Em fitas antigas e gravações obscuras, horrores indizíveis estão guardados. Quando estas gravações são encontradas, o mal volta a ser revelada. Estas são as histórias de pessoas que tiveram suas vidas marcadas para sempre e suas almas ficaram guardadas e suas vozes ecoam eternamente.
Sinopse:
Uma antologia dos Ceifadores - Autores da ABERST - Associação Brasileira dos Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror.
Um gravador de rolo perdido, capaz de gravar vozes dos mortos, é encontrado. As histórias neles contidas são de crimes obscuros, almas atormentadas e inquietas. Ouça-as para que possam enfim descansar.
Continuem nos Escutando é uma coletânea que funciona como uma vitrine para conhecermos novos autores do gênero de terror. Temos aqui inúmeras histórias que variam desde histórias policiais até narrativas de medo e pavor mais gore. Nas páginas da coletânea estão desde autores mais conhecidos como Duda Falcão até alguns autores muito talentosos como o Tito Prates, a Renata Maggessi e o Rodrigo Vinholo. São histórias curtas que você pode ler de uma tacada só ou curtindo cada conto separadamente.
Não vou ser capaz de analisar cada conto separadamente porque eles são bem curtinhos e eu com certeza estragaria as surpresas propostas por cada autor. Vou dar uma passada geral e comentar alguns contos que mais se destacaram para mim. Preciso comentar também que apesar de eu ter gostado da proposta dos organizadores, eu acho que a quantidade de contos presentes na coletânea aliada às poucas páginas acabaram, em parte, prejudicando a fruição total das narrativas. São tantas histórias que a lembrança de algumas delas acaba se perdendo em um caldeirão de outras. Ao mesmo tempo em que ser uma vitrine é um ponto positivo, também é um ponto negativo, funcionando como um calcanhar de Aquiles. Tenho certeza que algum dos contos que eu destacar não serão exatamente os melhores, mas aqueles que ou me causaram algum impacto ou ainda estão frescos na minha memória.
A proposta da coletânea é muito boa. Estamos vivendo um período nostálgico de revival de algumas temáticas das décadas de 1980 e 1990. Stranger Things está aí para provar que esse clima vintage está em alta. Alguns autores souberam aproveitar muito bem a ambientação e criaram histórias bem curiosas como o Duda Falcão em Vozes do Além. Na narrativa ele coloca um protagonista sendo perseguido constantemente por vozes que ele escuta e vão pouco a pouco destruindo a sua sanidade. Já é a segunda história que eu leio do Duda e eu percebo bem a inspiração nas histórias pulp. A forma como ele constrói a ambientação e ele faz o personagem ficar tendo junto com o leitor.
Outros autores preferiram passar ao largo e usar a proposta como um meio para chegar a um fim. Em Culpado, Jacques Valadares nos coloca na pele de um homem sendo julgado pelo assassinato frio de sua mulher. Mas, vamos percebendo que havia mais naquela situação do que uma simples vingança por adultério. A gravação em uma fita funciona como uma expiação de pecados (ou pelo menos uma tentativa de). O autor vai nos envolvendo com a história do protagonista e vamos achando que tudo não passa de algo simples que vai acabar mal. Mas, quando os meandros da situação vão se revelando, percebemos por que o protagonista chegou onde estava no momento inicial. É chocante e emocionante ao mesmo tempo.
Alguns outros autores eu já vinha tendo contato com suas histórias até recentemente como o Everaldo Rodrigues e o Rodrigo Vinholo. Vou falar do segundo cuja história muito me impactou (O Corpo, publicada pela editora Lendari). Em seu conto Uma Sombra no Teto, ele novamente nos traz aquela situação de inquietação que O Corpo já havia me transmitindo. Ele consegue nos tirar do lugar comum, nos deixar apreensivos sobre o que pode estar acontecendo. Algo que eu gosto muito em histórias de terror, é quando temos temor e não sabemos exatamente o que se seguirá. Essa escrita sensorial que ele possui, destacando os sentidos do protagonista e como ele se relaciona com o mundo ao seu redor, é uma enorme virtude do autor. É curioso conseguir estabelecer relações entre suas histórias e perceber como ele entende o gênero. Um simples corpo no teto que aos poucos vai criando associações com o protagonista que o enxerga apenas no momento de transição entre o sono e a realidade tem muita simbologia carregada.
Já o Everaldo Rodrigues retoma a temática do fantasma e sua relação com o mundo dos vivos. Nada de uma história bonitinha como Ghost, Do Outro Lado da Vida, mas uma narrativa mais de vingança. O autor investe muito no lado emocional da protagonista que vê sua vida encerrada de uma maneira tola. E ela vai tentando se acostumar à sua nova existência, mas dentro de seu ser isso acaba sendo impossível. Esse sentimentos negativos vão transbordando aos poucos e transformando o seu ser em uma criatura carregada. O interessante é perceber como essa transformação se dá com as frustrações que ela vai tendo em relação àqueles que ficaram. Eu me senti ao lado dela e não sei se faria algo diferente. Esse mexer com as nossas emoções é um ponto alto da escrita do Everaldo.
Eu poderia passar horas comentando sobre os contos, mas preferi destacar apenas alguns. Tenho certeza que tanto fãs de histórias de terror como aqueles que curtem mais suspense ou histórias policiais vão gostar de alguma história dentro desta coletânea. Vale comprá-la para conhecer estes autores e logo em seguida pesquisar se tem outras obras deles disponíveis à venda. A ABERST está de parabéns por abrir este espaço e permitir que nós possamos conhecer pessoas tão talentosas.
Ficha Técnica:
Nome: Continuem nos Escutando Coletânea organizada pela ABERST Editora: Auto-publicado Gênero: Terror/Policial/Sobrenatural Número de Páginas: 151 Ano de Publicação: 2018
Avaliação:
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