Em uma corrida contra o tempo, Irene e seu parceiro Kai precisam descobrir o paradeiro de um livro dos irmãos Grimm que pode esconder muitos segredos. E eles precisam levá-lo de volta à Biblioteca, um lugar que transcende dimensões. Como é que é?? Leiam nossa resenha e saibam mais!!
Sinopse:
Irene é uma espiã profissional da misteriosa Biblioteca, uma obscura organização que existe fora do tempo e espaço e que coleciona livros e manuscritos de diferentes realidades. E junto com seu enigmático assistente Kai, ela é enviada para uma Londres alternativa com a missão de recuperar um perigoso livro. Mas quando eles chegam, ele já foi roubado. As principais facções do submundo londrino estão prontas para lutar até a morte para achar este mesmo livro, e tudo é imensamente dificultado pelo f ato de que o mundo está infestado pelo Caos - as leis da natureza foram distorcidas para permitir a existência de criaturas sobrenaturais e mágicas imprevisíveis. Enquanto seu novo assistente guarda seus próprios segredos, Irene logo se vê envolvida e m uma aventura repleta de perigo, pistas e sociedades secretas, onde a natureza da própria realidade está em perigo e falhar não é uma opção.
Nem toda a leitura precisa ser profunda, densa e reflexiva. Depois de passar por uma triste jornada em Nossos Dias Infinitos, da autora Claire Fuller, eu queria uma leitura mais leve. Algo que pudesse me divertir ao mesmo tempo em que fosse uma história interessante. E eis que me aparece Genevieve Cogman entregando essa interessante aventura por uma Londres alternativa em A Biblioteca Invisível.
Quando eu comecei a ler, me lembrei imediatamente de uma série de TV que passava na TNT há alguns anos atrás. Chamava-se The Librarians e contava a história de três pessoas com habilidades absurdas sendo supervisionadas por uma ex-militar dentro de uma biblioteca interdimensional. Eles precisavam resgatar livros ou artefatos especiais que poderiam conceder poderes mágicos aos seus detentores. Era uma série divertida e despretensiosa. É o que temos aqui em A Biblioteca Invisível. Esta situação a seguir diz tudo o que você precisa saber nesse primeiro momento:
"[...] a Biblioteca funciona mediante teorias da conspiração. Não admita nada, negue tudo, e só então descubra o que está acontecendo e publique um artigo sobre o assunto. Não é como se eles pudessem impedi-lo de fazer isso."
A escrita da autora flui muito bem pelas páginas. Você passa voando pela história sem sentir. Quando você se acostuma com os personagens, continuar a leitura passa a ser algo obrigatório. Na metade final do livro, eu lia cinquenta ou oitenta páginas apenas porque eu queria saber o que acontece a seguir. Vocês me perguntam se é um livro Young Adult? Pode ser. Tem algumas características disso, mas não todas. Eu entendo como um livro divertido; se você, leitor, quiser colocá-lo em outra prateleira pode ser nessa. Como pode ser simplesmente na prateleira de fantasia. A narração é feita em terceira pessoa, mas mais aproximada. Ou seja, a autora vai se focar mais em Irene do que nos demais personagens. Faz com que nós criemos uma relação mais próxima com ela. O curioso é que Irene não é a "lutadora" da dupla, cabendo essa função estar a cargo de Kai. Mas, ela consegue resolver os problemas com inteligência e esperteza.
A protagonista feminina me agrada muito. Irene é uma mulher decidida e que sabe o que deseja. Por exemplo, um dos principais tropes de livros Young Adult não é seguido pela autora. Ela se livra logo dessa situação no começo do livro. A personagem entende a sua função com precisão. Ela é o que é e ponto final. Se ela tiver que usar de meias verdades para sair de uma situação, ela vai fazer. Ela honra sua posição como bibliotecária acima de tudo. Mas, não deixa de ser uma mulher que possui seus momentos de fragilidade e doçura. Talvez por ela ser fã de Grandes Detetives é que ela vai acabar saindo um pouco do padrão de conduta da Biblioteca. Mas, isso é a característica da Irene como pessoa, especificamente. E a torna muito interessante. Quero ver nos próximos volumes como se dará a evolução da personagem.
Kai é o enigma a ser resolvido nesse primeiro volume. Talvez muito mais do que o grande vilão aqui, entender como funciona a mente do jovem aprendiz de Irene se torna parte do mistério. Em pouco tempo vamos ver como o personagem possui enormes segredos que podem ou não atrapalhar a missão da personagem. Aliás, fica aqui os meus parabéns em como a autora conseguiu dar características únicas para cada um dos personagens de apoio. Até mesmo pela fala podemos saber de que personagem a autora está falando. Seja o jeito malicioso de Bradamant, o cavalheirismo de Vale, o estilão bad boy sedutor ao mesmo tempo em que corajoso de Kai e o estoicismo de Irene. Isso faz com que os personagens se tornem memoráveis na nossa mente.
O que temos aqui é uma boa e velha história de bem versus mal. E eu gosto de temas simples assim. O livro veio em um momento certo para mim em que eu precisava de uma narrativa nesses moldes. Uma narrativa pode ser sim puro entretenimento. Dar algumas boas risadas de tiradas da Irene, ver as pequenas brigas e invejinhas de Bradamant e Irene ou até curtir o modo Sherlock Holmes de Vale. Em muitos aspectos, a ambientação e a construção de personagens me lembrou O Protetorado da Sombrinha, série escrita pela autora Gail Carriger. Podemos até comparar a ambientação já que a Londres de A Biblioteca Invisível tem bastante de steampunk: zepelins, seres sobrenaturais, irmandades conspiratórias, experimentos malucos. E o vilão é simplesmente um vilão. É um cara mal que quer destruir ou dominar o mundo. Não há nada complexo para se entender aqui. É só apertar o cinto e apreciar.
Os capítulos possuem um bom tamanho e o leitor não sente dificuldades ao passar as páginas. Gostei do sistema de magias criado pela autora, a Linguagem. Se remete muito bem à essência da história e fala bastante à profissão de bibliotecário. A autora deixa muitas pontas de que pode vir a trabalhar com assuntos políticos nos próximos volumes e de que existem muitos mistérios entre os bibliotecários sêniores e os em treinamento. Percebemos algumas meias verdades ditas por Coppelia, mentora de Irene, à sua protegida e como Kostchei soube se aproveitar da rivalidade entre Bradamant e Irene. A presença de Kai no meio de tudo deixa ainda mais mistérios a serem resolvidos. Eu achei que a autora poderia trabalhar mais com a questão interdimensional do que apenas se focar em um único lugar. Mas, vou deixar para observar isso em outros volumes.
Uma história divertida, uma narrativa simples de ser compreendida e personagens que o leitor vai rapidamente apreciar. Essa é a receita de bolo gostoso criada por Genevieve Cogman. Não é um livro que vai mudar sua vida, mas vai te dar boas horas de diversão em uma tarde de sábado. Algumas pontas soltas ficaram para serem resolvidas em volumes posteriores. E eu quero estar lá para acompanhar.
Ficha Técnica:
Nome: A Biblioteca Invisível
Autora: Genevieve Cogman
Série: A Biblioteca Invisível vol. 1
Editora: Morro Branco
Gênero: Fantasia
Tradutora: Regiane Winarski
Número de Páginas: 368
Ano de Publicação: 2016
Outros Volumes:
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*Material enviado em parceria com a Editora Morro Branco
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