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Resenha: "A Menina Má" de William March

Foto do escritor: Paulo ViniciusPaulo Vinicius

Nos inocentes olhos de Rhoda se esconde uma maldade assustadora. Seus modos educados e sua meninice que beira ao exagero, a garota consegue tudo o que quer. Sua mãe, Christine, achava que era só uma coincidência, mas à medida em que Rhoda começa a fazer mais maldades, Christine acha que sua filha herdou uma semente ruim. Poderá a maldade ser hereditária?


Sinopse:


Ou será a maldade uma espécie de semente que carregamos dentro de nós, capaz de brotar mesmo na mais adorável das crianças?Há 62 anos, um livro de suspense psicológico faria com que milhões de leitores discutissem apaixonadamente essa questão. Que livro era esse? MENINA MÁ, mais um clássico que a DarkSide Books desenterra para os fãs do que há de melhor, e mais sombrio, na literatura mundial.Publicado originalmente em 1954, MENINA MÁ se transformou quase imediatamente em um estrondoso sucesso. Polêmico, violento, assustador eram alguns adjetivos comuns para descrever o último e mais conhecido romance de William March. Os críticos britânicos consideraram o livro “apavorantemente bom”. Ernest Hemingway se declarou um fã. Em menos de um ano, MENINA MÁ ganharia uma montagem nos palcos da Broadway e, em 1956, uma adaptação ao cinema indicada a quatro prêmios Oscar, incluindo o de melhor atriz para a menina Patty McComarck, que interpretou Rhoda Penmark.Rhoda, a pequena malvada do título, é uma linda garotinha de 8 anos de idade. Mas quem vê a carinha de anjo, não suspeita do que ela é capaz. Seria ela a responsável pela morte de um coleguinha da escola? A indiferença da menina faz com que sua mãe, Christine, comece a investigar sobre crimes e psicopatas. Aos poucos, Christine consegue desvendar segredos terríveis sobre sua filha, e sobre o seu próprio passado também.MENINA MÁ é um romance que influenciou não só a literatura como o cinema e a cultura pop. A crueldade escondida na inocência da pequena Rhoda Penmark serviria de inspiração para personagens clássicos do terror, como Damien, Chucky, Annabelle, Samara, de O Chamado, e o serial killer Dexter.O romance de William March, que chega as livrarias em 2016, é ainda uma excelente dica de leitura para os fãs da coleção Crime Scene, da DarkSide Books, que investiga casos reais de psicopatas. A ficção nunca antes foi tão assustadoramente real como em MENINA MÁ.






Esse é um livro que vai tocar em um tema bastante espinhoso: a inocência infantil. E isso é algo que vem há gerações sendo parte das nossas reflexões sobre como as crianças se comportam. Se existe algum tipo de malícia em suas ações. Diversos psicólogos e sociólogos já se debruçaram sobre esse assunto, sendo que entre os mais conhecidos estão as pesquisas de Sigmund Freud. Como professor da educação básico tendo a não encarar essa questão como uma máxima 100% perfeita. Taxar todas as crianças como inocentes é complicado e reducionista demais. Precisamos encarar suas ações como uma falta de compreensão das regras que norteiam a sociedade. E mesmo assim já presenciei casos em que crianças propositalmente desrespeitaram uma regra estabelecida para causar mal a outro colega ou apenas para obter alguma vantagem. A aura de inocência precisa ser relativizada de acordo com as circunstâncias. Mas, estou me alongando nisso e entrando no modo William March de encarar o assunto: dando palestrinha.


A narrativa começa com a chegada de Christine a Rhoda ao seu novo lar onde a mãe busca um novo colégio para a filha. Seu marido se encontra em uma viagem de negócios e vai passar muito tempo fora o que faz com que Christine seja a responsável pela maior parte do cuidado e da criação de sua filha. Por trás do jeito educado e adorável de Rhoda, existe uma mente fria e calculista que busca sempre obter vantagens. Mas, Christine se recusa a acreditar que sua filha possa ser capaz de tais coisas até que a morte de um colega de escola a faz rever os seus conceitos. Rhoda perdeu o concurso de caligrafia que lhe daria uma medalha bonita. Esta foi dada a seu colega, o que para a jovem menina foi um insulto. Em uma estranha série de acontecimentos, o garoto cai de um cais durante um passeio na praia feito pela sua turma. Mesmo com Rhoda negando, a sua proximidade com o garoto durante os fatos levanta uma série de suspeitas. E a cada novo capítulo, revelações colocam Rhoda na frente do caso, levando todos a pensar que a morte do garoto não foi um mero acidente. Christine não quer acreditar nisso, mas cada vez mais sua filha está envolvida. O que antes eram gestos doces e infantis, agora parecem estranhamente ensaiados e propositais.


Preciso dizer logo de cara: a escrita não é boa. O tema é interessante e o autor é bastante corajoso ao enfrentar um assunto que até então era um tabu. A narrativa é contada em uma terceira pessoa onisciente com a escrita pulando de um personagem ao outro. Em alguns momentos a gente fica um pouco confuso sobre a quem o autor está se referindo. Na maior parte do tempo, a visão fica sobre os ombros de Christine que vai fazendo suas pontuações e reflexões à medida em que a narrativa vai se passando. O maior problema é a forma dissertativa como a história é contada. Posso dizer com toda a certeza que a narrativa foi uma maneira do autor discutir o tema da inocência infantil. A história de Christine e Rhoda foi um mero pretexto para isso. Tem um personagem chamado Reginald que funciona como se fosse o próprio autor fazendo suas pontuações com base em pesquisas e deduções feitas à época em que o livro foi escrito. E essas dissertações tomam vários capítulos, tornando a narrativa truncada a partir do final do primeiro terço da história até basicamente o final. O último capítulo chega a ser bastante corrido com o autor buscando criar um final climático e falhando no processo. O que acontece com os personagens ao final é bem remanescente daqueles finais tenebrosos que H.P. Lovecraft gostava de colocar em seus contos. Não é para ser um final feliz, mas uma resolução dos problemas e um encerramento que pode ou não ser um final aberto (no caso, posso dizer que é um final meio aberto).


Se pararmos para pensar no enredo em si, ele não é muito longo. E é até bem direto. Algumas conveniências toscas me incomodaram, o que novamente demonstra que o foco de March estava em apresentar o que ele havia pesquisado sobre o assunto. Os capítulos não são grandes e o começo é bem veloz, mas o leitor acaba começando a ver problemas lá pela metade. As palavras acabam se tornando jargões acadêmicos demais e a tradução da Simone Campos fez o possível e o impossível para deixar a leitura mais palatável. Até é bom ressaltar o trabalho da tradutora porque se não fosse isso, certamente teria abandonado o livro. Na minha primeira sessão de leitura consegui chegar bem longe no enredo, mas a partir daí foi um sofrimento. O autor poderia ter investido mais na parte investigativa da história, quando Christine vai apresentando sua origem e a tragédia que afetou sua infância. O que era para ser um momento impactante e um mistério para nós, perde o impacto diante das constantes trocas de ideias entre Christine e Reginald.


Para um livro que é focado em uma antagonista tão "carismática" quanto Rhoda, passamos até pouco tempo com ela. Várias situações poderiam ter sido melhor exploradas e até as motivações que movem a jovem menina. Isso serviria até para discutir o tema da inocência infantil, tão levantado por March. Mas, parece em diversos momentos que Rhoda está distante e mais usada como uma exemplificação conceitual. Alguns dos melhores momentos da narrativa estão nas trocas de farpas entre Rhoda e Leroy, o zelador do prédio onde ela mora. São nesses raros momentos que March consegue nos mostrar o lado vil da menina. As adaptações feitas para o cinema foram mais felizes ao nos mostrarem a personalidade da garota, porque o recurso audiovisual funcionou melhor para isso. Ou seja, March não é tão habilidoso em suas descrições.


Tirando Christine, March não desenvolve bem seus personagens (nem mesmo a Rhoda). O elenco secundário parece estar ali a reboque e para fornecer momentos em que as cenas acontecem. Tem as irmãs que são donas da escola em que Rhoda começa a estudar que parecem que irão fornecer elementos para a investigação sobre a morte do menino, mas depois desaparecem em um passe de mágica. Monica Breedlove é colocada na narrativa como uma espécie de outra pessoa com quem Christine pode conversar e expor suas vulnerabilidades. Mas, com os mistérios sendo revelados e a verdade sobre o passado de Christine vindo à tona, a personagem acaba tendo pouca participação na história. Leroy é que é um personagem bem delineado pelo autor, apesar de funcionar mais como um estereótipo, sendo um homem mesquinho beirando à sociopatia. March pontua bem o que faz o personagem ser como é, ao nos apresentar a sua linha de raciocínio diante das mulheres que moram no prédio. Gosto também de Leroy não ter filtro algum, sendo que em alguns momentos ele parece despertar um estranho fascínio por Rhoda. Não se preocupem, não é um spoiler, o assunto é apenas aludido. Outros de seus comentários picantes são bem mais interessantes.


"Rhoda foi saindo de perto de mansinho com uma expressão de contrariedade resignada nos olhos. Então, se atirando no sofá, enterrou o rosto numa almofada e começou a chorar copiosamente, espiando a mãe por entre os dedos entrelaçados. Mas a atuação não foi nem um pouco convincente, e Christine contemplou a filha com um novo sentimento, o de interesse distanciado, pensando: Ela é ainda uma amadora, mas melhora a cada dia. Está aperfeiçoando a atuação. Em alguns anos, não vai ser essa canastrona. Vai ser uma atriz bem convincente."

Mais para a metade da narrativa, March começa a equilibrar a ideia de que a maldade pode ser algo hereditário. De que a essência de uma pessoa ruim pode ser passada para os seus filhos. Christine vai carregando essa culpa por causa de seu passado traumático e acha que Rhoda é responsabilidade sua. De certa forma é, no sentido de que ela é a mãe. Só que o autor começa a forçar uma barra para encaixar essa ideia de que Rhoda ser a psicopata que é, é fruto dos assassinatos cometidos por pessoas em um passado distante. É aí que as coisas começam a me incomodar porque é como se os fatos convergissem para fornecer a síntese que o autor deseja. É nesse momento que o autor me perde. Até então eu até estava achando interessante toda a ideia de Christine ser uma sobrevivente e se imaginar inicialmente como uma pessoa cruel porque seus outros parentes não o fizeram. Mas, daí a ela ser a geradora da personalidade de Rhoda não me diz nada. Talvez porque hoje nós tenhamos uma visão diferente sobre a criação de crianças, com um ponto de vista mais voltado para o ambiente e o entorno que cerca uma pessoa. Muito em uma perspectiva de Lev Vygotsky. Lembrando: o livro foi escrito na década de 1950 e as teorias vygotskianas não estavam ainda com a projeção que elas tem hoje.


O que posso dizer? Menina Má é um livro com uma história que trouxe à tona um tema bem sensível. Aplaudo o autor pela coragem e pela maneira como ele faz isso de uma maneira acadêmica, sem achismos ou puritanismos. A narrativa é bem crua em determinadas partes, o que surpreende até pela época na qual foi publicada. Contudo, o autor se perde em suas próprias pesquisas, enchendo as páginas com dados e deduções. No prefácio, Elaine Showalter aponta que os editores de March cortaram bastante desses pedaços que continham essas conversas que em nada acrescentavam à trama. Se era pior do que resultou no final, dá até medo de pensar como seria ler. A história em si é um dos raros casos em que a adaptação cinematográfica conseguiu assimilar melhor o que o autor quis dizer em suas mais de duzentas páginas. Recomendo pela importância histórica da leitura, mas não é uma boa história.












Ficha Técnica:


Nome: Menina Má

Autor: William March

Editora: DarkSide Books

Tradutora: Simone Campos

Número de Páginas: 272

Ano de Publicação: 2016


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