Resenha: "Forsworn" (Powder Mage Series vol. 0,2) de Brian McClellan

Paulo Vinicius

Durante um de seus exercícios de caça ao lado de Santiole, Erika, a herdeira do ducado de Leora, resgata uma maga da pólvora fugitiva. Isso atrai a atenção do barão Nikslaus, um Privilegiado em ascensão que quer pegar a maga a qualquer custo. Isto iniciará uma perseguição desenfreada.

Sinopse:

Erika ja Leora é uma maga da pólvora no território nortenho de Kez, um lugar onde este tipo de habilidade em particular é punida com a morte. Ela é protegida apenas por causa do nome de sua família e de sua posição como herdeira de um ducado.

Quando ela decide ajudar uma jovem camponesa - uma maga da pólvora marcada para a morte, uma fugitiva da lei - ela coloca a sua vida e a reputação de sua família em risco e parte para entregar sua nova protegida para a segurança da província de Adro enquanto brinca de gato e rato com os caçadores de magos do próprio rei e seu capitão, o Duque Nikslaus.

Antes de mais nada, fiquem tranquilos, não é preciso ler nada da série Powder Mage para ler este conto. Aliás, até recomendo que os leitores comecem a série por um destas novellas do McClellan que são ótimas portas de entrada para a série. Se você gostou do tipo de narrativa que o autor construiu aqui, pode partir para os livros maiores; esta é a série para você. McClellan tem um estilo bem fácil de compreender e ele não é afeito a firulas narrativas. Ele vai te entregar algo divertido e direto.

Na narrativa somos apresentados à Erika, a herdeira do ducado de Leora, na província de Kez. Kez fica ao norte de Adro (onde se passa a narrativa principal). Aqui os magos da pólvora são considerados como foras-da-lei e perseguidos como criminosos. Não vou me ater aos motivos do porquê disso, mas em Promise of Blood, Taniel, um dos personagens, chega a comentar por alto uma lenda a respeito. Ficamos conhecendo um pouco de como funciona a política em Kez e conhecemos os Longdogs, os caçadores de magos da pólvora. Erika possui um status diferente por ser a herdeira e ter jurado diante do rei de Kez jamais empregar magia de pólvora; como um reforço a isso ela foi marcada com ferro quente, como símbolo de sua mácula. A personagem aparece como alguém que está precisando amadurecer, se tornar uma líder para assumir o ducado. Toda a narrativa vai girar em torno desse amadurecimento forçado que ela vai passar. São quase como se fossem testes para ela. Gostei bastante de como a personagem é retratada e ela passa por uma bela evolução.

Norine, a fugitiva, é uma jovem de doze anos que teve sua vida devastada por conta de sua habilidade. Ao mesmo tempo, a vida de camponesa de Norine serve como exemplo para como é difícil a vida dos mais pobres em Kez. Tem uma realidade que é apresentada mais à frente por Norine para Erika que ela fica indignada, mas que acaba fazendo parte dessa vida dura que eles passam. A jovem acabou se tornando endurecida com o tempo, e ela é quase como se fosse um pequeno adulto. Apesar de conheceremos pouco a respeito da personagem e acho que nem há grandes mistérios por trás dela mesmo, Norine é uma boa personagem para voltar a aparecer depois.

Gosto da escrita do McClellan. Ela é limpa e direta. Muitas vezes vocês, que acompanham o meu trabalho, veem que eu costumo reclamar de autores que empregam muitos diálogos. Preciso fazer um adendo. Meu problema não é com a quantidade de diálogos. São os diálogos inúteis e que não levam a lugar nenhum é que me incomodam de verdade. Aqui temos o exemplo de alguém que emprega diálogos o tempo inteiro. Por vezes expositivo, até me incomoda um pouco que o autor quase não faz muitas descrições, mas não chega a ser algo passível de crítica. Apenas algo estético mesmo. Nesse conto, o autor consegue entregar informações sobre a série sem ser chato ou desagradável. Em uma sentada, o leitor vai conseguir entender o mundo e tudo o mais que for relevante para ele compreender a história. Ou seja, simples e eficiente.