Lobisomem está entre as criaturas mitológicas mais conhecidas em vário países, e Marcella Rossetti aproveita do mito e elabora novas características na história passada em Santos no livro Filhos da Lua: O Legado.
Sinopse:
Você consegue imaginar que a vida que te ensinaram a viver pode não ser aquela para a qual nasceu? Que tudo o que acredita pode não ser inteiramente verdade? E que existem criaturas conhecidas como trocadores de pele vivendo entre nós?
Em Filhos da Lua: o Legado, você descobre um novo universo de fantasia urbana, tendo como cenário o nosso país. A autora apresenta uma aventura cheia de mistérios cuja personagem principal é Bianca, uma adolescente que não imagina que sua chegada na cidade desencadearia uma série de acontecimentos capazes de transformar completamente a sua vida e revelar os segredos de um perigoso mundo.
Certas criaturas vivem entre nós, só estamos despreparados a conhecê-las. Aspectos bestiais e capacidades sobrenaturais superam os limites da compreensão humana, deixam-nos alheios à comunidade mítica de costumes próprios e objetivos distintos de sobrevivência. Circunstâncias levaram uma garota a viver inconsciente desta realidade, até encontrarem-na e ver capacidades que, além de únicas, são essenciais em uma guerra travada há tempos. A garota precisa tirar o atraso ao viver fora do meio em que vivia, do contrário trará morte a ela e a todas as alcateias dependentes.
Filhos da Lua: O Legado é a estreia da saga de Karibakis, lobisomens com aspectos distintos dos já conhecidos. Publicado em 2016 por Marcella Rossetti pela editora Avec, elabora novos aspectos aos lobisomens.
“Somos todos imponentes contra monstros.”
Bianca vive com a meia-irmã Laura desde a morte dos pais. Tem poucas lembranças da tragédia, sendo elas revistas em pesadelos com a menina escondida no banheiro enquanto uma besta lupina e enorme atacava a família. Com transtornos psicológicos causados por aquele dia, Bianca também sofre de sonambulismo e traz preocupações a irmã. Elas mudam de cidade com frequência, em busca de conforto frente às condições de Bianca — e por outro motivo a revelar no decorrer da história.
Agora na cidade de Santos, Bianca enfrenta outro ritual dos “primeiros dias na nova escola”, onde precisa se enturmar com outros estudantes e prosseguir com suas aulas. Assim conhece pessoas como Nicole, Rafaela e Lucas, e passa mal só de se aproximar deste último. A fonte de seus pesadelos a transtorna inclusive durante o dia, pois ocorrem acontecimentos em Santos relacionados ao que Laura sempre tentou evitar a Bianca: o contato com os seres chamados Karibakis, também conhecidos como trocadores de pele (que rejeitam a denominação lobisomem).
“Era uma criatura bela e terrível.”
O livro apresenta a rotina de Bianca ao sofrer com as noites sonâmbulas e enfrentar os desafios adolescentes de mudar de cidade e estudar em outra escola com frequência. Mostra a dificuldade a cada mudança de casa e as dificuldades da garota por essas situações, também focando nos demais personagens a conviver com a protagonista ou ainda os encontrando antes de revelar a ela — e ao leitor — sobre o que o livro trata. É demorado, mas compensador, pois aborda muito da vida pessoal de Bianca e justifica os conflitos internos da protagonista após ela conhecer os Karibakis.
Falando nas criaturas principais do romance, a concepção delas é original. De linhagens com capacidades distintas, uns nascem com o dom da troca de pele enquanto outros desenvolvem apenas em forma humana, sem falar dos recursos tecnológicos próprios dos Karibakis. Tudo é apresentado aos poucos, através da vivência da protagonista. Esses “poucos” chegam entre longos capítulos e atrasam o prosseguimento do enredo. Soa como se o livro tivesse duas introduções que ocupam dois terços do livro e só depois estabelece o conflito rumo a conclusão deste primeiro volume, com boas revelações e pretextos para uma continuação.
Além desta dispersão de conteúdo, a leitura custa a acelerar por certas abordagens na escrita. Houve um momento quando reuniu diversos personagens na mesma cena e a narrativa alternou de um ponto de vista a outro. Mesmo sabendo o suficiente de cada personagem focado, a leitura tornou-se difícil por mudar de ponto muitas vezes e no intervalo de poucos parágrafos. Outro problema é o abuso de advérbios no texto, dentre eles terminados em “mente”; essas palavras estendem a leitura onde poderiam ter verbos precisos ou estar subentendido, e os advérbios como “constantemente” pioram a situação por alongar a frase com esta palavra de tantas sílabas, e no fim entrega pouco significado. Também foi usado complementos ao descrever a fala, quando poderia deixar claro logo no diálogo. Para finalizar, a autora insiste em explicar muitas das situações presentes no livro, essas possíveis dos leitores compreenderem sem tal auxílio, e por isso foram penalizados nessas descrições estendidas sob a preocupação de deixar entendível.
Filhos da Lua: O Legado propõe novas ideias a criaturas tão bem conhecidas na mitologia de muitos países adaptados ao meio urbano brasileiro. Tem ótimos momentos focados no desenvolvimento pessoal da protagonista e contextualiza conflitos a resolver no próximo volume, que espero conter a narrativa mais dinâmica, poupando certos tipos de palavras e explicações.
Ficha Técnica:
Nome: Filhos da Lua - O Legado
Autora: Marcella Rossetti
Editora: Avec
Gênero: Fantasia
Número de Páginas: 488
Ano de Publicação: 2016
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