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  • Foto do escritorPaulo Vinicius

Resenha: "O Olho de Gibraltar" de Sergio P. Rossoni

Nas areias do Magreb, um ex-batedor inglês vai se envolver em uma trama repleta de intrigas políticas e militares que podem desembocar em uma grande guerra envolvendo todos os países europeus. Poderá ele deter tamanha ambição sendo apenas um rato do deserto?



Sinopse:


Pouco antes do início da Primeira Grande Guerra, uma sequência vertiginosa de acontecimentos está destinada a mudar os rumos da história. Na fronteira entre Argélia e Marrocos, um dirigível de carga prussiano a caminho de Berlim é destruído. Em Tânger, o ex-combatente britânico Benjamim Young se depara com o assassinato de um agente egípcio, portador de uma estranha substância química ainda desconhecida. Conduzido com maestria pelo premiado autor Sergio Rossoni, o romance Olho de Gibraltar conduz o leitor numa trama que envolve traição, intrigas, espionagem e ambições delirantes. As aventuras pelo deserto escaldante são protagonizadas por Ben Young – o legendário Olho de Gibraltar. Como pano de fundo, o romance desenha com precisão de detalhes a corrida naval, a expansão colonial na África e as crises no Marrocos e na região dos Bálcãs que culminaram num dos maiores conflitos do século XX. São personagens inesquecíveis, desenhados com a imaginação fulgurante e precisa de Rossoni, que também é historiador e estreou com Birman Flint: a maldição do czar. Com um apelo vintage e referências extraídas do cinema, dos quadrinhos e de graphic novels, Rossoni apresenta ao leitor incríveis sequências de batalhas aéreas, perseguições pelas areias do deserto e reuniões altamente secretas, entremeadas com cenas de intimidade, sedução e romance.






Saber dosar o quanto inserimos de nossas pesquisas dentro do romance que escrevemos pode ser uma tarefa mais difícil do que imaginamos. Podemos passar meses indo atrás de informações importantes como o contexto histórico de um determinado lugar ou coisas completamente inúteis como o processo de fabricação de um brinquedo Lego. São páginas e mais páginas de informações que estão presentes em nossos rascunhos iniciais e fornecem o suporte que um autor precisa para escrever um determinado capítulo. Na maior parte dos casos, são detalhes que nunca entram no manuscrito final e que serviram apenas para o próprio autor. Mas, a tentação de inserir essas informações pode ser maior e se tornar uma faca de dois gumes. O Olho de Gibraltar é uma narrativa boa e divertida, mas que me fez parar para pensar nesse tema. Vou explicar melhor nas linhas a seguir.


O ano de 1914 foi importante para a Europa e alguns lugares localizados na África. Estamos no Magreb, uma importante região da África do Norte, palco de disputas entre ingleses, franceses e alemães. Em um período de tensão cada vez maior, isso abre as portas para que vilões e oportunistas consigam levar adiante as suas ambições. Klotz von Rosenstock é um general alemão sedento pelo sangue de seus inimigos. E está levando a cabo um plano que envolve a produção de uma substância que pode mudar os rumos da dominação alemã na África e, quem sabe, no palco europeu. Só que o encontro oportuno entre um espião berbere e Benjamin Young, um ex-batedor a serviço da Coroa vão colocar tudo a perder. Entre intrigas e espionagens, a bela e sedutora Namira Dhue Bhaysan encanta os homens do deserto com sua dança e seu olhar. Só que ela esconde muitos segredos; segredos esses que podem ser mortais.


Essa é uma narrativa de espionagem que se passa em um cenário que sinto ser pouco explorado: as vésperas da Primeira Guerra Mundial. Rossoni nos traz uma narrativa envolvente, escrita em terceira pessoa em um tom bastante inclinado para a narração. Sua história se desenvolve no ritmo de três atos, sendo o primeiro o da apresentação e estabelecimento da motivação dos personagens, o segundo se passando em uma perseguição febril pelo deserto e o terceiro sendo o confronto com os antagonistas em uma grande cena de ação. A escrita do autor é bem tranquila de entender, e não senti dificuldade com o ritmo do livro. Embora faria bem à obra passar por mais uma revisão antes de uma eventual segunda tiragem porque vários pequenos erros passaram batido. Nada que seja grave, mas quando são numerosos, incomodam um pouco. Alguns elementos históricos poderiam ser melhor explicados porque o contexto onde a narrativa se passa é bem específico. Determinados detalhes vão fazer o leitor ocasional se perder um pouco na teia de intrigas. Como sou historiador, sou familiarizado com várias situações narradas durante a aventura, mas não fica legal tornar a leitura algo voltado especificamente para um público.



Falando sobre o contexto em si, é muito legal de acompanhar. Esse período de tensões no Magreb que envolveu as duas guerras no Marrocos pelo domínio da região (entre França e Alemanha) determinaram os acontecimentos que desembocaram no assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando. A tensão está ali. Sem falar na admiração que existe tanto pela Legião Estrangeira e pelos Afrika Korps. Quem estuda guerras sabe desse fascínio. Ao mesmo tempo, Rossoni cria um ambiente cheio de mistérios e trapaças que remetem a filmes como o de Lawrence da Arábia, com o clima do estranho europeu que busca se relacionar com os povos do deserto. Na primeira parte da trama, Rossoni insere a sensual Namira, uma espécie de Mata Hari a qual o leitor fica tentando entender para que lado ela está atuando, ou se ela até tem um lado. Rossoni é muito bem sucedido ao apresentar os Korps como uma força a ser temida, alemães que aprenderam as manhas de se viver no deserto. Estamos diante de um caso de uma pesquisa contextual muito bem feita e o que conheço desse período me permite afirmar numa boa que boa parte é baseado em fatos reais. Claro que estamos diante de uma ficção, então Rossoni brinca com o contexto ao mesmo tempo em que insere elementos que ele gosta. A narrativa é do autor, então se o que ele curte vai deixar a trama melhor, sou totalmente a favor, mesmo em detrimento de uma verossimilhança maior. Uma narrativa precisa ser divertida também.


E aí vem a minha crítica porque quando pesquisamos demais, acabamos tentados pelo fantasma do excesso. Em vários momentos a narrativa ficou truncada pelo excesso de informações sobre o que estava acontecendo em um âmbito mais global. Ou detalhes demais que acabavam não importando tanto para o que estava acontecendo aos personagens. Me considero um leitor que fica no meio de uma abordagem que valoriza mais a trama ou aquela que valoriza mais os personagens. Costumo tender mais para o segundo lado. A conjuntura e o contexto são importantes, mas uma narrativa é formada por personagens. E só consigo pensar em como Namira, Rosenstock e o Ben poderiam ter sido mais aprofundados no lugar de saber detalhes sobre codificação, ou a aliança pan-eslava ou até sobre detalhes do que acontecia na Europa. Isso acaba tirando o leitor daquela imersão na trama. Por exemplo, um dos melhores momentos do livro foi a sequência de capítulos que narrava a perseguição de Jafar ao Ben na cordilheira do Atlas. Os capítulos voavam com a tensão de ter um grupo de guerreiros sawdas no traseiro enquanto três indivíduos buscavam ser mais espertos do que eles. Todo o ambiente cruel do deserto que exigia um esforço sobre-humano de sobrevivência contribuía para dar um ar tenebroso ao futuro dos personagens. Ter uma precisão, principalmente em uma narrativa que bebe de fatos históricos, é importante sim, mas não podemos esquecer dos outros elementos que formam uma narrativa.


Vale destacar os bons momentos de ação narrados pelo autor. Ele tem uma boa noção de dinâmica entre vários personagens. A luta no deserto e a batalha final são momentos incríveis. Cada personagem tem um papel importante a prestar nesses momentos e Rossoni sabe o momento perfeito para alternar entre os núcleos narrativos. Nem todos os autores tem esse insight e já vi livros onde batalhas eram maçantes. Aqui não. Tudo se desenrola em tiros e explosões e a sequencialidade dos fatos faz tudo parecer possível. É como se estivéssemos observando tudo através de uma janela (seguros dos tiros e bombas). A sensação de perigo está por toda a parte e mesmo imaginando que os mocinhos vão conseguir vencer, ficamos apreensivos muitas vezes quando eles são colocados em situações extremas. Muito, muito boa a pegada do autor para esses momentos. Queria entender como ele pensou as movimentações e posicionamentos porque isso deve ter dado um trabalho danado.



O desenvolvimento dos personagens ficou um pouco prejudicado também pela apresentação de detalhes. Não desgostei deles, e até os achei cativantes. Mas, por exemplo, no caso da Namira, o autor podia ter se valido de flashbacks para contar como ela chegou até ali. Simplesmente contar não tem o mesmo peso de vivenciar. Ou até apresentar pequenas cenas com momentos da vida de Ben, como a primeira vez em que ele se encontrou com Didier ou até algumas lições que o deserto tivesse ensinado a ele quando era batedor. Em vários momentos senti a falta dessas camadas extras. No entanto, tenho certeza de que os leitores irão gostar de como o rato do deserto conseguiu enganar aqueles que o perseguiam. A gente tende a gostar da figura do "underdog", daquele que parece ser insignificante, mas que com coragem e bravura consegue superar as adversidades. Também gostaria de ter visto Rosenstock e Eberhard como antagonistas mais profundos. Serem simplesmente os grandes vilões me pareceu um desperdício. Eles pareceram saídos de um filme antigo do 007 do Roger Moore. Até a ideia de um grande dirigível capaz de destruir tudo e todos me pareceu saído de 007 contra a Chantagem Atômica. Um ponto que teria ajudado é não tratar Rosenstock como alguém maligno puro e simples, mas como um fanático alemão que, embora tivesse certas dúvidas, cumprisse as ordens do Kaiser à risca. O conflito de crenças e valores daria um ótimo mote para uma discussão sobre o papel da Alemanha na Primeira Guerra.


Esse é mais um bom livro nacional de um autor que entende muito de ficções com elementos históricos. Como alguém da área, me senti recompensado com uma boa aventura com vários momentos dignos de bons filmes de espionagem. A narrativa logo se torna uma perseguição desesperada no meio do deserto em que sobreviver às agruras do sol e da falta de água podem ser tão necessários quanto fugir de seus inimigos. A narrativa sofre de alguns problemas associados a um excesso de pesquisa e a de uma necessidade de aprofundar mais os seus personagens, mas nada que tire o fator diversão. Acima de tudo, uma narrativa precisa deixar o leitor imerso em seu universo ficcional por alguns minutos e horas. E isso o autor consegue fazer bem.












Ficha Técnica:


Nome: O Olho de Gibraltar

Autor: Sergio P. Rossoni

Editora: Avec

Número de Páginas: 448

Ano de Publicação: 2023


*Material recebido em parceria com a Avec Editora


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