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Foto do escritorPaulo Vinicius

Resenha: "La Dame Chevalier e a Mesa Perdida de Salomão" de A.Z. Cordenonsi

Durante a década de 1920, temos uma nova Chevalier. La Dame é convocada para investigar o estranho assassinato de um soldado francês no Marrocos. Ele alega ter sido atacado por soldados de preto e revela detalhes sobre um estranho artefato. Toda essa história parece ter a ver com o sombrio passado da personagem.


Sinopse:


O ano é 1927 e o assassinato de um soldado em um hospital militar em Marrocos dá início a uma corrida por um artefato valiosíssimo, desaparecido há mais de mil anos: A Mesa de Salomão, o Rei dos Reis, que concederia a seu possuidor a sabedoria de mil sábios. E quando a investigação realizada pelo Bureau aponta que a arma é a mesma utilizada no assassinato dos pais da atual La Dame Chevalier, a agente decide viajar para o norte da África em busca do artefato e de respostas. Acompanhada da jovem Justine Carbonneau, as duas seguem para o deserto em meio a uma guerra entre o império e os berberes, que lutam pela independência. Mas a Chevalier terá concorrência. Mercenários, liderados pela misteriosa organização Ostia Mithrae, também pretendem reivindicar o prêmio e estão dispostos a destruir qualquer um que se interpor em seu caminho.




La Dame Chevalier é uma boa história de aventura. E o Cordenonsi se tornou um daqueles autores que você acompanha, conhece o estilo e curte suas histórias. Estou caminhando para o quarto livro dele e a gente já sabe o que esperar: uma boa narrativa, caça ao tesouro e uma atmosfera de mistério. Por esse motivo eu sempre me animo quando chega algo novo do autor e esse ano de 2020 eu estou tendo uma overdose de leituras dele. O que tem feito meus dias mais aventurescos e animados.


Nesse novo livro, Cordenonsi muda um pouco o tempo em que ela acontece, e sai do século XIX para nos colocar na década de 1920, um pouco antes do que seria a Segunda Guerra Mundial (mais precisamente, 1927). É preciso lembrar que o mundo onde acontecem as histórias dos Chevalier é steampunk, ou seja, tem algumas leves diferenças em relação ao nosso. No caso de La Dame, os drozdes (espécie de animais mecânicos) ficaram obsoletos para dar lugar a próteses mecânicas. La Dame é uma personagem meio mal aceita pelo antigo chefe do personagem anterior, mas quando ele se aposenta parece que as coisas vão mudar. Ela é enviada para uma missão no Marrocos para recuperar um artefato conhecido como a Mesa de Salomão.


Falando sobre a escrita do Cordenonsi, ela continua muito boa. Ele evoluiu bastante desde a sua primeira publicação pela Avec e a gente sente a segurança nas linhas. Esse primeiro volume sofre um pouco por apresentar uma nova personagem e suas motivações. Então ele é meio devagar nesse sentido. Cordenonsi nos mostra como La Dame é diferente de seu antecessor, sua parceira Justine e como as duas funcionam juntas. E, diferentemente do Chevalier anterior, o passado dela acaba entrando como parte integrante da narrativa. A leitura é bem rápida e isso acaba sendo triste porque a história termina quando você menos espera. Ou seja, ele é muito, mas muito dinâmico. Só vou puxar um pouco as orelhas da editora porque tem vários erros de revisão. Normalmente quando são poucos eu nem me incomodo tanto, mas aqui são em um número considerável.


"Há um milhão de erros que uma garota pode cometer em sua vida. Escolha melhor os seus."


Apesar de eu curtir muito o Chevalier anterior com aquele jeitão de agente secreto, tenho que confessar que La Dame tem uma história de fundo intrigante. Daquelas que mantém a gente preso para saber o que vai ser revelado a seguir. O mote todo desse primeiro volume é a busca de seu passado. E vamos ver uma personagem mais emocional, mesmo sendo experiente. Até porque o caso em si acaba se ligando a ela de forma intrínseca. A ligação dela com Justine também é bastante explorada já que sua relação com a menina é o que coloca seus pés no chão. No começo, ela desconsidera um pouco isso mostrando que pretende cumprir os desejos da mãe da menina, mas aos poucos vamos vendo que isso não é inteiramente verdade. A personagem é também uma interessada em arqueologia, o que não tem como o leitor não relacionar com uma história do Indiana Jones. A própria proposta da história parece claramente ter sido inspirada nas aventuras do personagem. O que para mim é ótimo.


"No deserto, aprendemos a respeitar o sol [...]. Ele morre e nasce todos os dias. Ele nos dá força, mas também pode nos matar. Renascimento. [...]"

Além de ser uma espécie de primeiro volume (parece que teremos uma série com a personagem), a ação demora a acontecer. Boa parte do livro é o grupo de personagem indo de um ponto A para um ponto B. E em uma aventura isso é legal e é parte da mecânica em si. Mas, faltou um pouco de perigo real para a protagonista. Tirando o clímax em si, não temos nenhum momento em que a gente sente que La Dame corre um risco real. Todas as situações parecem simples e banais para ela, bastando torcer as regras quando se trata de algo mais complicado. E aí, eu associo às histórias do Indiana: a perseguição de barco em Veneza em A Última Cruzada ou o combate com os beduínos em A Arca Perdida. A gente fica tenso porque não sabe se o mocinho vai se safar dos bandidos (a gente sabe que vai, mas quando a cena é bem contada, há aquela dúvida). Outro ponto é sobre a organização criminosa, a Ostia Mithra. Eu tinha ficado meio irritado que a história chegava ao fim e não tinha um vilão claro... a própria organização parecia meio sem rosto. Mas, entendi depois o que o Cordenonsi quis fazer; ele acabou guardando as informações para volumes posteriores. Só que eu acho que ele poderia ter destacado o Capo como uma figura visível para a La Dame perseguir. Enfim, são pontos e pequenas coisas que não estragam a diversão como um todo.


Cordenonsi conseguiu entregar mais um livro divertido e interessante. Ao mudar um pouco as regras do seu próprio universo, ele entrega uma história diferente onde o leitor vai se interessar pela protagonista. Aos poucos ele criou um núcleo de personagens que permite diferentes possibilidades narrativas que podem ser exploradas em outros volumes. Enfim, mais um livro que eu recomendo do autor e que serve para todas as idades.









Ficha Técnica:


Nome: La Dame Chevalier e a Mesa Perdida de Salomão

Autor: A.Z. Cordenonsi

Editora: Avec Editora

Número de Páginas: 128

Ano de Publicação: 2019


Link de compra:


*Material enviado em parceria com a Avec Editora










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