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Resenha: "A Fazenda dos Animais" (ou A Revolução dos Bichos) de George Orwell

Somos apresentados à famosa história criada por George Orwell onde Napoleão e Bola de Neve se revoltam contra os seres humanos que abusam dos animais da fazenda e constroem um regime igualitário. Mas, por quanto tempo durará essa igualdade?



Sinopse:


A história é conhecida: cansados da exploração a que são submetidos pelos humanos, os animais da Fazenda do Solar se rebelam contra seu dono e tomam posse do lugar, com o objetivo de instituir um sistema cooperativo e igualitário. Mas não demora para que alguns bichos voltem a usufruir de privilégios, fazendo com que o velho regime de opressão regresse com ainda mais força.


Escrita em plena Segunda Guerra Mundial e publicada em 1945, A Fazenda dos Animais é uma alegoria satírica sobre os mecanismos do poder e tudo aquilo que leva à corrosão de grandes ideias e projetos de revolução. Pela primeira vez no Brasil, o clássico de George Orwell é publicado com seu título original. Com nova tradução, de Paulo Henriques Britto, e projeto gráfico especialíssimo ― com capa em tecido, corte impresso e obras da artista brasileira Vânia Mignone ―, este A Fazenda dos Animais conta também com uma série de ensaios que cobrem a recepção crítica do livro desde o seu lançamento até os dias de hoje.





"Todos os animais são iguais. Mas alguns são mais iguais do que os outros."

O ano de 2021 vai certamente ter uma enxurrada de obras de George Orwell. Várias versões de 1984, algumas com capa dura, outras com brochura, outras com extras, outras com pop art. Entre as várias possibilidades, fiquei com a edição da Companhia das Letras de A Fazenda dos Animais que não apenas retoma o título original (traduzido de Animal Farm) como possui uma fortuna crítica com uma série de artigos e resenhas escritos por autores e críticos canônicos como Harold Bloom e Northrop Frye. A tradução foi refeita por Paulo Henriques Britto e está excepcional, melhor do que a versão anterior e até mais fluida. Tem uma série de ilustrações de Vânia Mignone que enriquecem bastante a obra.


A Fazenda dos Animais é uma obra de crítica anticomunista feita por alguém que viveu o socialismo em seu período inicial e percebeu aonde as coisas iriam redundar. Na década de 1940, Orwell tecia críticas graves ao modelo stalinista que viriam a se confirmar décadas mais tarde. Ao lado de 1984, A Fazenda dos Animais representa uma obra significativa do século XX que nos ajuda a compreender como o ocidente recebeu a influência do socialismo no resto do mundo. Orwell entrou para um grupo seleto de autores que mudaram nossa maneira de pensar o mundo. O que é mais interessante em A Fazenda dos Animais é perceber o desencantamento do autor com os rumos do socialismo. Para nós, leitores do século XXI, resta analisar a obra dentro do seu contexto e perceber o quanto ela continua ainda muito atual. O quanto regimes conservadores empregam táticas stalinistas para se manterem no poder.


Tudo começa com Major, um porco que tem o sonho de uma fazenda em que os animais não são mais explorados pelos seres humanos. Jones é alguém que desagrada porcos, cavalos, cachorros, corvos, ovelhas. E o que aconteceria se um dia os animais controlassem a fazenda? Após a morte de Major, surge a oportunidade para uma Rebelião e liderados pelos porcos Napoleão e Bola de Neve, eles conseguem finalmente se libertar do jugo da humanidade. Inicia-se um momento de alegria onde os animais passam a traçar seus destinos. Eles redigem Sete Mandamentos que devem seguir para não se igualarem aos seres humanos. Tarefas são distribuídas e uma batalha final contra os humanos é feita onde eles saem vencedores. Tudo parece levar a crer que a fazenda irá prosperar. Mas, ocorrem conflitos ideológicos entre Bola de Neve e Napoleão. Enquanto um deseja expandir seus domínios e socializar as atividades, o outro deseja reforçar seu domínio e planificar as tarefas. Com o desaparecimento de Bola de Neve, Napoleão se torna o líder único da fazenda. Mas, pouco a pouco, o porco vai se tornando mais e mais humano.



As representações são inegáveis. Bola de Neve seria Trotski enquanto Napoleão representaria Stálin. Toda a situação na fazenda é um reflexo do que foi a revolução russa. Temos os animais reclamando das péssimas condições de trabalho e da falta de perspectiva. O Major é aquele que fornece as ideias para que a rebelião seja feita, ou seja, Karl Marx (embora eu imagine em Major a figura de Lênin também... uma mescla de duas imagens). Como ele morreu antes da rebelião acontecer, ele nunca deixou um registro a seus compatriotas de como as coisas deveriam se encaminhar após ela ter sido feita. Com os humanos derrotados, resta aos animais decidir como organizar as atividades da fazenda. Então surgem dois caminhos possíveis: olhar para fora ou olhar para dentro. Apesar das boas ideias de Bola de Neve, sua execução é falha. Lhe falta o dinamismo necessário para que haja a segurança sobre quais os próximos passos. Embora Napoleão use métodos escusos para minar o poder de Bola de Neve até seu eventual "desaparecimento". Bola de Neve fornece a abertura para que isso aconteça.


Orwell usa a escrita fabular para fazer sua crítica. A narrativa é bastante metafórica e o leitor precisa ter um conhecimento prévio sobre a revolução russa e as primeiras décadas do stalinismo para entender todas as referências. É possível curtir a história sem isso? Sim, é possível. Mas, a história possui uma melhor fruição quando sabemos de qual contexto o autor se refere. Ou seja, é uma leitura diferente de 1984, que é uma obra mais de ideias e conceitos enquanto esta é mais de críticas e possibilidades. Se a escrita é fabular, obviamente que os animais possuem falas e diálogos. O emprego do discurso indireto livre é perfeito para a condução da história. Eu acharia um pouco estranho diálogos com travessão. Pode parecer um detalhe bobo, mas combinou bem com o estilo fabular da trama. E, apesar de ser uma fábula, não há uma moral intrínseca. O que temos é uma reflexão sobre um momento histórico específico e em o quanto a humanidade conseguiu distorcer algo que seria uma terceira via.


Os personagens funcionam bem como estereótipos para a trama. Guerreiro é o trabalhador fiel, que vê mesmo na pior das situações algum tipo de esperança para o futuro. É um reflexo do proletário dos dias de hoje. Guincho é a propaganda oficial do governo. Como uma boa lábia, consegue tornar as maiores mentiras em coisas totalmente plausíveis. Moisés representa a Igreja que em um momento é exilada da fazenda, porque o socialismo é um sistema que acredita que a religião é o ópio do povo, até ser aceita de volta como uma maneira de aliciar a população. Ou seja, o corvo é usado de acordo com a conveniência daqueles que estão no poder. Tulipa é a figura matriarcal que busca mediar as situações e encontrar possibilidades dentro de um cenário ruim. A cena dela ao lado de Guerreiro no final da história é comovente. Benjamin representa a intelectualidade ignorante. Aquele que sabe que algo está errado e nada faz para tentar resolver a situação. Todos eles são meios críticos para Orwell criticar as facetas da população diante do domínio do partido comunista. E estou aqui colocando que A Fazenda dos Animais é uma obra anticomunista, sendo que durante anos Orwell fez parte da milícia armada durante a Guerra Civil Espanhola. Ele não é contra o socialismo, mas o que foi feito dele por aqueles que se encontravam no poder.



E nessa fala é bom comentarmos sobre a trajetória de Napoleão. A melhor maneira de falar a respeito dele é citando o livro Sussurros, do autor Orlando Figes. E isso é perceptível na fazenda dos animais. Segundo Figes, aqueles que viviam sob o regime de Stálin não acreditavam no Partido Comunista, apesar de serem orgulhosos quanto aos objetivos daquilo que se desejava ser alcançado através de suas ações. Em seus anos de governo, o ditador russo criou uma sociedade silenciosa e conformista com tudo o que acontecia em seu interior. Aliás, a ideia de se fechar em si mesmo esconde essa vontade de um controle absoluto sobre as coisas. Napoleão vai minando as potencialidades dos animais uma por uma. E isso é vista em como ele distorce os Sete Mandamentos dos animais. De certa forma essa distorção é como Orwell avalia que Stálin fez com O Capital, obra máxima que definiu os princípios do comunismo de Karl Marx. Pequenas ações como criar um sistema de propaganda, criar mentiras sobre seus rivais, negociar com humanos na surdina, matar os dissidentes, torturar os possíveis opositores e extinguir com o hino Bichos da Inglaterra vai redundando em uma manipulação da memória daqueles que participaram da rebelião.


Alguns momentos da narrativa são duros de ler. Porque é a normalização da violência. E o próprio narrador atua como um veículo para isso. Ou seja, estamos diante de um narrador não confiável. Em vários momentos senti vontade de gritar. Porque a realidade dentro da fazenda é sufocante. Ela se deteriora de uma maneira progressiva. Inicialmente são pequenas coisas, mas no final a gente espera que determinadas situações venham a acontecer. Méritos do autor que conseguiu criar esse cenário tão memorável. A figura com a qual eu mais me identifiquei foi com Guerreiro e sua existência angustiada. No fundo creio que ele percebeu que tudo aquilo não tinha valor. Mas, ele preferia acreditar que haveria uma luz no fim do túnel. Até não haver mais.


A edição da Companhia das Letras está fabulosa (sem trocadilhos). Da fortuna crítica presente nesta edição queria tocar em três textos que merecem sua atenção. "Literatura política e fantasia patriarcal" foi escrito por Daphne Patai e fala um pouco sobre como a obra, apesar de todo o seu caráter vanguardista, ainda representa as ideias de um autor criado dentro de uma realidade onde a mulher não tem vez. Segundo Patai, observemos o quanto as mulheres tem um papel apagado na história. Sejam as porcas-concubinas de Napoleão, ao caráter materno de Tulipa ou o quanto Chica representava a futilidade feminina. Nenhuma delas tinha um papel preponderante ou sequer uma individualidade per se. O Posfácio de Marcelo Pen é excelente também para entendermos o envolvimento de A Fazenda dos Animais e a ditadura no Brasil (algo que eu vou abordar em outra matéria). Como o IPES imprimiu várias cópias gratuitas do livro como um material de propaganda no combate ao comunismo em uma época onde esse detalhe era essencial para a sobrevivência do regime ditatorial no Brasil. E, por fim, o texto "Posição Política" de Alex Woloch que trata de o quanto as opiniões e pensamentos de um autor interferem sim na escrita de sua obra. Ele usa como base o prefácio para a edição ucraniana do livro e tece uma série de comentários a respeito, passando pela formação do autor até suas escolhas futuras.


Este é um daqueles livros essenciais na estante de qualquer um, seja você fã de fantasia, ficção especulativa ou apenas de uma boa história. É um livro para pensar, refletir, repensar e discutir. Podemos não concordar com Orwell (e eu acho o autor radical demais em diversos pontos), mas isso tem a ver principalmente com o momento em que ele escreveu a trama. Pensar que ele se desiludiu com algo que acreditava ser uma possibilidade para reduzir a desigualdade social, leva qualquer um às raias da loucura. 1984 talvez seja uma obra ainda mais pessimista, mas A Fazenda dos Animais consegue ser impactante pelas sutilezas e pequenos recados que ele dá.












Ficha Técnica:


Nome: A Fazenda dos Animais

Autor: George Orwell

Editora: Companhia das Letras

Tradutor: Paulo Henriques Britto

Número de Páginas: 248

Ano de Publicação: 2020


Link de compra:


*Material enviado em parceria com a Companhia das Letras











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