Há mais em São Paulo do que a agitação urbana dos comuns. Duas investigações chamam a atenção da bruxa e monitora Ísis Rossetti, que precisa lutar para restabelecer a ordem na cidade.

Sinopse:
Ísis Rossetti é uma bruxa. Seu trabalho é monitorar crimes envolvendo forças sobrenaturais na cidade de São Paulo. Apenas esses. As regras são claras: se não houver magia envolvida, ela não pode intervir. Mas em meio ao caos sufocante da cidade, a vida dos comuns está constantemente em perigo. Não há como não ajudar. Tudo se complica quando, em meio a duas investigações extraoficiais, Ísis recebe uma missão de uma divindade. Ela precisa então reviver questões pessoais que preferiria manter enterradas no passado, guardadas a sete chaves por seus amigos, enquanto tenta lidar com os vigilantes olhos do Corregedor.
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Numa das maiores cidades do mundo, uma única bruxa tem o dever de monitorar as atividades mágicas e cuidar para que nenhuma entidade ou força sobrenatural ultrapasse os limites da materialidade. Apesar de todas as restrições quanto ao uso de magia, Ísis vive recorrendo à sua intuição para ajudar uma amiga da Delegacia da Mulher a solucionar alguns casos, podendo acarretar em séria punição se seu superior descobrir. Num intervalo de algumas horas, uma mulher e uma menina em circunstâncias muito diferentes desaparecem sem deixar rastros. Além disso, ela precisa desvendar o sentido de uma misteriosa imagem mostrada por uma entidade de outro plano. Agora Ísis corre contra o tempo para salvar uma menina e uma mulher, e descobrir o que raios quer dizer o artefato de madeira em forma de onça.
Porém Bruxa
Grandes centros urbanos sempre evocam uma aura de mistério, com seus muitos segredos, becos e esconderijos, intrigas e um acúmulo incrível de pessoas, de energias e possibilidades. Fantasia urbana é um dos meus subgêneros favoritos justamente por explorar essa janela entre a normalidade do cotidiano e o sobrenatural pairando sobre as cidades, coisa que a Carol Chiovatto faz muito bem em Porém Bruxa, seu romance de estreia.
Ísis Rossetti é a bruxa responsável por monitorar a cidade de São Paulo e intervir em qualquer anomalia sobrenatural envolvendo pessoas comuns, geralmente causadas por crimes cometidos por outros bruxos. Começando pela personagem, Ísis é apresentada como uma rebelde com pouco apreço pelas leis regulando seu cargo; impulsiva, espirituosa e com grande senso de dever e justiça, Ísis é fácil de se gostar. Acho que todos nós temos um pouco dessa bruxa transgressora que enfrentaria qualquer restrição para fazer algo considerado importante, correto.
A construção das personagens é boa, todas são carismáticas e interessantes, mas poderia ser melhor. Nem todas são tão naturais ou verossímeis quanto poderiam, pecando em atitudes um pouco caricatas ou exageradas. Não ajuda muito o fato de termos uma reunião de elementos em excesso acontecendo durante a narrativa.

Os acontecimentos da trama levam Ísis a duas principais investigações policiais e uma missão urgente dada por uma entidade. A cidade de São Paulo, de repente, parece ainda mais turbulenta do que o normal. Ísis, então, se depara com algumas questões muito relevantes, como feminicídio, abuso, relações tóxicas e o fanatismo religioso atrelado ao ódio e perseguição às religiões de matriz africana, entre outras. O problema é que, com suas duzentas e cinquenta páginas, o tempo para desenvolver tanta coisa acaba sendo muito limitado. Um recorte mais objetivo poderia surtir um efeito mais impactante - com menos problemas a serem elaborados, haveria a profundidade merecida para a pauta escolhida. Ainda assim, parabenizo a autora pela sensibilidade de suas escolhas e defesas.
O sistema de magia é muito interessante, principalmente por ser algo plausível, fácil de se imaginar e visualizar, além de muito útil. A autora procurou focar em feitiços que poderiam sim ser utilizados em uma cidade do porte de São Paulo, sempre se preocupando com a discrição da personagem na utilização de seus poderes e abusando da intuição como principal ferramenta de Ísis. É uma bruxaria quase realista. Gostaria de ter mais noção do funcionamento da sociedade bruxa, já que o romance se passa praticamente todo na cidade, entre os comuns. Há também uma hierarquia entre os bruxos podendo ser mais explorada. Talvez em um momento futuro? Espero que sim.
A escrita da Carol é muito boa e o romance é daqueles que a gente lê rapidinho. Tudo vai acontecendo bem rápido, sem enrolações, num ritmo convincente e fluido. Particularmente, percebi um exagero no coloquialismo, mas não chegou a me atrapalhar. Talvez seja apenas uma questão pessoal mesmo. No mais, toda a narrativa a bem-feita, com parágrafos e capítulos do tamanho ideal para dar essa agilidade toda à trama.
Porém Bruxa é um ótimo entretenimento, rápido, fácil de ler, com uma abordagem crítica e muito relevante sobre pautas que estão na ordem do dia. Consegue ser atual sem perder a graça de uma leitura envolvente, proporcionando boas horas de distração sem que escape o viés social. É um excelente começo da Carol como romancista e torço para ler mais materiais dela em breve.



Ficha técnica:
Nome: Porém Bruxa
Autora: Carol Chiovatto
Editora: Avec
Número de Páginas: 256
Ano de lançamento: 2019
Link de compra:
Livro cedido em parceria com a editora Avec.
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