A velha história se abateu sobre Anna: ela se apaixonou por um amante proibido pela sua família e decide fugir junto com ele. Seu amado combina encontrá-la em um mosteiro onde ela pode se refugiar de sua família. Mas, seus planos fracassam quando ela descobre a pouca virtude de seu amado e é colocada nas mãos de uma terrível abadessa.

Ah, a sina dos amores nunca realizados. Este pequeno conto talvez seja um dos mais antigos a utilizarem a imagem de uma freira como símbolo de uma maldição a afetar aqueles que a fizeram mal. Apesar de que este conto vai se debruçar mais em uma imagem de virtude com um tom bastante moralista no final. Horsley nos mostra uma narrativa bem aterrorizante para a época e não poupa nada em suas linhas. A protagonista sofre terríveis aflições, o que pode ter feito o conto ter sido um dos mais pungentes à época. É uma narrativa curtinha, mas que me surpreendeu bastante na maneira como o autor vai empilhando os fatos um após o outro.
Estamos diante de Anna, uma infeliz e iludida jovem que se apaixona pelo homem errado. Sua família já havia planejado seu casamento com um nobre de uma família próxima a eles, mas Anna foi enredada por um jovem galanteador que lhe fez promessas impossíveis de amor eterno. Mal sabia ela que o homem era apenas um deflorador de mulheres. Em seus encontros às escondidas, a jovem Anna perdeu sua virtude e agora não desejava nada senão fugir da opressão de seus pais que não querem entender os sentimentos profundos de seu coração. Após planejarem sua fuga secreta, Anna sai em disparada para o mosteiro de Santa Catarina onde inventa uma história sobre pais agressores para a abadessa, uma rigorosa mulher que a acolhe, mas com várias dúvidas acerca de sua conduta. Os dias se passam e nada de seu amado aparecer nas portas do mosteiro e quando o barão, seu pai, aparece com seus homens à porta do mosteiro, a abadessa se irrita com a jovem tola e a obriga a se tornar uma freira para escapar das garras de seu pai. Mal sabe a abadessa que um estrago foi feito. E Anna poderá viver mais do que o simples pavor de ser repreendida por seu pai.
Como disse, essa história me surpreendeu mais do que eu esperava nos tons de terror que Horsley emprega em suas linhas. Vamos pensar que ele submete uma jovem garota, grávida e que acaba de se tornar uma freira a torturas incessantes e diárias. Não há pena aqui e a jovem vê seu futuro indo por água abaixo com o desespero do que ela fez e precisou aceitar. O leitor se conscientiza de que, ao entrar no mosteiro, a vida de Anna foi para o espaço. Na minha visão, esse é um conto cautelar, até porque assume um caráter moralista em que ele culpa Anna por todos os horrores que lhe foram submetidos. Quase como um "se ela não tivesse desobedecido os pais, teria sido feliz". Isso fica bem claro. O horror é um horror social, de ser repreendida pelos seus pares e causar transtorno aos seus familiares. A escrita de Horsley é bem precisa e, assim como vamos ver em outros contos góticos, é uma daquelas narrativas cujo narrador soube dessa história por outros meios. Ou recebeu uma carta; ou encontrou um diário; ou alguém lhe contou. A ideia é dar um ar de veracidade ao que está sendo posto na história. A Freira Sangrenta do Mosteiro de Santa Catarina é uma rápida história com um final surpreendente.

Ficha Técnica:
Nome: A Freira Sangrenta do Mosteiro de Santa Catarina
Autor: T.I. Horsley Curtis
Compõe a coleção Raridades do Conto Gótico vol. 4
Editora: Sebo Clepsidra
Tradutor: Carlos Primati
Ano de Publicação: 2021
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