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Resenha: "A Espera" de Keum Suk Gendry-Kim

A Espera é uma história comovente sobre uma família coreana separada durante a Guerra da Coreia. Contada do ponto de vista da filha mais nova da senhora Gwijá, que perdeu seu marido e filho durante uma terrível travessia de Pyongyang rumo ao sul, o leitor irá se deparar com a angústia e a ansiedade por trás de um possível reencontro décadas mais tarde de famílias que não mais puderam viver juntas.


Sinopse:


Keum Suk Gendry-Kim, a premiada autora sul-coreana de Grama, apresenta sua nova graphic novel a tratar dos males da guerra: A Espera. A obra surgiu de uma revelação que a artista teve em seu núcleo familiar: sua própria mãe foi separada da irmã durante a Guerra da Coreia. Keum veio a descobrir depois que não se tratava de algo tão incomum entre o povo coreano, cuja vida foi completamente alterada quando Sul e Norte se lançaram em um combate armado, nos anos 1950. A partir de entrevistas com sua mãe e outras vítimas de separações forçadas, nasceu A Espera, obra que assume contornos documentais e pessoais caros à autora e que influenciaram o direcionamento deste emocionante quadrinho. Jina é uma romancista, filha de Gwija, uma senhora coreana que, aos dezessete anos, foi obrigada a se casar com alguém que não conhecia para escapar do destino cruel de servir às tropas japonesas como “mulher de conforto”, na Segunda Guerra Sino-Japonesa. Apesar do casamento forçado, Gwija encontra a felicidade; mas ela durou pouco. Separada do marido e do filho durante a Guerra da Coreia, ela consegue chegar ao Sul e começar uma nova família, porém, sem jamais se esquecer da antiga. Anos depois, Jina promete ajudar a mãe a encontrar seus amores de outrora, só que, tendo se passado 70 anos desde a trágica separação, essa espera torna-se cada vez mais aflitiva e desesperançada. Gwija, agora uma idosa de saúde frágil, vê-se cada vez mais distante do sonho de rever seus entes queridos e de fazer as pazes com o passado.






Histórias que se baseiam em fatos reais são poderosas. Elas têm o dom de tocar no mais íntimo dos nossos corações. Sua verossimilhança é o que dá força a elas e nos mantém presos às páginas. São histórias de vida que poderiam acontecer conosco a qualquer momento de nossas existências. Que possuem uma honestidade incapaz de ser comparada a uma ficção. Curiosamente, A Espera se situa em um meio termo. Keum Suk Gendry-Kim misturou histórias de pessoas com quem teve contato e construiu uma ficção que transborda realidade. O resultado é uma narrativa comovente que nos faz refletir sobre o quanto a guerra afeta aqueles que nada tem a ver com ela. E de o quanto o simples ato de esperar pode ser dolorido.


Falando dos detalhes técnicos, a edição da Pipoca & Nanquim conta com uma capa dura e uma sobrecapa na cor azulada com uma textura emborrachada, gostosa de manusear. A tradução foi feita por Yun Jung Im, com um texto fluido e fácil de ser lido mesmo por aqueles que não conhecem nada sobre a história da Guerra da Coreia e suas consequências. As notas de rodapé são bem pontuais e não poluem o texto. O papel usado é de boa gramatura e potencializa a arte da autora, toda voltada para o uso do pincel. Ao final temos um posfácio escrito pela autora, mencionando a inspiração que a levou a escrever A Espera. Mesmo após uma leitura tão bela e melancólica, o posfácio fornece ainda mais tons de realismo e profundidade ao que lemos antes. E para os leitores que ficaram curiosos com a escrita de Keum Suk Gendry-Kim, há uma pequena bio ao final falando sobre seus principais trabalhos e prêmios conquistados.


A arte de A Espera é feita no pincel com uma autora de posse completa de suas habilidades artísticas. Para os leitores mais acostumados aos quadrinhos tradicionais, talvez uma arte em preto e branco não seja tão atrativa, o que é um erro se pensarmos do ponto de vista técnico. O que ela faz aqui é uma manipulação das presenças e das ausências nas páginas, determinando onde e como o preto deve entrar nos quadros. Parece algo simples manusear apenas o preto, mas, para o artista, se faz necessário compreender nuances e profundidades para criar uma harmonia entre aquilo que está sendo entregue em cena. Por exemplo, na página 63, no primeiro quadro, temos uma visão simples sobre uma cordilheira de montanhas. Mas, só conseguimos enxergar essa montanha porque sua silhueta foi corretamente montada através da inserção do preto em pontos específicos do quadro. Aliás, não só conseguimos enxergar as montanhas, como temos uma sensação de um terreno difícil de ser atravessado e isso só é percebido por conta da sutileza do traço da autora. Ao longo das páginas, Keum Suk consegue entregar um traço mais fino ou mais pesado dependendo do que ela deseja passar aos leitores. No segundo caso sabemos que se trata de momentos que despertam emoções fortes como tristeza, choque ou angústia.

Uma ferramenta bastante comum nessa edição é o emprego de quadros menores que formam uma imagem maior. Scott McCloud em seu clássico trabalho Desvendando os Quadrinhos entende a página como se fosse uma moldura. Um autor pode criar uma cena maior através do emprego de diversos quadros. Isso pode ser visto na página 38 em que a senhora Gwijá e uma amiga sentam-se em um banco embaixo de uma árvore e conversam sobre seus sentimentos de saudade. A imagem é formada por três quadros compridos que formam o todo da árvore. Outra maneira como ela usa seu recurso é na página 44 em que as mesmas senhoras continuam sua conversa e só vemos seus rostos. De cima deles sai uma cena diferente, formando uma imagem quase homogênea, fornecendo um belo toque artístico. Essa forma de enxergar as molduras das páginas como passíveis de serem manipuladas nos remetem à forma como Will Eisner criava suas cenas. Cada elemento do cenário era convidado a participar do todo.


Arte e narrativa estão trabalhando em conjunto em A Espera. Keum Suk soube combinar os dois para criar uma experiência única de leitura. A arte potencializa o texto e vice-versa. O texto já é pungente por si só ao nos contar uma história repleta de drama e angústia, mas a autora vai além e consegue criar quadros magníficos como os presentes nas páginas 142 e 143 onde a senhora Gwijá lida com a perda de seu marido e seu filho durante a travessia rumo ao sul. Os quadros possuem silhuetas em branco como se fossem uma foto apagada, representando o desaparecimento ou o esvanecimento de uma memória. Em seu trabalho Estrutura Narrativas nos Quadrinhos, Bárbara Postema sinaliza que texto e imagem nem sempre trabalham juntos. Na sua visão, a narrativa de quadrinhos se concentra mais na imagem. Porém, “A função do texto pode ser a de apoiar, permitindo que a ação seja transmitida principalmente através de imagens para ilustrar.” Essa harmonia entre ambos os recursos fornece uma dimensão sentimental à narrativa que nos emociona e dá mais tridimensionalidade aos seus relatos.


Um dos temas presentes em A Espera é o da memória. E ele pode ser analisado a partir de diversos espectros. Inicialmente vemos a relação entre Jiná e sua mãe Gwijá. Vemos o drama de Jiná que precisa sair da cidade devido a uma impossibilidade de manter o pagamento do aluguel de onde ela vive, próxima de sua mãe que precisa cada vez mais de sua ajuda. O leitor acompanha a honesta relação entre as personagens que podemos associar à nossa relação com nossos pais e mães mais idosos. Aquele sentimento de vai e vem de pessoas que se conhecem a tantos anos, mas que, por uma brincadeira do destino, descobrimos não conhecer por completo. Essa, talvez, seja a melhor associação já que a própria autora confidencia no posfácio um certo arrependimento por não ter conhecido antes uma história tão triste como a de sua mãe. Parentes e filhos possuem uma relação complexa e podemos nos deparar com fatos novos tarde na vida. Talvez não estivéssemos preparados antes para receber essa ou aquela informação.

O questionamento sobre a realidade de uma vida melhor no sul se faz presente e a autora consegue pontuar isso através dos momentos iniciais. Antes da guerra, a região onde Gwijá vivia era dominada pelos japoneses que, segundo seu relato, tratavam mal as pessoas sob seu domínio. Ao ponto de no final da Segunda Guerra Mundial, os japoneses usarem coreanos na linha de frente em manobras militares desprovidas de um sentido e que levavam à morte certa seus comandados. Quando houve a mudança do regime e houve a chegada dos soviéticos, imaginava-se que a vida iria mudar, mas tal não aconteceu. O que os coreanos se depararam foi com a mesma situação vista antes, apenas tendo mudado o opressor. A migração para o sul acontece porque acreditava-se que o domínio americano fornecia mais liberdade às pessoas. Havia um apoio humanitário maior. Isso não significa que a vida será um mar de rosas para Gwijá e sua filha, após se perderem de seu marido e de seu filho mais velho.


Toda essa história de vida surge com os reencontros entre famílias que começam a acontecer no século XXI após um início de comunicação entre os dois governos. Esses reencontros reuniam centenas de pessoas que eram sorteadas em uma espécie de loteria e eram levados até um hotel onde poderiam ter contato com algum familiar que tivesse sido encontrado. Esses reencontros poderiam ser saudosos ou até traumáticos quando se tinha um resultado diferente do imaginado. Irmãs que não se reconheciam mais, maridos que se encontravam em outros casamentos, filhos que já faleceram e foram substituídos por outros parentes. Pior do que isso era a expectativa de ser sorteado. Milhares e milhares de pedidos de reencontro chegavam todos os dias aos organizadores e estes atendiam aos pedidos apenas de uma pequena parcela. Por mais que houvesse uma boa vontade, o leitor vai se convencendo de que é impossível atender a todos.


Lidar com a memória é algo bem sensível. Porque ela é uma matéria fluida e fugaz e o tempo é um inimigo daqueles que a querem manter viva. A separação entre as duas Coreias aconteceu na década de 1950 e fará mais de setenta anos em breve. Já não existem tantas pessoas que se lembram de uma Coreia unificada quanto antes, apenas famílias que nunca se viram. Se torna mais distante uma discussão sobre fronteiras abertas, sobre o livre trânsito entre as duas nações. Esse debate se torna um diálogo entre um regime mais rígido e outro mais livre e essa não é toda a questão. Isso fica ainda mais evidente com histórias de famílias devastadas por uma guerra a qual elas não pediram para fazer parte. Uma cena como a descrita entre as páginas 128 e 133 em que milhares de pessoas atravessam uma ferrovia apenas para serem alvejados por caças soviéticos ou americanos não deveria acontecer. O que uma família que carrega todos os seus pertences em uma carroça tem a ver com um conflito ideológico entre super potências? A memória desses eventos precisa ficar viva porque é preciso lembrar. Mesmo tendo seus séculos de história, o sábio Heródoto dizia que “A História é a mestra da vida”. Sua colocação vem no sentido de que devemos aprender com nossos antepassados para que não cometamos mais os mesmos erros. Só que somos humanos e temos o dom de nos esquecer do passado, como esta história bem nos revela em seus capítulos finais. Por essa razão, uma obra como A Espera é tão importante. Para nos fazer lembrar.


Fica o convite a todos os leitores a se debruçarem em uma obra tão emocionante e sentimental. A Espera vai tocar os corações de seus leitores de formas inesperadas seja com a história de vida da senhora angustiada em rever seus parentes ou com a intensa relação entre mãe e filha. Uma coisa é certa: o leitor não sairá inalterado após passar pelas páginas dessa obra de arte.




Ficha Técnica:


Nome: A Espera Autora: Keum Suk Gendry-Kim

Editora: Pipoca e Nanquim

Gênero: Romance Histórico

Tradutora: Yun Jung Im

Número de Páginas: 252

Ano de Publicação: 2021


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