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  • Foto do escritorPaulo Vinicius

Resenha: "Dylan Dog Nova Série vol. 3" de Michelle Medda e Marco Nizzoli

O ex-inspetor Bloch se mudou para uma cidadezinha chamada Wickedford e Dylan vai visitá-lo. Mas, parece que Dylan sempre atrai o estranho e um assassinato triplo vai revelar a existência de um monstro na pequena cidade.


Sinopse:


Dylan Dog está em Wickedford, a cidadezinha para onde Bloch se mudou depois de se aposentar. Além de conhecer a nova vida e o novo microcosmo do ex-inspetor da Scotland Yard, o Investigador do Pesadelo deverá esclarecer uma história inquietante e sangrenta que parece girar em torno de Adrian, um jovem homem-elefante.






O que é o monstruoso? Uma figura assustadora capaz de amedrontar a todos? Alguém capaz de atos inomináveis para seu próprio prazer? Nessa singular história Dylan seremos confrontados por uma cultura de aparências que julga as pessoas à primeira vista. Por isso, voltamos ao questionamento: o monstruoso está no exterior ou no interior de um indivíduo? Confrontado com essa dúvida, Dylan Dog vai se revelar um homem extremamente sensível que busca outras respostas para suas inquirições. Busca até sair do óbvio para encontrar o alternativo. Se ele vai estar certo ou não, é uma outra questão, mas o personagem certamente cutucou algumas de nossas certezas. E eu adoro quando um quadrinho consegue ser provocativo a esse nível.


Depois de mais uma discussão com o inspetor Carpenter, Dylan decide dar um tempo nos problemas londrino do cotidiano e vai visitar seu velho amigo Bloch que agora se mudou para a cidade de Wickedford, no interior da Inglaterra. Curtindo um clima bucólico, o old boy percebe o quanto a vida de seu amigo mudou para algo mais tranquilo e longe das confusões de sempre. Um jardim para cuidar, vizinhos amigáveis e uma cidade que, mesmo não sendo perfeita, fornece tudo o que Bloch pode desejar. Lá ele conhece o jovem Adrian, um rapaz que embora tenha uma vida trágica, conseguiu seguir em frente e apresentar suas habilidades para o mundo. Adrian sofre de uma condição rara que o torna uma espécie de homem-elefante, com uma enorme cabeça que o torna incapaz de ficar em pé por muito tempo. Mas, Adrian desenvolveu uma sensibilidade para a música e com o seu instrumento se tornou capaz de levar o maravilhamento às pessoas. Mas, um grupo de três adolescentes que estavam de passagem pela cidade foram sequestrados no meio da estrada na fronteira de Wickedford. Ao serem levados a uma espécie de fazenda, eles passam momentos horríveis e somente um deles consegue escapar. Ao fazer um retrato falado de seus captores, a testemunha faz um desenho muito parecido com o rosto de Adrian. E agora? Terá ele realmente matado os jovens ou será apenas o fruto de pessoas intolerantes?


Embora seja um roteiro bastante provocativo, achei o ritmo meio lento até alcançarmos o mistério desta edição. Medda se atém muito à nova vida de Bloch, esmiuçando detalhes de sua nova vida e os personagens que vivem em Wickedford. Ainda não sei se a cidadezinha vai se tornar recorrente nas histórias do Dylan, mas se este for o caso não haveria pressa para apresentar todo o elenco que compõe este segundo núcleo narrativo. Bastava apresentar um ou dois personagens que já seria o bastante. Essa é uma história mais de mistério onde Dylan precisa juntar as peças do quebra-cabeças para entender o que realmente aconteceu ao grupo de jovens. É curioso ver o personagem batendo cabeça com Bloch, sendo que geralmente é o protagonista quem tem bons insights. O resultado final parece ter saído de um romance de H.P. Lovecraft com uma criatura monstruosa que me lembrou os monstros tentaculares do autor.


O que gostei na arte de Nizzoli foram os espaços amplos que são parte integrante de sua narrativa. Ele gosta desses quadros retangulares que mostram o ambiente e os personagens interagindo com o mundo ao redor. Eles são bem frequentes ao longo da história e traduzem bem a habilidade do artista em mostrar aquilo que acontece no fundo. Muitos artistas não se preocupam com o fato de o mundo ser algo dinâmico. Quando são colocados quadros amplos parece que os personagens foram inseridos em uma fotografia. Os quadros de Nizzoli são dinâmicos e parecem estar acontecendo em tempo real. Tanto quem está no fundo como os personagens retratados estão realizando alguma ação seja passando pela rua, conversando sentados em um banco ou apenas perseguindo alguém. Esse dinamismo não é comum de ver em outras HQs e dá um estilo único ao traço. Além do mais, Nizzoli dá um bom destaque ao cenário, mostrando detalhes das casas, das roupas, dos cabelos.


A técnica de lápis dele também é bastante eficiente para dar profundidade aos desenhos. O leitor consegue ver os rabiscos empregados que, ao lado de um bom domínio do preto e branco, produzem cenários ou bucólicos ou amedrontadores. A sensação que tive é de estar em uma cidade de interior com um ar lovecraftiano como os arredores da Universidade Miskatonic ou o porto que é usado em outras histórias. Embora a cidade seja inofensiva, fica aquele ar de que algo se esconde nas frestas e nos becos. Essa inquietação permanece com o leitor até descobrirmos o que de fato se sucede. A noite na cidade é repleta de uma névoa que encobre nossa percepção. Se não fosse o bom trabalho artístico de Nizzoli não seríamos capazes de ficar apreensivos. Não é das artes que eu mais gostei até agora, mas certamente produziu um bom efeito para a HQ.


Temos aqui uma boa crítica social sobre uma sociedade de aparências e que nos julga à primeira vista. É muito fácil incutir a culpa por um crime horrendo no monstro da cidade. Isso porque o fato de ele ter uma aparência repugnante já o coloca com a capacidade de realizar feitos horríveis. Mesmo sem a comprovação de um álibi sobre o que Adrian estava fazendo no dia em que os acontecimentos trágicos se sucederam, todos já fizeram um pré-julgamento. Apenas Bloch e Dylan mantiveram a cabeça fria para examinar as peças do quebra-cabeças. E o curioso é que os dois ficaram em lados opostos da equação. Bloch optou por usar a lâmina de Occam para entender o caso: a resposta mais simples quase sempre é a correta. Já Dylan preferiu não seguir com conclusões precipitadas e analisar todos os lados. Medda dá uma cutucada em como a cidade toda se voltou contra o acusado (ainda sem provas concretas do ocorrido) e já partiram para a agressão moral imediata. O pior de tudo: Adrian não apenas é um freak como é negro. Então isso o coloca em outro patamar onde os julgamentos são ainda mais severos. Tem um momento que é um soco no estômago onde Adrian argumenta que quando as pessoas decidem que você é um monstro, você se torna um monstro. Independente do que você pensa sobre si mesmo. É assustador o quanto as coisas escalam após o depoimento da testemunha.


Essa é mais uma edição em que vemos uma mudança no comportamento de Dylan. Pensar que ele é um caçador de monstros e tem um monstro bem visível em sua frente e ele decide ir por outro caminho demonstra o quanto o personagem está revendo os seus conceitos diante de um mundo em constante mutação. Ao mesmo tempo ele é confrontado com sua inabilidade em lidar com métodos tecnológicos de investigação: na edição anterior ele descobriu o uso da internet em aparelhos portáteis, agora o GPS para sua eterna incapacidade de encontrar um lugar no mapa. O contato com a vida nova de Bloch faz o personagem ficar reflexivo acerca de si mesmo. Por vários momentos o vemos como um observador sobre o que aguarda Bloch após sua aposentadoria. Ao mesmo tempo, ele pensa no que se coloca diante dele. Essas mudanças internas no personagem vão acontecendo de forma lenta e progressiva e vamos podendo acompanhar isso edição após edição.


Duas curiosidades dessa edição: finalmente descobrimos o nome completo de Bloch e é uma surpresa extremamente agradável. E divertida. Tenho que concordar com o Dylan que se o pessoal da delegacia ou o Groucho descobrissem sobre o primeiro nome de Bloch, ele ia ser motivo de brincadeiras por toda a vida. E por falar no ajudante de Dylan, Groucho se enfiou em uma convenção de sósias. Só tem um probleminha: são sósias de artistas do cinema mudo. Isso proporciona algumas das cenas mais engraçadas dessa edição, que quebram o ritmo da história e nos fazem dar boas risadas.


Essa terceira edição mantém a qualidade das anteriores embora tenha achado que a história demora um pouco a engrenar. Michelle Medda enrola com alguns detalhes que não são de todo importantes para a história e apresenta toda a cidade de uma só vez, o que poderia ter sido feito em edições futuras. Mesmo assim a história continua com o trend de boas críticas sociais contemporâneas ao mesmo tempo em que mostra o caso da vez. Algo que é intrigante e nos mantém em dúvida até o final quando temos a revelação. A arte de Nizzoli também é bastante eficiente ao trabalhar o clima bucólica, porém tenso da cidade. Sem falar no trabalho com quadros grandes, ambientais e detalhados.












Ficha Técnica:


Nome: Dylan Dog Nova Série vol. 3 - Um velho começo

Autor: Michelle Medda

Artista: Marco Nizzoli

Editora: Mythos

Tradutor: Julio Schneider

Número de Páginas: 100

Ano de Publicação: 2019


Outros Volumes:

Vol. 1 Vol. 8

Vol. 2

Vol. 4

Vol. 5

Vol. 6

Vol. 7


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