Neste segundo volume, continuamos a explorar a relação entre Rook e Olwyn enquanto a dupla é colocada diante de uma vila que teve suas crianças maculadas pelos Moro e uma estranha mulher que vive no meio da floresta. Segredos serão revelados e a relação entre as duas será balançada.
Sinopse:
Após um confronto mortal, a Rainha Olwyn e a Capitã Rook se encontra muito longe de seu destino, sem suprimentos ou qualquer esperança de quebrar o feitiço maligno que mantém Olwyn na forma de um tigre mágico azulado. As companheiras irão encarar novos desafios e descobrir segredos há muito escondidos em sua jornada para encontrar Isola, a terra dos mortos, onde elas esperam fazer a rainha de Maar voltar à sua forma humana antes da guerra acontecer.
Uma continuação frustrante
O primeiro volume de Isola é incrível. Te coloca em um mundo fantástico onde a magia governa a tudo e a todos. Vemos magos e criaturas estranhas por toda a parte em cenários que transbordam encantamento. Isso foi no primeiro volume. O segundo precisava continuar e aprofundar as sementes deixadas anteriormente. Percebemos de cara que a narrativa iria se focar bastante na relação entre Olwyn e Rook. Ao mesmo tempo ficamos esperando Fletcher comentar mais sobre a maldição usada em Olwyn e os motivos que levaram a isso. Mas, o que vimos neste segundo volume foi uma repetição da fórmula do primeiro, o que não me agradou nem um pouco porque avançou mal a narrativa.
Depois de um final climático no primeiro volume onde vimos que Asher, irmão mais velho de Olwyn, foi o responsável direto pela maldição, Rook e Olwyn se encontram à beira de um rio descansando de suas feridas. Mas, essa calmaria não poderia permanecer por muito tempo já que as forças de Maar se aproximam perigosamente de Palagrine Rock. Caso a rainha não reapareça, uma guerra pode estourar entre esses dois lugares e inocentes podem sair feridos ou mortos nesse choque. Logo de cara a dupla encontra um acampamento de forças de Maar bem próximo à Palagrine Rock. Depois de conseguir alguns suprimentos e fugir com sucesso do acampamento, elas chegam a uma vila onde crianças estavam sendo raptadas e transformadas pelos Moro. Precisando tomar uma dura decisão, as duas seguem em frente até se depararem com Miluse, uma poderosa feiticeira que colocará em xeque a relação das duas.
A arte de Karl Kerschl continua muito boa e o roteiro de Fletcher dá liberdade para o artista explorar o design de personagens e o cenário ao fundo. O resultado são cenários literalmente fantásticos, no sentido de gênero e no conotativo. Se eu posso ser bem ousado, a arte do Kerschl (com muita ajuda das cores da Msassyk) está entre as melhores da Image hoje ficando atrás somente da Sana Takeda (Monstress), da Fiona Staples (Saga) e do Nicola Scott (Black Magick). O mais curioso é o quanto a Msassyk emprega cores totalmente inesperadas para nós, leitores. Eu queria focar nesta resenha na colorista e arte-finalista porque falei bastante do Karl na resenha anterior. Quem espera um tigre azulado em uma HQ? Sério? Ela surpreende, por exemplo, ao mudar as cores da floresta... normalmente esperamos uma palheta voltada para o tom marrom ou verde-folha, mas a Msassyk usa um tom arroxeado. Isso era para dar totalmente errado!!! Mas, não é isso o que acontece. As cores se combinam com as formas delineadas do artista e produzem um efeito inesperado. O mesmo eu posso falar de um pântano; o normal seria esperar um lugar cinzento ou verde-musgo. Mas, ela prefere usar um tom azulado. E dá um ar lúgubre ao local.
O que eu consigo interpretar é que as cores usadas pela Msassyk refletem os sentimentos dos personagens em determinados momentos da trama. Por exemplo, despertar no banco de um rio banhado por uma iluminação escura, porém aconchegante, mostra um momento íntimo do casal. Logo depois temos uma vila que destoa da arte até então porque a colorista emprega cores chapadas em contraste com o brilho de páginas anteriores. Isso se dá porque a vila passa por um momento de luto pelos jovens que foram perdidos. As cores mais cinzentas se mesclam ao fato de Kerschl entrelaçar os corpos de Miluse e Rook em momentos em que ambas começam a despertar sentimentos uma pela outra. A arte da Msassyk é a prova de que cores refletem sentimentos.
Se a arte continua excelente, a narrativa peca por estar estacionada no mesmo lugar. Embora tenhamos tido alguns desenvolvimentos, Fletcher manteve a fórmula do primeiro volume: personagens juntas, obstáculo, separação, reconciliação. A sequência é a mesma ao longo dos cinco volumes. E embora eu goste muito da química entre Olwyn e Rook, e as cenas das duas juntas são fofas, a história não pode ser só isso. É preciso desenvolver outras coisas, como as tramas palacianas que levaram à maldição, quem está em Palagrine Rock e até algum insight sobre o que é Isola. Nada disso foi visto aqui. Tivemos um vislumbre sobre quem é a mãe de Olwyn e um segredo que acaba por abalar a relação entre as duas. Talvez mesmo depois do encontro com Miluse, essa mácula vai continuar a ser trabalhada depois. É muito pouco para um volume com mais de 120 páginas.
Os três primeiros capítulos são construídos de forma episódica e com ligações bem tênues. É no final do terceiro capítulo até o quinto deste volume que temos o aparecimento de Miluse, que é a figura importante aqui. Contudo, me chateou não entender exatamente os objetivos dela. Era realmente só aquilo? Uma feiticeira poderosa que bate de frente mesmo com as habilidades sobrenaturais manifestadas por Olwyn só deseja ser amada? Okay, acho um motivo forte, mas a narrativa não me faz comprar isso. Não são apresentadas evidências suficientes para eu entender o quanto a personagem precisava daquilo. Faltou algum flashback ou alguma cenas com ela sozinha no alto de uma colina ou olhando para o horizonte. Só trabalhar o olhar da personagem ou cenas mais amorosas e/ou quentes não atingem esse objetivo.
O que me animou foi que Fletcher colocou alguns pedaços de construção de mundo aqui e ali. Por exemplo, a imagem acima mostra a imagem de um ser divino que rege este mundo. Ainda temos poucas informações além do fato de que existem cerimônias feitas em homenagem a ele, mas no resto são vestígios. Também vimos como anda a campanha feita por Maar contra Palagrine Rock com pequenos ruídos de informações entregues pelos soldados. Mas, eu espremi ao máximo as informações de um volume inteiro para render parágrafos. E nada além disso. Lógico que o elemento forte é a relação entre as duas protagonistas. Mas, novamente... é preciso trabalhar mais o mundo. Isola é uma baita HQ que me surpreendeu positivamente no ano passado. Mas, a sua continuação me frustrou um pouco talvez porque eu tenha colocado a barra lá em cima. No momento a HQ entrou em hiato e deve retornar por volta do verão americano (entre julho e setembro).
Ficha Técnica:
Nome: Isola vol. 2
Autor: Brenden Fletcher
Artista: Karl Kerschl
Colorista: Msassyk
Editora: Image Comics
Número de Páginas: 136
Ano de Publicação: 2019
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