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  • Foto do escritorPaulo Vinicius

Autores em Domínio Público: George MacDonald

Um dos autores considerados pioneiros na arte de escrever fantasia clássica. Alguém que influenciou nomes como C.S. Lewis Ray Bradbury, Madeleine L'Engle e até mesmo nosso querido J.R.R. Tolkien. Nunca ouviu falar? Acomodem-se e vamos conhecer mais sobre ele.


No século XIX, o gênero fantástico era bastante incipiente ainda. Autores ganhavam fama com periódicos e títulos semanais em revistas e jornais e o horror vitoriano era aquele que ganhava os corações dos leitores. Títulos como Frankenstein, de Mary Shelley, Drácula, de Bram Stoker, O Retrato de Dorian Grey, de Oscar Wilde, O Médido e o Monstro, de R.L. Stevenson e tantos outros ganhavam o mundo. Mas, no meio de tudo isso surgiam desbravadores e homens de letras que traziam ideias diferentes. Outros mundos povoados com seres mágicos e miraculosos, pessoas tentando conseguir milagres ou viajando a lugares misteriosos. Eram os primórdios da fantasia, que buscava suas bases nos contos de fadas e nas lendas populares. Entre tantos ícones da literatura, um professor e poeta cristão chamado George MacDonald cujas obras mesclarão doutrinas religiosas com o simples ato de se maravilhar.


Nascido em Aberdeenshire, na Escócia, em 1824, MacDonald vem de uma família pouco usual. Filho de um fazendeiro, seu tio era um aficcionado por lendas célticas e editor de um dicionário de gaélico. Isso tornou o ambiente em que vivia propício a uma educação literária. É preciso destacar que a Escócia era um território em disputa desde a Idade Média quando eles desejavam sua independência acima de tudo. Manter suas tradições vivas era uma forma de não serem afogados pela aculturação inglesa. Um de seus avôs era um estudioso de mitologia celta e outro era um roteirista de teatro shakespeariano. Ou seja, o autor tinha todo um ecossistema favorável ao seu desenvolvimento como um homem de letras. Apesar disso tudo, MacDonald se formou em química pela Universidade de Aberdeen em 1845 e tentou se dedicar a uma carreira médica, mas sua família não tinha recursos financeiros para uma carreira que exige um investimento inicial alto. Três anos mais tarde ele irá abandonar sua carreira para se dedicar a um curso de teologia.


É preciso destacar de cara como foi sua vocação religiosa até porque como vimos acima, sua família era bastante diferente. Seus pais frequentavam uma igreja calvinista, mas sua família continha um avô paterno católico tocador de gaita, um parente que era um pastor presbiteriano, uma avó que pertencia a uma linha independente da Igreja. Sem falar na mãe que era defensora dos antigos preceitos célticos e era bem radical em suas posições. Um verdadeiro caldeirão religioso. No início de sua carreira teológica, MacDonald chegou a ser pastor e pregou até mais ou menos 1853. Ele não tinha os contatos necessários para se destacar em um ambiente de velhos clérigos e muita política eclesiástica, além de seus sermões não terem o destaque necessário para lhe garantir uma posição melhor. Contudo, o autor escocês incorporou boa parte da doutrina em sua própria visão de mundo, o que o tornou um estranho no ninho. Teve algumas passagens por Manchester e se tornou professor de religião em Londres onde finalmente conseguiu mais estabilidade. A saúde dele era bem frágil com ele sofrendo de diversos problemas ligados à asma e à bronquite. Foi vítima também de tuberculose que alguns de seus biógrafos alegam ser um problema que afetou toda a sua família. Isso fez de sua saúde quase sempre um obstáculo a ser superado. MacDonald encontrou na sua fé uma forma de superar estes desafios.


O primeiro livro de MacDonald foi publicado em 1863 e se chama David Elginbrod. Logo de cara é preciso pontuar que a maneira como escritores de fantasia do século XIX como MacDonald e Lord Dunsany escrevem e colocam seus temas é diferente da fantasia como ela se coloca para Tolkien ou até para C.S. Lewis. Sua visão é a de uma narrativa mais afinada com os contos de fadas que possuem um teor até meio moralista onde a narrativa revela algum "lição" que precisa ser aprendida pelo leitor. Segue a verve cautelar das antigas histórias. Só que MacDonald dará uma pintura mais longa e aventuresca até. Alguns temas que se tornarão padrão são a luta do bem contra o mal onde o personagem precisará buscar na força de sua fé e resiliência a possibilidade de superar um desafio. Algumas vezes o autor nos apresenta ideias bem diferentes como um herói que sai em busca de uma chave dourada que se encontra no final de um arco-íris. A visão do mal e do antagonista na obra de MacDonald é o daquele ser horrível e incapaz de se comunicar. Seu vilão não pode ser compreendido assim como o mal o é para os homens de boa vontade. São feitos para serem detestados, para que nós não tenhamos qualquer afinidade com eles. Seres malignos devem ser combatidos a todo custo para que a ordem possa ser trazida de volta ao mundo.


Antes de falar de outros assuntos sobre a vida do autor, queria destacar três obras dele (como faço nestas colunas) que, para sorte dos leitores brasileiros, tem tradução em português e podem ser facilmente adquiridos. São eles A Princesa e o Goblin, publicado no Brasil pela editora Wish e Phantastes e Lilith, publicados pela Thomas Nelson Brasil, uma editora voltada para livros cristãos, mas que tem se destacado pelo ótimo trabalho tanto com o Lewis quanto com o George MadDonald. Comecemos por Phantastes, uma história onde o protagonista, Anodos, descobre uma pequena fada em sua gaveta no dia de seu aniversário. Ela mostra a ele o lugar de onde ela veio, repleto de paisagens encantadoras e criaturas maravilhosas. Anodos dorme e desperta no dia seguinte em sua cama, mas cercado de uma paisagem onírica de florestas e magia. Ele então é alertado sobre um espírito da Árvore Cinzenta, capaz de levar o mal às pessoas e que somente com sua ajuda eles seriam capazes de detê-lo. A narrativa possui várias histórias como a caça a este espírito florestal, tem um momento onde ele encontra uma estátua de mármore de Pigmalião, outro onde ele precisará da ajuda de dois irmãos para deter um terrível gigante. No fundo, Anodos está em busca do seu ideal de beleza feminina a quem ele chama de a Dama de Mármore.


Se Phantastes possui toda essa aura de iluminação e maravilhamento, Lilith se situa no polo oposto, sendo considerado um dos livros mais sombrios de sua carreira. O Sr. Catavento herda uma livraria que parece ser assombrada por seu antigo dono, uma espécie de espírito na forma de um corvo. O protagonista é retratado como um homem egoísta, que detesta os valores religiosos e deseja apenas manter tudo para si. O Corvo se apresenta como alguém que conheceu seu pai e revela ser oriundo de um outro mundo que fica além do espelho, a região das sete dimensões. Ao entrar por acidente em um espelho, ele sai neste mundo do Corvo, onde irá testemunhar o momento bíblico em que a humanidade decaiu, e vendo quando a fé foi perdida. Lá o Corvo revela sua identidade (não darei spoilers) e confiará ao Sr. Catavento o conhecimento necessário para fazer a humanidade recuperar o caminho correto. Mas, para isso, ele precisará sair em uma jornada em busca de Lilith, a princesa de Bulika. Sim, aquela Lilith. James Blish, um grande autor de ficção científica do século XX, é um dos fãs deste romance e afirma o quanto sua narrativa consegue ser assustadora, mas repleta de alegorias atemporais que os leitores conseguirão descobrir em suas linhas. Uma coisa que podemos afirmar, com certeza, é o quanto MacDonald emprega metáforas e simbolismos religiosos em suas narrativas, parecido com o que Lewis faz nas Crônicas de Nárnia. Afinal, Lewis foi influenciado por MacDonald.


Quis trazer também um pouco dessa fase do autor mais ligado a contos de fadas como alguns de seus contos famosos como A Chave Dourada e A Princesa Leve. Mas, meu foco será em A Princesa e o Goblin, que recomendo a belíssima edição da Editora Wish, em capa dura, com ilustrações de época, prefácios que vão te introduzir ao tema e à vida do autor. Mas, sobre o que é essa história? Nossa protagonista é a princesa Irene, uma menina solitária que vive em uma torre em uma região montanhosa. Seu pai, o rei, é um homem muito ocupado e não tem tempo para se dedicar a ela. Sua mãe faleceu há algum tempo. Lootie é sua dama de companhia, alguém responsável por cuidar dos afazeres diários. Próximo a ela, existe uma mina subterrânea onde vivem goblins, que foram banidos do reino. Um dia, quando caía uma forte chuva, Irene decide sair em uma caminhada pelo castelo quando encontra uma linda mulher que se identifica como sendo uma ancestral antiga de sua família. A aventura começa quando Irene sai para fora do castelo para tentar conhecer o mundo e passa por uma difícil situação e é salva por um jovem minerador chamado Curdie. O cerne da aventura está quando Curdie descobre que os goblins que estão na mina pretendem inundar o castelo e ele precisa fazer alguma coisa junto de sua amiga Irene. A história de A Princesa e o Goblin é voltada para o público infantil, mas a maneira como ele descreve os cenários e dá riqueza a detalhes dos personagens e da narrativa tornam a obra acessível a todas as idades. MadDonald dizia que ele não escrevia para crianças, mas para pessoas com a alma de uma criança, sejam elas de cinco, quinze ou cinquenta anos.


MacDonald teve uma prolífica carreira como professor e como escritor. Foi mentor de Lewis Carroll e uma das pessoas que receberam o romance Alice no País das Maravilhas com mais entusiasmo. MacDonald valorizava o talento de Carroll em criar cenários imaginativos ao mesmo tempo em que colocava suas convicções em situações vividas por seus personagens. Uma das grandes preocupações do autor foi a exploração da condição humana, um tema que vinha se tornando importante para intelectuais da época que vão culminar com a noção de a "morte de Deus" em Friedrich Nietzche. O final de sua vida foi mais pacata e reclusa ao lado de sua família, na Itália. A partir de 1879, quando ele se muda em definitivo para lá, seu encantamento foi tão grande com o novo local, que ele passou quase vinte anos escrevendo histórias inspiradas pela Ligúria (onde vivia) e mais da metade de sua produção data deste período. Chegou a fundar uma espécie de workshop onde ensinava escrita e rapidamente se tornou referência na região. Por volta de 1900, ele retorna para a Inglaterra onde falece cinco anos mais tarde em Surrey onde seu corpo foi cremado. Deixou um enorme legado para a ficção e para o gênero fantástico, sendo este último tendo mais de uma dezena de suas produções.






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