Tales é filho de um elfo e de uma humana, ou seja, um Encantado. O livro começa com Tales sendo entregue pelos pais aos cuidados de Aer'vedi, um dos anciãos do Conselho Élfico. Após muitos anos de treinamento, Tales se vê envolvido na eterna guerra com os orcs e seus aliados.
Sinopse:
O que você sabe sobre elfos, orcs e humanos?
Abra a mente. Estou abrindo as portas de um mundo novo para você, e é bom começar a rever seus conceitos. Suas certezas são questionáveis, o inesperado sempre é certo e a dúvida não é uma opção.
Elfos, anões, orcs, trolls, dragões, wargs… E se eles existiram de verdade? E se tudo começou a desaparecer quando a Era dos Homens teve início? E se, ainda hoje, houver remanescentes desses seres entre nós?
Alvores é uma ideia de realidade alternativa, com inspiração em Neil Gaiman e sua conexões de fantasia e o mundo real. A ideia é explorar o nosso mundo mesclando com ficção fantástica, onde existem cidades subterrâneas sob as capitais brasileiras; elfos que vivem ocultos entre os homens; descendentes de raças lutando entre si e criaturas fantásticas surgindo e desaparecendo em meio a pontos turísticos.
Todo esse universo é chamado de Alvores, os seres que surgiram na alvorada do mundo.
Este primeiro volume é ambientado em Curitiba. Acompanhamos Tales, um filho de encantados, desvendando sua história envolta a uma trama secular: a luta pela sobrevivência de uma raça. Entre batalhas dos descendentes de alvores, a descoberta de existência de uma cidade inteira sob seus pés e a verdade por trás de vários fatos.
O leitor irá, junto com o protagonista, conhecer máquinas de guerra incríveis, personagens com habilidades curiosas, tramas e mistérios ocorrendo nas praças, terminais ou mesmo nas ruas onde passamos diariamente. De modo gradativo e embasado, trabalho para estreitar a fronteira entre a realidade e a fantasia no livro.
Veja o mundo com outros olhos!
Antes de iniciar a resenha queria parabenizar a iniciativa e a garra do autor. Publicar de forma independente no Brasil não é tarefa para qualquer um. Se vocês gostarem da resenha, recomendo fortemente a compra do livro. Este volume eu acredito que o livro física talvez vocês não consigam (consultem o Lauro Kociuba no Facebook que eu tenho certeza que ele vai respondê-los), mas tanto este livro como Estações de Caça, o leitor pode encontrar na loja da Amazon para Kindle.
A ambientação da série Alvores é muito boa. Lauro pega vários elementos dos livros de Tolkien e lhes dá personalidade própria. É quase como se ele quisesse quebrar paradigmas: os anões estão no subsolo porque é mais fácil para se esconder; os elfos acham o arco e flecha apenas uma arma mais eficiente. Ou seja, justificativas simples para algumas ideias pré-concebidas das velhas raças de Tolkien.
Só acho que o autor não precisava necessariamente usar elfos, anões e orcs. A maneira como ele se apropriou e deu personalidade própria a estas raças ficou muito interessante, mas ele poderia ter criado algo inteiramente novo, algo só dele. Entendi a intenção do autor de fazer uma desconstrução do conceito de elfos, anões e orcs, mas criar algo só seu daria um outro potencial para história. Seria um nível inteiramente novo de criação. Não posso nem dizer que isso é um ponto negativo, é muito mais uma ideia e uma reflexão.
Ao longo deste primeiro livro ficamos sabendo de toda a mitologia dos alvores e como eles se encaixam em nosso mundo. Foi criado um paralelo muito bom entre a história destes seres estranhos e a dos humanos. As histórias se intercalam de maneira harmônica criando um sentimento de naturalidade ao que está sendo dito. Só experimentei este sentimento de harmonia entre ficção e realidade em The Lives of Tao de Wesley Chu além de A Liga dos Artesãos. E, para mim, que trabalha com a disciplina História, é refrescante ver essa brincadeira com o real e o fictício. Porém, eu achei que o autor se deteve muito nos aspectos mitológicos da série. Mais da metade do livro é explicativo, apresentando tudo sobre o mundo, as raças e as interações entre elas. Alguns autores chamam esta prática de data dumping. O autor fornece as informações sobre o funcionamento do mundo e a própria "física" (magia, tecnologia, alienígenas) através de diálogos expositivos ou de um narrador que expõe estas informações progressivamente. Quando a ação de A Liga dos Artesãos começa a engrenar, a história termina. Este foi o meu sentimento ao ler a última página: "por que acabou??? Eu queria mais."
Os personagens são bem delineados, mas o espaço do livro acaba sendo pequeno para desenvolver todos por igual. Um aviso: cuidado porque neste livro Tales acaba não sendo o protagonista. O personagem funciona como uma espécie de guia pelo mundo dos alvores. Através de seus olhos conhecemos as histórias e as lendas do mundo. Acho até que Tales é um dos personagens menos desenvolvidos em A Liga dos Artesãos. A história gira em torno de Bro-Thum e Bro-Muir, os irmãos anões que ajudam Tales no início. Os personagens apresentam posicionamentos diferentes sobre a postura dos alvores em relações aos homens: um deles deseja se revelar ao mundo e mostrar que existe muito mais escondido nos subterrâneos e lugares místicos; já o outro deseja apenas a manutenção do equilíbrio, pois a revelação acarretaria muitos problemas.
Através da prosa do autor pude conhecer a cidade de Curitiba e alguns de seus pontos principais. Novamente é extremamente positivo o fato de a ambientação ser calcada em parte por elementos reais e o próprio autor conhecer a região onde se situa a história. Favorece um realismo único capaz de ancorar a imaginação do leitor em algum suporte verossímil. Faz até com que a história pareça realmente estar acontecendo neste instante.
A ação final parece ter sido meio corrida. Apesar de ter aquele aspecto épico, correspondendo ao clímax da história, senti que faltava algo. No entanto, a história se fecha deixando situações a serem resolvidas em outras histórias. No geral, o livro é bom, tendo me deixado ansioso por uma sequência. Entretanto, algum problema aqui e ali comprometem um desfrute total da história. Existe muito espaço para melhorias, e o autor mostra isto em Estações de Caça, e penso que Lauro ainda tem muitas cartas guardadas na manga.
Ficha Técnica:
Nome: A Liga dos Artesãos
Autor: Lauro Kociuba
Série: Tales vol. 1
Editora: Autopublicado
Gênero: Fantasia Urbana
Número de Páginas: 184
Ano de Publicação: 2014
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