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Resenha: "As Crônicas Marcianas" de Ray Bradbury

Um clássico da ficção científica que fala da aventura da conquista de Marte e do que significa ser humano na era espacial. Entenda por que esse livro ainda é uma leitura atual mesmo tendo sido escrito há quase um século atrás.



Sinopse:


Publicadas originalmente em revistas de pulp fiction, no final dos anos 1950, nos Estados Unidos, As crônicas marcianas foram reunidas num livro por seu autor, no início dos anos 1960, e interligadas por pequenas costuras narrativas. As crônicas acabaram formando emocionante panorama imaginário da chegada do homem a Marte e da colonização do planeta pela espécie humana. Livro que pode ser visto como um romance fragmentado ou uma seqüência conceitual de contos.





Alguns livros são imortais. Não importa quanto tempo se passe eles continuarão a passar mensagens que serão apreensíveis por várias gerações. Fundação, de Isaac Asimov é um deles. 2001, Uma Odisseia no Espaço é outro. Bradbury também tem vários desses livros imortais dos quais já falamos sobre Fahrenheit 451 e sua definição sobre o controle social. Mas, o autor também é conhecido por outro clássico chamado As Crônicas Marcianas que narram a aventura do homem na colonização de Marte. O desejo de dominar o planeta vermelho faz parte da imaginação de muitas pessoas desde a descoberta do planeta. Por exemplo, Edgar Rice Burroughs descreve a aventura de um antigo oficial do exército americano durante a Guerra de Secessão quando ele é misteriosamente transportado para Marte. Já Bradbury tem uma visão mais diferente do aventurismo proposto por Burroughs. Sua narrativa é mais pessimista e cerebral do que a de seus antecessores.


Crônicas Marcianas tem uma estrutura bem peculiar. É um romance fix-up, ou seja, é formado por vários contos que se passam em um mesmo cenário. Temos alguns personagens que aparecem em mais de um conto, mas o protagonista da história é o próprio planeta Marte. Essa já é a terceira vez que eu leio esse livro e essa impressão sobre o protagonismo do planeta só se reforçou. Isso porque a definição do que é o povo marciano é bem subjetiva como aponta o próprio autor no último conto da coletânea. Temos três arcos de histórias historicamente delineadas: o arco da conquista, o arco da colonização e o arco da decadência. São grupos de histórias com estes temas específicos. Para não estragar a surpresa dos contos, vou comentar sobre quatro especificamente: Os Homens da Terra, Flutuando no Espaço, A Baixa Estação e O Piquenique de Um Milhão de Anos.


Os Homens da Terra representa bem este primeiro arco de histórias em que os homens buscam colonizar Marte, mas acabam se deparando com as artimanhas dos povos marcianos. É impossível não comparar a forma como Bradbury apresenta esta narrativa sem associar à conquista da América pelos espanhóis. Me veio imediatamente a imagem de colonizadores que buscam acima de tudo fincar uma bandeira em um território em que não seria deles. Neste conto que tem bastante de irônico, Bradbury nos apresenta a segunda expedição a Marte e os terráqueos são recebidos com indiferença pelos marcianos. Nenhum deles aparenta se importar com a chegada deles e ficam repassando o contato com eles para um vizinho ou uma pessoa em outro lugar. Esse trecho parece uma brincadeira com a crescente burocracia do mundo ocidental que nos faz ter que ir a vários lugares para resolver algum problema. Bem, os americanos cansados de serem ignorados se tornam cada vez menos propensos a um contato pacífico e ameaçam até usar suas armas contra os marcianos. Essa arrogância diante de um povo com hábitos diferentes.


"Viemos da Terra, temos um foguete, somos quatro, tripulação e capitão, estamos exaustos, estamos com fome, gostaríamos de um lugar para dormir. Gostaríamos que alguém nos desse a chave da cidade ou qualquer coisa assim e que alguém nos cumprimentasse e dissesse "Viva!" e "Parabéns, amigo". Resumindo, é isso."

Sempre gosto de comentar sobre o conto Flutuando no Espaço porque ele faz parte de um período específico da história americana. O conto foi escrito em 1950 na revista Other Worlds e a narrativa se passava em uma cidadezinha do sul dos EUA. Um grupo de fazendeiros brancos vê uma enorme quantidade de negros abandonando seus trabalhos e afazeres e seguindo em direção a foguetes espaciais. Os fazendeiros ficam horrorizados ao se verem de repente sem a mão-de-obra que trabalhava em suas casas, fazendas, estabelecimentos. Aqueles que tinham dívidas com seus empregadores, tenham suas dívidas pagas por pessoas do grupo. O protagonista é um típico homem branco sulista com seu preconceito contra negros aflorando em sua pele. Esse momento dos EUA é um dos mais ferrenhos na luta pela igualdade. Homens negros não podiam conviver nos mesmos espaços que homens brancos. Data desse período as imagens sobre ônibus específicos, os banheiros para "pessoas de cor". As mensagens de Martin Luther King ainda estavam distantes no horizonte. O curioso é o quanto Bradbury preconizou esse debate, mostrando o quanto o preconceito sulista era horrível. Para nós hoje, que temos uma sensibilidade maior para essas situações, o personagem é desagradável e nos incomoda em algum ponto de nosso ser.


Porém, eu tenho sentimentos conflituosos sobre essa história. Não acho que a solução para o problema seja simplesmente "vamos chutar tudo para o alto". Me parece ser uma resposta de fuga e seria quase que uma "vitória" para o homem branco preconceituoso. Defendo sempre a luta social em prol de um bem comum. E esse conto representa uma "vitória ruim". Sei lá... é um conto que me incomoda pelas questões profundas colocadas por Bradbury e a solução me parece pior do que o problema.


Para mim o elemento que se coloca no limiar do segundo e do terceiro arco de histórias de Crônicas Marcianas é A Baixa Estação. Sam Parkhill, um dos membros da terceira expedição, explorada no conto A Terceira Expedição. Sam é um dos elementos mais hostis dessa expedição e representa aquilo que há de pior no american way of life. Ele representa aquele típico americano do sul que representa o ideal do self made man. Depois de participar da conquista efetiva de Marte e de ter se desentendido com o capitão Wilder que representava a via pacífica, Sam adquire um terreno próximo a um entroncamento ao lado de um campo de pouso de colonos e constrói uma barraquinha de cachorro quente. O seu desejo é se aproveitar do bom lugar para ganhar uma fortuna dos colonos que chegariam nas próximas expedições. Mas, de repente ele começa a receber visitas de vários marcianos, que haviam se tornado uma minoria em extinção dentro de seu próprio planeta. Os marcianos querem lhe entregar alguma mensagem, mas tomado pelo seu medo/hostilidade, Sam começa a matar quase todos que vem à sua barraquinha, para horror completo de sua esposa. Esse conto demonstra de certa forma a maneira como os americanos se apossaram das terras dos marcianos e do final irônico e cruel que os terráqueos recebem, um reflexo de sua própria natureza belicista.


"Estavam passando por uma pequena cidade branca de peças de xadrez e, de tanta frustração e raiva, mandou seis balas direto nas torres de cristal. A cidade se dissolveu em uma chuva de vidro antigo e quartzo estilhaçado. Desabou como sabão esculpido, despedaçado. Deixou de existir. Ele riu e atirou mais uma vez, e a última torre, a última peça de xadrez, explodiu, incendiou-se e sumiu em direção às estrelas em fragmentos azuis."


Um dos meus contos favoritos como leitor de ficção científica é O Piquenique de Um Milhão de Anos. É daqueles contos que fazem você se emocionar pela sua simplicidade, poesia e profundidade. Bradbury tinha uma visão muito pessimista acerca do ser humano e isso a gente percebe em várias de suas histórias. Mas, é nesta aqui em particular que ele demonstra um de nossos possíveis futuros. O último arco de histórias se passa após a Terra ter passado por uma guerra nuclear entre suas diversas potências que devastaram boa parte da superfície terrestre. Todos estavam sendo chamados para entrar no conflito. Duas famílias escondem foguetes e uma delas consegue fugir da Terra (espelhando um pouco a história do último filho de Krypton, a origem do Superman). Essas pessoas chegam em Marte e o pai faz como se eles tivessem saído para um piquenique. Pouco a pouco a situação vai ficando mais estranha e os filhos percebem que algo está errado. É aí que o pai explica o acontecido e eles sabem notícias aterradoras sobre a Terra que havia chegado a um limite extremo da guerra destruindo tudo aquilo que constituía a humanidade. Aquela família e a outra que viria depois possivelmente seriam alguns dos últimos membros da Terra, embora vivendo em Marte. É aí que vem a pergunta do jovem menino que partiu o meu coração: "Papai, quero encontrar os marcianos." Essa eu vou deixar para vocês lerem a história e derramarem suas lágrimas assim como eu.


Quem acompanha as minhas resenhas sabem o quanto eu reluto para dar notas máximas para coletâneas de contos. Isso porque quase sempre a gente gosta de algumas e de outras nem tanto. Crônicas Marcianas é a minha exceção. Posso ficar horas aqui falando de aspectos específicos sobre cada um dos contos presentes na coletânea. O quanto Bradbury esbanja emoção e poesia em suas histórias. Temos até homenagens feitas a outros autores como Usher II, uma clara menção a Edgar Allan Poe. Essa é uma daquelas histórias essenciais a qualquer fã de ficção científica pela sua importância histórica como clássico do gênero e pelas temáticas exploradas pelo autor.











Ficha Técnica:


Nome: As Crônicas Marcianas

Autor: Ray Bradbury

Editora: Globo Livros

Tradutora: Ana Ban

Número de Páginas: 248

Ano de Publicação: 2013


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