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  • Foto do escritorPaulo Vinicius

Resenha: "Atlas de Nuvens" de David Mitchell

David Mitchell nos leva através dos séculos com seis histórias totalmente interligadas que nos apresentam pessoas vivendo os problemas de sua época. Com uma narrativa que beira à perfeição somos apresentados a um verdadeiro Atlas de Nuvens.

Sinopse:


"Neste que é um dos romances mais importantes da atualidade, David Mitchell combina o gosto pela aventura, o amor pelo quebra-cabeça nabokoviano e o talento para a especulação filosófica e científica na linha de Umberto Eco, Haruki Murakami e Philip K. Dick. Conduzindo o leitor por seis histórias que se conectam no tempo e no espaço — do século XIX no Pacífico ao futuro pós-apocalíptico e tribal no Havaí — Mitchell criou um jogo de matrioskas que explora com maestria questões fundamentais de realidade e identidade."




Ao ler Atlas de Nuvens, eu passava as páginas e me pegava sempre pensando: o que importa mais para fazer um bom livro? É a técnica de escrita empregada, são personagens que compõem a narrativa ou é uma boa história? O que salta aos olhos do leitor quando abre Atlas de Nuvens pela primeira vez é como David Mitchell é um monstro como escritor. Ele conseguiu criar seis narrativas distintas, interligadas e com estilos de escrita diferentes. Temos um diário de viagem, uma escrita epistolar em cartas, uma narrativa a la romance policial, um livro de memórias, uma entrevista e uma escrita descritiva. Todas muito distintas uma da outra. Se formos pensar que a escrita é o ponto definitivo para a composição de um bom livro, então colocamos David Mitchell ao lado de outros gênios como Murakami e Saramago que primavam pelo seu estilo único. Mas, Atlas de Nuvens não é só isso.

A cada mudança de história, eu sinto como se o autor tivesse me dado uma matrioshka de presente: aquelas bonecas russas que dentro elas tem outra boneca, que por sua vez abriga outra boneca e assim sucessivamente. As interconexões das histórias não estão apenas nos objetos ou recordações que aparecem em outras histórias. Não são só os Easter Eggs como o romance de Luisa Rey, o diário de Adam Ewing ou a rogativa de Somni. São os temas também. Se observarmos com um pouco mais de atenção, perceberemos que alguns temas se repetem em espaços de tempo bem longínquos. Eu fiquei em dúvida se dava 2 ou 3 corujas para a narrativa, mas quando me dei conta da repetição de temas eu percebi a real riqueza da história. Como os seres humanos repetem os mesmos erros do passado.

"Deitado no fundo do caiaque fiquei vendo as nuvens. As alma atravessam o tempo que nem as nuvens atravessam o céu, e por mais que mudem a forma e a cor e o tamanho da nuvem, ela continua sendo nuvem e as almas também continuam sendo almas. Quem sabe dizer de onde veio a nuvem ou quem a alma vai ser amanhã?

Antes de entrar na fala de cada narrativa, eu queria destacar o único ponto fraco ao meu ver no livro: os personagens. Eles não são memoráveis; apenas comuns. Nenhum deles me desperta alguma coisa no coração. Achei as histórias intrigantes e vale destacar que a última após o fim da civilização é a que eu mais gostei. Não apenas pelo jeito estiloso como o autor representa a fala de Zachry, mas a própria história em si. Ah, segue o alerta: não é uma história simples de ser lida. Exige bastante do leitor. Creio eu que a escrita de Mitchell que está o tempo todo mudando conseguiu me dar mais trabalho do que o livro de China Miéville. É uma leitura que precisa ser feita com calma, paciência e atenção.

O livro trabalha com uma imensidão de temas. Não vou trabalhar as histórias uma por uma porque essa não é a proposta do autor. Por exemplo, existe um grande debate sobre a escravidão e a condição humana presentes tanto na história de Adam Ewing como na de Zachry. Na primeira o autor demonstra como o seu trabalho de pesquisa foi intenso. A discussão sobre como a escravidão na Idade Moderna era terrível pode ser percebida através dos relatos dos marujos no Prophetess. O negro era tratado como um ser abaixo dos outros. Tem uma parte em que eles chegam a Nazareth e eles conversam com o missionário local. E o missionário dá um sermão que você, leitor, juraria que estava ouvindo de um nazista na Alemanha. Mas, tal não é. Isso porque os nazistas não criaram a ideia da superioridade étnica do nada. Desde o século XIX já havia um intenso debate em que estudiosos "sérios" adotaram a teoria darwiniana para estudar a sociedade. Eles acreditavam que os brancos arianos eram o topo da cadeia enquanto que as demais etnias se encontravam em degraus inferiores buscando seu espaço e usando como modelo a Europa. Esse debate permeou as pesquisas sociológicas iniciais com o contato com as comunidades da Oceania. Os primeiros sociólogos eram impregnados dessas ideias de evolução social. A escravidão retira a liberdade do indivíduo; o violenta da maneira mais vil. Outra cena muito forte é o das chibatadas nos escravos fugitivos. A dor não é apenas o de ter o seu corpo marcado e ferido, mas é o de saber que você está indefeso diante da violência de alguém com mais poder do que você. Este é o mesmo sentimento de Zachry quando vê sua família sendo morta e escravizada. Ele nada pode fazer para evitar aquilo. O que mais o abate foi o fato de ele ter se acovardado e se escondido enquanto tudo acontecia. Essa é uma marca que ficou em seu coração. De um lado temos pessoas que estão passando pela escravidão e do outro aqueles que ficaram para trás de algum modo. E outra mensagem ainda mais curiosa: seja no passado ou no futuro, o ser humano sempre vai desejar subjugar o mais fraco. Mesmo após a queda da civilização, um grupo de pessoas ainda busca escravizar o próximo para colocá-los sob seus desígnios. O que isso nos diz sobre a condição humana?

“Um livro lido pela metade é como um caso de amor não consumado”

Outro tema que podemos conferir neste começo é o choque cultural presente tanto na história de Adam Ewing como no da pobre Sonmi. Ao fazer um estudo sobre os morioris nas ilhas do Pacífico, Adam fica sabendo o quanto sua cultura acabou desaparecendo, vítima das missões civilizatórias europeias do século XIX. Os povos do Pacífico tinham suas próprias crenças como no poder do vulcão, no contato com a natureza, na caça e na coleta. Todas crenças que merecem respeito, mas consideradas blasfemas pela Igreja. A própria dança da ula-ula, um simples ritual para receber convidados era vista com maus olhos. Esses povos precisaram abandonar as suas crenças, muitas vezes até pela força, para poderem se tornar mais "civilizados". Mas, afinal... o que é civilização? Se eu for pegar no dicionário, a definição que eu tenho ali é completamente diferente da que foi utilizada pelos pregadores. Já Sonmi tem em seu mundo da cafeteria todo o seu Universo. Quando ela sai dali, ela conhece todo um mundo novo repleto de formas e cores. Tudo o que ela achava que sabia, era apenas a ponta do iceberg. E aos poucos ela acaba precisando conhecer mais sobre o mundo. Em um outro espectro ela se descobre escrava dos homens que a criaram. Isso porque Sonmi é uma clone humana criada de forma a servir o resto da humanidade. Ela foi criada para trabalhar em uma lanchonete. Qualquer outro tipo de conhecimento se faz desnecessário. Aos poucos ela vai entendendo qual o valor que ela e suas iguais (as Yoonas, as demais Sonmis) tem para seus Vedores. Claro, existe um plot twist lá no final, mas até ali somos apresentados a um tema aterrador: e se os clones se tornarem nossos escravos de luxo no futuro? Usaremos uma justificativa alegando que eles são apenas objetos? Que eles não teriam alma? Não foi a mesma justificativa que a Igreja usou para os negros africanos na Idade Moderna? O que é diferente?

Também me surpreende a maneira extremamente natural como Mitchell trabalha personagens homossexuais. Frobischer é aquele típico "mulherengo", mas percebemos em suas cartas o quanto ele ama Sixsmith. Apesar de nunca termos no livro um diálogo entre ambos percebemos a afeição do protagonista pelo seu amado. Cheguei até mesmo a suspeitar da intensa amizade entre Adam e o doutor Goose. Em certos momentos, o autor deixa outra coisa implícita. E até mesmo a maneira como Frobischer acaba se relacionando com outra pessoa apenas para conseguir um dinheiro para mantê-lo em suas pesquisas sendo que à noite, ele se encontrava às escondidas com Jocasta. O autor trabalha também a violência sexual em alto mar. O jovem Rafael é violentado repetidamente por membros da tripulação do Prophetess que, sem uma distração a bordo, acabam se voltando para o jovem marujo que o único pecado era ter um rosto bonito. Por um lado, Mitchell apresenta uma bela relação entre dois homens que parecem se amar verdadeiramente, e do outro uma relação abusiva nutrida a partir de um vácuo sentimental ou apenas pela necessidade de ferir e agredir o próximo.

Outro tema interessante é o da memória. Na história de Timothy Cavendish temos um senhor de idade que busca ainda uma razão para continuar existindo em uma sociedade em que os mais velhos são apenas um fardo. Com toda a sua fala hiperbólica, Cavendish é apenas um senhor que ainda lúcido, apenas quer continuar a fazer o que ele sabe. Ele é colocado em um asilo e passa por todo um calvário lá dentro. Vemos como os mais velhos são entendidos dentro desse universo que são os abrigos para idosos. Existe toda uma série de rituais e situações demarcadas para estes senhores que, caso se revoltem, basta um remédio para deixá-los mais calmos. O leitor vai percebendo que eles são apenas indigentes e os abrigos são meros depósitos onde são guardados aquilo que não mais se deseja. Mas, será que paramos para pensar nos sentimentos dos que são deixados para trás. O tema da memória também está presente nas rogativas de Sonmi que são quase como evangelhos para as pessoas no futuro. Sonmi se tornou um ícone, alguém cujas palavras levam a iluminação e sanam as dúvidas em tempos de crise. O que ela deixou para trás como relato se torna imprescindível para a reconstrução da humanidade. Porém, seus relatos estão fragmentados então nem tudo consegue ser recuperado. E o mais curioso de tudo é que uma das coisas que mais deu alento a Sonmi durante sua estadia na Universidade foram os relatos de Cavendish. Segundo Sonmi, o dia em que ela estava em sue quarto olhando para o horizonte e assistindo à filmagem do calvário de Cavendish foi o momento mais feliz de sua vida. São pequenas coisas que acabam constituindo nossa memória de eventos passados.

“Poder ilimitado nas mãos de gente limitada sempre dá em crueldade”

O desenvolvimento tecnológico também é apresentado pelo autor. Na década de 70 a discussão sobre o bom uso da energia nuclear estava em voga. Porém, o que mais as pessoas viam era como usar a energia nuclear podia dar errado e causar males irreversíveis ao planeta. Assim foi com o desastre em Chernobyl uma década mais tarde. Mesmo com o máximo de cuidados possíveis, sabemos que o ser humano não é 100% preciso. E qualquer pequeno erro ao lidar com esse tipo de tecnologia é mortal. Na história de Luisa Rey vemos justamente como uma usina nuclear é construída mesmo com algumas checagens de segurança faltando. Um suborno aqui e outro ali fizeram com que alguns olhos fossem fechados. Quando Luisa precisa denunciar aquilo que estava descobrindo progressivamente, ela precisa lidar com o poder inescrupuloso de grandes corporações. Empresários que fazem tudo para enriquecer mesmo se eles estiverem colocando a vida de outros em risco. Mesmo se for necessário confundir um pouco as noções de moral. Se pararmos para pensar um pouco, não é o mesmo que usar clones como escravos de seres humanos? Quando nos referimos a tecnologia sempre imaginamos ela sendo utilizada por um fim humanitário. Mas, a maior parte das tecnologias é usada com fins bélicos. Em algum momento, alguma pessoa pensou em usar aquilo que parecia algo para favorecer a humanidade, como uma arma para alcançar a dominação.

Consigo pensar ainda em mais uns três ou quatro assuntos a mais tratados pelo autor. Mas acredito que a minha resenha já deva ter feito vocês se interessarem pelo livro. Eu esperava que o livro fosse algo muito bom, mas ele superou as minhas expectativas. Foi sim uma das minhas melhores leituras do ano, não apenas porque o autor deu uma aula de escrita criativa, mas porque ele mostrou para mim como trabalhar temas pesados de uma maneira natural. A maneira como as histórias se entrelaçam umas nas outras não está presente apenas nos Easter Eggs, nos objetos que passam de uma história para outra, mas nos temas abordados. A riqueza de Atlas de Nuvens está onde você menos imagina. E quando você reflete por 30 segundos sobre aquilo que você leu, você se dá conta do amplo espectro de tudo o que foi dito em pouquíssimas páginas.

Se eu recomendo? Hell... recomendo e muito. Só que, como disse acima: não é uma leitura que vá agradar a todos. É uma leitura reflexiva, acima de tudo.










Ficha Técnica:

Nome: Atlas de Nuvens

Autor: David Mitchell

Editora: Companhia das Letras

Gênero: Ficção Especulativa

Tradutor: Paulo Henriques Britto

Número de Páginas: 544

Ano de Publicação: 2016


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Em qui, 13 de out de 2022 13:18, Pedro Serrão escreveu: Opa Paulo Obrigado pela rápida resposta! Eu tenho um Interstitial que penso que é o que está falando (por favor desligue o adblock para conseguir ver): https://demopublish.com/interstitial/ https://demopublish.com/mobilepreview/m_interstitial.html Também temos outros formatos disponíveis em: https://overads.com/#adformats Com qual dos formatos pensaria ser possível avançar? Posso pagar o mesmo que ofereci anteriormente seja qual for o formato No aguardo, Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:15: Boa tarde, Pedro Gostei bastante da proposta e estava consultando a designer do site para ver a viabilidade do anúncio e como ele se encaixa dentro do público alvo. Para não ficar algo estranho dentro do design, o que você acha de o anúncio ser uma janela pop up logo que o visitante abrir o site? O servidor onde o site fica oferece uma espécie de tela de boas vindas. A gente pode testar para ver se fica bom. 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