Em uma das primeiras animações produzidas por um dos fundadores do Studio Ghibli, um talentoso ladrão tenta roubar uma linda princesa das mãos de um astuto criminoso.
Sinopse:
O renomado ladrão internacional Lupin III chega ao pequeno ducado europeu de Cagliostro para investigar um dinheiro forjado de forma impecável, e se depara com uma conspiração nacional de centenas de anos.
Muito antes de Danny Ocean pensar em roubar um cassino em Las Vegas, Lupin III já realizava operações audaciosas em todas as partes do mundo. Miyazaki coloca o querido personagem Lupin III em uma terrível enrascada. Essa divertida animação mostra do que este gênio da animação é capaz de fazer.
Nesta aventura Lupin III consegue roubar uma grande quantidade de dinheiro. Mas, ao fugir dos policiais, Lupin percebe que as notas não passam de falsificações de alta qualidade. É então que Lupin imagina que as falsificações possam ter partido do Ducado de Cagliostro, uma meca das falsificações que todos os criminosos perseguem. Quando ele e seu parceiro Jigen estão chegando no castelo, eles se deparam com uma estranha cena: uma noiva está fugindo em um carro a alta velocidade e está sendo perseguida por cinco criminosos. Lupin, que não consegue ficar longe de um rabo de saia, sai correndo atrás dela e tenta ajudá-la. Juntos eles caem em um penhasco e nosso herói criminoso a perde de vista. Logo, ele irá achá-la como prisioneira do duque de Cagliostro e decide roubá-la do castelo. Isso o levará de encontro a uma incrível conspiração criminosa que fará com que Lupin se veja obrigado a se unir com o seu mais terrível perseguidor: o detetive Zenibata.
A série Lupin III já era um sucesso comercial e o objetivo da produção de filmes era expandir a marca. O primeiro filme O Mistério de Mamo já tinha tido uma boa recepção de público e O Castelo de Cagliostro buscava repetir a dose. Esta animação foi a estreia de Hayao Miyazaki como produtor, mas não contente em ser o produtor, ele foi também o roteirista, o designer e o responsável pelo storyboard. O autor levou incríveis seis meses para finalizar o projeto, mesmo com todas as dificuldades técnicas e de orçamento. A recepção foi muito boa na época tendo se tornado um fenômeno cult da animação japonesa, no mesmo nível de Akira. Claro que Miyazaki não empregou todo o nível de violência de Akira, preferindo se manter em uma animação que pode ser vista por todas as idades.
A animação é muito boa se levarmos em consideração o fato de ela ter sido produzido no final da década de 1970. Aqui já conseguimos ver um pouco da característica perfeccionista de Miyazaki: cenários detalhados, uma atenção grande aos espaços abertos e às geringonças que futuramente darão origem às criações malucas em animações como Laputa e O Castelo Animado. O Castelo de Cagliostro é bem detalhado, lembrando castelos góticos medievais. Miyazaki também coloca o personagem em várias cenas de ação bem dinâmicas como o tiroteio no telhado do castelo quando ele resgata Clarisse ou a famosa cena de perseguição no começo do filme. Yuji Ohno é o compositor da trilha sonora da animação que varia entre o jazz e a música clássica. Eu gostei particularmente da maneira como a música ajuda para criar um clima aventuresco à animação. Não me incomodou e deu dinamismo às cenas.
Lupin III é uma série em mangá desenhada por Monkey Punch. Ele se baseou no famoso detetive Arsene Lupin, dos livros de Maurice LeBlanc. O autor queria fazer uma releitura divertida e moderna, mantendo um pouco do espírito original do personagem. Miyazaki escreveu roteiros para alguns episódios da segunda temporada da série. No filme, Miyazaki quis dar aquele toque de aventura grandiosa ao mesmo tempo em que mantém aquele jeitão meio Robin Hood do personagem. Na minha opinião ele consegue fazer isso muito bem. Fiquei interessado em ver outras coisas do personagem, em conhecer melhor os amigos de Lupin e vê-lo escapar das perseguições da Interpol. Ou seja, Miyazaki conseguiu me divertir durante noventa minutos.
A animação é bem despretensiosa. Não existem grandes temáticas como o que vemos em outras animações do autor. Aqui ele se preocupa em mostrar uma grande aventura. Se podemos tirar alguma coisa da animação é que o protagonista não consegue fazer tudo sozinho. Ele depende da habilidade de Jigen e do poder de espadachim de Goemon. E sem o auxílio de Zenibata e da espiã Fujiko ele não teria conseguido resgatar Clarisse. Portanto, não temos aqui um herói super poderoso. A habilidade de Lupin é ser inteligente e atencioso de forma a conseguir encontrar a melhor solução para todas as situações. Alguns alegam um pouco de deus ex machina nas ações do personagem, mas eu não acho isso. Do contrário poderíamos considerar Danny Ocean um deus ex machina já que ele é infalível.
O enredo é bem pastelão no estilo daquilo que é proposto inicialmente. A ação se desenrola ininterruptamente. Não à toa temos poucos minutos de cenas paradas. Lupin está sempre se movendo ou fugindo. Miyazaki exagera um pouco em algumas cenas (como a gazua infinita de Lupin), mas posso estar exagerando aqui e tentando enxergar perfeccionismo em algo que é feito mais para divertir do que para ser realista. Não vejo nenhum problema ou restrição na animação: o mérito de O Castelo de Cagliostro é poder ser visto por pessoas de qualquer idade.
A primeira aventura de Hayao Miyazaki como diretor se mostrou uma experiência incrível. Mesmo tendo posto nas costas muitas funções (produtor, roteirista, designer, storyboarder) o autor consegue realizar um trabalho extremamente competente e, para muitos, um clássico dos animes. Com uma trilha sonora vintage e uma quantidade absurda de cenas de ação, O Castelo de Cagliostro certamente irá divertir pessoas de todas as idades. Vejam com seus próprios olhos o desenvolvimento daquele que virá a fundar o Studio Ghibli.
Ficha Técnica:
Nome: Lupin III e o Castelo de Cagliostro
Diretor: Hayao Miyazaki
Produtor: Tetsuo Katayama
Roteiristas: Hayao Miyazaki e Haruya Yamazaki
Baseado em Lupin III escrito por Monkey Punch
Estúdio: Tokyo Movie Shinsha
País de Origem: Japão
Tempo de Duração: 100 min
Ano de Lançamento: 1979
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