Esta linda releitura de O Pequeno Príncipe nos mostra uma menina que tem um "plano de vida" organizado para ela por sua mãe que deseja que ela entre em uma escola para alunos privilegiados. Mas, tudo muda quando a menina conhece um exótico aviador.
Sinopse:
A Pequena Garota encontra o excêntrico Aviador, que a introduz ao mágico mundo do Pequeno Príncipe. Neste mundo em que tudo é possível, a Garota aprende a redescobrir sua infância.
O Pequeno Príncipe é uma história que já ultrapassou diversas gerações. A história do menino vindo de um asteróide e que deixou sua rosa para trás já foi lido por milhões e milhões de crianças. Mark Osborne procurou fazer uma releitura da história usando-a como pano de fundo para uma menina que busca ser uma adulta melhor. Aliado a uma produção muito sensível o resultado é bem diferente e divertido, não sendo apenas a apresentação da história escrita há décadas por Antoine de Saint-Exupéry.
Esta é uma produção franco-canadense cujo roteiro foi escrito por Irena Brignull e Bob Persichetti. A direção feita por Mark Osborne acabou por nos apresentar a história de uma menina que busca ser aceita por uma escola de prestígio. Mas, ela falha na entrevista inicial e se muda para o bairro onde fica a escola para que ela fosse aceita de qualquer forma. Sua mãe cria um plano de vida para que ela não falhe mais e tenha sua vida inteiramente planejada rumo ao sucesso. Mas, a menina conhece um estranho aviador que lhe apresenta a história de um príncipe que morava no espaço e ajudou-o quando ele estava perdido no deserto. Entre os dubladores dos personagens da animação tivemos atores como Rachel McAdams, Jeff Bridges, James Franco, Paul Giamatti. A recepção foi muito boa sendo que a animação foi lançada na mesma semana em que Missão Impossível - Nação Fantasma. Até mesmo foi parte do Festival de Cannes recebendo muitos elogios da crítica.
Ah, a trilha sonora. Tem como criticar uma trilha sonora feita por Hans Zimmer, o gênio das trilhas sonoras do cinema? Para mim é impossível. Uma trilha sonora bem construída, que se integra muito bem às cenas da animação. Produz um efeito tranquilo quando a menina está no novo bairro, fornece aqueles momentos de emoção quando ela está com o aviador e tensão quando ela está em busca do pequeno príncipe. Achei a trilha sonora muito orgânica; não é dos melhores trabalhos de Zimmer, mas também não compromete. Fico triste de que a música que mais foi veiculada para fazer a divulgação do filme, não fez parte da animação em nenhum momento. Somewhere Only We Know, da cantora Lily Allen é a identidade musical do filme. Fiquei esperando a cena em que a música iria aparecer e, nada.
A animação segue dois padrões distintos: a computação gráfica que apresenta a história da menina e uma animação em aquarela desenhada que mostra as aventuras do Pequeno Príncipe. A parte em computação gráfica não compromete, mas admito que não se trata de um tipo de visual que me agrade. É legal ver em animações da Pixar, mas não é algo que eu possa chamar de belo. Já a animação produzida pelo estúdio francês mostra o quanto o estilo de animação europeia é diferente e inusitado. Me agradou muito mais. Uma pena que esse estilo aparece em bem poucas cenas e quanto mais a história se encaminha para o final, menos nós vamos vendo.
Quem espera uma adaptação de O Pequeno Príncipe não vai encontrar isso aqui. A narrativa de Antoine de Saint-Exupéry serve como um pano de fundo para contar uma jornada de crescimento. Temos uma menina que tem toda a sua vida regulada da noite para o dia. Ela não tem espaço para se divertir, explorar,conhecer amigos. Tudo precisa entrar dentro de um planejamento. Mas, graças ao seu contato com o aviador ela vai mudando um pouco a maneira como ela se relaciona com o mundo. Tudo deixa de ser apenas dados e informações, para se tornar experiências. Vemos que no começo da história ela quer encontrar a resposta lógica em tudo. Pouco a pouco ela vai percebendo que é preciso deixar espaço para fantasiar, para imaginar. E é tendo o aviador como uma espécie de mentor é que sua vida vai mudar.
Uma das várias mensagens deixadas pelo livro de Exupéry é o que queremos ser quando formos adultos. Muitos de nós quando crescem acabamos deixando nossa imaginação de lado em prol de informações lógicas e das responsabilidades que vem com a vida adulta. Somos afogados em contas, trabalho, casamento e não há espaço para sermos imaginativos. Imaginar e fantasiar não é privilégio das crianças; adultos podem ter os seus momentos de criança. Que tipo de adulto queremos ser? Esta é uma das perguntas que permeiam a história. A protagonista começa querendo ser uma adulta certinha como sua mãe, mas aos poucos vai se dando conta de que ela precisa ser sua própria pessoa. Quando ela passa a tomar o seu destino em suas mãos, vemos um crescimento da protagonista. Ela se desenvolve muito com o contato com o aviador. Tanto que a própria mãe não a reconhece mais na metade final da história.
Não gostei da viagem onírica que acontece na segunda metade. Aquele momento destoou muito da história. A primeira metade que serviu para usar O Pequeno Príncipe como uma metahistória para desenvolver a protagonista foi a melhor parte da animação. Até ali foi incrível. Mas, eu senti que o diretor se perdeu um pouco com aquela busca pelo Pequeno Príncipe. Não havia necessidade daquilo. Poderia ser apenas a menina precisando ter uma conversa com a mãe sobre o que ela queria para si mesma. No entanto, não houve essa situação e acabamos não sabendo exatamente como a mãe se posicionava a respeito das escolhas de sua filha. A protagonista já havia crescido até ali e acho que no fundo a ideia da experiência onírica era que ela estivesse em uma situação em que ela precisasse criar coragem para decidir seu próprio destino. Mas, havia várias outras formas de fazer isso.
Le Petit Prince é uma linda animação que mostra o quanto algumas histórias são extremamente poderosas. A ponto de afetar a maneira como enxergamos a nós mesmos e o quanto é importante crescermos para nos tornarmos pessoas melhores. Recomendo a história a todos já que ele é bem leve e tranquila.
Ficha Técnica:
Nome: O Pequeno Príncipe
Diretor: Mark Osborne
Produtores: Aton Soumache, Dimitri Rassam e Alexis Vonarb
Roteiristas: Irena Brignull e Bob Persichetti
Baseado em O Pequeno Príncipe escrito por Antoine de Saint-Exupéry
Estúdio: ON Animation Studios, Orange Studio, LPPTV, M6 Films e Lucky Red
País de Origem: França e Itália
Tempo de Duração: 106 min
Ano de Lançamento: 2015
Tags: #opequenoprincipe #markosborne #antoinedesaintexupery #orangestudio #m6films #amizade #aventura #sonho #esperanca #ficcoeshumanas
Comments