Depois de converter seu corpo em uma máquina, Vader precisa provar sua lealdade a Palpatine. Para se converter completamente em um lorde Sith, Vader sai em uma missão complicada: localizar um dos Jedis sobreviventes e tomar seu sabre de luz. Afinal, um sabre Sith é tomado e não recebido.
Sinopse:
Do aclamado escritor Charles Soule temos uma nova série emocionante explorando os primeiros anos da trajetória de Darth Vader. Pegando logo após os acontecimentos de Star Wars Episódio III - A Vingança dos Sith, seguimos Vader enquanto ele recebe o seu lendário sabre de luz vermelho e testemunhamos sua ascensão ao poder como o Lorde Sombrio dos Sith!
Essa é a primeira vez que leio um quadrinho de Star Wars, embora seja uma das minhas franquias prediletas. Sempre preferi ficar mais nos filmes e nas séries, porque nada nos quadrinhos Star Wars me despertavam atenção. Tive uma experiência bem ruim anos atrás com um mangá do Luke que achei horrível na época e nunca mais peguei nada do gênero. Mas, nos últimos meses alguns amigos me aconselharam a pegar um dos quadrinhos da fase Disney do Star Wars, principalmente aqueles que tivessem a autoria do Charles Soule ou do Kieron Gillen que deram uma boa chacoalhada nos roteiros. Depois de me perder com os diversos títulos iguais (só do Vader tem duas ou três séries) e tentar me achar em algum ponto de partida, escolhi o arco do Soule com o Vader, que compõem quatro encadernados. Depois de ter terminado a leitura desse primeiro volume, considero que a experiência foi legal. Como estou mais seletivo com os quadrinhos por falta de espaço, decidi acompanhar o universo pelo formato Kindle. Infelizmente, boa parte do material vocês só encontram em inglês tanto neste formato como no encadernado. Recentemente, a Panini lançou o omnibus com toda a fase do Soule ao lado do personagem.
A série se passa logo após os acontecimentos do episódio III, com Anakin se transformando em Darth Vader após o confronto com Obi-Wan em Mustafar e a Ordem 66 tendo sido executada e a ordem Jedi sendo eliminada. Vader desperta em sua nova forma e o imperador Palpatine o acolhe como seu novo discípulo. Mas, nem tudo são flores porque parte da personalidade de Anakin ainda permanece o que deixa seu mestre preocupado. Ele decide pôr a lealdade de seu aprendiz à prova fazendo-o ir atrás de um sabre de luz. Os sabres Sith não são dados, mas são conquistados. E eles precisam ser retirados do cadáver daquele que ele derrotou enquanto que o crystal Kyber precisa receber a força da raiva e do ódio daquele que manuseia o sabre para mostrar sua cor avermelhada. Com esse objetivo em mente, Vader sai em busca de um Jedi que tenha sobrevivido enquanto reflete sobre suas escolhas diante de um novo mundo governado pelo Império.
A arte deste encadernado está nas mãos do competente Giuseppe Camuncoli. Gosto da arte dele e ela se encaixa bem neste cenário futurista do Star Wars. Camuncoli consegue ser detalhista quando preciso e entrega bem cenas mais paradas. Mesmo nos momentos de ação, com uma quantidade grande de coisas acontecendo pelo cenário, ele consegue manter a coerência das coisas, facilitando a compreensão do leitor. Na minha visão, o artista é funcional, não sendo brilhante e nem comprometendo o roteiro. Ele opta por uma quadrinização bem clássica, sem muitos floreios. Tanto é que temos pouquíssimas splash pages espalhadas pelos seis números, o que foge até do padrão Marvel de edições. A palheta de cores é mais puxada para as cores frias, salvo em dois momentos em que a ação se passa em um planeta florestal e outro quando se passa em Mustafar.
Particularmente gostei muito do roteiro do Soule. Estamos falando de Star Wars que possui inúmeros subprodutos e spin-offs, o que pode dificultar bastante a compreensão de um leitor que não tenha tanta experiência no universo. Aqui é um excelente ponto de entrada. Mesmo prejudicando um pouco o roteiro e o andamento, Soule consegue situar bem o leitor mostrando em que momento a narrativa se passa. Os conceitos que insere nesta edição são explicados de forma bem didática, o que torna a leitura simples e o leitor vai se preocupar mais em curtir a ação. Nada foge muito ao que já se conhece sobre o cenário ao mesmo tempo em que Soule consegue introduzir sua própria pegada à narrativa. O resultado é uma leitura moderna, divertida e que faz com que a gente queira retornar depois para mais histórias. Imagino até que Soule pensasse que essa seria uma minissérie em seis edições porque ele deixa tudo muito fechadinho ao final da sexta edição. Se ele terminasse ali, ninguém sentiria diferença alguma em questão de roteiro.
Obviamente que Vader é o protagonista da série e o foco está inteiramente nele. Estamos nos momentos iniciais da formação de sua nova personalidade como um lorde Sith e Vader ainda tem muito de Anakin. Teimoso, impulsivo e cabeça-dura, quer impor sua vontade sobre os outros. O Vader posterior é mais estrategista e paciente, enquanto este aqui quer se provar a todo o momento. Essa personalidade forte o colocará em confronto com Palpatine, o que será uma tônica da relação entre mestre e aprendiz. Lá no fundo, ele ainda tem dúvidas sobre o que ele fez, como condenou a ordem Jedi e o fim de Padmé. Aos poucos, Vader vai se conscientizando de que esse é um caminho sem volta, e tudo o que resta a ele é sua raiva, sua frustração e sua ira, três sentimentos que serão explorados à exaustão por Palpatine. Ao final dessa primeira jornada, ainda não teremos o Vader que conheceremos na série clássica de Star Wars, mas com certeza o personagem que sai dali não é mais o Anakin.
Soule explora alguns conceitos bem legais nessas seis edições. Provavelmente são ideias que foram mencionadas por alto e ele explora com mais profundidade ou ideias originais. Vemos o Jedi de quem Vader consegue obter o seu sabre de luz e é um Jedi que havia feito votos Barash. São Jedis que se ausentaram do conselho e buscaram se aperfeiçoar em artes específicas. O que Vader busca é alguém obcecado pelo desenvolvimento das artes marciais. Vemos também que Palpatine sabia que restavam vários Jedis que sobreviveram após a Ordem 66: aqueles que eram mais perigosos, os mais poderosos, os mais traiçoeiros e os mais elusivos. Ou seja, há bastante pano para manga para se explorar. Na metade final do volume vemos a apresentação dos inquisidores com um duelo bem legal entre o grão-inquisidor e o Vader na biblioteca Jedi e por fim a maneira como um cristal kyber se transforma em uma pedra vermelha. Gostei bastante de como Soule contribuiu muito para a mitologia da série. Ou seja, vou acompanhar mais.
O saldo dessa primeira edição é bastante positivo. Não é algo revolucionário, que vai reinventar a roda ou algo do tipo. Mas, essa primeira edição me divertiu e me fez querer ler mais. Já marquei no meu Kindle outras edições para comprar e vocês irão acompanhar por aqui nossas resenhas dessa série do Charles Soule. Dependendo de como for, continuo depois a ler outras séries. Camuncoli me traz uma arte que funciona de forma razoável para a série sem ser alguma coisa brilhante. Funciona e é isso o que importa. Soule traz um Vader inexperiente, mas muito poderoso, que precisa aprender a ser o comandante que o Império precisa que ele seja. Antes disso ele precisará passar por diversas provações que testarão as suas convicções. Sem mencionar a tensa relação com Palpatine já que se tratam de dois personagens com fortes egos.
Ficha Técnica:
Nome: Darth Vader - Imperial Machine
Autor: Charles Soule
Artista: Giuseppe Camuncoli
Colorista: David Curiel
Série: Dark Lord of the Sith vol. 1
Editora: Marvel
Número de Páginas: 140
Ano de Publicação: 2017
Link de compra:
Parece bacana. Eu gosto muito dos quadrinhos antigos que li de Star Wars: a fase Marvel publicada no século passado com os mestres do desenho Walt Simonson, Tom Palmer, Ron Frenz e etc. A Dark Horse também começou bem: adaptando os livros que continuam a trilogia clássica com tramas que hoje o público alega ser melhor que os roteiros impostos pela Disney na trilogia recente; depois criando a série Cavaleiros da Velha República, que ao ser adaptada para games, ajudou muito a franquia ser mantida viva. Interessante o preço digital na Amazon/Comixology/Kindle (nunca sei o nome da plataforma), menos da metade do cobrado na edição física, que isso ocorra mais vezes!