentos esses complicados e difíceis de ler. A perversão de Iskan está em machucar e domar a guerreira. Destruir os alicerces que lhe davam força. E ele se diverte com a dor.


Iskan é o antagonista do livro. Ele perpetua a violência. Está claro desde o início que ele enxerga as mulheres como objetos a serem usufruídos e depois abandonados. É um personagem desprezível. A autora o criou incorporando tudo o que há de mais obscuro no homem e conseguiu criar um vilão assustador. Esse sentimento fica porque ele pode existir em nossos corações. Em alguns de nós, ele é claro como dia enquanto em outros ele está em locais que a gente não quer que apareçam. O mote para Iskan é controle e disciplina. Somente quando ele está na controle é que seu semblante é calmo e sua violência é controlada. Mas, quando ele se perde, todos ao seu redor sofrem com seus instintos primais. Ele não respeita mulheres; para ele, elas são inferiores. Mesmo com Orano mais para frente vamos ver esse lado dele.



Uma escrita feroz


Aqui foi possível entender melhor como funciona a escrita da autora. Ela deu personalidade a cada um dos pontos de vista. Todas são narrativas em primeira pessoa e através de uma forma de escrever muito competente ficamos conhecendo o coração de cada personagem. Seja a forma contrita com a qual Kabira apresenta os fatos, o misticismo de Iona, o jeito rebelde de Clarás ou a falta de tato de Sulani. Senti falta de um trecho sendo tratado por Estegi. Ela é um personagem que parece ser invisível na corte, mas que deve ter presenciado muita coisa. Essa ausência contribui com essa visão de uma pessoa que sofre com a indiferença, mas ao mesmo tempo eu senti falta dela. A narrativa é clara e bem amarrada, deixando quase nenhum ponto solto. Achei só que o final foi um pouco rápido demais e eu gostaria de ter visto sendo explorado os primeiros momentos da Abadia Vermelha.


A construção de mundo neste segundo volume é mais eficiente. Em Maresi não houve muito espaço para realizar isto e esta foi uma falha boba até. Claro que isso pode ter sido por conta do isolamento de Maresi no universo do claustro. Aqui conhecemos um pouco mais da geografia e das características de Karenokoi e de seus vizinhos. As relações de poder também são exploradas e dá até para trabalhar elementos religiosos como a geomancia sagrada de Garai ou a magia de sonhos de Orseola. Está aí até algo que eu achei que dava para explorar mais: entender o mundo dos sonhos teria sido um acréscimo muito legal.


Minha crítica fica na revisão feita pela Morro Branco. Esta edição conta com muitos erros ortográficos e de concordância que vão incomodando. Quando eles são poucos, nem nos damos muita conta de que eles existem. Mas, aqui eles são numerosos. Um romance tão revelador como esse merece uma edição mais caprichada. Pode ter sido um pouco de pressa no momento da publicação até porque a editora não costuma errar neste quesito. Fica aqui o pedido para uma nova edição.


As Crônicas da Abadia Vermelha, sem dúvida, são uma série bem diferente. Com um primeiro volume sendo de entrada e até simples de ser lido e debatido, este segundo apresenta uma narrativa mais densa e até difícil de ser encarada em alguns momentos dado o nível de violência apresentado na narrativa. Mesmo assim, é uma daquelas leituras necessárias para nos chocar e nos fazer refletir sobre nós mesmos.


"Há poucas pessoas que amei nesta vida tão longa. Duas delas, eu traí. Uma, eu matei. Uma me deu as costas. E a outra segurou minha vida em suas mãos. Não há beleza no meu passado. Nenhuma bondade. Mesmo assim, estou forçando-me a olhar para trás e relembrar Ohaddin, o palácio e tudo que ocorreu então."


Ficha Técnica:


Nome: Naondel

Autora: Maria Turtschaninoff

Série: As Crônicas da Abadia Vermelha vol. 2

Editora: Morro Branco

Gênero: Fantasia

Tradutores: Lila Loman e Pasi Loman

Número de Páginas: 416

Ano de Publicação: 2019


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*Material enviado em parceria com a Editora Morro Branco





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