Uma caçadora de recompensas do espaço... um alienígena doido que se diz um samurai lendário. E uma espada que precisa ser levada ao seu verdadeiro dono. Juntem essas três coisas e vocês terão uma emocionante aventura escrita por João Beraldo.
Fazia algum tempo que eu não via boas histórias de perseguição. Situações em que os personagens precisam fugir de forças desconhecidas para atingir algum objetivo qualquer. Quase como um Aventureiros do Bairro Proibido ou qualquer outro filme do gênero. João Beraldo cria uma história absolutamente empolgante sobre uma caçadora de recompensas que pega um trabalho bizarro em um cenário futurista.
Simone é uma caçadora de recompensas muito requisitada por seus talentos. Porém seu novo cliente vai lhe colocar um desafio que pode ser grande demais até para ela. Este cliente em especial pertence a uma raça alienígena que é famosa por serem crédulos e até muito imaginativos. Este cliente lhe paga uma boa soma em dinheiro e tudo o que ela tem a fazer é levá-lo junto com uma armadura samurai até o planeta Terra para que ele entregue o artefato a uma pessoa específica. Porém, segundo o seu cliente, ninjas estão atrás dele. Simone respira fundo e alega que ninjas não existem. Mas, o trajeto até a Terra pode contradizer a sua afirmação. Seremos levados em uma louca aventura com taxistas espaciais, naves de contrabandistas e um tiroteio alucinante nesta intensa aventura que ao final surpreenderá os leitores.
Primeiramente eu preciso aqui perguntar o que o nosso autor bebeu no dia em que escreveu a história. O conto é completamente doido; doido, no bom sentido, claro. Eu adorei a história pelo fato do João Beraldo me apresentar algo que eu não fui capaz de prever em nenhum momento. Todas as cenas são divertidas e dinâmicas e o leitor não consegue parar por um segundo sequer. Não somos capazes de sentir as páginas passando e ao final eu tive uma pausa de 30 segundos e me perguntei: "Já?". Este é o tipo do conto encerrado em si mesmo e até acredito que ele tenha sido concebido para que o autor pudesse testar outras formas de narrativa e até um novo cenário.
Uma coisa que eu gostei bastante neste conto é que o autor dá uma aula de "show, don't tell" (mostre, não fale). Muitos autores se perguntam o que é isso e até tem um pouco dificuldade com essa mecânica. É bem comum reclamarmos de longos trechos descritivos ou de um excesso de aprisionamento da imaginação. Stephen King faz muito esse aprisionamento ao descrever perfeitamente o que acontece pelo cenário. É uma crítica comum feita por muitos leitores (não que isso prejudique a qualidade de suas obras), mas isso acaba nos impedindo de imaginarmos livremente a cena). Já neste conto as cenas possuem poucos elementos descritivos. Não havia necessidade disso já que o que era necessário era apenas situar o leitor no que estava acontecendo naquele momento. Indiretamente, Beraldo cria a ambientação sem a necessidade de se delongar demais descrevendo as cenas e o que acontece ao redor dos personagens.
Os personagens são trabalhados de maneira satisfatória. Não existe a possibilidade de especificar demais as características ou motivações dos mesmos porque não há espaço suficiente para tal. Ficamos apenas com a protagonista e seu cliente.
Eu gostei bastante do conto e aplaudo os esforços do autor de criar uma história interessante e com um ritmo desenfreado. Utilizando bem a regra do "show, don't tell", o autor cria um cenário curioso e que até merece ser mais explorado, embora eu ache que o conto encerra bem em si mesmo. Recomendo a leitura.
Ficha Técnica:
Nome: Uma História para cada Lenda
Autor: J.M. Beraldo
Editora: Draco
Gênero: Ficção Científica
Número de Páginas: 24
Ano de Publicação: 2016
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